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terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Você sabia que alguns hábitos podem interferir na fertilidade?

 Dr. Matheus Roque, especialista em reprodução humana, explica mais sobre rotinas que podem auxiliar a ter uma boa gestação e as que interferem nesse processo

 

Nos últimos anos, se tornou extremamente importante a mudança de hábitos para manter a saúde e driblar doenças, principalmente durante e após a pandemia do coronavírus que abalou o mundo. É sabido que o modo em que levamos a vida interfere no funcionamento do nosso corpo, porém, muitas pessoas não imaginam que eles também afetam diretamente a fertilidade, tanto para prejudicar ou potencializá-la.  

Atualmente, cada vez mais homens e mulheres estão priorizando as profissões, escolhendo tornarem-se pais de forma tardia. As funções biológicas dos órgão reprodutores de homens e mulheres têm ações fundamentais para alcançarem o sucesso de uma gestação saudável e condições como idade e hábitos saudáveis também são importantes para esse acontecimento. 

Para explicar os fatores que influenciam na fertilidade, o médico especialista em reprodução assistida, Matheus Roque, aponta informações relevantes sobre esse tema. 

O especialista afirma que após um ano de tentativa, o casal que não conseguiu engravidar mesmo mantendo relações sexuais frequentes, deve procurar auxílio médico. Em caso de mulheres acima dos 36 anos, uma avaliação do casal deve ser realizada após 6 meses de tentativa sem sucesso. 

Segundo Roque, esses sinais indicam infertilidade, doença que acomete 8 milhões de pessoas no Brasil e que de acordo com a Organização Mundial da Saúde, 186 milhões de pessoas, o que representa 15% de toda a população, também sofrem com a doença.

 

Fatores femininos

Em cerca de 10 a 15% dos casais que apresentam infertilidade, não há uma causa encontrada para o quadro. Já sobre casais que descobrem, um terço é relacionado a fatores masculinos, um terço a fatores femininos e o restante de uma associação desses fatores. As principais causas da infertilidade feminina são divididas em: alterações tubárias, alterações na ovulação, alteração no útero, endometriose e idade da mulher. 

“Atualmente, um fator muito importante tem relação com a idade. As mulheres estão retardando cada vez mais a gestação, fazendo com que diminuam as chances de gravidez e aumentem os riscos de aborto. Isso ocorre por uma diminuição na quantidade dos óvulos com o avançar da idade da mulher”, aponta o especialista.

 

Fatores masculinos 

A maioria dos fatores associados à infertilidade masculina são desconhecidos, seguidos de varicocele, hipogonadismo, infecções urogenitais, entre outros. O espermograma é um exame primordial na avaliação da infertilidade conjugal. 

“O espermograma deve ser realizado após um período de abstinência de 2 a 7 dias, segundo recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Também é importante frisar que o exame não é um atestado de infertilidade ou de esterilidade, mas serve para direcionar qual a melhor forma de tratamento para o casal”, ressalta o médico. 

Priorizar alguns hábitos saudáveis também são requisitos importantes que podem ajudar a preservar a fertilidade de homens e mulheres.

 

Alimentação


A boa saúde está totalmente voltada para a forma como as pessoas se alimentam. Para aumentar a fertilidade, os alimentos recomendados são os que ajudam a produzir hormônios ligados à sexualidade. Incluir no cardápio uma grande variedade de frutas, legumes e vegetais, além de alimentos ricos em ômega 3 e selênio, como peixes, ovos e sementes são importantes para a saúde por conterem ácidos graxos que cuidam dos órgãos reprodutores.

 

Evitar bebidas alcoólicas


O consumo de álcool pode interferir na fertilidade dos homens, prejudicando a produção de esperma, baixando os níveis de testosterona e causando disfunção erétil. Mulheres que estejam tentando engravidar também são indicadas a evitar o consumo desse tipo de bebida, pois os efeitos do consumo de álcool permanecem no organismo até um período após ter ingerido e podem causar algum problema durante a gestação.

 

Tabagismo

O cigarro interfere diretamente quando a questão é fertilidade feminina e masculina, pois altera a quantidade de óvulos, quanto de espermatozoides, por isso, é recomendado largar o cigarro para preservar a fertilidade e conseguir engravidar.

 

Cafeína

A cafeína está presente não só no café, mas em chás e refrigerantes. Seu consumo em excesso, na mulher, afeta na produção de óvulos, alterando os níveis hormonais, assim como nos homens, diminui a produção de esperma e hormônios reprodutivos.

 

Manter o peso ideal

Estar abaixo ou acima do peso pode diminuir as chances de gravidez. Estudos mostram que para a mulher é mais difícil engravidar estando muito magra ou com sobrepeso, esse último fator pode ocasionar hipertensão ou diabetes gestacional.

Nos homens, o peso interfere na contagem e na qualidade do esperma, além do mais, o excesso de gordura corporal pode interferir nos hormônios reprodutivos que prejudica a fecundação do óvulo.

 

Fazer atividades físicas 

Praticar exercícios físicos ajudam a melhorar o fluxo sanguíneo e a chegada de oxigênio no sistema reprodutor. Fazer atividade física também ajuda a evitar problemas como obesidade e diabete, que influenciam na infertilidade.

“Incluir atividades físicas na rotina, praticando no mínimo 30 minutos por dia, ajuda a auxiliar na saúde, não só dos órgãos reprodutores, mas do corpo todo, da mente e do bem-estar”, finaliza o médico.

