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terça-feira, 27 de abril de 2021

Crescimento de compras no cartão de crédito aquece setor de cobranças

Vantagens para o cliente e para o empresário aumentam uso de crédito mesmo em ano de pandemia; cenário incentiva inovações nas fintechs 

 

O aumento em pagamentos com cartões no último ano representa também mudanças no setor de cobranças online. Em 2020, o uso de cartões movimentou R$ 2 trilhões, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O pagamento em cartões de crédito, sozinho, registrou R$ 1,18 trilhão em transações, marcando uma alta de 2,6%, superando expectativas do mercado para um ano de pandemia. Muitos empreendedores que não faziam uso dos pagamentos digitais migraram para o meio online devido ao cenário atual. Esse aumento representa uma oportunidade para fintechs inovarem na hora de oferecer serviços de cobrança em um mercado que procura segurança, facilidade e praticidade. 

“Sabemos o quão burocrático pode ser ter uma conta digital, principalmente quando é jurídica”, comenta José Antunes, coordenador de vendas e novos negócios da fintech Juno, especializada na desburocratização de serviços financeiros. “Nosso papel é construir uma conta cada vez mais completa, com possibilidades de recebimento, pagamentos e outros serviços relacionados, centralizando tudo isso em uma única conta completa”, afirma. 

Assim como o consumidor quer fazer uma compra rápida e segura, o empresário também deseja finalizar a transação de maneira prática e fácil. “O cartão de crédito tem a vantagem do parcelamento e, nesse momento difícil que passamos, é o que o consumidor busca cada vez mais, continuando com suas compras sem comprometer o orçamento mensal. Isso nos fez repensar em alguns produtos e desenvolver novas features para o cartão, aumentando as possibilidades de quem vende, cobrar com comodidade via cartão, conseguindo acompanhar essa tendência”, explica Antunes. 

Pequenas e médias empresas são boa parte dos novos usuários de sistemas de pagamento online. Só entre março e julho do ano passado, foram registradas 150 mil novas lojas virtuais, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico. A pandemia acelerou a digitalização do mercado, e os empreendimentos menores viram a necessidade de apresentar variadas formas de transações financeiras. O coordenador de vendas da Juno aponta: “A abertura facilitada de contas, com envios de documentos e comprovantes de forma digital, com operacionalização da conta em poucos minutos, foi a grande vantagem da digitalização de contas e dos serviços bancários em geral.” 

Garantir a confiança do cliente ganhou ainda mais destaque, e mostrar que a compra virtual é segura e fácil se tornou um dos pontos fundamentais. Soluções como o checkout transparente, no qual um pagamento pode ser feito diretamente no site da loja, sem redirecionar o usuário para outra página, são um atrativo para serviços de pagamentos. “Perder um cliente no checkout é a pior coisa que pode acontecer para um e-commerce e nós sabemos disso, por isso a preocupação em ter diferentes rotas para nunca deixar nossos clientes na mão”, Antunes destaca. 

O ambiente virtual gera desconfiança pelo número de golpes, e apresentar formas seguras de transação é um atrativo das fintechs para os empreendedores. A Juno, por exemplo, aposta na personalização do mecanismo antifraude, mesmo para as pequenas e médias empresas que não costumam receber esse grau de customização. “Conseguimos elaborar nosso mecanismo antifraude com o cliente, modulando uma regra mais rígida ou permissiva. Essa personalização é importante para vendas saudáveis, evitando o chargeback, uma grande dor de cabeça para quem vende online”, completa o coordenador da Juno.

 

Micro e pequenos negócios podem pagar Simples com Pix: 16 milhões de contribuintes são beneficiados

O Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) virá com um QR code que possibilitará o pagamento instantâneo

 

Os micro e pequenos negócios que se enquadram no Simples Nacional poderão pagar suas contribuições através do Pix, tecnologia de pagamentos instantâneos criada pelo Banco Central. A novidade foi anunciada pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). A expectativa é que mais de 16 milhões de empreendedores sejam beneficiados com a facilidade de realizar o pagamento em qualquer dia, a qualquer horário e banco que tenha o Pix.

Para fazer o pagamento do Simples com Pix, basta retirar o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) online, pois a partir de agora ele virá com um QR code. Em seguida, o contribuinte abre o aplicativo do banco que é correntista, escolhe a função Pix, faz leitura do código QR code com a câmera do celular e o processo será iniciado. O pagamento instantâneo também estará disponível para quem está renegociando dívidas e precisa pagar as parcelas do Simples.

A analista de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Cristina Vieira acredita que o pagamento via Pix é um avanço para os donos de pequenos negócios. “O Pix já estava disponível para os micro e pequenas empresas desde novembro de 2020 e agora, com os avanços da tecnologia de pagamentos proporcionada pelo QR code, os empresários terão mais esta facilidade. Nós sabemos como a vida do empreendedor é corrida, toda solução que venha facilitar a rotina deve ser comemorada”, afirma.

Atualmente, segundo a Receita Federal, existem 5 milhões de micro e pequenas empresas e 11 milhões de MEI inscritos no Simples Nacional. O regime especial existe desde 2006 e unifica, numa guia única, o recolhimento de sete tributos federais, mais o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), administrado pelos estados, e o Imposto sobre Serviços (ISS), administrado pelos municípios.


Avanços no Pix

Lançando em novembro de 2020 pelo Banco Central, o Pix é um meio de pagamento instantâneo criado para trazer agilidade, segurança e praticidade aos usuários. Com baixo custo e a simplicidade das operações, se revelou uma das formas de pagamento aceita por milhares de micro e pequenos negócios de todo país. Ao longo deste ano, o Banco Central prevê uma série de avanços para o Pix. Na agenda evolutiva da ferramenta, está a inclusão da possibilidade de fazer saques, integração do Pix com a agenda telefônica do usuário, Pix por aproximação e débito automático com a opção Pix.


