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quarta-feira, 22 de maio de 2024

O preço da instantaneidade: efeitos da tecnologia na concentração e no comportamento

Especialistas comentam os efeitos de uma vida mais exposta às redes sociais e aos smartphones

 

A expectativa de respostas imediatas geradas diante de um mundo cada vez mais conectado tem resultado em uma notável dificuldade de concentração na nova geração, fenômeno que vem causando impactos significativos em diversas áreas da vida. Com o avanço da tecnologia e a facilidade de acessos aos dispositivos digitais, como smartphones e computadores, a população é constantemente bombardeada por estímulos que fragmentam a atenção. 

Os resultados podem ser observados em diversas áreas da vida: educação, trabalho e até as relações interpessoais. Nas salas de aula, os estudantes enfrentam dificuldades em se concentrar e em completar tarefas que exigem foco prolongado. Isso pode levar a um declínio no desempenho acadêmico e aumentar o estresse dos alunos e dos professores. Além disso, a habilidade de concentração é essencial para o aprendizado profundo e a retenção de informações, o que pode comprometer o desenvolvimento cognitivo. 

Questionada sobre os efeitos do imediatismo nas crianças, a professora Rossane Rosental, docente na Educação Infantil do Colégio Presbiteriano Mackenzie - Higienópolis, declara que “as atuais gerações se apresentam menos tolerantes às frustrações e aos erros dos demais, demonstrando, em alguns casos, maior comportamento de irritabilidade”. A especialista explica também que, durante a primeira infância, o cérebro está em processo de maturação, não tendo desenvolvido as funções executivas por completo, portanto, o tempo de espera para retornos em determinadas situações é diferente em cada fase da vida. 

Dentro das relações pessoais, o mundo digital pode acarretar problemas principalmente pelo hábito adquirido com o imediatismo das respostas. O professor e Psicólogo Marcelo Santos da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas (UPM), explica que a desconexão do mundo real para a vivência na esfera virtual pode resultar em um complexo de inferioridade, uma vez que as redes sociais mostram apenas as “coisas boas”. 

Ao comentar o impacto da urgência tecnológica na saúde mental das gerações expostas às redes sociais e aos smartphones, o docente aponta: “Quando analisada a dispersão das pessoas com a diminuição da concentração ou mesmo com a memória afetada, pode ser que, com o imediatismo, tenham sofrido por conta da elevação do grau de prioridade de tudo e, consequentemente, a cobrança”. 

Para lidar com os impactos apresentados, algumas alternativas podem ser: promover práticas que incentivem o foco e a atenção plena; estabelecer limites saudáveis para o uso de dispositivos digitais; criar ambientes de trabalho e estudo livres de distrações; buscar suporte emocional e psicológico para lidar com o estresse e a ansiedade; ou até mesmo praticar jogos de revezamento, nos quais cada jogador deve esperar sua vez e respeitar o tempo dos outros.


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