 

Entenda o trauma físico do ouvido e a fratura nasal

Especialista do Hospital Paulista destaca causas, métodos de prevenção e tratamentos
 

O trauma físico auditivo é caracterizado pela perda súbita da audição, zumbido, hemorragia e/ou saída de líquido pelo ouvido e tonturas. Tanto ele como a fratura nasal pode ocorrer por diversas causas, entre elas um parto difícil, com fratura ao nascimento, acidentes automobilísticos e até durante um esporte, conforme o otorrinolaringologista Arnaldo Tamiso, do Hospital Paulista.

O médico chama a atenção para o fato de que a inserção de objetos no conduto auditivo, como haste flexível, também pode danificar o aparelho auditivo.

De acordo com Dr. Tamiso, o trauma auditivo existe com e sem o acometimento cerebral, havendo nesse último a saída de líquido pelo canal do ouvido, caso em que as fraturas do osso da mastoide (divisão do osso temporal, que forma parte da lateral e base do crânio) são extensas pelo impacto. “A perda auditiva é unilateral, no lado afetado, e, geralmente, permanente”, afirma.

No caso da fratura nasal, um especialista deve ser consultado se houver sangramento, obstrução nasal e dores de cabeça. O não tratamento afeta, sobretudo, a estética do nariz e causa problemas de respiração, além da obstrução nasal, ronco e dificuldade para realizar esportes.

“Para a reabilitação auditiva, deve haver avaliação do grau de acometimento, que pode envolver desde aparelhos auditivos até medicações ou cirurgias para reconstrução dos ossículos do ouvido e fechamento do tímpano. É importante buscar um otorrinolaringologista, se houver sensação de ouvido tampado, zumbido e tonturas”, finaliza Dr. Tamiso.

 


Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

 

Composto produzido por coral invasor elimina o parasita da doença de Chagas

 Testes foram feitos em células de mamíferos por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, da UFABC e da USP. De ameaça à biodiversidade da costa brasileira, o coral-sol pode se tornar um aliado no combate à enfermidade que afeta 7 milhões de pessoas e carece de tratamentos eficazes (foto: Andre Tempone)

 

A partir da década de 1980, um animal marinho conhecido popularmente como coral-sol (Tubastraea tagusensis) começou a ser observado no litoral brasileiro, ancorado em plataformas de petróleo na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Hoje, essa espécie invasora, originária do Indo-Pacífico, já se espalhou por mais de 3,5 mil quilômetros (km) da costa brasileira e é considerada uma ameaça à diversidade biológica por destruir outras espécies de corais, se reproduzir rapidamente e não ter um predador natural.

Ao analisar as toxinas produzidas pelo coral-sol para se defender contra a predação por peixes e outros organismos e competir por espaço e substratos, pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, da Universidade Federal do ABC (UFABC) e do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (Cebimar-USP) constataram que uma das substâncias secretadas pelo animal é capaz de combater o Trypanosoma cruzi, parasita causador da doença de Chagas.

Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP, foram descritos em artigo publicado na revista ACS Omega, da Sociedade Americana de Química.

“Se por um lado o coral-sol é um vilão para a biodiversidade marinha, por outro tem potencial de ser benéfico para a vida humana ao produzir uma substância química com potencial farmacológico para combater uma doença que afeta 7 milhões de pessoas e carece de tratamentos eficazes”, diz à Agência FAPESP André Gustavo Tempone Cardoso, pesquisador do laboratório de novos fármacos para doenças negligenciadas do Instituto Adolfo Lutz e coordenador do projeto.

O cientista teve o primeiro contato com o coral-sol na década de 1990, ao mergulhar em Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ).

“Naquela época eu não sabia que esse coral, que é muito bonito, é uma espécie invasora”, afirma Tempone.

Ao falar de suas impressões sobre o coral-sol com Álvaro Esteves Migotto, o pesquisador do Cebimar e coautor do estudo comentou que o animal produzia toxinas que matavam outros corais encontrados no litoral brasileiro, como o coral-cérebro (Mussismilia hispida), e que estava dominando as paisagens marinhas.

Com base nessa observação, eles começaram a coletar amostras do coral-sol no canal de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, onde está localizado o Cebimar, para analisar os compostos químicos produzidos pelo animal.

O estudo foi conduzido durante o doutorado de Maiara Romanelli Silva, primeira autora do artigo e orientanda de Tempone.

“Há muitos estudos sobre a biologia do coral-sol, mas ainda não existiam pesquisas relacionadas à atividade farmacológica dos compostos que ele produz”, afirma Tempone.


Composto candidato

Por meio de fracionamento guiado por bioatividade, os pesquisadores identificaram compostos químicos produzidos pelo coral-sol com potencial ação antiparasitária. Empregando técnicas de ressonância magnética nuclear e espectrometria de massa de alta resolução, eles conseguiram isolar e caracterizar quimicamente uma substância candidata a combater o Trypanosoma cruzi.

Já estudos conduzidos pelo pesquisador João Henrique Ghilardi Lago, professor da UFABC, permitiram elucidar a estrutura da molécula e identificá-la como um alcaloide indólico 6-bromo-2 de metilaplisoposina.

“Essa substância pertence a uma classe de compostos muito interessante do ponto de vista farmacêutico por apresentar atividades biológicas de interesse para o tratamento de doenças humanas”, explica Tempone.