As metodologias ágeis e suas conexões multidisciplinares

A aplicação de Agile marketing nos mais variados projetos exige interação cada vez maior das equipes que dominam essa estratégia. A prestigiada ferramenta funciona bem desde os mais robustos aos mais compactos planejamentos dentro de uma empresa. O objetivo vai muito além de ser simplesmente uma metodologia ágil de gestão de projetos que utiliza ciclos curtos de trabalho. E sua abordagem interativa e incremental se traduz em melhorias contínuas nas estratégias de marketing.

Mas como ter um processo fluído, ágil, flexível, a partir de boas práticas, e extrair os melhores insights na estrutura de marketing? Uma perspectiva segura é sempre se orientar pela necessidade específica para cada cliente, levando-se em conta a experiência com cada ação e seguindo os fluxos de implementação de metodologia.

O agile maketing é concebido a partir de comportamento e atitudes. Como o momento atual exige muita adaptabilidade e flexibilidade nas organizações, o conceito de marketing ágil deve ser incluído e implementado na prática dos negócios.

Eu costumo dizer que para fazer a ‘roda girar’ é vital conectar áreas complementares em um mesmo objetivo, como por exemplo, atendimento com o time de projetos e suas distintas lideranças. Essa sinergia forma uma grande oportunidade de acelerar os processos, tracionando melhor as demandas do cliente.

Para atingir os resultados ao longo das iniciativas realizadas, o melhor caminho é investir numa visão de multidisciplinaridade, com conversas frequentes entre as equipes, trocas para provocar a quebra de silos entre departamentos, seja projetando tecnologias complementares, usando as várias práticas de marketing, enfim, tudo o que possa transformar e gerar benefícios para o cliente.

Cada vez mais, vemos a necessidade de ser ágil na tomada de decisão e na mudança e readequação de rota, de ter menos planejamento fixo e ter muitas cabeças conectadas, que pensam diferente, movimentando essa sinergia, com recorrência de conversas, operando sempre com olhar para o resultado do cliente. Hoje, não atuamos mais com a chamada ‘entrega de prateleira’, é tudo mais personalizado. Agora, essa dinâmica também tem de ser impressa dentro do cliente. Temos que corresponder a esse novo movimento e o marketing ágil veio para auxiliar nesse formato. Aqui, vale lembrar que há circunstâncias em que não é tão fácil fazer essa movimentação, podemos ter um ‘transatlântico’ que não consegue fazer a mudança de rota tão rápida. E aí que entra nosso maior desafio.

Há barreiras culturais a serem transpostas, temos milhões de variáveis e precisamos ter a capacidade de se adaptar e se modelar para uma corrigir rotas em tempo real e ter a coragem de tomar melhores decisões, ou seja, nessa etapa vale exercer a adaptabilidade e a flexibilidade.

Não podemos confundir agilidade com velocidade para atingir determinados resultados. Não é bem assim que funciona. A melhor tática é fazer mini entregas, entregas pontuais, com coleta de resultados nas primeiras semanas. Assim, é possível ver o alicerce do projeto subindo mais rápido. Você experimenta iniciativas menores e vê como se comportam, passo a passo, com ações mais testáveis e não mais uma campanha gigantesca. Desta forma, você traz a sensação de agilidade e de maior assertividade, diferente da metodologia tradicional aplicada. Ser ágil é o famoso ‘vamos devagar para ir rápido’, fazendo vários testes para ir mais rápido e ganhar tração.

E isso é uma novidade, ainda em fase de aprendizados. A tecnologia se adaptou bem a esse universo e entendeu o benefício de maneira mais rápida. O marketing ainda está absorvendo e trazendo essa metodologia para a nossa realidade do dia a dia e cobrando mais de seus fornecedores. Não há tanto a necessidade de fazer uma grande reunião para tornar o projeto mais ágil, mas é fundamental estar presente na tomada de decisão e inserir cada vez mais os processos agile.

O ideal é buscar a flexibilidade e a dinâmica mais aplicável ao negócio do cliente. É importante entender a real necessidade dele, olhar para o que realmente faz sentido e, dentro do cenário que enxergamos, identificar qual a melhor forma de conduzir os métodos mais ágeis e eficientes a serem aplicados. Ter todas as opções de frameworks e ferramentas que dão flexibilidade de aprimoramento aos processos como um todo. No entanto, a confiança da liderança e a aposta no que for mais assertivo naquele momento são fundamentais. O agile é ‘líquido’ e vai se adaptando à medida que os resultados são, de fato, efetivos e comprovados.



Felipe Rodriguez - diretor de Operações da Gauge, do Grupo Stefanini

 

Lidar com imprevistos nos negócios exige sabedoria e jogo de cintura

 

Escassez de matéria-prima, afastamento de um colaborador por acidente, mercadoria extraviada e até uma pandemia – quem diria? - são apenas alguns dos inúmeros imprevistos que empreendedores e empresários em todo o mundo podem enfrentar em algum momento. As incertezas são eternas companheiras na trajetória empreendedora e você já deve ter notado que é praticamente impossível programar um caminho perfeito, cobrindo todas as variáveis possíveis. Mas calma, não quero assustar e nem deixar aqui uma mensagem de pessimismo. Pelo contrário, o objetivo aqui é, justamente, ajudar a enfrentar esses desafios, quando eles surgirem!  

