O sistema de saúde vive em constante pressão por maior eficiência e melhor controle de custos. Embora algumas barreiras tenham sido quebradas nesses últimos anos, ainda existem vários desafios a serem superados, muitos deles relacionados à falta de emprego de tecnologia (na medida certa) para lidar com o elevado volume de informações.
As principais perguntas são: como os hospitais têm
trabalhado com a tecnologia para melhorar a disponibilidade da informação
para médicos, time de enfermagem, farmacêuticos, de forma a aumentar a
segurança do paciente? Como esta informação tem sido utilizada para reduzir os
custos dos tratamentos?
Nos países da OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), 15% da atividade e das despesas hospitalares são
decorrentes de eventos adversos. Os erros de medicação são uma das principais
causas de lesões e danos evitáveis nos sistemas de saúde: globalmente, o custo
anual associado a isto foi estimado em US$ 42 bilhões. Já no Brasil, R$ 10 bilhões foram consumidos pelos eventos adversos, no ano de 2017,
somente na saúde suplementar, segundo a pesquisa mais recente do Instituto
de Estudos de Saúde Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais
(IESS-UFMG).
É nesse cenário que a tecnologia se apresenta como
uma forte aliada dos serviços de saúde. Não é mais possível imaginar uma
instituição de saúde segura sem recursos de suporte à decisão clínica (CDS
“Clinical Decision Support”). Hoje, o seu emprego está diretamente relacionado
à qualidade e segurança assistencial prestada ao paciente. Ela ajuda a
padronizar os processos e, ao mesmo tempo, viabilizar um atendimento
personalizado, diminuindo erros de diagnósticos e mantendo uma relação mais
humanizada. Sem o apoio da tecnologia, por exemplo, um farmacêutico clínico
passa várias horas do dia revisando prescrições, ou então, assim como médicos,
no caso de dúvidas, tem que recorrer aos livros.
Este tipo de recurso é também fator impactante no
que tange à redução de custos e sustentabilidade, que é o segundo maior
objetivo de uma instituição de saúde (o primeiro segue sendo a segurança do
paciente, obviamente).
A tecnologia atualmente disponível já nos permite
oferecer uma ajuda efetiva para estes profissionais. Sabemos o quanto é importante
que o médico (durante o atendimento) e o farmacêutico também contem com o apoio
de uma solução que concatene e avalie um conjunto de informações, tanto sobre o
que está sendo prescrito, como a respeito das condições clínicas; exames mais
adequados naquele caso; previsão de alta; abordagens possíveis; dosagens;
alergias; duplicidades de drogas; interações medicamentosas; condições
genômicas alteradas etc.
Ferramentas de automação e soluções que empregam
evidências científicas são cruciais para viabilizar a fármaco segurança e a
fármaco economia. Trazer informações relevantes, com aprofundamento sob
demanda, validadas cientificamente, estruturadas e confiáveis são fatores para
qualidade e segurança, e acima de tudo, sustentabilidade, em especial em sistemas
públicos. Ou seja, assegurar simultaneamente aumento de qualidade e redução de
custos.
Tecnologias
avançadas conseguem mapear todos os dados ao mesmo tempo e ainda criar
milhões de combinações, agregando capacidade analítica e oferecendo as melhores
respostas para a tomada de decisão do médico. Obviamente, este tipo de
transformação digital não é para todos. Inserir tecnologia nas atividades
apenas por modismo, sem objetivos claros e sem o apoio do corpo clínico pode
trazer muito desconforto, aumentar os custos e piorar a qualidade da
assistência. É necessário o autoconhecimento para se obter reais benefícios.
Em suma, as instituições de saúde precisam da
tecnologia certa, na médica certa. E é isso que irá responder aos desafios de
segurança, custos e de colocar o paciente, sempre, no centro de tudo.
Matheus Barbosa - Gerente de Canais & Alianças
para Medi-Span Clinical na Wolters Kluwer, empresa líder global no fornecimento de informações profissionais,
soluções e serviços para médicos e enfermeiros.