Pense em açúcar. Agora, em algo muito doce. Naquele
item do menu do seu restaurante favorito que você tem certeza de que vai se
transformar em glicose assim que entrar no seu organismo. Unsplash
A primeira imagem que surgiu na sua mente foi de
pequenos grãos cristalizados? Na sequência, você visualizou um petit gateau?
Talvez um suspiro, brigadeiro ou pão de mel?
Na contramão do que permeia o inconsciente
coletivo, o açúcar se camufla de maneiras distintas na dieta ocidental. E isso
vai além da presença – disfarçada em letras pequenas – na fórmula de alimentos
industrializados.
Dos pratos clássicos da cozinha internacional ao
banquete de fim de ano na casa da sua avó, grande parte das receitas salgadas
também interferem diretamente nos níveis de glicose. Isso acontece porque cem
por cento dos carboidratos vira açúcar.
Massas, pães, biscoitos, arroz e até os cereais
ingeridos durante as refeições são rapidamente convertidos em glicose. Aí, a
reação imediata do organismo é acionar o pâncreas, que aumenta a produção
de insulina. O hormônio assume a responsabilidade de metabolizar e transformar
o açúcar em energia.
Do cérebro ao intestino
O consumo excessivo de açúcares afeta o corpo
inteiro, da performance mental à microbiota do intestino.
No cérebro, os reflexos estão na aprendizagem e na
memória. Isso porque a resistência à insulina, desencadeada pela sobrecarga no
pâncreas, prejudica a comunicação entre as células cerebrais.
Um
estudo *(B) desenvolvido pela Universidade da Califórnia revelou que consumir
muita frutose bloqueia a capacidade da insulina de regular como as células usam
e armazenam o açúcar para a energia necessária no processamento de pensamentos
e emoções.
Já no sistema digestivo, o resultado da sobrecarga
de glicose é a alteração da permeabilidade intestinal, que leva às inflamações
– muitas vezes, crônicas.
“Quando a gente fala de inflamação, a gente entende
aquele corte que tem rubor, que tem dor e não é isso que acontece. É uma
inflamação silenciosa ao longo dos anos”, explica a nutricionista e professora
do Puravida Prime, Alessandra Feltre.
Pesquisadores do Korea Food Research Institute
realizaram experimentos*(C)
em camundongos e concluíram que o excesso de açúcar também está diretamente
ligado à endotoxemia metabólica, gordura no fígado e obesidade.
Momentos críticos
Descendente de italianos e gregos, a pesquisadora
em saúde Bruna Fabris mantém as memórias afetivas vivas no prato. Adepta do
estilo de vida saudável, Bruna aprendeu – na prática, com uma dose extra de
informação aliada à auto observação – como dosar as porções de massa, que
sempre vêm acompanhadas de uma proteína, responsável pelos nutrientes e
sensação prolongada de saciedade.
Para a pesquisadora, outra descoberta fundamental
para a manutenção da dieta equilibrada é a identificação do que ela chama de
momentos críticos. Como quando, depois de um dia estressante, em meio ao
cansaço extremo, surge o desejo por doce como uma espécie de compensação pela
carga mental envolvida na rotina.
“Qualquer pessoa pode treinar o seu foco. Quando a
gente faz a escolha e a gente muda a mentalidade do foco, no sentido de “eu vou
escolher o que é melhor para mim”, é diferente de “eu vou me privar de um doce,
porque eu não posso comer o chocolate”. Eu estou escolhendo o que é melhor para
mim”, resume.
Fome emocional
O doce pelo doce pode ser o reflexo do que os
especialistas classificam como fome emocional, que é o impulso de comer
motivado por emoções como a tristeza, frustração e ansiedade.
Segundo a nutricionista e também professora do
Puravida Prime Roberta Carbonari, uma forma de escapar dessa armadilha é parar
e olhar para o que você está sentindo e, depois de reconhecer se a fome é
fisiológica ou motivada por um gatilho emocional, agir de maneira
racional.
“Se você está cansada, merece descanso. Se você
está irritada, merece paz. E não substituir. É importante a gente sentar com
esses sentimentos. O que eu estou sentindo aqui, na verdade, não é vontade de
brigadeiro, não é vontade com nome, sobrenome. Se eu estou sentindo cansaço que
resolve, o meu cansaço é descansar”, define.
Planejar, planejar e planejar
Para não entrar no labirinto das más escolhas, a
dica da professora do Puravida Prime, Alessandra Feltre, é buscar na sua
geladeira ou despensa os alimentos que você gosta e que geram saciedade. Para
isso, a sugestão começa um passo antes, no momento da compra dos ingredientes e
alimentos.
- Seja
seletivo no supermercado;
- Compre
frutas frescas, vegetais e legumes;
- Deixe
tudo limpo e semi-pronto para consumo;
- Invista
em refeições completas, em que haja, pelo menos, uma fonte de
proteína;
- Não
espere para preparar sua refeição quando estiver com fome;
- Lembre
do que levou você a escolher um estilo de vida saudável.
Bom lembrar
Apesar do impacto negativo do excesso de açúcar no
organismo, os doces não estão vetados da dieta. Muito pelo contrário: a
restrição é que deve ser evitada. “Os pães e massas podem, sim, estar presentes
de uma forma adequada e equilibrada, sem que a gente tenha essa restrição
exagerada, extrema. Conseguir saborear de tudo um pouco ajuda a manter um
equilíbrio metabólico, sempre muito importante. Isso também gera uma saciedade
mental”, recomenda Alessandra Feltre.
Puravida