Pesquisar no Blog

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Refugiados em seu próprio país



Uma das consequências mais cruéis das guerras e violência étnico-religiosa que ocorrem em vários países atualmente, além da morte de milhares de pessoas inocentes, é o grande número de refugiados, que, em 2015, atingiu um impressionante recorde: ao redor do mundo, quase 60 milhões de pessoas encontram-se deslocadas por questões de conflito e perseguição. O problema, de alta gravidade no plano humanitário, começa a ter reflexos no cenário urbano de alguns países, em especial da Europa, principal polo de convergência das populações que fogem em busca de sobrevivência e uma nova vida, oriundas principalmente do Oriente Médio e da África.

Ao analisar essas estatísticas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), é inevitável a comparação com dados relativos à falta de moradias, constantes de recente relatório do Programa da ONU para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).  No Brasil, segundo o estudo, há 33,9 milhões de pessoas sem casa, ou seja, o equivalente a mais da metade do total de deslocados em todo o mundo. Somente nas áreas urbanas, são 24 milhões. O déficit de moradias em nosso país atinge 7,7 milhões de unidades, das quais 5,5 milhões nas cidades. Se o cálculo incluir residências inadequadas, ou seja, sem infraestrutura básica, o quadro é ainda mais grave, alcançando cerca de 13 milhões de habitações. Noventa e dois por cento do déficit concentram-se nas populações mais pobres, que não têm sequer acesso a financiamento.

Os brasileiros sem moradia, assim como os que residem em habitações precárias, sem água, esgoto e energia elétrica, são refugiados em sua própria pátria. Numerosos deles não são contemplados pelas prerrogativas da cidadania brasileira, ficando totalmente expostos a todo tipo de risco e insegurança. Exatamente como os habitantes das nações em guerra, estão sujeitos à violência, aqui expressa pela alta criminalidade, à carência de saúde e educação, à ausência do Estado e à proteção deste, à qual, em tese, tem direito todo cidadão. Não são muito diferentes os riscos a que estão submetidas as famílias, as crianças e os idosos residentes numa área conflagrada da Síria ou nas chamadas comunidades sem lei existentes nas grandes metrópoles brasileiras.

         A comparação é importante para demonstrar, sem qualquer exagero, a gravidade da falta de moradias e/ou de habitações adequadas, um problema que relega milhões de pessoas à própria sorte em nosso país. A incipiência de políticas públicas no setor da habitação cria um imenso contingente de refugiados brasileiros nas áreas urbanas. Programas como o Minha Casa, Minha Vida e outros realizados por governos estaduais e municipais estão muito longe de representar uma solução efetiva para o grave problema. São importantes, mas contemplam parcela pequena do déficit habitacional brasileiro, que se torna mais preocupante com o crescimento demográfico e, agora, o aumento do desemprego e das dificuldades de financiamento decorrentes da crise econômica nacional.

O déficit de moradias é uma das mais danosas consequências de políticas públicas equivocadas, prioridades distorcidas e má gestão do Estado. Tais distorções, aliás, são também as causas da crise econômica gravíssima que estamos enfrentando hoje no Brasil. Precisamos de foco e objetividade. Somos um país em desenvolvimento, que necessita de investimentos em praticamente todas as áreas para reduzir as disparidades socioeconômicas e promover a inclusão em larga escala.

De nada adianta ficarmos fazendo conferências sobre o clima, debatendo políticas de preservação de florestas e criando restrições para o adensamento urbano, só para exemplificar, se assistimos passivamente aos graves problemas que afetam os brasileiros: 40 milhões de pessoas não têm acesso a agua tratada; menos de 40% da população dispõem de coleta e tratamento de esgotos; cerca de 40 milhões estão desassistidos habitacionalmente. O cenário atual lembra-nos a célebre frase do escritor Millor Fernandes: “Brasil, condenado à esperança”. 




Luiz Augusto Pereira de Almeida - diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.

