Pesquisar no Blog

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Hospitais brasileiros matam mais que rodovias



O trânsito brasileiro, com rodovias em péssimas condições de conservação, aliado à imprudência dos motoristas e à idade avançada da frota brasileira (32% dos automóveis tem mais de dez anos de fabricação, a maioria sem a manutenção adequada) é o que mais mata no mundo. Chegamos ao recorde mundial de 65 mil mortes no ano de 2011. Esses números foram mitigados, em parte pelo advento da lei seca, e chegam atualmente a 42 mil óbitos anuais, número ainda assim assustador.

Embora tais dados sejam impressionantes, se apequenam quando comparados com as mortes decorrentes de “condições adquiridas secundárias à assistência”, os chamados “eventos adversos” nos hospitais brasileiros. Tal fenômeno já é reconhecido como um problema de saúde pública pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Evento adverso ocorre quando o paciente tem o seu estado agravado ou mesmo vai a óbito por causa diferente daquela que orientou a sua internação, ou seja, por algum mal contraído ou desenvolvido dentro do próprio hospital ou em função de seu tratamento, mas diferente do trauma ou doença que deu origem ao internamento. No ano de 2015, segundo a ANS, as operadoras gastaram mais de 15 bilhões de reais só para tratar os eventos adversos.

Estima-se que 19% dos pacientes internados no Brasil sejam vitimados por algum evento adverso e, desses, 6% vão à óbito.  Ou seja, das 19 milhões de internações anuais, 3,6 milhões de pacientes sofrem algum evento adverso e 220 mil efetivamente morrem a cada ano. Esse número representa 5,2 vezes todo o trânsito brasileiro e 3,6 vezes o número de mortes decorrentes da violência urbana (61 mil óbitos/ano). Estima-se que haja 110 mil mortes anuais no Brasil decorrentes da infecção hospitalar apenas. Pelo menos 70% dessas mortes seriam evitáveis com o simples gesto de lavar as mãos.

Em números crus, concluímos que 6.812 hospitais se envolvem no quíntuplo de óbitos que ocorrem com 85 milhões de automóveis em 1,76 milhões de quilômetros de rodovias malconservadas.

Recente estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a coordenação do Professor Renato Camargo Couto, publicado no Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, aponta que a cada três minutos morrem cinco brasileiros vítimas de eventos adversos. Esse número fica atrás apenas das mortes causadas por doenças cardiorrelacionadas (349.652) e é superior às mortes provocadas pelo câncer (209.780), sendo a segunda causa de mortes no Brasil.

Os eventos adversos, todavia, não se resumem apenas a óbitos, mas incluem outras morbidades graves, sequelas motoras, sequelas neurológicas, danos estéticos, danos psíquicos e sofrimentos morais.

Nos Estados Unidos, um em cada dez pacientes internados desenvolve algum evento adverso. 50% das cirurgias tem um erro ou evento adverso relacionado ao uso de medicação. Ocorre um erro de medicação por dia de internação hospitalar. 10% de óbitos submetidos a necropsia, segundo estudos de Balogh et al.(2015) tiveram pelo menos um erro de diagnóstico. Nas internações hospitalares, o erro de diagnóstico é responsável por 6% a 17% dos eventos adversos.

No mundo todo ocorrem 42,7 milhões de eventos adversos nas 421 milhões de internações anuais. Dos fatores que provocam, desencadeiam ou potencializam os eventos adversos, a infecção hospitalar aparece em primeiro lugar, seguida pelos erros de medicação e erro de diagnóstico.

Nos Estados Unidos, os eventos adversos representam a terceira causa de morte (400 mil anuais), perdendo apenas para as doenças cardiorrelacionadas (614 mil anuais) e o câncer (591 mil/ano).

A saúde está doente.  Os hospitais estão na UTI. Os pacientes não estão seguros. Nossos hospitais são hoje, talvez, o ambiente mais inóspito em que o doente possa permanecer.



 

Raul Canal - Advogado, presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética) e autor das obras "O pensamento jurisprudencial brasileiro no terceiro milênio sobre erro médico" e "Erro médico e judicialização da medicina".




Evite o descontrole de gastos e comece 2018 com as finanças em dia



Especialista orienta como realizar um planejamento para organizar as contas


2017 foi um ano complicado para muita gente, e manter as finanças em dia não foi nada fácil. O desemprego em alta, a inadimplência em um patamar mais elevado e a perspectiva de uma recuperação em médio prazo não são os melhores cenários para quem quer colocar as finanças pessoais em dia. Com tudo isso e com os gastos das festas de final de ano, compra de presentes, viagens de férias, entre outras despesas, manter o equilíbrio pode parecer um desafio.

Diante deste contexto, planejar é o caminho mais indicado para começar 2018 com as finanças em dia. Segundo o professor de Matemática Financeira do curso de Administração da Anhanguera de Pindamonhangaba, Paulo Araújo, planejamento é um conjunto de ações coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente.

