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quarta-feira, 22 de maio de 2024

Dia Internacional da Tireoide: entenda a importância do diagnóstico precoce para tratamento eficaz dos distúrbios da glândula

 60% dos brasileiros podem ter nódulos de tireoide, sendo que 10% destes indivíduos podem apresentar células malignas

 

Celebrado no dia 25 de maio, o Dia internacional da Tireoide visa conscientizar a população sobre as complicações que podem acometer a glândula tireoide, como hipotireoidismo, hipertireoidismo, doenças autoimunes, nódulos benignos e câncer. A data busca promover a educação sobre essas condições e incentivar a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, visando uma melhor qualidade de vida para indivíduos com doenças na tireoide. 

Facilmente identificável no formato de “borboleta”, a glândula encontrada logo abaixo do Pomo de Adão, localizado na parte de anterior do pescoço, popularmente conhecido como “gogó”, tem a função de produzir dois dos hormônios mais importantes para o bom funcionamento dos músculos, órgãos, metabolismo e no equilíbrio do corpo (T3, triiodotironina e T4, tiroxina). 

Segundo o Dr. Arthur Vicentini, cirurgião de cabeça e pescoço do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a tireoide pode deixar de funcionar adequadamente ao longo da vida, geralmente por conta de alterações autoimunes. 

Quando ela trabalha de forma insuficiente, ocorre o hipotireoidismo; já quando os hormônios são produzidos em excesso, ocorre o hipertireoidismo. As duas condições podem estar relacionadas às chamadas doenças autoimunes (quando o sistema imunológico ataca as células saudáveis do organismo), causando desequilíbrio no organismo como um todo. 

De acordo com o cirurgião, o hipotireoidismo é condição mais comum e uma das suas principais causas é a doença de Hashimoto, em que os próprios anticorpos atacam a tireoide. “Os sintomas do hipotireoidismo incluem cansaço, sonolência, funcionamento lento do intestino, batimentos cardíacos reduzidos e sensibilidade ao frio”, aponta o médico. 

Já o hipertireoidismo é caracterizado por sintomas como a aceleração do coração, tremores, sensação de calor, pele avermelhada. Em casos específicos, como a Doença de Graves (doença autoimune que ataca a tireoide), os pacientes podem apresentar olhos proeminentes, ou seja, quando parecem “saltados” para fora. 

Dados do Departamento de Tireoide da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) mostram que a predominância de casos de hipotireoidismo em mulheres é de 10% e pode chegar a 15% na fase da menopausa, quando há perda da proteção dos hormônios femininos. Em homens é menos frequente e sua prevalência é em torno de 3%. No Brasil, a incidência anual do hipotireoidismo em mulheres é de 4/1000 e nos homens de 0,6/1000. 

Já o hipertireoidismo, tem distribuição mais homogênea entre indivíduos, dependendo da causa. De acordo com publicação de 2023, da Brazilian Journal of Health Review, a Doença de Graves, responsável por até 80% dos casos de hipertireoidismo, apresenta índices 5 a 10 vezes maior em mulheres do que em homens, sendo mais frequente entre os 20 e 40 anos. 

Além das alterações no funcionamento da glândula, por vezes é possível encontrar nódulos na tireoide. Na grande parte dos casos, trata-se de lesões benignas. Entretanto, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que 16.660 casos novos de câncer de tireoide sejam diagnosticados para cada ano do triênio de 2023 a 2025. Sem considerar os tumores de pele não-melanoma, o câncer de tireoide ocupa a sétima posição entre os tipos de tumores mais frequentes no Brasil. 

O cirurgião aponta que os nódulos podem ser um sinal de alerta para o câncer de tireoide. Segundo ele, cerca de 10% dos portadores de nódulos podem apresentar células malignas, e na maioria dos casos, é um tumor com baixa mortalidade, facilmente identificável e tratável, quando diagnosticados em fases precoces.

 

Autoexame e diagnóstico 

Uma forma de auxiliar o diagnóstico prévio e saber como a tiroide está, é realizando o autoexame na frente de um espelho. Identifique no pescoço onde está o “gogó” e engula um gole de água, com a cabeça levemente estendida para trás. Ao engolir, é normal perceber que a tireoide se movimenta para cima. Se ao fazer esse processo a pessoa perceber alguma saliência ou protuberância anormal é preciso ficar atento, repetir o autoexame e em caso de persistência, procurar atendimento médico. 

A suspeita diagnóstica do câncer de tireoide é feita por exames de imagem, principalmente a ultrassonografia, que permite identificar a presença de nódulos na tireoide e avaliar suas características, como tamanho, forma, existência de calcificações e padrão de vascularização. 

Caso, após o exame, o médico suspeite de algo, o próximo passo é a realização de uma punção aspirativa por agulha fina (PAAF), que consiste na retirada de células encontradas no nódulo para realizar uma análise laboratorial. 

Com os resultados do PAAF em mãos, para diferenciar os nódulos inofensivos dos perigosos, os médicos recorrem à Classificação de Bethesda. “Este sistema de classificação analisa minuciosamente as células obtidas pela biópsia dos nódulos, e divide os resultados em seis categorias, de 1 a 6, desde células normais até malignas. Se um nódulo é classificado como Bethesda 5 ou 6 as chances de ser cancerígeno são altas, variando de 75% a 97%”, explica Dr. Arthur. 

Nesses casos mais sérios, a recomendação geralmente é cirúrgica, podendo envolver a retirada de metade do nódulo ou até mesmo de toda a tireoide. Por conta disso, Dr. Arthur Vicentini destaca o diagnóstico precoce como um aliado poderoso, sendo que a maioria dos tumores tireoidianos, mesmo quando malignos, apresenta baixa agressividade e taxas de até 98% de sucesso no tratamento. 

É importante ressaltar que o diagnóstico do câncer de tireoide requer uma avaliação multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, cirurgiões de cabeça e pescoço, radiologistas e patologistas, para garantir o diagnóstico correto e o melhor plano de tratamento para cada caso.

 

Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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