Os primeiros 1.000 dias de vida apresentam uma janela
de oportunidade única de efeitos positivos para a saúde do bebê. A Dra. Kai Lin
Ek e o Dr. Dietrich Rein, gerentes de marketing científico da BASF Nutrição e
Saúde, abordam que os cuidados adequados nesse período podem ser a melhor
defesa contra o desenvolvimento de doenças alérgicas, que envolvem o consumo de
alimentos com propriedades anti-inflamatórias como omega 3 (EPA/DHA).
Além da programação metabólica há evidências que a
alimentação na primeira infância tem efeitos em algumas áreas da programação
imunológica também. A prevalência de doenças alérgicas aumentou no mundo todo
e, embora a causa possa ter origens diversas, há um amplo consenso que a
epidemia de alergia pode ser atribuída às mudanças ambientais, inclusive
fatores de estilo de vida e hábitos alimentares.
Nos primeiros 1.000 dias de vida, desde a concepção até
os dois anos de idade, os ácidos graxos de cadeia longa, ácido docosahexaenoico
(DHA) e o ácido eicosapentaenóico (EPA) são componentes essenciais para o
sistema nervoso de uma criança em crescimento e moléculas de sinalização para a
resposta imunológica.
Para a mãe, a gravidez é caracterizada pela
reestruturação e pelo crescimento do tecido e, portanto, associada à elevada
inflamação sistêmica. Assim, nesse período tanto o feto quanto a mãe têm uma
grande demanda por DHA e EPA.
Embora a taxa de acréscimo de DHA no cérebro fetal só
comece a acelerar a partir do último trimestre, os eventos que dão início às
doenças alérgicas ocorrem antes no desenvolvimento imunológico, com reatividade
a antígeno específico encontrado no sangue umbilical e já na 23ª semana de
gestação no feto.
Como os humanos não conseguem sintetizar o EPA e o DHA,
as mães devem receber complemento de ômega-3 com DHA e EPA pré-formados durante
toda a gravidez.
Evitando
a marcha atópica ou alérgica
A marcha atópica ou alérgica, como a Organização
Mundial de Alergia (World Allergy Organization - WAO) define, se refere à
história natural de manifestações atópicas, caracterizadas por uma sequência
típica de respostas de anticorpos imunoglobulina E (IgE) e sintomas clínicos
que podem aparecer nos primeiros anos de vida, persistir por anos ou décadas e,
geralmente, diminuir espontaneamente com a idade.
Abaixo estão descritas as doenças atópicas e alérgicas
mais comuns e onde a ingestão de ômega 3 de cadeia longa pode fazer efeito:
Dermatite atópica - uma
doença alérgica que causa inflamação na pele, induzida por uma reação
imunológica ao pólen, à poeira e a alimentos alergênicos. Foi observada uma
associação inversa entre o consumo de peixe e ômega 3 durante a gravidez e
lactação e o eczema desde o nascimento até dois anos de idade. A suplementação
de DHA e EPA maternos durante a gestação suprimiu os sintomas de dermatite nas
crianças.
Rinite alérgica -
comumente conhecida como febre do feno, é mediada pela IgE. É a irritação e
inflamação do nariz, causadas por uma reação extrema do sistema imunológico aos
alergênicos existentes no ar. Um estudo observacional entre mulheres britânicas
mostrou que o maior consumo de peixe está associado ao menor risco de casos
confirmados de febre do feno e eczema nas crianças.
Asma - uma doença comum
inflamatória das vias aéreas e do pulmão nas crianças, geralmente associada a
um chiado rouco. Um grande estudo dinamarquês com crianças de até sete anos de
idade associou o consumo frequente de peixe (2 a 3 vezes por semana) pela mãe
ao menor número de diagnósticos de asma. Quando as mães complementavam esse
consumo com óleo de peixe a partir do terceiro trimestre, o número de casos de
asma e infecções do trato respiratório diminuía.
Sensibilização imunológica -
a indução de uma resposta alérgica geralmente é confirmada por um teste de
punção cutânea. De 4 a 8% das crianças com menos de três anos têm alergia
alimentar a um dos alergênicos do leite de vaca, ovos, amendoim e frutas secas
(CDC 2008 e US Census Bureau 2010). Estudos randomizados controlados mostram
evidências convincentes das respostas alérgicas ao teste de punção cutâneo em
crianças com 12 e 24 meses de idade quando as mães receberam complemento com
ácidos graxos de cadeia longa do ômega 3.
Como
o Ômega 3 de cadeia longa faz a diferença?
Para apresentar um quadro mais completo, Best et. al
consolidaram e analisaram os resultados de 13 estudos de observação e sete
estudos randomizados controlados. A complementação diária pré-natal com 0.8 -
3.1 g de DHA e EPA nas últimas 10 a 20 semanas de gravidez gera um efeito de
proteção contra as reações alérgicas em bebês e crianças até a idade escolar.
Mulheres grávidas com risco de ter um bebê alérgico
também podem se beneficiar. Um estudo recente na Suécia demonstrou a associação
entre uma complementação diária de 2.7 g de EPA e DHA da 25ª semana de gestão
aos três meses de lactação, a menos eventos de alergias relacionadas à IgE em
crianças de até dois anos de idade.
A programação metabólica e a epigenética abriram novas
oportunidade para entender os mecanismos nutrientes que afetam o
desenvolvimento da criança. Como as recentes descobertas corroboram, a
complementação com uma quantidade suficiente de ômega-3 de cadeia longa, desde
a gestação até a infância, apresenta uma janela de oportunidade para
influenciar positivamente o desenvolvimento do sistema imunológico do bebê.