Coordenadora da
Educação Infantil bilíngue do Colégio Humboldt explica como funciona o primeiro
contato das crianças com um idioma diferente
O primeiro contato com a escola
sempre causa um estranhamento para as crianças. Em um colégio bilíngue a
situação não é muito diferente, uma vez que, além de se depararem com um
ambiente novo, os pequenos ainda terão de lidar com um idioma desconhecido.
Apesar do aprendizado em duas línguas causar preocupação aos pais,
especialistas da área afirmam que o ensino bilíngue, principalmente quando
iniciado na primeira infância, só traz benefícios às crianças.
De acordo com Rebeca Boldrin de
Oliveira, coordenadora pedagógica da Educação Infantil Bili do Colégio Humboldt
– instituição bilíngue e multicultural (português/alemão), localizada em
Interlagos (SP) – quanto mais cedo o aluno for exposto a um segundo idioma,
maior será a chance de adquirir fluência e, posteriormente, de aprender outras
línguas. “Nas crianças de até cinco anos, o desenvolvimento linguístico está em
plena formação, independentemente da língua com a qual tenha mais contato”,
afirma Rebeca. “Quanto mais cedo for o contato com outro idioma, mais natural
será este processo, pois ele passa a ser quase que intuitivo, uma vez que está
sendo adquirido e não aprendido formalmente”, completa.
A adaptação
No Brasil ainda não existe legislação
específica para as escolas bilíngues, ou seja, aqui os colégios têm liberdade
para organizar o currículo, desde que cumpram com as exigências da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Por isso, antes de colocar o filho em uma
escola bilíngue, é necessário que os pais pesquisem qual método de ensino mais
se encaixa nos ideais da família e com as particularidades de cada
criança.
Além disso, é preciso que os responsáveis
fiquem atentos à adaptação infantil feita pelo colégio e as possíveis
dificuldades que a criança pode apresentar. Para Rebeca Boldrin de Oliveira, é
essencial que esse primeiro contato seja dado com naturalidade, buscando
construir um vínculo afetivo com os pequenos. “Nos primeiros dias de aula temos
como foco principal acolher os alunos, criar um vínculo positivo e de
confiança. Isso se dá ao recebermos os alunos com alegria, sorrindo,
demonstrando interesse, brincando junto com eles e estando perto, para que
saibam que estamos aqui para ajudá-los no que for preciso”, comenta.
A coordenadora ainda ressalta a
necessidade de planejar atividades divertidas e diferentes durante o período de
adaptação para que a criança crie familiaridade com o idioma. “Nas primeiras
semanas de aula, orientamos a equipe de professores a planejar atividades,
jogos, brincadeiras, culinárias e artesanatos que possam encantar as crianças,
como a massinha caseira, gelatina, bolinha de sabão e, dentro do possível, algo
que possam levar para casa”, diz Rebeca. Ela ainda acrescenta: “acreditamos que
com esta postura positiva e agradável, a língua deixa de ser uma barreira e
passa a fazer parte do cotidiano e se torna algo natural”.
A imersão em outra cultura
Para a imersão de uma criança em uma
cultura diferente é essencial que os responsáveis escolham um colégio de
confiança, uma vez que ele que será a referência de determinado idioma para os
pequenos. “A maioria de nossos alunos aprende alemão conosco, ou seja, nós
somos as referências deste idioma e cultura para eles, ou seja, ao chegar ao
Colégio, irão entrar nesta realidade alemã e ter de fato um contato mais
frequente com esta língua”, comenta Rebeca Boldrin de Oliveira.
Para a coordenadora, a comunicação no
segundo idioma traz um desafio a mais, pois segundo ela: “Dentro do BiLi, a
professora de referência em língua alemã se comunica com os alunos em alemão
apenas, então é um cuidado a mais que precisamos ter, pois não teremos a língua
principal como ferramenta de comunicação; é necessário estar preparada para
usar outras estratégias”, afirma. Uma estratégia que apresenta bastante
resultado é o uso de fantoches que “falam apenas alemão” com os alunos, estes
se mostram encantados com os novos amigos aproximando-se destes personagens (e
assim também da língua) com naturalidade e carinho.
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