Em mais de 30 anos de atuação como educadora,
nunca foi tão importante falar sobre a importância da parceria entre família e
escola para formar cidadãos mais conscientes, mais humanos, que
realmente contribuam na promoção de um mundo melhor, com mais equidade e que
lutem verdadeiramente para que todos possam ter alguma chance de melhorar de vida.
“Participar da rotina escolar” significa
muito mais do que apenas levar e
buscar os filhos na escola, comparecer em reuniões de pais
ou saber os nomes dos professores. Claro que todas essas ações têm a sua
importância. Porém, participar da rotina escolar vai muito além. Envolve a
real participação dos pais ou dos responsáveis pela criança ou pelo adolescente
de maneira mais assertiva nas atividades. Prestigiar, estimular, motivar e
valorizar as conquistas e realizações dos filhos é extremamente importante.
Também indico colocar como rotina da
família as discussões sobre assuntos escolares, o acompanhamento das lições e
trabalhos pedagógicos, o interesse e
conhecimento do rendimento da criança na escola, saber como ela está se
desenvolvendo nas atividades extras, se interessar em saber quem são seus
amigos neste ambiente, qual relação o filho tem com as outras
crianças, entender como ela se posiciona ou lida com conflitos e
dificuldades, além de ensinar-lhes autonomia.
Colocar tudo isso em prática
dá trabalho? É claro que sim! Porém, é dessa maneira, um pouquinho por
dia, com muita persistência, que formamos uma criança e contribuímos
para que ela avance à vida adulta com segurança, autoestima forte, confiante
das suas capacidades, sabendo discernir entre o certo e o errado, sendo ética
em suas condutas, proativa, líder e ao mesmo tempo gentil em suas atividades.
Não é incomum, infelizmente,
ver crianças enfrentando problemas de comportamento, que não aceitam ouvir um
“não”, que se rebelam ao receber uma crítica ou nota baixa de um professor. Não
generalizo, porém, em boa parte desses casos, nota-se que a criança não tem, em
casa, um ambiente equilibrado.
Nesse período, em que estão
sendo formadas, as crianças precisam de estímulo tanto quanto necessitam de uma
rotina, com horários definidos para fazer suas refeições, para realizar suas
atividades extras, para brincar e até para dormir e acordar. Não estou dizendo
que não possa haver exceções, mas entender, desde a infância, que o mundo
ter regras é importante. Demonstrar, por meio de exemplos, que essas
pequenas regras do dia a dia podem trazer benefícios gera retornos importantes.
Já parou para imaginar o quão
prejudicial pode ser para uma criança saber que seus pais foram convidados a
conversar com a professora, na escola, e que acabaram não comparecendo? Ou como
pode ser ruim para a formação deles ver seus pais reclamando da conduta da coordenadora
que aplicou uma advertência por comportamento inadequado em sala de aula? Será
que esse não seria o momento de entender o que levou a essa situação e
conversar com o filho em casa, mostrando qual a postura correta frente a
determinado caso?
Educar não é fácil e nem
simples. Não é responsabilidade somente dos pais ou da escola. Trata-se, na
realidade, de uma tarefa que pode ser mais leve quando a família e a escola
compartilham dos mesmos valores e ideais para formação de cidadãos mais
conscientes e mais capazes de fazer nossa sociedade melhor. Vamos pensar nisso?
Sueli
Bravi Conte - educadora, psicopedagoga, doutoranda em Neurociência e
mantenedora do Colégio Renovação, instituição de ensino com 35 anos de
atividades e que atua da Educação Infantil ao Ensino Médio.
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