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terça-feira, 16 de abril de 2024

Câncer de testículo: desinformação compromete diagnóstico precoce da doença que afeta principalmente jovens

 Se descoberta em estágio inicial, neoplasia ultrapassa 95% das chances de cura; Oncologista tira as principais dúvidas sobre o tema

 

O tabu, a timidez e o machismo ainda são os principais vilões contra o câncer de testículo. Por ser um tema pouco comentado, a desinformação também é parte da barreira quando o assunto é o cuidado com a saúde masculina. A doença, que acomete principalmente adolescentes e adultos jovens, mais comum entre 15 e 34 anos (podendo ocorrer até os 50), muitas vezes causa desconforto no momento da investigação, impactando no diagnóstico precoce. 

Apesar de menos incidente quando falamos dos tumores que afetam a população do gênero masculino, o câncer de testículo é o mais frequente tumor maligno a acometer o homem jovem. Contudo, se descoberto no início, as chances de cura ultrapassam 95%. 

De acordo com o Denis Jardim, oncologista especialista em tumores urológicos da Oncoclínicas, é fundamental estar atento aos sintomas, que podem ser confundidos ou até mesmo mascarados por processos infecciosos ou inflamatórios na região dos testículos. 

“O paciente pode perceber um nódulo, que na grande maioria das vezes é indolor, ou ainda um aumento e endurecimento do testículo. Apesar de não haver nenhum incômodo ao urinar, é possível notar um volume maior no local da bolsa escrotal. Já durante a higiene, o autoexame periódico pode permitir a detecção de uma eventual alteração na região, identificando que algo está fora do normal e necessita de maior investigação”, comenta. 

Outros sintomas que devem despertar a atenção são:

  • Aumento ou diminuição no tamanho dos testículos;
  • Dor imprecisa na parte baixa do abdômen;
  • Sangue na urina;
  • Sensibilidade dos mamilos (raro); e
  • Puberdade precoce, com crescimento de pelos faciais e corporais antes do esperado.

“Muitas vezes, quando os sintomas aparecem, os jovens sentem vergonha em se abrir com os pais ou parceiro sobre o assunto. Contudo, conversar sobre o tema e alertar sobre o autoexame é uma maneira que a família pode transmitir confiança e informação de qualidade”, orienta o oncologista da Oncoclínicas.

 

Histórico familiar pode ser fator de risco para câncer de testículo 

Dentre os possíveis fatores de risco para a doença estão: o histórico familiar (principalmente em parentes de primeiro grau) ou pessoal e ainda crianças que tiveram criptorquidia - uma disfunção congênita no qual o testículo nasce fora da bolsa escrotal. 

“Em casos de criptorquidia, apesar da correção na infância, ainda existe a possibilidade do desenvolvimento do tumor no futuro. Por isso, o recomendado é realizar acompanhamentos periódicos até, mais ou menos, 30 anos”, explica Denis Jardim. 

Infelizmente, não existe uma maneira de prevenir que o câncer de testículo ocorra, mas o autoexame dos testículos uma vez por mês, logo após um banho quente, pode auxiliar no diagnóstico precoce. "A temperatura irá ajudar com que o escroto fique relaxado e seja possível identificar se há alterações na região. Caso algum sintoma seja percebido, um profissional deve ser consultado o quanto antes".

 

Primeira fase do diagnóstico ocorre pelo exame clínico 

Após a verificação de nódulos, o oncologista explica que é pedido uma ultrassonografia da bolsa escrotal. Em seguida, são realizados também exames laboratoriais para identificação dos marcadores tumorais. 

"Com a confirmação, definimos em qual momento a tomografia computadorizada do tórax, abdômen e pelve deve ser realizada. O exame nos permite analisar o estadiamento do tumor e ainda definir qual será o tratamento mais indicado para aquele paciente", comenta o oncologista.

 

Tratamento x fertilidade 

Durante a definição da escolha terapêutica, é muito importante que o paciente converse com o médico sobre o desejo de ter filhos futuramente, se houver. "Um dos principais procedimentos a serem realizados para preservação da fertilidade é o congelamento de esperma, que deve ser discutido preferencialmente antes do início do tratamento", explica. 

Contudo, vale lembrar que a questão da fertilidade pode ser tanto definitiva, como temporária, dependendo do tratamento indicado. "Mesmo nos casos em que a fertilidade seja temporária, o armazenamento de esperma é um cuidado importante, pois recomendamos que o paciente aguarde um período após o final do tratamento quimioterápico para ter filhos".

 

Abordagem terapêutica irá depender do estágio do tumor 

Para o tratamento, é fundamental analisar o estadiamento, classificação de risco e tipo histológico da doença. Contudo, vale lembrar que cada estágio do tumor exige uma abordagem terapêutica diferente, incluindo a retirada do testículo por via inguinal (orquiectomia radical), que costuma ter uma recuperação bastante rápida e sem comprometer a potência sexual do paciente - caso apenas um testículo seja retirado.

 

Os principais protocolos são:

  • Quimioterapia – existem diversos esquemas quimioterápicos descritos para o tratamento do câncer de testículo. Por ser um tratamento sistêmico, feito por via venosa, tem mais efeitos colaterais porque afeta também as células saudáveis;
  • Radioterapia – o tratamento radioterápico fica reservado aos tumores seminomatosos, por serem mais sensíveis a esta terapia. A aplicação pode ser indicada em tumores localizados (Estadio I) e tumores retroperioneais de baixo volume (Estadios II a e b);
  • Orquiectomia parcial – procedimento cirúrgico em que é removido um ou os dois testículos a partir de um pequeno corte no escroto. Deve ser indicada em tumores menores que 2 cm na ausência de testículo contralateral ou déficit funcional acentuado devido a elevado risco de recorrência local; e
  • Orquiectomia radical – este procedimento cirúrgico, mesmo isoladamente, cura a maioria dos pacientes. Nesta técnica cirúrgica, o corte é feito na região abdominal, e não no escroto. O implante de prótese testicular pode ser feito na mesma cirurgia. 

"A maioria dos homens procura por atendimento médico apenas quando já estão doentes. Por isso, devemos investir na informação de qualidade para eliminar o maior número possível de tabus, principalmente quando falamos sobre os cuidados com a saúde masculina", finaliza o Dr. Denis Jardim.

 

Oncoclínicas
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