  

Primeiro, é importante ter em mente que saber lidar com imprevistos é uma característica importante para ser um empreendedor de sucesso. Também é interessante entender que há formas de minimizar a ocorrência de algumas situações imprevistas. O planejamento empresarial é um dos caminhos para isso. Ao estipular objetivos, traçar metas e estabelecer estratégias para alcançá-las, conseguimos avaliar e até prever quais podem ser os obstáculos que surgirão no percurso, embora alguns sejam bastante imprevisíveis, caso da pandemia que o mundo está vivendo. Outro exercício interessante é traçar cenários e pensar nos imprevistos que podem aparecer.  

  

Avalio que outro passo válido é ter um Plano de Continuidade de Negócios. O conteúdo e os componentes de um plano como esse vão variar de uma empresa para outra e podem ter níveis de detalhamento de acordo com a complexidade técnica e cultura de cada negócio. Oriento que todos os departamentos da companhia sejam avaliados e “cobertos” com medidas preventivas. Para isso, é importante avaliar os pontos fortes e fracos da empresa e, com base nessa análise, estabelecer os riscos possíveis. Depois, é hora de avaliar de que maneira essas ameaças podem impactar a empresa e, por fim, estabelecer um planejamento estratégico com orientações sobre as medidas que precisam ser adotadas para a retomada das operações. Também é válido ter um Plano de Contingência previamente estabelecido. Ele será utilizado caso todas as medidas preventivas falhem.  

  

Ter todos esses cenários traçados e pensar nas consequências obviamente não vão, por si só, livrar as empresas ou fazer com que elas passem ilesas por imprevistos e até por crises. Porém, podem ajudar a minimizar os impactos para o negócio. Nenhum de nós jamais imaginou passar por um longo período de incertezas, tanto tempo com nossas empresas de portas fechadas, com limitação da nossa circulação pelas cidades, encarar falta de matéria prima em uma série de setores e precisar de autorização para que apenas o essencial funcione. Não imaginar um cenário como esses, no entanto, não impediu que essa se tornasse uma realidade no mundo inteiro. Agora que já temos essa experiência, podemos encarar os imprevistos com mais sabedoria, jogo de cintura e resiliência.  

  


Haroldo Matsumoto - especialista em gestão de negócios e sócio-diretor da Prosphera Educação Corporativa, consultoria multidisciplinar com atuação entre empresas de diversos portes e setores da economia.  


Vendas do comércio têm retração de 7,3% em março, segundo Serasa Experian

Segmento de Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios registra maior queda do mês 


O Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian revelou que as vendas físicas do comércio brasileiro caíram 7,3% em março de 2021, quando comparadas com o mês anterior. Na análise por segmento, todos registraram quedas ainda maiores do que as marcadas em fevereiro de 2021. O destaque negativo fica com o segmento de Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios, que caiu 28,7%. Confira:


Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a retração tem um reflexo claro. “O retorno das medidas mais severas sobre o distanciamento social e as restrições de funcionamento impostas aos comércios impactaram diretamente as vendas dessas empresas durante o mês, causando queda em todos os setores. Além disso, o poder de compra do consumidor também foi afetado pelo corte do auxílio emergencial. É possível observar ainda, que os itens essenciais, como alimentação, tiveram um tombo mais leve, já que mesmo com a alta dos preços continuam sendo imprescindíveis. Ou seja, as pessoas estão tendo que avaliar suas necessidades e ser cada vez mais criteriosas para realizar suas compras”.

Na comparação entre março 2021 e o mesmo mês do ano anterior as vendas do comércio demonstram crescimento de 5,3%. Nessa análise, todos os segmentos também registram alta, exceto o de Tecidos, Vestuários, Calçados e Assessórios, que tem queda de 20,4%. Se considerarmos o primeiro trimestre de 2021, houve um leve aumento de apenas 0,3% no acumulado do ano em relação ao mesmo recorte de 2020

 


Serasa Experian

www.serasaexperian.com.br


Caso do menino Henry: Um alerta para a identificação da violência

O caso do menino Henry Borel, de 4 anos, vítima de violência intrafamiliar retrata uma narrativa triste e violenta que ocorre todos os dias com muitas crianças no País.


Números divulgados na imprensa sobre agressão contra crianças destacou os altos números sobre a violência, mostrando uma realidade extremamente preocupante. Nos últimos 10 anos, 2.083 crianças de até 4 anos morreram vítimas de agressão.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com apoio da equipe da 360° CI, considerando crianças e adolescentes entre o nascimento e 19 anos, esse número chega a pelo menos 103.149. O levantamento feito em 2019 mostra que, todos os dias, foram notificados, em média, 233 agressões de diferentes tipos (física, psicológica e tortura) contra crianças e adolescentes.

Os dados extraídos pela Sociedade Brasileira de Pediatria do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo Ministério da Saúde (MS) constataram que, em grande parte dessas situações, a violência ocorre no ambiente doméstico ou têm como autores pessoas do círculo familiar e de convivência das vítimas.

Na publicação feita na quarta-feira (14), no site da SBP, a presidente, Luciana Rodrigues Silva, destacou a exposição das crianças a uma maior incidência de violência doméstica e, consequentemente, aumento do número de casos letais diante da necessidade de distanciamento social, incluindo o fechamento de escolas, para conter a pandemia do novo coronavírus.

Ao acompanhar a história de Henry, é possível entender que o menino deu alguns sinais de que algo estava errado, teve mudanças de comportamento e até chegou a comentar com a babá sobre as agressões. Neste sentindo, escola também tem um papel fundamental, muitas vezes são os professores e profissionais da educação que notam comportamentos, hematomas ou outros sinais de violência e levam a denúncia ao conselho tutelar.