Estreptococo tipo B na gravidez



Doutor Elvio Floresti Junior explica os riscos dessa bactéria para o bebê e a importância do exame durante o pré-natal


Ao descobrir que está grávida, a futura mãe encara uma bateria de exames no Pré-Natal de extrema importância para a saúde da gestante e do bebê. Entre os exames de rotina indispensáveis está a detecção do Estreptococo B, também conhecido como “exame do cotonete”.
A coleta do material vaginal e retal é indolor e geralmente é feita entre a 35ª e 37ª semana de gestação. O resultado do exame sai em poucos dias.

“O Estreptococo B é um tipo de bactéria comum na flora intestinal e que frequentemente atinge a região genital feminina. Apesar de sua localização, a bactéria não é classificada como uma DST”, explica o ginecologista e obstetra Elvio Floresti Junior.

Em adultos saudáveis o estreptococo B não causa nenhum problema, mas as gestantes devem ficar atentas já que uma em cada três grávidas carregam essa bactéria. “Não há risco para a mãe nem para o bebê enquanto ele estiver dentro da barriga. Quando o resultado do exame é positivo, é necessário que no período de trabalho de parto o médico esteja ciente para administrar o uso de antibiótico via endovenosa algumas horas antes do parto normal. Tudo para que não haja riscos da bactéria chegar até o bebê na hora do nascimento”, alerta o especialista.

Já nos casos de cesárias, o obstetra vai avaliar a necessidade do uso ou não do antibiótico. “Tudo depende muito do hospital, médico e maternidade. Há locais que o procedimento padrão é medicar toda mulher que não tiver o exame. Outro procedimento comum é o médico decidir aplicar o antibiótico na mãe em caso de parto prematuro ou no caso de ruptura da bolsa”, esclarece doutor Élvio Floresti.

Para o recém-nascido, o estreptococo tipo B pode causar a sepse neonatal precoce, uma infecção que afeta o sangue e que pode ser muito perigosa, mas também pode ocasionar outras doenças como pneumonia e meningite na primeira semana de vida.

“Muitas grávidas me questionam se o exame não pode ser feito com mais antecedência, mas na verdade não há nenhuma vantagem nem solução de combater a bactéria no começo da gestação. O tratamento com antibióticos só é eficaz na prevenção da infecção se for feito algumas horas antes do parto”, finaliza o ginecologista. 




Doutor Elvio Floresti Junior - ginecologista e obstetra formado pela Escola Paulista de Medicina desde 1984. Possui título de especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e título de especialista em colposcopia. Além disso é especializado em histerectomia vaginal sem prolapso uterino e está atualizado com as últimas técnicas cirúrgicas como sling vaginal, realiza pré-natal especializado e atua em gestações de alto risco.


Monitoramento de saúde 24h já está ativo para os Jogos Olímpicos



Atendimentos aos atletas, delegações e espectadores das competições são acompanhados por centro de operações integrado entre as cidades e o Governo Federal 


Os serviços para assistência à saúde dos atletas, delegações e espectadores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos estão preparados. A infraestrutura recebeu reforço em todas as áreas e as ações estão sendo monitoradas 24h pelo Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (CIOCS), que funciona direto do Centro de Operações Rio (COR) no Rio de Janeiro. A equipe composta por 125 profissionais do Ministério da Saúde atua na coordenação dos trabalhos, realizados em parceria com os estados e municípios envolvidos.
O Centro monitora as situações de risco, a demanda por atendimento, a vigilância epidemiológica e sanitária, além de coordenar respostas diante de emergências em saúde pública. As demais cidades que receberão os jogos (Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Manaus) adotarão o mesmo modelo de monitoramento, que é utilizado desde 2011 no país, e já foi ativado em eventos como a Copa do Mundo e Jornada Mundial da Juventude.