Os pesquisadores testaram o composto químico puro contra o T. cruzi em células de mamíferos (in vitro) nas fases extracelular (tripomastigota) – presente na fase inicial da doença de Chagas, em que o parasita ainda está circulando no sangue – e intracelular (amastigota), presente na fase crônica da doença, quando o parasita desaparece da circulação por já ter invadido as células, principalmente as do coração e dos músculos digestivos.

Os resultados dos ensaios indicaram que o composto foi capaz de eliminar o parasita nessas duas fases, sem apresentar efeitos tóxicos nas células mesmo na concentração mais alta testada.

Já os resultados dos estudos de mecanismos de ação do composto no T. cruzi mostraram que a substância afeta os níveis de cálcio do parasita, reduzindo na mitocôndria a geração de ATP [adenosina trifosfato] – a fonte de energia celular.

“O composto danifica a única mitocôndria que o parasita possui e que fabrica o ATP”, explica Tempone.

Por meio de um estudo computacional (in silico), também foi avaliada a semelhança do composto químico com fármacos disponíveis no mercado para o tratamento da doença de Chagas, com base em suas propriedades físico-químicas e parâmetros farmacodinâmicos.

As análises indicaram que o composto tem propriedade semelhante à de diversos fármacos aprovados no mercado. Um dos únicos medicamentos disponíveis hoje para o tratamento da doença é o benzonidazol, que, a despeito de reduzir a carga de T. cruzi em pacientes crônicos, não evita danos cardiológicos causados pela enfermidade e nem outros sintomas, como o aumento do cólon, além de causar graves efeitos colaterais.

“Agora estamos dedicados a conseguir fazer a síntese total de compostos derivados dessa molécula, com maior potência, e testá-los em modelo animal”, diz Tempone.

O artigo Mitochondrial Imbalance of Trypanosoma cruzi Induced by the Marine Alkaloid 6â??Bromo-2-deâ??Nâ??Methylaplysinopsin pode ser lido em: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acsomega.2c03395

 

Elton Alisson
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/composto-produzido-por-coral-invasor-elimina-o-parasita-da-doenca-de-chagas/40621/


Voz e a audição no Carnaval


A folia do pré-Carnaval já começou por todo o país, mas será na próxima semana que muita música, cantorias, samba no pé e bebida gelada vão tomar conta das ruas e salões para animar o Carnaval. Mas, junto com toda essa energia, aparecem também os primeiros sintomas de alteração vocal, como cansaço, ardor ou dor ao falar, falhas na voz, mudança de tom, pigarro e rouquidão, dor de garganta, dor de ouvido, zumbido e sensação de surdez. Para driblar o problema e lidar com os prejuízos comuns nesta época festiva, o médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, da capital paulista, revela algumas dicas e cuidados importantes. 

Ele afirma que quando a voz falha ou a rouquidão aparece não se deve sussurrar! Isso porque o sussurro pode provocar um esforço extra nos músculos do aparelho fonador e piorar as características da voz que já estão prejudicadas. Nesta época festiva, é comum o consumo de álcool e dieta fora do padrão, o que pode levar a refluxo gastro-esofágico. O refluxo associado ao abuso vocal, favorecem às lesões nas pregas vocais.

“Em casos de rouquidão ou afonia, poupe a voz, usando-a somente quando necessário, procure articular bem as palavras, além disso é essencial hidratar-se principalmente se os dias estiverem mais quentes e secos”, diz o especialista. Se a rouquidão permanecer por mais de uma semana, é essencial a visita a um otorrinolaringologista. 

A perda auditiva também está entre uma das deficiências mais comuns e que pode aparecer durante o Carnaval. Dr. Bruno explica que todo mundo pode ter perdas auditivas por exposição excessiva ao ruído das músicas altas e das cantorias -- mesmo que a festança dure apenas cinco dias. “O mais importante é cuidar da audição para que ela permaneça intacta e permita desfrutar todos os sons até que a festa se acabe. Para isso, algumas dicas simples podem se tornar essenciais”, diz. 

  • Evite ambientes barulhentos e com música muito alta por muito tempo;
  • Para os mais velhos é importante utilizar sempre os acessórios de proteção auditiva (EPI) quando estiverem em exposição a ruídos mais intensos;
  • Se a festa for em casa, prefira deixar a música em volume abaixo da metade da capacidade dos aparelhos; 
  • Cuidado com a música em ambientes com ruído de fundo. Neste caso é comum ultrapassar o limite saudável para os ouvidos.
  • Após exposição ao ruído intenso, pode aparecer sensação de “ouvido tampado”, zumbido e perda de audição.
  • Se perceber dificuldade em ouvir nos dias pós folia, procure um especialista para fazer um exame de audição. Quanto mais cedo se cuidar, melhor! 

Para finalizar, ele comenta que a prevenção é o melhor remédio. “Perdas de audição são irreversíveis e poucas mudanças de hábito já surtem excelentes efeitos benéficos para a saúde auditiva. Lembre-se de que ouvir é um privilégio”, finaliza.

 

FONTE: Bruno Borges de Carvalho Barros - Médico especialista em otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cervico-facial. Mestre e fellow pela Universidade Federal de São Paulo.

 

Vacinar-se é um ato de respeito


Saudosista que sou, abro essa conversa com você voltando no tempo. Estamos em 1994. A alegria contagia milhões de brasileiros. Em uma emocionante disputa de pênaltis, o Brasil vence a Itália e conquista seu quarto título mundial.