No atual cenário, onde se tem discutido 'homeschooling' na Câmara do Deputados, o caso de Henry evidencia que a proteção e os cuidados com a criança e o adolescente não podem ficar restritos apenas aos pais. A participação do Estado é fundamental para garantir a proteção e os direitos, como assegura o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Constituição Brasileira, no artigo 227 .


Violência deve ser discutida na escola

Educar para prevenir é a principal discussão apontada pelo 'Eu Me Projeto' , um projeto criado para que as crianças com e sem deficiência aprendam que seus corpos pertencem a elas e devem ser respeitados. Através de uma cartilha, as ensinam a reconhecer e se proteger de abusos e agressões com linguagem simples e ilustrações de fácil compreensão.

O Projeto incentiva que esse assunto seja discutido na sala de aula, desde a pré-escola. Assim, não só as famílias, mas também os educadores podem conversar e ensinar às crianças sobre o que fazer em caso de violência. A cartilha ensina a criança a conhecer o seu corpo, entender que ele deve ser cuidado e protegido, e que ninguém pode tocá-lo de uma forma que ela não goste, que a machuque ou a deixe com vergonha.


Crianças com deficiência

O Eu Me Protejo evidencia uma realidade ainda mais complexa, a de crianças com deficiência que acabam sendo vítimas ainda mais fáceis de agressão e abuso, como explica a jornalista e mestre em Estudos da Deficiência, Patricia Almeida, coautora do projeto Eu Me Protejo.

"Infelizmente a criança com deficiência é a vítima ideal. São muitas vulnerabilidades juntas - ninguém se preocupa em educá-la para se proteger contra a violência de uma maneira que ela consiga entender. Se ela não fala, não consegue relatar a agressão e quando consegue, as pessoas não acreditam porque não é uma "testemunha confiável". Além do mais, como muitas vezes ela requer apoio de alguém para ir ao banheiro, por exemplo, é difícil perceber o que é cuidado e o que é abuso. Muitas vezes, ela nem sabe que está sendo abusada. É necessário ensinar que a violência está errada, muitas crianças são criadas nesse meio e acham que isso é normal, aí entra o papel fundamental da escola, explica Patricia.

A violência doméstica é a primeira maior causa de violência cometida contra crianças no Brasil, como explica a psicóloga Neusa Maria, fundadora do projeto Renascer contra a violência doméstica e coautora do Projeto Eu Me Protejo. E, se tratando de crianças com deficiência, ela se potencializa.

"Até mesmo pela invisibilidade social e marcadores que estigmatizam, elas estão sujeitas a todos os tipos de violência, física, sexual, psicológica, verbal, maus tratos como privação de higiene e de alimentação. Ser uma criança com deficiência intelectual já é um fator de risco para a violência doméstica e outras violências. Por isso, falar sobre violência e deficiência é muito importante, precisamos correlacionar, pensar de forma interseccional. Essa articulação precisa ser priorizada com urgência para que as crianças com deficiência, que sofrem cinco vezes mais violência, possam ter acesso aos seus direitos, esclarece Neusa.

A profissional reforça ainda que, o momento atual de pandemia é um fator de risco, e essas crianças ficam ainda mais vulneráveis. Junto com outros fatores, como as redes de apoio, creches, escolas e instituições fechadas, mais tempo dentro de casa, situações estressantes dos pais e cuidadores, conflitos familiares, questões psicológicas, dificuldade de lidar com as crianças e com outros afazeres, irritação, agressividade, ansiedade e falta de paciência inserem essa criança em um contexto de risco ainda maior, gerando uma explosão de violência, onde a condição da criança também é um limitador para que ela possa ter acesso à ajuda.

"Nós, a sociedade precisamos entender que essa é uma responsabilidade nossa, lutar por uma intervenção e integração dos serviços através de uma ação coletiva e efetiva, que seja articulada com todos os outros setores, assegurando a essas crianças proteção ao invés do contexto de agressão que elas estão inseridas. Por isso, precisamos que elas tenham acesso ao atendimento integral e os seus direitos fundamentais devem ser garantidos e instituídos, só assim, conseguiremos diminuir o ciclo de violência e não silenciar essas crianças", reforça Neusa.


Sinais que a criança apresenta

A psicóloga explica que os danos psicológicos são inúmeros e os principais sinais que a criança começa a dar são relacionados à mudança comportamental. Ela fica agressiva, nervosa, aumenta o tom de voz para falar, bate nos objetos, tende a ficar introspectiva, chora, não consegue dormir, tem medos frequentes, cai o rendimento na escola, perde ou aumenta o apetite e há casos em que a criança perde muito peso. A criança passa a ter um atraso no comportamento e começa a apresentar dificuldade para ações, atividades cotidianas e básicas.

Cabe a nós, adultos, a responsabilidade de falar com as crianças sobre o assunto e utilizar materiais didáticos, como a cartilha do Projeto Eu Me Protejo, levar e propor a discussão no ambiente escolar desde a pré-escola e, assim, ensinar a criança como se proteger e denunciar uma possível agressão ou abuso.

 


Thaissa Alvarenga - fundadora da ONG Nosso Olhar e comanda o blog Chico e suas Marias


A luta contra a violência doméstica tem que ser diária

Por dia, pelo menos cinco mulheres foram mortas ou vítimas de violência doméstica e familiar durante o ano de 2020. Este é o triste resultado revelado pelo levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, que atua no monitoramento da violência nos estados de São Paulo, Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Lamentavelmente, a pandemia da Covid-19 fez piorar as agressões por conta da maior convivência entre agressores e vítimas por 24 horas no mesmo ambiente. 

E exatamente para combater essa violência e a aceleração destes números cruéis, resolvi atuar e desenvolver um projeto para ensinar os direitos fundamentais das mulheres, garantidos pela Constituição Federal, contra as agressões, sobre igualdade de gêneros e o respeito as mulheres. 

