Cardiologista
alerta sobre riscos e dá dicas de prevenção
As doenças cardiovasculares são as que mais
causam mortes no Brasil. Por ano, estima-se 350 mil vítimas, quase o dobro das
mortes por câncer, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Em
2016 já foram registradas quase 198 mil mortes por doenças cardiovasculares no
Brasil, de acordo com o Cardiômetro da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC).
Foi pensando nesses números que o Ministério da
Saúde instituiu o dia 8 de agosto como o Dia Nacional do Combate ao
Colesterol Alto. Com isso, pretende-se conscientizar a população sobre os
riscos e a relação do colesterol alto com problemas como hipertensão, obesidade
e diabetes, tão comuns e, ao mesmo tempo, tão danosos à saúde.
“Cerca de 80% dos brasileiros hipertensos não
fazem o controle da doença adequadamente. Além disso, fatores como sedentarismo
(46% dos brasileiros não praticam exercícios físicos), ingestão de bebidas
alcoólicas (24% da população consome, ao menos, uma vez por semana) e tabagismo
(Brasil registra um percentual de 10.8% de fumantes), agravam o risco de
doenças cardiovasculares”, conta o cardiologista Antônio Alceu dos Santos,
membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Mas o colesterol é sempre ruim?
O médico explica que o colesterol é uma
substância essencial para nosso organismo. “Nosso corpo utiliza o colesterol
para produzir hormônios que ajudam a combater o estresse e protegê-lo,
inclusive, contra doença cardíaca e câncer. O
desequilíbrio entre as taxas de HDL (colesterol bom) e LDL (colesterol ruim) é
que pode fazer mal ao coração”, ressalta Santos.
O excesso de colesterol pode levar ao infarto e
ao acidente vascular cerebral (AVC). “O colesterol alto pode causar doenças do
sistema circulatório, como a arteriosclerose, que faz com que as artérias
fiquem mais grossas e rígidas, formando placas obstrutivas no interior dos
vasos sanguíneos, o que dificulta o fluxo de sangue para órgãos vitais como
cérebro e coração” explica o cardiologista.
Outra consequência do acúmulo da substância é a
formação de aneurismas. As artérias dilatam e podem se romper, causando
hemorragias, muitas vezes fatais.
Quando procurar um médico?
“Por se tratar de um problema de saúde que
normalmente não gera sintomas, a prevenção é a melhor conduta para evitar
sustos”, alerta Antônio Alceu dos Santos. As pessoas que têm histórico familiar
de doenças cardiovasculares devem fazer controles anuais com um médico e
avaliar colesterol e diabetes, controle de peso, orientação nutricional e
avaliação física. “O ideal é identificar o paciente na fase 1 (pré-clínica) da
doença, ou seja, antes de aparecerem os sintomas. Na fase 2 a doença já se
instalou e os sintomas começam a aparecer: dor no peito, falta de ar,
palpitações, tonturas, dores de cabeça. Na fase 3 ocorrem as dores agudas,
sinal de complicações cardiovasculares severas”, explica o médico.
Como evitar o colesterol alto?
“O corpo produz 70% do colesterol que temos,
por isso, uma pessoa que não come gorduras, pode ter colesterol alto. Mas uma
dieta equilibrada pode diminuir até 15% nos níveis do colesterol”, conta o
cardiologista.
O combo alimentação equilibrada + exercícios
consegue fazer com que os níveis de colesterol baixem de 20 a 30%, o que,
segundo o médico, muitas vezes é suficiente para se atingir níveis adequados.
“Mesmo para os pacientes que
precisam de remédios para controlar o colesterol, a dieta é importante, pois
potencializa a ação dos remédios para se atingir as metas de colesterol no
corpo, fazendo com que sejam necessárias doses menores, reduzindo efeitos
colaterais e diminuindo os custos do tratamento”, aconselha.
Antônio Alceu dos Santos - cardiologista,
especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
membro da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Equipe de Cirurgia
Cardiovascular e Transplante Cardíaco do Hospital da Beneficência Portuguesa
(SP). O médico também está à frente do projeto Bloodless, composto por uma
equipe de médicos de SP e MG, que visa mostrar à comunidade médica e à
população geral que existem alternativas às transfusões de sangue, que podem
ser mais benéficas à saúde do organismo, além de colaborar com a baixa situação
dos bancos de sangue pelo país.
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