Bons momentos aqueles. Poucos recordam, mas fora de campo também fomos campeões: depois de campanhas de vacinação em massa contra a poliomielite (com a Vacina Oral Poliomielite, VOP), nosso país recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde, Opas, o certificado de eliminação do vírus.


Tornavam-se cada vez mais distantes, diferentemente de décadas anteriores, os tristes casos de crianças e adultos com membros paralisados pela pólio.


Hoje, passadas três décadas, lamentavelmente corremos o risco de volta dessa e de outras doenças. Com a queda na cobertura vacinal, somos assombrados pelos fantasmas do sarampo, da meningite, da rubéola e da difteria.


Segundo pesquisa divulgada na 24ª Jornada Nacional de Imunizações, em 2022, 16% dos pais pensam ser desnecessário vacinar os filhos contra doenças que já não estão em circulação. Um equívoco absurdo.


A pesquisa revela ainda que cerca de 3% dos entrevistados não levaram as crianças para receber uma ou mais vacinas — por medo da pandemia de Covid-19 ou por temerem a reação à imunização. O Governo Federal aponta que praticamente todas as nossas coberturas vacinais estão abaixo da meta.


Os números são preocupantes. Nós, médicos e demais trabalhadores da saúde, sabemos e enfatizamos que males já eliminados podem surgir novamente quando não nos vacinamos com regularidade.


Além do risco do retorno de enfermidades erradicadas, continuamos vivendo uma guerra contra a Covid-19. Somamos quase 700 mil mortes desde 2020. Vacinar-se, um ato de respeito a si e ao próximo, é uma das maneiras de evitar que mais pessoas adoeçam e até mesmo partam.


Podemos e devemos nos planejar. O Ministério da Saúde divulgou, no fim de janeiro, o cronograma do Programa Nacional de Vacinação de 2023. Embora o foco continue sendo o reforço contra a Covid-19, também está na ordem do dia o combate a outras doenças imunopreveníveis.


As primeiras etapas do cronograma serão contra a Covid-19: reforço com a vacina bivalente, intensificação da vacinação entre a população com mais de 12 anos, e entre crianças e adolescentes. Depois virá a vacinação de Influenza e a multivacinação de poliomielite e sarampo nas escolas.


Como crianças são mais vulneráveis e dependem da responsabilidade dos adultos, foram criadas estratégias de mobilização escolar, da Educação Infantil ao Ensino Médio. Estudantes, pais e responsáveis serão informados sobre a necessidade de levar à escola a Caderneta de Vacinação para ser avaliada. Afinal, sequelas, óbitos, transmissão de enfermidades para outros indivíduos são riscos que devem ser levados muito a sério.


Ressalto, por fim, que dor, vermelhidão local, febre e incômodo muscular não são bichos de sete cabeças, mas sim reações comuns após as vacinas — vão embora em um ou dois dias. É preciso pensar na coletividade, sensibilizar as pessoas e combater a desinformação que se espalha rapidamente e faz com que muitos contestem erroneamente as evidências científicas.

 

Antonio Carlos Lopes - presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

 

Morte prematura por câncer de intestino deve crescer 10% até 2030

 O oncologista Ramon Andrade de Mello alerta para a necessidade de mudança de hábitos e diagnóstico precoce

 

O número de óbitos por câncer de intestino entre pessoas de 30 a 69 anos pode aumentar 10% até 2030, segundo estudo produzido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Desconsiderando o câncer de pele não-melanoma, esse tumor é o segundo mais frequente no Brasil. A doença também pode ser chamada como câncer de cólon e reto ou câncer do intestino grosso”, explica o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, e médico pesquisador honorário do Departamento de Oncologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido. 

De acordo com os estudos do Inca, a comparação dos números do período base de 2011 a 2015 com o quinquênio 2026-2030, mostra que o câncer de intestino tem o maior aumento projetado em todas as regiões brasileiras. “Esses dados acendem um alerta para a prevenção. Além disso, o diagnóstico precoce dessa doença permite alcançar até 95% de chances de cura. A melhor estratégia de tratamento vai ser definida pelo médico. Na maioria dos casos, é recomendada a cirurgia com a retirada de parte do intestino afetado. Em seguida, pode ser recomendada a radioterapia associada ou não à quimioterapia. O procedimento contribui para diminuir as possibilidades de reincidência do tumor”, explica Ramon Andrade de Mello. 

A doença se desenvolve a partir de pólipos, que são lesões benignas no início e aparecem na parede do cólon. “Em pacientes com predisposição genética, geralmente com hábitos não saudáveis, essas lesões podem avançar para um tumor cancerígeno”, detalha o oncologista. 

Esse tumor tem maior incidência em pessoas acima de 50 anos de idade. Entre os fatores de risco, estão o excesso de peso corporal e alimentação pobre em frutas e vegetais. Ramon Andrade de Mello afirma ainda que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados - como salsichas, mortadela, presunto e salame -- ampliam as chances de diagnóstico da doença. 

O oncologista explica que o câncer do intestino pode inicialmente ser confundido com outras doenças como verminoses, hemorroidas e gastrite: “Os pacientes que eventualmente apresentam sintomas intestinais como diarreia e prisão de ventre, dor ou desconforto abdominal, devem procurar um especialista para uma avaliação mais detalhada e um parecer adequado. Sintomas de fraqueza e anemia, bem como perda de peso sem causas aparentes também devem ser investigados”. 

