Dados do Ministério da Saúde
indicam que, a cada ano, morrem 68 mil brasileiros de acidente vascular
cerebral (AVC) – problema que em 90% dos casos poderia ser evitado se as
pessoas tivessem hábitos de vida mais saudáveis. Vale ressaltar que só o
cigarro é responsável por 25% das doenças vasculares, incluindo o AVC,
popularmente chamado de ‘derrame cerebral’. De acordo com o
neurorradiologista Nitamar Abdala, diretor da UMDI Medicina Diagnóstica (Mogi
das Cruzes), quanto mais cedo o paciente receber atendimento, melhor será o
resultado do tratamento e menor o risco de sequelas.
“Há dois tipos de AVC:
isquêmico e hemorrágico. No AVC isquêmico, que ocorre em 85% das vezes, há uma
parada súbita da circulação de sangue em uma parte do cérebro. Já no AVC
hemorrágico acontece um sangramento. Nos dois casos, entretanto, o paciente
deve receber atendimento rápido e especializado – o que aumenta suas chances.
No caso do AVC isquêmico, por exemplo, se a pessoa for medicada adequadamente
numa ‘janela’ de até três horas após os primeiros sintomas, as chances de
tratamento são bastante promissoras. Procedimentos como a trombólise venosa
(injeção de medicamento específico para desobstruir o vaso afetado) podem
reverter o quadro”, diz o médico.
Abala explica que, quando o
paciente chega ao hospital entre três e oito horas depois dos primeiros
sintomas de AVC, há a opção de trombólise arterial, em que um radiologista
intervencionista desobstrui a artéria comprometida por via endovascular,
através da realização de cateterismo e, eventualmente, do uso de medicamentos.
“É importante lembrar que esses procedimentos devem ser realizados em centros
especializados e por profissionais altamente treinados. Apesar de todas as
novas ferramentas para o tratamento, sequelas, frequentemente temporárias, são
bastante comuns, principalmente a paralisação de um lado do corpo e
dificuldades na fala”, diz o médico.
De acordo com o médico, saber
extrair o melhor de cada exame de imagem disponível faz toda a diferença na
hora de gerenciar um paciente que sofreu um acidente vascular cerebral. “A
tomografia computadorizada (TC), como é rápida e está sempre mais disponível
nos serviços de saúde, é a primeira opção para avaliar a severidade de um AVC.
Ela nos fornece informações importantes e, inclusive, nos permite diferenciar
os dois tipos ao evidenciar se houve sangramento. Além disso, estudos mais
avançados – como o de Perfusão Cerebral, através de TC ou ressonância
magnética (RM), e a Difusão Cerebral, através somente da RM – permitem
diferenciar os pacientes que se beneficiarão ou não do procedimento de
trombólise”.
Em cada caso, o radiologista
poderá sugerir o exame que oferecerá as informações mais importantes no
momento, desde que estejam todas à disposição. “A RM é muito sensível para
detectar pequenas hemorragias cerebrais e também o AVC isquêmico superagudo,
sendo nesse caso superior à TC”, diz Abdala – afirmando que os sintomas do AVC
isquêmico se diferenciam um pouco dos sintomas do tipo hemorrágico. “No
acidente vascular isquêmico, a pessoa pode sentir perda de força em um braço,
numa perna ou em todo um lado. Também pode entortar a boca e ter dificuldade
para falar, perder a coordenação motora, e ainda sentir formigamento. No tipo
hemorrágico, soma-se uma súbita e intensa dor de cabeça, podendo apresentar
vômito e desmaio”. Para o neurorradiologista, conhecer os fatores de risco para
AVC já é um grande passo para que as pessoas possam gerenciar melhor sua saúde
e qualidade de vida. Os principais são: tabagismo, histórico familiar de AVC,
hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (colesterol alto) e arritmia
cardíaca. De toda forma, aos primeiros sintomas, é fundamental recorrer ao
pronto-atendimento mais próximo. Como diz o especialista, “tempo é cérebro” –
por isso, informação e velocidade de ação são muito importantes para os
resultados.
Dr. Nitamar
Abdala - neurorradiologista e diretor da UMDI Medicina
Diagnóstica – referência em exames de imagem da região do Alto Tietê (Mogi
das Cruzes, Itaquaquecetuba e Suzano). www.umdi.com.br
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