Tudo começou em 2009, através de palestras que faziam parte de um projeto voltado para crianças e adolescentes, apresentado junto às escolas municipais de São Vicente, onde os alunos do Ensino Fundamental I ouviam sobre a Constituição Federal, seus direitos fundamentais - momento que abria espaço para falar sobre igualdade de gêneros e o quanto é importante respeitar as mulheres. Em 2018 comecei a participar com maior ênfase na causa de combate à violência contra mulheres, foram várias palestras, não só para mulheres, mas também para homens, pois minha ideia sempre foi atingir a sociedade em geral, afinal a violência contra a mulher não existe por causa da vítima, mas por causa do agressor. 

E depois desse período de troca de informações e experiências, resolvi desenvolver uma cartilha - https://linktr.ee/AdvogadacomProposito -  que explica de forma didática as várias questões que envolvem a violência contra a mulher, como o ciclo da violência, os tipos de violência e também os canais para buscar ajuda. 

O objetivo de quem trabalha na linha de frente no combate à violência contra a mulher é proteger e salvar vidas, além de disseminar informações para diminuir todos os riscos das vítimas de violência doméstica e familiar. Pois a agressão contra uma mulher, normalmente, reflete nos filhos e demais familiares. 

Importante destacar que, em geral, a mulher, antes de ser vítima do crime de feminicídio, sofreu violência psicológica, lesão corporal ou ameaça. Muitas procuram ajuda da polícia, faz boletim de ocorrência, mas retornam pra casa, pois não tem outro destino. Entretanto, outras milhares não sabem quais são os seus direitos e os canais que podem ser utilizados em situações graves.

Não tenho dúvidas que uma mulher mais consciente de seus direitos e que tenha o respaldo das autoridades e da informação, pode salvar sua vida. 

Toda mulher deve entender que nada, nem ninguém, independente do cenário e da condição que se encontre, tem o direito de roubar o direito ao respeito e dignidade de uma mulher. Toda mulher deve criar coragem de se reconhecer num relacionamento abusivo e denunciar seu agressor. Temos que agir sempre para barrar a violência doméstica e contra a mulher.

 


Mayra Vieira Dias - advogada, sócia do escritório Calazans e Vieira Dias, ativista no combate à violência contra a mulher e líder dos projetos @advogadacomproposito e @justiceirasoficial


Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho: qual a importância?

Como surgiu o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho?


A definição dessa data foi em decorrência de uma explosão em uma mina de carvão localizada na Virginia, nos Estados Unidos, em 1969. Nesse acidente, 78 trabalhadores mineiros morreram e um número expressivo ficou ferido. Mas foi somente em 2003 que a OIT estipulou a data como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho.

A escolha foi em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Como esse caso da explosão da mina ganhou bastante notoriedade na mídia, a definição dessa data representa a oportunidade de reflexão sobre a relevância da adoção de práticas em defesa da saúde dos trabalhadores.

No Brasil, foi realizado um importante evento para chamar a atenção da sociedade para um futuro de trabalho seguro e saudável. Assim, em 2019, por meio da
Lei nº 11.121/2005, a data ficou conhecida como o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.


Qual a importância da data?

O Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho é visto como uma oportunidade de divulgar campanhas e difundir informações sobre o tema. É preciso destacar que o trabalhador tem direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável. Isso deve ser respeitado em todos os cargos e segmentos, visto que é uma conquista assegurada por lei.

Nesse dia, são celebrados eventos centrados em diferentes propostas favoráveis à conscientização dos trabalhadores e empregadores. O foco dessas campanhas é a atenção aos riscos de acidentes no trabalho, sobretudo, em locais insalubres e que afetam a integridade do trabalhador.

Portanto, o que antes era considerado um dia de luto pela morte dos mineiros estadunidenses, desde 2003, foi transformado em um dia de luta em defesa da vida e dos direitos das classes trabalhadoras. Assim sendo, a data objetiva estimular o cumprimento da legislação, a fim de tornar o ambiente laboral cada vez mais seguro e saudável.


O que caracteriza o adoecimento ocupacional? 

Diferentemente do acidente de trabalho — que é relacionado aos aspectos físicos — o adoecimento ocupacional pode ser entendido como qualquer alteração biológica ou das funções orgânicas que comprometem o estado de saúde mental, emocional ou físico resultante do exercício do trabalho. Há várias formas de adoecimento ocupacional e que podem se desenvolver por diferentes influências.

Esse quadro ocorre como consequência da exposição a riscos ambientais, químicos, físicos e biológicos. Mais do que nunca, a liderança deve priorizar medidas preventivas, sobretudo, que estejam alinhadas ao enfrentamento da pandemia de Covid-19. Um artigo publicado no site Scielo destacou a necessidade de ações mais eficazes para lidar melhor com os impactos sanitários nas empresas.



Como prevenir acidentes de trabalho?

Todas as lideranças empresariais devem ter em mente a importância de implantar ações práticas para amenizar situações da rotina laboral que põem em risco a integridade de seus colaboradores. Nessa perspectiva, selecionamos algumas estratégias que poderão ser úteis ao alcance desses objetivos. Veja quais são!

 

Invista em equipamentos de qualidade  


Um dos passos mais relevantes para evitar acidentes de trabalho é investir em equipamentos de proteção adequados à necessidade da função. A atenção ao uso dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) é um requisito básico para manter a empresa em conformidade com a legislação e preservar a saúde de seus aliados.
  