 

Dr. Ramon de Mello é oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.
ramondemello.com.br/

Fevereiro Laranja reforça a importância do diagnóstico precoce da leucemia

Doação de medula também é destacada na campanha 

 

No calendário da saúde, o mês de fevereiro é dedicado à campanha “Fevereiro Laranja”, que tem o objetivo de trazer conscientização acerca da leucemia e da importância da doação de medula.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a cada três anos, serão diagnosticados, no País, cerca de 10 mil novos casos da doença. Por isso, a campanha traz o alerta sobre os principais sintomas e como os exames de rotina podem contribuir no enfrentamento a esse tipo de câncer.

A leucemia causa o crescimento acelerado e anormal nas células do sangue responsáveis pela defesa do organismo - os leucócitos. Entre os principais sintomas, estão: anemia, cansaço e fadiga, queda da imunidade, baixa na contagem de plaquetas, infecção, febre, hematomas e sangramentos espontâneos. O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura e é feito por meio de exames laboratoriais - principalmente pelo hemograma.

“A prevenção é uma das ferramentas mais poderosas para cuidarmos da saúde. Detectar um problema no início traz vantagens para os tratamentos e, muitas vezes, também para o bolso, pois pode evitar procedimentos mais complexos. E, claro, os check-ups trazem o mais importante, que é a certeza de que a saúde está em ordem.”, afirma Vitor Moura, CEO da VidaClass Saúde.

No caso do hemograma, Moura ainda reforça o fato da simplicidade do exame, que pode ser adquirido de forma avulsa e com descontos na plataforma da healthtech: “A leucemia é um exemplo para reforçarmos a importância dos check-ups e cuidados rotineiros, como o tradicional exame de sangue”, finaliza.


VidaClass Saúde 


Por que eu devo me vacinar? Entenda a importância da vacina contra gripe

O Ministério da Saúde anunciou, na terça-feira (31), o cronograma do Programa Nacional de Vacinação para 2023. A partir do dia 27 de fevereiro, iniciam-se as ações de vacinação de reforço bivalente contra a Covid-19, destinadas a pessoas que possuem maior risco de complicações da doença, como os idosos acima de 60 anos e aqueles que sofrem de alguma deficiência. 

Está prevista também a intensificação na campanha de Influenza, em abril, antes da chegada do inverno, quando as baixas temperaturas levam ao aumento nos casos de doenças respiratórias.
 

Vamos falar sobre gripe?

A médica e diretora da Clínica de Vacinas Salus Imunizações Dra. Marcela Rodrigues explica que a influenza ou gripe é uma doença viral, aguda do aparelho respiratório, que provoca febre, tosse, dor de garganta, dores no corpo e mal-estar. É causada pelo vírus Influenza que circula por toda a parte do mundo. Geralmente é benigna e autolimitada, pode em alguns casos causar complicações, levando a internação hospitalar e até mesmo levar a óbito em casos extremos. 

A Gripe é causada pelos vírus Influenza que compreendem 3 tipos de vírus A, B e C. Os mais importantes são os vírus Influenza A e B. Nos vírus Influenza A se destacam os subtipos A/H1N1 e A/H3N2. Os Vírus Influenza B apresentam 2 subtipos. 

O início da doença, é, em geral, súbito com febre alta (temperatura acima de 37,8) e tosse. Em seguida podem surgir dores musculares, dor de garganta, dor de cabeça, coriza, mal-estar intenso, e tosse seca. Diarréia e vômitos podem aparecer em crianças. A febre é o sintoma mais importante e dura em torno de três dias. Os sintomas respiratórios como a tosse e outros se mantêm, em geral, de três a cinco dias após o desaparecimento da febre. Alguns casos podem apresentar complicações graves, como pneumonia, podendo necessitar de internação hospitalar.


Por que eu devo me vacinar contra a gripe?

Cada temporada de gripe difere e a gripe pode afetar as pessoas de maneira diferente, mas milhões de pessoas contraem gripe todos os anos, centenas de milhares de pessoas são hospitalizadas e milhares a dezenas de milhares de pessoas morrem de causas relacionadas à gripe todos os anos. 

As complicações da gripe podem incluir pneumonia bacteriana, infecções de ouvido, sinusite e agravamento de condições médicas crônicas, como insuficiência cardíaca congestiva, asma ou diabetes. 

A vacinação demonstrou ter muitos benefícios, incluindo a redução do risco de doenças gripais, hospitalizações e até mesmo o risco de morte relacionada à gripe em crianças. Embora algumas pessoas que recebem a vacina contra a gripe ainda possam adoecer, a vacinação contra a gripe demonstrou em vários estudos reduzir a gravidade da doença.
 

Importante saber:

Há 2 tipos diferentes de vacinas: a trivalente, e a tetravalente.
A trivalente está disponível na rede pública para os grupos prioritários e imuniza contra três tipos de vírus tipo, duas cepas A, A/H1N1 e A/H3N2 e uma cepa B. 

A Dra. Marcela Rodrigues esclarece que a tetravalente, disponível apenas em clínicas particulares, contempla, além dessas três, uma segunda cepa B, ou seja, duas linhagens B e por isto confere uma maior proteção. Em ambos os casos, está inclusa a imunização contra o vírus influenza do tipo A/ H1N1, o mais temido.

