Opinião
Sou estudante
e professor há muitos anos. Assim, aprendi e ensinei que o planejamento de
aulas é devido e conveniente a qualquer situação curricular. Pelas mesmas
atuações, todavia, tenho (a)notado como o planejamento tem faltado ao processo
de ensino e aprendizagem nesses tempos de “fique em casa".
Nossos
interlocutores para estas notas são nossos professores e estudantes que, como
nós, da noite para o dia, foram levados e mantidos em um ambiente pouco
conhecido. A urgência da mudança e da manutenção na escola-casa e na
casa-escola – sabemos - foi e é a pandemia causada pelo Covid-19.
Impactados
pelo fato, fo(so)mos pressionados a produzir, como professores e estudantes,
sem planejamento. “Que incoerência entre teoria e prática, não é,
professor?". Tenho ouvido isto, em particular, como professor de
Metodologia do Ensino de Línguas. Respondo aos nossos respectivos estudantes na
forma de notas, do tipo: “planejamento demanda tempo".
A conversa
que daí se desenvolve é sobre o tempo que não tivemos para planejar e o tempo
que precisamos ter para tal ação. Por notas, desenvolvamos sobre este, pois
aquele nos foi circunstancialmente tirado; desenvolvamos sobre este, pois ele
nos precisa ser garantido e bem utilizado para o planejamento do próximo ano.
Sim, dizemos,
já de plano, que não nos parece coerente tratar de planejamento devido sem a
noção de que este tempo de “fique em casa" não foi planejado e que,
portanto, não foi conveniente ao currículo. Tratemos, portanto, de planejar as
nossas aulas em ambientes que nos sejam seguros e conhecidos.
As notas que
podemos esta semana expandir são só sobre o conhecimento dos ambientes escola-casa
e casa-escola e de nossas respectivas aulas híbridas, tendo como alvos a nós
mesmos como estudantes e professores e, particularmente como instruções,
aquelas reunidas em fóruns da George Lucas Educational Foundation.
Como
estudantes, temos tido muita dificuldade com a tecnologia em geral e com a
desejável aprendizagem remota, criticamente quando o ambiente é assíncrono. A
partir desta constatação, a nossa preparação como alunos para aulas híbridas
deve abranger os variados tipos de tecnologia de acordo com a nossa idade e a
consequente navegação no sistema de gerenciamento de aprendizado.
Precisamos
ter consideradas as nossas características pessoais, aquelas que
comprovadamente se relacionam com o sucesso da aprendizagem on-line como:
motivação, gerenciamento de tempo, cidadania digital, persistência, habilidades
de autorregulação e busca de ajuda. Estas são características que se desdobram
em habilidades de produtividade, igualmente relacionadas ao aprendizado
on-line, a saber, estratégias para ler e escrever de maneira mais eficaz em
meios digitais, elaborar e seguir um cronograma, habilidades de gerenciamento
de informações, entre outras.
Nós podemos
afirmar que os cursos síncronos oferecem mais oportunidades para uma interação
significativa e constante com o conteúdo, entre nós, alunos, e,
necessariamente, com o professor. De acordo com os colegas da George Lucas
Educational Foundation, as pesquisas mostram que esses cursos estão intimamente
associados à conclusão, à satisfação, ao melhor desempenho e a melhores
resultados de aprendizagem dos cursos on-line.
Entendemos,
tomando como base a nossa interlocução, que os ambientes síncronos, em que
professores e colegas estudantes interagem, são mais próprios ao
desenvolvimento da autorregulação, habilidade tão necessária ao ensino e à
aprendizagem em geral.
Igualmente
embasados, podemos afirmar que nós, professores, precisamos ser alvos de
qualificação no âmbito do devido planejamento institucional. Embora tenhamos
aprendido sobre novos recursos tecnológicos aplicados à educação, precisamos
ser preparados a usar adequadamente cada um deles, em especial os de
gerenciamento de estudantes remotamente e em sessões ao vivo.
Precisamos,
(a)notadamente, como nos recomendam os colegas da George Lucas Educational
Foundation, de um repertório de pedagogias on-line, que abranjam: instruções
diretas, por palestras e apresentações, para transmissão de informações sobre
conceitos, sobre procedimentos; modelos cognitivos de aprendizagem, por
questionamentos abertos, estratégias metacognitivas e solução de problemas; e
modelos sociais de aprendizagem, por métodos instrucionais colaborativos.
Comprovadamente,
a satisfação do estudante e tudo que dela decorre para a sua aprendizagem
guardam relação crescente com o lugar e o papel do professor nos ambientes.
Particularmente, voltamos a enfatizar que é o professor que vai fomentar e
desenvolver nos/com os estudantes as estratégias de autorregulação.
Tanto para a escola-casa quanto para a
casa-escola, os professores precisam de planejamento, que demanda tempo.
Defendemos coerentemente que o ano de 2020 deva ser utilizado para a (re)visão
de concepções, conteúdos, objetivos, estratégias, recursos, avaliações e
referências para o estabelecimento e a manutençao de um senso de presença
emocional, cognitiva e instrucional para as nossas aulas híbridas a partir do
próximo ano.
José Marcelo Freitas de Luna - doutor
em Linguística e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade do Vale do Itajaí (Univali) - mluna@univali.br