 

Faça manutenção em máquinas e equipamentos     

 
É certo que a tecnologia promove facilidades que ajudam a flexibilizar diferentes soluções para os espaços corporativos. No entanto, o cuidado com o controle funcional das máquinas sempre estará a cargo dos profissionais responsáveis pela manutenção dos equipamentos.

Evite apressar o trabalho
Manter a organização, fazer um bom planejamento e seguir um cronograma são passos cruciais para trabalhar com tranquilidade, além de ajudar a cumprir prazos e metas. Isso evita a necessidade de trabalhar sob pressão e elevar o risco de provocar acidentes que poderiam ser evitados.

 

Qual a relação da data com a saúde mental?

Há uma intrínseca relação entre
saúde mental e condições de trabalho. Recentemente, o Ministério da Saúde (MS) divulgou informações e estatísticas que alertam para a necessidade de buscar soluções mais eficazes nesse sentido. Segundo o Órgão, os distúrbios mentais — e do comportamento — ocupam o terceiro lugar no ranking das causas de incapacidade para o trabalho.

Além disso, tais problemas representam 9% dos custos com auxílio-doença e afastamento permanente, que é a aposentadoria por invalidez. Os números comprovam que a
depressão é a principal causa de concessão de auxílio-doença não associado a acidentes de trabalho. Os índices ultrapassam 30% do total de desligamentos.

Antes, quando se falava em acidente laboral, as referências eram os quadros típicos relacionados às tarefas comuns exigidas no trabalho. Hoje, o foco são as condições que afetam a saúde mental dos trabalhadores, o que torna o dia 28 de abril uma data oportuna para divulgar campanhas preventivas e a importância de intervenções como a
terapia em grupo.

Carga horária excessiva, pressão pelo cumprimento de metas e conflitos de hierarquia são as causas mais comuns de desordens mentais que geram absenteísmo e afastamento do trabalho. Em outras palavras, é como se os desajustes mentais e emocionais fossem acidentes que os olhos não podem ver, mas que são igualmente preocupantes.

Por fim, é possível concluir que a celebração do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho representa um emblema na luta pela atenção aos direitos de condições de trabalho mais saudáveis. Aproveitar a ocasião para discutir essa temática é essencial para promover conscientização e assegurar maior segurança aos profissionais em exercício.
      


Daniel Nascimento - técnico da Segurança do Trabalho do Hospital Santa Mônica

 
    

Evasão escolar, uma questão para além dos muros da escola


Alimentação, vestuário, material didático e transporte. Itens básicos como esses são a ponta do iceberg das razões que podem ser decisivas para evitar que uma criança abandone a escola. No Brasil, a evasão escolar acontece mais vezes do que seria aceitável. Um dia, os livros e cadernos se fecham e, com eles, fecham-se também as portas de vários futuros possíveis. Em 2020, enquanto a pandemia galopava e empilhava prejuízos para a saúde, a economia e a dignidade humana, quatro milhões de estudantes brasileiros abandonaram escolas e universidades, de acordo com pesquisa C6 Bank/Datafolha.

Embora esse problema tenha crescido significativamente, a evasão escolar é uma realidade com a qual a Educação brasileira lida há muito tempo. Diante das profundas desigualdades que compõem nossa sociedade, é preciso olhar para essa questão de um ponto de vista mais amplo. Ainda que as políticas públicas educacionais tenham avançado rumo a uma maior equidade no acesso à escola, as políticas de permanência seguem frágeis. A escola não nega e nunca se eximiu dessa realidade, mas é preciso considerar o papel de toda a sociedade no enfrentamento das inúmeras mazelas envolvidas nesse cenário, na pandemia ou fora dela.

O Brasil precisa encarar que, ainda hoje, na segunda década do século XXI, alunos abandonam a escola porque recai sobre eles a responsabilidade de contribuir ou até mesmo garantir a sobrevivência da família. Essa é a fria realidade e as perspectivas para o futuro próximo apontam para um horizonte de aumento da pobreza, conforme sinalizado por estudos.

Cada livro que se fecha e cada aluno que evade encerram um universo de vivências que só a escola pode proporcionar àquele estudante. E, antes de questionar o que a instituição tem feito para evitar que isso aconteça, devemos nos perguntar de que maneira as esferas da sociedade – sejam políticas, econômicas, sociais, de saúde, dentre outras -, têm contribuído para o desenho desse triste cenário. O abandono da Educação é sintoma de uma sociedade adoecida, sintoma de que as coisas não vão bem. Se um menino sai da escola para trabalhar, essa história fala sobre uma condição de miséria. Se ele sai porque sofre violências, essas não são fatos isolados, mas um reflexo do que acontece nos ambientes em que ele vive. O que acontece dentro da escola e desencadeia a evasão dessas crianças é sintoma do que está acontecendo nos demais espaços.

A escola precisa de apoio e estrutura para que possa garantir a permanência com qualidade desses alunos. O trabalho realizado dentro dela disputa com todas as preocupações com as necessidades básicas para a sobrevivência de alunos e familiares. Sem acesso a alimentação, segurança, moradia, e saneamento básico é simplista demais afirmar que um aluno não permanece na escola estritamente por questões acadêmicas. A permanência com qualidade permeia ainda todas as questões de ordem pedagógica dentro do ambiente escolar. Materiais didáticos de qualidade, formação continuada de professores, currículos escolares ajustados à demanda contemporânea e clima escolar são alguns dos pontos em que cabem ação e reflexão da comunidade escolar.

