Para a Psicóloga Miriam
Rodrigues, idealizadora do Programa Educação Emocional Positiva, contornar o
problema requer mudança de hábitos de pais e filhos
Estudos divergem com relação à
ocorrência da insônia comportamental infantil, que acomete crianças de 0 a 7
anos, aproximadamente. Algumas pesquisas dão conta de uma prevalência de 30%,
outras um pouco menos - mas a verdade é que, entre as famílias em que ela
acontece, pais e filhos se exaurem e há risco de diversos outros problemas
tomarem conta da rotina: alimentação e desenvolvimento infantil prejudicados,
mais birras, outros distúrbios de sono e ansiedade em pais e filhos, entre
outras questões.
Para lidar com esse tipo de
insônia, os pais devem entender que, nessa fase, as crianças estão se adaptando
ou desenvolvendo a sua própria autonomia; geralmente reclamam um estímulo que
até então lhes era oferecido: tv, mamadeira, colo, a cama do papai e da mamãe,
entre outros que impedem sua atuação autônoma. O que deve ser retirado aos
poucos, caso estejam enraizados na rotina de sono, segundo Miriam Rodrigues,
psicóloga clínica e educacional, com ampla experiência no atendimento a crianças.
A especialista é criadora do programa Educação Emocional Positiva, que promove
o desenvolvimento de competências socioemocionais e habilidades para o bem-estar entre pais,
filhos/educandos e educadores, entre outros públicos aos quais se destina.
Para a especialista, retirar
esses estímulos, respeitando as especificidades de sono de cada idade e
mostrando à criança que não se trata de um abandono ou negligência de seus
desejos, é, no entanto, uma forma de educar as emoções dos pequenos.
"Porém, aquilo com o que nos deparamos são pais absolutamente culpados e
emocionalmente abalados por retirar dos filhos algo que lhes dá conforto",
diz Miriam. Esses pais precisam também ser treinados quanto às próprias emoções
e expectativas, entende a especialista.
"Mudar hábitos ao
deitar-se, visando a essa retirada é essencialmente parte do ensino da
habilidade de autorregulação da criança (e dos pais, impondo-lhe capacidade de
dar limites aos filhos), bem como promove o autocuidado, mostrando que uma boa
noite de sono é indispensável para o bem-estar e uma vida feliz".
Miriam Rodrigues - psicóloga formada pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie, especialista em Psicologia Clínica e pós-graduada em
Medicina Comportamental pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É
idealizadora da Educação Emocional Positiva e possui experiência de 16 anos em
atendimento clínico com crianças, adolescentes, adultos, grupos e casais. Atua
como psicóloga escolar na Wish Bilingual School (São Paulo) e é professora convidada do Instituto Sedes
Sapientiae no curso Aprendizagem Emocional. É afiliada à International Positive
Psychology Association e membro da Associação de Psicologia Positiva da
América Latina. Realiza palestras e treinamentos corporativos, tendo atuado
junto a executivos de empresas como Laboratório Femme, Banco do Brasil, IBM,
entre outras. Autora de 19 livros, incluindo Educação Emocional Positiva:
Saber lidar com as emoções é uma importante lição e Coleção Psicologia
Positiva para Crianças (Sinopsys Editora).
Educação
Emocional Positiva
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