A cirurgia ortognática ainda é pouco divulgada, trata-se de um
procedimento realizado para corrigir problemas na maxila (estrutura óssea que
suporta os dentes superiores) ou na mandíbula (que mantém os dentes
inferiores). Segundo o cirurgião dentista Dr. Hamilton Tadeu Pontarola Junior,
cirurgião bucomaxilofacial do Hospital VITA, cerca de 10 milhões de brasileiros
precisariam submeter-se ao procedimento. “As cirurgias ortognáticas têm
objetivos estético-funcionais, ou seja, corrigem as capacidades fonatórias e
mastigatórias e devolvem uma harmonia facial à pessoa”, destaca.
Dados do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial e pesquisas realizadas por institutos norte-americanos revelam
que 60% da população do País necessita de algum tipo de tratamento ortodôntico
- uso de aparelhos para consertar a posição dos dentes ou fazer outros ajustes,
sendo que 5% dos problemas precisam de intervenção cirúrgica para serem
resolvidos.
Dr. Tadeu conta que, além de deixar o rosto assimétrico e
esteticamente comprometido - fator que na maioria das vezes provoca o
isolamento social dos pacientes, pois precisam conviver com bullying -, ter o
queixo para frente ou para trás, pode causa problemas funcionais graves, como
apneia, dores na musculatura do rosto, dores na ATM (articulação na frente dos
ouvidos), dificuldade mastigatória, cefaleias e até disfunções estomacais
(devido à mastigação incorreta).
Diagnóstico
Para detectar com exatidão a origem das dores e resolver o problema, é necessária a orientação de um cirurgião bucomaxilofacial. “Por meio de exames específicos, o especialista avalia se apenas o uso do aparelho ortodôntico é, ou não, suficiente para a resolução do caso, ou se a correção necessita de cirurgia ortognática”, explica o médico.
O diagnóstico é feito especialmente por meio de avaliação clínica.
No entanto, exames de imagens como raio x e tomografias da face, além de
modelos em gesso das arcadas dentárias, são úteis para fixar o diagnóstico e
estabelecer o plano de tratamento.
Procedimento
A cirúrgica é realizada normalmente no início da fase adulta após o final do crescimento, ou seja, mais ou menos a partir dos 16 anos em mulheres e 18 anos em homens. O procedimento é feito por uma equipe de cirurgia bucomaxilofacial, em ambiente hospitalar sob anestesia geral. Normalmente, o paciente, após avaliação médica prévia, necessita de um a três dias de internamento, dependendo do caso. “As incisões são realizadas por acesso intrabucal e o paciente é operado com aparelho ortodôntico adequado instalado. O retorno às atividades varia de 15 a 30 dias. Como não há incisão externa (ou incisão externa mínima) também não ficam cicatrizes”, destaca o cirurgião.
De acordo com Dr. Tadeu, geralmente, o paciente leva de duas a
três horas para sair do centro cirúrgico, mas tudo depende das intervenções
necessárias durante a operação. Por causa da anestesia geral, é preciso
permanecer em observação no hospital por 24h, recebendo alta para voltar para
casa no dia seguinte.
O cirurgião dentista explica que a técnica objetiva essencialmente
modificar a posição dos maxilares, por meio de osteotomias (cortes ósseos)
garantindo assim a saúde das articulações, melhora na respiração, correção da
mordida, melhora na fala e aparência física. As osteotomias são fixadas com
placas e parafusos de titânio.
Antes do procedimento, o cirurgião faz um planejamento pelo
computador, após isso passa os dados obtidos para um guia cirúrgico. “O sistema
utilizado informa com maior precisão a melhor forma para realizar o
procedimento”, complementa o especialista.
O cirurgião bucomaxilofacial explica que a tecnologia usada é de
ponta, os softwares podem indicar o método mais adequado para o caso de cada
paciente, possibilitando a pré-visualização do resultado. O tempo cirúrgico
varia de duas a cinco horas, dependendo da complexidade do caso. No
pós-operatório, o paciente deve respeitar uma dieta específica (líquida,
pastosa e fria, especialmente nos três primeiros dias), controle da higiene
bucal, observância da medicação específica (antibióticos, analgésicos e
anti-inflamatórios), raios x pós-operatórios e consultas com o cirurgião. “O
retorno às atividades cotidianas, não deverá ser realizado antes de um período
mínimo de 15 dias”, ressalta Dr. Tadeu.
A cirurgia é indicada em casos de:
Dificuldade na mastigação;
Dificuldade na deglutição;
Desgaste excessivo dos dentes;
Mordida aberta;
Mordida profunda;
Mordida cruzada;
Aparência facial desarmônica;
Defeitos congênitos ou sequelas de trauma na face;
Queixo pequeno ou retraído;
Queixo grande ou protuído;
Queixo desviado para um dos lados;
Mandíbula muito para frente ou projetada;
Mandíbula muito para trás ou retruída;
Incapacidade de fechar os lábios sem esforço muscular;
Excesso vertical de maxila;
Respiração oral crônica;
Dor crônica na ATM e cefaleias;
Síndrome da apneia obstrutiva do sono;
Maxilar atrésico (maxilas fechadas)
Hospital VITA
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