De quem é o prejuízo quando um aluno abandona a escola? Em primeiro lugar, certamente dele mesmo, visto que perde acesso a um de seus direitos mais fundamentais. Mas a própria sociedade também é afetada porque cada livro que se fecha é uma possibilidade a menos de reflexão sobre as questões de ordem social, filosófica e cultural do país. Quando uma nação não consegue dar acesso ao mínimo que suas crianças poderiam ter, há uma fragilidade na construção de um projeto de país. Não se trata apenas do saber acadêmico, mas da troca entre pares, da convivência com pessoas que compartilham o mesmo espaço- ainda que com vivências diversas - e que também promovem a aprendizagem, no dia a dia, de saberes e competências essenciais.

A escola é espaço de formação acadêmica, mas, sobretudo, humana. Olhar para a evasão não é olhar para um problema da escola, mas para uma questão que transborda e permeia toda a sociedade. A todos nós, ficam as questões: Como é possível promover mudança? Como minhas escolhas individuais e coletivas são parceiras da Educação? Se o problema da evasão escolar transborda os muros das escolas e recai sobre todos nós, qual é o meu papel diante desse cenário?




Angela Biscouto - consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil.

 

Saldo de um ano de pandemia: reclamações contra instituições financeiras disparam

Ocorrências envolvendo o crédito consignado ficaram em primeiro lugar, com aumento de 179% nos registros em relação a 2019 


O saldo do primeiro ano de pandemia de Covid-19 não foi bom para o consumidor brasileiro, especialmente os clientes de bancos. Um levantamento inédito feito pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) em dois canais que atendem consumidores – Consumidor.gov.br e Banco Central – mostra uma explosão de reclamações sobre os serviços financeiros. As ocorrências envolvendo o crédito consignado ficaram em primeiro lugar, com um aumento de 179% nos registros em relação a 2019. 

Na plataforma do Consumidor.gov.br o aumento foi de 441% sobre a ocorrência classificada como “Cobrança por serviço/produto não contratado/não reconhecido/não solicitado”. No ranking do Banco Central houve aumento de 56% nos registros de reclamações sobre as operações classificadas como “Oferta ou prestação de informação sobre crédito consignado de forma inadequada”.  

"Os abusos praticados durante a pandemia demonstram o desrespeito ao consumidor, principalmente no contexto da crise sanitária e econômica sem precedentes que nos assola. A população sofre com a crise,  com a diminuição de  renda e com o isolamento social. Nesse momento, torna-se mais necessária a atuação de instituições financeiras responsáveis", critica a economista e coordenadora do programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim.  

 O comparativo das reclamações registradas na plataforma Consumidor.gov.brsomente sobre os serviços financeiros classificados como “Bancos, Financeiras e Administradoras de Cartão” apresentou um crescimento de 69%: foram 320.887, em 2020, ante 189.849 registros, em 2019. Somente as cinco reclamações mais frequentes dessas instituições (124.457) respondem por 51% do total em 2020.

Um terço do total dos registros correspondem a operações com crédito consignado (88.246 registros).  

Plataforma consumidor.gov.br - Ranking de reclamações dos bancos  

Fonte: Consumidor.gov.br / Elaboração: Idec


O ranking de reclamações do Banco Central, que concentra apenas queixas sobre instituições financeiras, apresentou um aumento de 72% com 84.825 registros, em 2020, ante 49.275, em 2019. Entre mais de 100 tipos de reclamações procedentes,  as cinco  ocorrências com mais registros responderam por 51% dos registros do ano, um total de 43.483. 

As reclamações registradas no Banco Central evidenciam os principais desafios enfrentados por consumidores no ano passado. Além das ocorrências envolvendo o crédito consignado – 17% dos registros, houve reclamações de “irregularidades, sigilo e segurança envolvendo cartões de crédito”, com  11%; e  “irregularidades, sigilo e segurança envolvendo operações de crédito”, com 10% dos registros. Neste último ponto, aliás, houve um aumento expressivo de registros em relação a 2019 (+132%), o que pode ser explicado pela falta de clareza nas medidas de renegociação de crédito anunciadas pelos bancos. 

Banco Central - Ranking de reclamações procedentes dos bancos

(*) Irregularidades relativas à integridade, confiabilidade, segurança, sigilo ou legitimidade das operações e serviços relacionados…

Fonte: Banco Central – Ranking de Reclamações / Elaboração: idec 


O levantamento realizado nas plataformas Consumidor.gov.br e do Banco Central, confirmou uma tendência também registrada internamente no Idec. Mesmo com o aumento do valor dos planos de saúde e com a saúde como preocupação central durante o ano de 2020, pela primeira vez as reclamações de serviços financeiros superaram as de saúde (20,9%) e atingiram 22,6% das queixas. Em 2019, a saúde tinha 23,8% das reclamações de associados do Instituto e serviços financeiros ocupavam a segunda colocação com 18,5%. 

No Idec, a principal queixa contra bancos foi “dificuldade para renegociar ou parcelar dívidas” (14,4%). Em seguida vieram “falta de informação” e “cálculo de juros ou saldo devedor de cartões de crédito'', com 8,6% cada. A ausência de informações também aparece como preocupação dos estudos do Guia dos Bancos Responsáveis (GBR), uma iniciativa internacional, liderada pelo Idec no Brasil. 

Os bancos, por exemplo, deixam de informar sobre a existência de contas bancárias sem tarifas e permanecem reajustando suas taxas de serviços para valores acima da inflação em sucessivos 10 anos, conforme analisa pesquisas do Idec.

Na última avaliação do GBR, divulgada em fevereiro deste ano, ficou evidenciado que, apesar de terem as políticas escritas sobre direitos do consumidor, percebe-se que na prática pouco se faz para garantir que elas saiam do papel. Associada a essa condição, a ausência de fiscalização contribui para a continuidade dos abusos praticados. Por exemplo, a pesquisa explicita que apesar de sete dos noves bancos avaliados objetivarem menos reclamações nas ouvidorias, apenas um deles de fato possui uma meta mensurável para alcançar isso. 