Com a Clínica de Vacinas Salus Imunizações, é possível tomar a sua vacina de Influenza imediatamente, sem precisar esperar a chegada do inverno e se imunizar contra o vírus de influenza mais temido. 

É fundamental retomar a rotina de vacinação para evitarmos epidemias de doenças. A vacinação é o principal meio de prevenção contra doenças infectocontagiosas e, por isso, é essencial que todas as pessoas sejam vacinadas. “Além disso, é importante ressaltar que, mesmo as doenças já controladas, podem voltar a se espalhar rapidamente se houver uma diminuição na cobertura vacinação. Portanto, a vacinação é um procedimento indispensável para garantir a saúde da população e evitar epidemias.” finaliza a Dra. Marcela Rodrigues.

 

Marcela Rodrigues - Diretora da Salus Imunizações. Médica com graduação e residência em dermatologia pela faculdade ciências médicas de Santos.


Cometa com órbita de 50 mil anos poderá ser visto em observação astronômica do Parque CienTec da USP

 

Universidade de São Paulo 
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária


Evento acontece no período noturno, com estacionamento dentro do Parque, além de equipamentos e monitoria para os visitantes


No dia 10 de fevereiro o Parque de Ciência e Tecnologia (CienTec) da USP promove mais uma edição da Observação Astronômica, evento noturno realizado mensalmente. Sem necessidade de inscrição prévia, a entrada no local será permitida para pedestres e veículos das 17h às 18h.

Esta sessão terá um visitante especial no espaço, o cometa C/2022 E3 ZTF, que possui um período orbital de 50 mil anos. O astro atingiu seu periélio (ponto mais próximo do sol) no dia 12 de janeiro, e em fevereiro estará em seu ponto mais próximo da Terra, a “apenas” 42 milhões de quilômetros. 

 

O cometa C 2022 C3 Ztf possui órbita longa e foi descoberto recentemente. Sua aproximação da Terra acontecerá novamente apenas daqui a 50 mil anos. Imagem: Forth Image UK

Muito mais brilhante nesse período, a expectativa é que possa ser visto a olho nu. No entanto, o evento oferece telescópios e lunetas profissionais, e monitoria para os visitantes aproveitarem em detalhes o momento. No dia, o cometa passará a 1,5 graus de Marte, permitindo a observação conjunta dos astros. Além disso, a aproximação física da Lua, Júpiter e Vênus também poderá ser observada a olho nu durante o pôr do sol, no momento em que o céu começa a escurecer. 

“A astronomia é uma das ciências mais antigas e sempre auxiliou os seres humanos a desenvolverem suas atividades, moduladas pelos movimentos dos astros, nos orientamos sobre contar o tempo, momentos de plantar e colher, perceber a enormidade do cosmo e nosso papel (e tamanho) nesse cenário”, reflete Suzana Ursi, diretora do Parque CienTec. “A observação possibilita uma aproximação divertida dessa ciência tão relevante”, completa

A diretora conta que a atividade sempre foi uma das mais queridas do Parque. “No período pós-pandemia pudemos retoma-lá e percebemos que segue sendo um grande atrativo, sempre com sessões lotadas de interessados. As famílias com crianças são o público mais frequente, mas todos estão convidados”, explica Ursi.

 

A atividade de extensão universitária já possui agenda para o mês de março. No dia 4 de março, também com entrada entre 17 e 18 horas, os visitantes poderão observar a conjunção planetária em Júpiter e Vênus.

 

Além de disponibilizar os equipamentos profissionais para revezamento do público, o CienTec oferece orientação e explicações de monitores. Também é possível trazer instrumentos próprios para poder aproveitar ainda mais o local.

Atenção para as nuvens! Em caso de céu encoberto, os monitores irão promover uma sessão do Planetário e um passeio pelo roteiro histórico do local, incluindo a centenária Luneta Zeiss. O Parque não possui alimentos e bebidas para venda, mas há espaços disponíveis para lanches e piqueniques.

Este telescópio Zeiss, do Parque CienTec, iniciou suas operações em 1921. Foi uma das melhores e mais modernas ferramentas de estudo astronômico que São Paulo possuiu por muitos anos


Parque CienTec 

Parque de Ciência e Tecnologia da USP é um órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária que promove ações de difusão científica em diversas áreas, como astronomia, meteorologia, educação e ecologia.

 

O espaço apresenta uma rica mescla de patrimônio histórico e natural e recebe, de segunda a sexta, das 9 às 16 horas, escolas para visitas monitoradas com agendamento prévio, visitantes avulsos e pesquisadores.

 

Aos sábados, também das 9 às 16 horas, são promovidas diversas atividades, com programação variável que i

nclui sessões do planetário, trilhas na Mata Atlântica, experimentos nas áreas de física, geofísica, solos e microbiologia, entre outras.

 

Todas as atividades são gratuitas

 

Serviço

Parque de Ciência e Tecnologia da USP

Observação Astronômica

Quando | 10 de fevereiro (sexta) e 4 de março (sábado), das 17h às 20h30 (acesso das 17 às 18 horas)

Onde | Parque CienTec da USP

Endereço | Avenida Miguel Stefno, 4200 – Água Funda – São Paulo – SP

Quanto | Gratuito

Classificação | Livre

Saiba mais |  11 5077 6312 ou agendaparque@usp.br | https://www.parquecientec.usp.br

 



Tiago Cesquim - Da assessoria de imprensa da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (PRCEU)


Como sobreviver às contas de início de ano?