Como é possível realizar o plano para começar o ano novo sem dívidas? "Uma dica valiosa é evitar empréstimos de longo prazo e o consumo excessivo durante as festas de natal e ano novo. Não comprometa seu orçamento", orienta o especialista.

Grande parte da população deverá levar para 2018 dívidas contraídas em 2017. "O maior problema de tudo isso é que essas dívidas de 2017 serão somadas a novas despesas como o IPVA, IPTU, e outros impostos e despesas comuns do começo do ano, e, tudo isso poderá acarretar em um caminho perigoso fundado em dívidas", alerta o professor.

O docente da Anhanguera indica que uma solução é, de início, envolver todos da família para que tomem ciência da atual situação financeira em que se encontram. "Um dos maiores resultados do acúmulo de dívidas é não saber quanto se ganha e muito menos quanto se gasta", afirma. "Para isso, é necessário elaborar uma planilha e realizar uma análise financeira a fim de verificar o que poderá ser reduzido ou mesmo eliminado, buscando um equilíbrio financeiro", explica Paulo.

E ainda, "com os recursos recebidos no final do ano, como o 13º salário e férias, procure priorizar as dívidas com juros maiores (cartão de crédito, cheque especial), eliminando-os com pagamento à vista por meio de empréstimo tomado com outra fonte de recursos de juros mais baixos, reduzindo o montante a ser pago mensalmente", aconselha. Para o especialista, sem disciplina é impossível seguir adiante no planejamento e atingir sucesso. "A organização das finanças deve ser realizada buscando uma melhor qualidade de vida, alcançando os objetivos, e, principalmente, curtindo momentos especiais com as pessoas que amamos. Tenha isso em mente!", finaliza Araújo.









VAI-SE O QUEIJO, PRESERVAM-SE OS RATOS




        Não localizei o vídeo. O trecho a que vou me referir, provavelmente fazia parte de uma fala em que José Dirceu, discorrendo sobre a importância da política, afirmou aos companheiros, em Canoas/RS, que “se o projeto político é o mais importante, o principal é cuidar do PT”. Só localizei fragmentos desse pronunciamento no YouTube. Mas nesse ou noutro vídeo da mesma época, o então Chefe da Casa Civil de Lula fez uma referência à importância do controle dos fundos de pensão. Homem de visão, o Zé! Tudo aconteceu conforme previsto por ele: o PT passou a controlar os fundos; e tudo andou conforme o previsível: abriu-se um colossal rombo nas contas dessas importantes instituições – R$ 78 bilhões, em números de junho deste ano!
        Mais de duzentos mil empregados e pensionistas de empresas estatais serão chamados, ou já estão fazendo isso, a aumentar, em muito, suas contribuições aos respectivos fundos de pensão. Os participantes e pensionistas da Petros já sabem que precisarão aportar R$ 14 bilhões em 18 anos. Outro tanto (13,5 bilhões) será assumido pela “nossa” amada Petrobras. A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), interveio no Postalis e, diante do que tem descoberto, vai “aumentar o valor das punições por má gestão”, hoje limitado a ridículos R$ 40 mil.
        Nada disso me surpreende. Tudo estava previsto desde o momento em que Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto e a máquina petista se instalou no coração do governo e do Estado brasileiro. Até Deus se negou a nos acudir no subsequente Deus-nos-acuda. 
Quando Carlinhos Cachoeira gravou o achaque de Waldomiro Diniz (2004) e Roberto Jefferson denunciou o mensalão (2005), o país tomou ciência de que havia uma organização criminosa atuando em larga escala no aparelho de Estado. Dez anos depois, quando se encerrou o julgamento do mensalão e a Lava Jato iniciou atividades, provavelmente os seis ministros que desconheceram o crime de formação de quadrilha eram os únicos cidadãos brasileiros que ainda se recusavam a admitir sua existência. Mas como entender, agora, esses eleitores de Lula e, mais especificamente, o silêncio das vítimas do rombo nos fundos de pensão? Por que não vejo carro de som, megafone ou apedidos na imprensa denunciando a gestão irresponsável desses planos por militantes partidários? Afinal, desde 2003 esses recursos estavam na mira do Zé, da política e, portanto, do partido que os usou para negócios, com destaque para os bilionários financiamentos concedidos aos projetos fracassados das “campeãs nacionais”.
Diante de tudo isso, não posso deixar de pensar na Síndrome de Estocolmo, ou seja, na afeição do sequestrado pelo sequestrador. É um fato que, por si só, mostra o tamanho de outro rombo, aberto na consciência política de tantos brasileiros. Ele se expressa na dedicação a quem lhes tomou a carteira e levou junto, como moedas do bolso, alguns dos mais humanos sentimentos de indignação e revolta.



Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.



Posts mais acessados