Falta de comprometimento dos bancos

Os impactos da pandemia com isolamento social, perda e redução de renda e dificuldade de diálogo com os bancos estão refletidos nos dados. As medidas de socorro financeiro anunciadas no final de março de 2020 não foram suficientes e não definiram as regras. Cada instituição adotou critérios próprios dificultando a vida dos consumidores de ter acesso ao próprio banco com a redução das agências e atendimento via call center, restringindo o acesso apenas aos canais digitais.    

Assim, os registros apresentaram um crescimento de práticas abusivas recorrentes e representam um total desrespeito aos consumidores num momento de muita vulnerabilidade. Nas três bases de dados observou-se que as reclamações se concentraram em operações de crédito e cobranças indevidas de serviços e tarifas. As questões envolvendo crédito estão diretamente associadas à situação de vulnerabilidade da pandemia, pois muitas instituições financeiras assediaram os consumidores com produtos e serviços, sobretudo com concessão de crédito. 

"O aumento no volume de reclamações é consequência da ausência de uma política pública estruturada para combater os abusos dos bancos e maior fiscalização, principalmente na oferta de crédito. Muitas renegociações foram abusivas e houve oportunismo de achar que todos os idosos aposentados e pensionistas estavam em busca de mais crédito, com ampliação da margem de 5% do crédito consignado. E assim, houve a realização de muitas operações não solicitadas. É importante que os consumidores estejam atentos às negociações firmadas através de contratos", conclui Amorim.  


Saiba os principais erros e as dificuldades na hora de recrutar profissionais para a área financeira

Claudio Lasso, que atua no mercado de consultoria e auditoria contábil há 15 anos, diz que essa falha na contratação pode prejudicar os resultados da organização

 

Nem sempre as empresas contratam o funcionário certo para a vaga em um processo seletivo. E uma contratação errada pode gerar consequências desastrosas. Na área financeira não é diferente.  

O principal erro que uma empresa pode cometer na hora de procurar profissionais para a área financeira (do estagiário ao diretor) é não analisar profundamente o perfil desejado. 

"Essa falha pode resultar na atração de candidatos não qualificados e, em longo prazo, naturalmente vai prejudicar os resultados da organização", explica Claudio Lasso, contador e CEO da Sapri Consultoria.  

O empresário, que atua no mercado de consultoria e auditoria contábil há 15 anos, diz que ao mesmo tempo que profissionais de RH enfrentam desafios no processo de recrutamento e seleção, destaca-se a dificuldade em encontrar profissionais que se enquadrem no perfil desejado. 

O profissional fez uma pesquisa que apontou que uma parcela significativa dos entrevistados tem muita dificuldade em atrair pessoas com as habilidades técnicas necessárias e que estejam alinhadas com os valores da empresa. Ele elenca as principais dificuldades apontadas: 

-Encontrar pessoas que, além de ter capacidade de se relacionar, sejam também assertivas para fechar uma venda 

-Encontrar candidatos com aderência ao perfil da vaga 

-Encontrar profissionais com conhecimento da área em questão e da região de atuação 

-Encontrar profissionais com estabilidade, escolaridade (superior cursando) e com experiência no segmento da empresa

 -Encontrar um candidato com o perfil alinhado ao negócio e aos valores da organização 

Claudio faz uma série de perguntas que servem como uma reflexão. Através dessa análise é possível evitar erros e superar dificuldades.  

Quanto você dedica de tempo para analisar o perfil ideal do profissional de vendas que sua empresa realmente precisa? 

Será que a falta dessa análise não é o que está causando essa dificuldade em atrair e encontrar profissionais alinhados ao perfil da vaga e aos valores da organização? 

Será que a alta frequência de candidatos com perfil inadequado pode estar relacionada à falta de entendimento e de alinhamento das informações da vaga na hora de divulgar o perfil desejado? 

"Se após refletir sobre esses pontos, você ainda sentir a necessidade de aprofundar seu conhecimento nas áreas de contratação e treinamento, sinta-se à vontade para entrar em contato com a nossa equipe. Teremos enorme prazer em recebê-los para um café", completa.


O cliente (continua) a ter sempre razão e é melhor as empresas ficarem atentas

Divulgação
O relatório CX Trends 2021, que analisa a quantas anda a experiência do consumidor, aponta que 74% das pessoas deixariam de comprar de uma marca por conta de uma única experiência ruim que venham a ter com a mesma. Outros números levantados pelo estudo apontam que, em 2020, 84% dos consumidores experimentaram novos canais de comunicação com as marcas. O atendimento via WhatsApp aumentou 118%, via chat 133% enquanto as redes sociais experimentaram um crescimento de 151%. O que não significa que o bom e velho telefone tenha sido aposentado. 

De acordo com o CEO da PhoneTrack, Marcio Pacheco, mais de 40% das buscas mobile no Google são por negócios locais e 70% dessas buscas terminam em uma ligação a partir do momento que o consumidor decide efetivar uma compra. "O número de ligações após pesquisa no Google aumentou 139% nos últimos anos. E apesar desse aumento, as empresas ainda não se conscientizaram de que não podem descuidar desse canal. Investe-se muito na transformação digital, mas é preciso também manter uma boa cobertura para o atendimento telefônico", afirma Pacheco.

Levantamentos realizados pela PhoneTrack mostram que pelo menos 20% dessas ligações são ignoradas e, em alguns segmentos, o número de consumidores que ficam sem atendimento pode chegar a 60%. Quando 88% dos consumidores afirmam que o CX (Customer Experience) virou prioridade, segundo o CX Trends, é melhor não deixar o cliente falando sozinho.

 

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