Depois das festas de fim de ano, quando geralmente gastamos mais do que em outros períodos, os meses de janeiro a março trazem as temidas contas de início de semestre. Embora seja sempre assim, é comum as pessoas se perderem entre esses compromissos, principalmente depois dos excessos do natal, ano novo, férias, viagens e carnaval. 

Nos últimos anos, tem crescido o endividamento das famílias, porém com um pouco de planejamento e organização é possível sobreviver a este período financeiro. Pegando alguns exemplos sobre pagamentos prioritários e fixos no início do ano, no Estado de São Paulo, há três formas de pagamento para o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores): à vista teve o desconto de 3% em janeiro; parcelado entre 3 e 5 parcelas ou à vista sem desconto neste mês de fevereiro. 

Para quem tem uma reserva financeira, o ideal é fazer o pagamento à vista. Já quem não tem uma reserva financeira, não vale a pena se endividar para pagar à vista, pois os juros pagos pelo empréstimo certamente serão maiores que o desconto. Portanto nesses casos o recomendado é fazer o parcelamento e se atentar aos prazos de vencimento. Lembre-se que pagar o IPVA fora do prazo pode gerar multa e juros que chegam a 20% do valor do imposto devido. 

Vale lembrar também que o pagamento do IPVA é um pré-requisito para o licenciamento do veículo (que ocorre entre os meses de abril e dezembro) e que veículos não licenciados ficam impedidos de circular. 

Já o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) também começou a ser quitado em janeiro, com descontos para pagamentos à vista ou geralmente com opções de parcelamento em até 10x direto com a prefeitura. É possível aproveitar as mesmas dicas do pagamento do IPVA. Se você tem o dinheiro para pagar à vista, vale a pena, pois geralmente o desconto é maior, por exemplo, do que o rendimento da poupança. Para quem não tem o dinheiro, a melhor opção é o parcelamento. 

Nesse sentido, há uma dica importante: não acumule carnês de IPTU de um ano para outro pois isso também gera juros e multas e à medida que o tempo passa fica mais difícil a quitação. Portanto, atenção redobrada ao recebimento do carnê e para as datas de vencimento. 

Já os gastos escolares com matrícula, uniforme e material escolar sempre acontecem nesse mês. Se os valores de matrícula estiverem fora do alcance, vale a pena tentar negociar com a escola uma flexibilização no pagamento ou até mesmo a diluição nas parcelas da mensalidade. Quanto ao material escolar, pesquisar os preços antes de comprar é fundamental e, nesse caso, a utilização do cartão de crédito (para aqueles que não podem pagar à vista) é uma boa opção, com o cuidado de sempre pagar a fatura no valor integral para não acabar com mais uma dívida. Uma boa opção é reaproveitar o que for possível do material do ano anterior, unindo economia e sustentabilidade. Converse com seus filhos e explique que essa economia poderá ajudar a poupar, por exemplo, para as férias de julho. 

Para finalizar, a principal dica é: não se esqueça destes gastos de início do ano e faça uma reserva para essas contas. Procure economizar durante esse ano, criando uma reserva financeira especialmente para essas contas e tenha um início de 2024 financeiramente mais tranquilo e estável. 

 

Tcharla Bragantin - economista e especialista em mercado de capitais, matemática e gestão e em finanças empresariais. Mestra em gestão e desenvolvimento regional, Tcharla é professora e coordenadora do curso de Ciências Contábeis do Módulo e da FASS.


Faculdade São Sebastião
www.fass.edu.br

Centro Universitário Módulo
www.modulo.edu.br


Com mobilização da FecomercioSP e de entidades, governo paulista sanciona projeto que põe fim ao “revogaço” dos benefícios fiscais do ICMS

  PL sancionado extingue artigo de lei de 2020 que gerou aumento de imposto sobre itens básicos e prejudicou negócios e consumidores


 
Atendendo a uma demanda antiga das empresas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sancionou na segunda-feira, dia 6, um projeto de lei estadual (PL 82/2021) que põe fim a toda a insegurança causada pelo “revogaço” dos benefícios fiscais do ICMS no Estado, plano que ganhou força em 2020 e afetou não somente os negócios, mas, sobretudo, os consumidores mais vulneráveis.
 
O texto sancionado anula o artigo 22 da Lei Estadual 17.293, que, em 2020, possibilitou a redução de incentivos fiscais relacionados ao ICMS. O artigo ainda determinava que qualquer alíquota fixada abaixo de 18% fosse considerada um benefício fiscal. Na prática, isso abriu caminho ao aumento de impostos, até mesmo de itens essenciais, como alimentos.
 
A Federação destaca que, entre os itens com alíquotas do ICMS abaixo de 18%, uma parcela significativa é essencial para o consumo – cesta que engloba desde alimentos a materiais básicos para construção, principalmente as populares. Trata-se de itens que comprometem um montante relevante do orçamento das pessoas com renda mais baixa.