“Estamos trabalhando e planejando, dentro de uma composição tripartite, desde que se iniciou a caminhada para o início dos jogos Olímpicos e Paralímpicos. A Força Nacional do SUS vai compor o grupo que estará sediado junto ao Hospital Geral do Exército, em Deodoro no Rio de Janeiro, para qualquer eventualidade. As cinco cidades sedes também foram preparadas. A regulação, em caso de atendimento básico, continua normalmente. Noventa por cento dos atendimentos ligados as Olimpíadas serão atendidos dentro das próprias áreas. Os médicos nos postos de atendimento comunicam o CIOCS e as equipes de remoção do SAMU. A regulação será toda feita pela rede municipal, o estado fará a remoção e, caso necessite de cirurgia mais complexa os hospitais especializados terão aporte para contribuir”, afirmou o José Manoel de Souza Marques, coordenador-geral da Força Nacional do SUS, em coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros e brasileiros no Rio Media Center.

Durante a Copa, por exemplo, foi possível verificar que apenas 0,2% dos participantes necessitaram de algum tipo de atendimento de saúde fora das arenas. A estimativa internacional é que entre 1% e 2% do público em eventos de massa necessite de algum cuidado médico e apenas 0,2% a 0,5% tenha necessidade de transferência para serviços de maior complexidade. Com isso, durante todo o período dos jogos é possível calcular cerca de 20 mil atendimentos e 700 remoções.

ATENDIMENTO – A Rio 2016 prestará serviços médicos dentro do perímetro de segurança e oferecerá atendimento externo particular a atletas e delegações. Os demais espectadores que precisem de remoção dos locais de competição serão atendidos no SUS, na rede de assistência organizada pelo município. As remoções são feitas por meio da central de regulação do município e do estado, que utilizará as ambulâncias doadas pelo Ministério da Saúde.

A expectativa é que mais 90% dos atendimentos nas áreas de competição sejam resolvidos no próprio local. Fora das arenas, segue-se o atendimento usual pelos componentes do SUS (UBS, UPA e hospitais). Para casos de emergência com múltiplas vítimas, foram disponibilizados exclusivamente para os jogos 235 leitos de retaguarda só no município do Rio de Janeiro. Do total, são 135 federais, 50 municipais e 50 estaduais.

REFORÇO – As 146 ambulâncias cedidas pelo Ministério da Saúde já estão à disposição dos torcedores e competidores que necessitem da assistência das unidades durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. O investimento federal na compra, aparelhamento e custeio dos novos veículos é de R$ 73,2 milhões. Após as Olimpíadas, as ambulâncias serão distribuídas a outras cidades para renovação da frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192).

A Força Nacional do SUS estará com equipes de prontidão (médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem) no Hospital Geral do Exército, no Rio de Janeiro, para emergências em saúde, com capacidade para montar três tendas para atendimento, além de sete leitos de UTI.

Além da contratação de 2,5 mil profissionais de saúde temporários e de 3,5 mil agentes de endemia externos, para inspecionar e eliminar focos da dengue, o Ministério da Saúde realizou uma série de capacitações e compra de equipamentos médicos. Também foram investidos R$ 320 mil para compra de equipamentos de proteção individual (EPI), R$ 2,5 milhões para compra de antídotos para emergência com materiais químicos, biológicos, radiológicos e nucleares (QBRN). Além disso, 1,7 mil profissionais foram capacitados para emergências em QBRN, sendo 377 na cidade do Rio de Janeiro.

GUARDIÕES DA SAÚDE – O Ministério da Saúde já disponibilizou para a população o aplicativo Guardiões da Saúde. A ferramenta de vigilância participativa ajuda no monitoramento da saúde pública, uma vez que será possível mapear a ocorrência de sintomas similares relatados em determinadas localidades.

Ao informar a condição de saúde, o cidadão é orientado a procurar um serviço de saúde caso marque estar com algum sintoma de doença. A ferramenta permite verificar a UPA mais próxima por meio de GPS, além de identificar farmácias próximas. O aplicativo pode ser para download, gratuitamente, nas lojas virtuais Play Store e Apple Store e também pode ser acessada pela web. Além do português, o aplicativo está disponível nos idiomas oficiais da ONU: francês, inglês, espanhol, japonês, russo e árabe.


 
Alexandre Penido
Agência Saúde

Posts mais acessados