 
Histórico

Em 2020, a FecomercioSP e diversas empresas que integram seus conselhos se mostraram totalmente contrárias ao avanço do projeto que resultaria em aumento de tributos sobre os preços de carne, leite e outros alimentos. Três anos atrás, logo após a Lei 17.293/2020 ser sancionada, foram editados diversos decretos estaduais que resultaram em aumento da carga do ICMS, em afronta à própria lei que criou o ICMS e que delimita os patamares de alíquota para cada produto ou serviço.  O próprio governo chegou a editar decretos para suspender o reajuste do ICMS sobre medicamentos genéricos, produtos hortifrutigranjeiros e insumos agropecuários, diante da confusão causada pela mudança, mas a medida foi insuficiente.
 
A Federação lembra ainda que a Lei 17.293/2020 tem características inconstitucionais acerca da separação dos poderes – como permitir que as alíquotas do ICMS sejam alteradas pelo Executivo, o que representa uma substituição do parlamento paulista na função legislativa. Nem mesmo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) poderia mudar uma regra neste sentido.
 
A FecomercioSP, inclusive, se reuniu com a Secretaria da Fazenda e Planejamento, em 2021, diante dos prejuízos econômico e social que isso traria em um dos momentos mais graves da pandemia.
 
Em dezembro de 2022, o PL 82/2021 (que revogou o artigo 22 da Lei 17.293/20) foi aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O Conselho de Assuntos Tributários (CAT), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), solicitou, então, ao governo paulista, a sanção do PL.
 
No início de janeiro de 2023, o deputado estadual Ricardo Mellão e o ex-deputado federal Vinicius Poit encaminharam, ao governo de São Paulo, uma manifestação em defesa da sanção do PL 82/2021, assinada pela FecomercioSP e outras entidades representativas: 
 
ABIIS - Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde
ABIMED - Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde
ABIMO - Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos
ABRAIDI - Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde
ABRAMED - Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica
ANAHP - Associação Nacional de Hospitais Privados
CBDL - Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial
COMSAUDE FIESP - Comitê do Complexo Produtivo e Econômico da Saúde e Biotecnologia – FIESP
FBH - Federação Brasileira de Hospitais
FEHOESP - Federação dos Hospitais do Estado de São Paulo
Fórum Paulista do Agronegócio e OCESP
SINDHOSP - Sindicato dos Hospitais, Clinicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Analises Clinicas no Estado de São Paulo
SINDUSFARMA - Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos

No dia 6 de fevereiro de 2023, o governo paulista sancionou o PL 82/2021. "Acabamos de sancionar o projeto que revoga o artigo da lei que permitia ao governo do Estado o aumento da carga tributária sem a chancela da Assembleia Legislativa. Estamos devolvendo esse poder à Assembleia Legislativa num compromisso com a redução da carga de impostos”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas logo após a sanção, que atende à mobilização do setor produtivo, em curso desde 2020, e é uma decisão acertada no sentido de garantir mais previsibilidade ao setor produtivo.



FecomercioSP 

Riscos Fiscais

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Em um órgão deliberativo com número par de membros, o critério de desempate será sempre arbitrário

 

A percepção dos elevados riscos fiscais no Brasil foi, certamente, a motivação para que fosse editado um pacote tributário visando o aumento de arrecadação, logo após a posse do atual governo federal.

Assim, foram oferecidas generosas condições para o pagamento de dívidas tributárias, abrangendo anistias e parcelamentos. É certo que esse perdão parcial repercutirá positivamente no aumento da arrecadação, embora não se possa dimensioná-lo, porque condicionado à adesão dos devedores. Acostumados à reedição de iniciativas do gênero, devedores podem interpretar que o próximo perdão será mais pródigo.

Independentemente dos resultados arrecadatórios, a medida constitui um mau exemplo para aqueles que cumprem rigorosamente suas obrigações fiscais. Esses poderão vir a entender que a inadimplência compensa. Melhor teria sido explorar alternativas que não implicassem danos colaterais.

A composição dos órgãos do contencioso administrativo fiscal, no Brasil, está assentada no princípio da paridade de representação do fisco e dos contribuintes.

Um órgão de deliberação com um número par de membros encerra sempre a hipótese de empate, mormente quando há paridade na representação, como naquele contencioso.

É nesse contexto que foi instituído o voto de qualidade no âmbito federal, conferindo-se essa prerrogativa invariavelmente a um representante do fisco.

A Lei nº 13.988, de 2020, extinguiu o voto de qualidade e estabeleceu que, em caso de empate, a decisão beneficiaria o contribuinte. A matéria é objeto de questionamento no STF em ação cujo julgamento ainda não foi concluído.

A MP nº 1.160, recém editada, visa restabelecer o voto de qualidade, revogando a legislação de 2020. A justificativa foi a de que lançamentos estavam sendo desconstituídos em razão do critério de julgamento, sem levar em conta que a União poderia estar sendo favorecida justamente pelo critério anterior.

Não se discute, portanto, o mérito dos lançamentos, mas o critério de desempate.

Como a norma prevista na MP pode não ser aprovada no Congresso ou vir a ser afastada por decisão judicial, um mesmo tema, em um curto prazo, pode ser objeto de julgamentos administrativos totalmente diversos, em desfavor da segurança jurídica.

Em um órgão deliberativo com número par de membros, o critério de desempate será sempre arbitrário. Por que não se cogitar de um contencioso administrativo fiscal integrado por servidores concursados para a função e com número ímpar de membros, como existe em Pernambuco desde 1978?


Everardo Maciel - Ex-secretário da Re - eita Federal, é consultor jurídico e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público

Fonte: https://dcomercio.com.br/publicacao/s/riscos-fiscais


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