Fundamental para a
saúde, alimentação pode ser prazerosa e trazer mais qualidade de vida ao
paciente
A diabetes é um mal da vida moderna – números recentes da OMS (Organização
Mundial da Saúde) demonstram que a quantidade de pessoas que sofrem da doença
quadriplicou nas últimas três décadas. E a expectativa é que esse aumento seja
ainda mais considerável nos próximos anos devido ao envelhecimento da população
mundial. Apesar de crônica, é totalmente possível levar uma vida normal com a
diabetes. A conscientização a respeito do impacto da alimentação, da prática de
exercícios físicos e da adoção de um novo estilo de vida é fundamental para
derrubar mitos e fazer com que a convivência com a diabetes seja mais tranquila
para pacientes e familiares.
Porque o açúcar é um vilão
Aquela vontade quase irresistível de comer um docinho que surge vez ou outra
tem explicação: De acordo com a nutricionista Jéssica Freitas da
Nova
Nutrii “Estudos já comprovaram que o açúcar estimula áreas do cérebro
responsáveis pela sensação de prazer, e por ser uma fonte de energia rápida, é
comum sentirmos desejo por comidas carregadas de açúcar e gorduras quando
passamos muitas horas sem comer. O grande problema é que o abuso de alimentos
carregados de açúcar pode acarretar no surgimento da diabetes, e levar à
complicações mais graves nos pacientes que já convivem com a doença.”
O diabetes tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico ataca as células
produtoras de insulina, fazendo com que sua produção não aconteça ou seja
insuficiente, geralmente aparece na infância ou na adolescência, mas pode ser
identificado em adultos também.
O diabetes tipo II, responsável por 90% dos casos da doença, ocorre quando o
organismo não consegue usar adequadamente a insulina, ou não a produz
suficiente para controlar a glicemia. Este hormônio produzido pelo pâncreas é
responsável pela entrada do açúcar nas células, para que o nutriente seja
transformado em energia posteriormente. Com a capacidade de aproveitar o açúcar
comprometida, o organismo passa a acumula-lo na corrente sanguínea, levando à
episódios de hiperglicemia.
Esse açúcar em excesso no sangue aumenta os riscos do surgimento de doenças
renais, problemas circulatórios que, em casos mais graves pode levar a
amputação de membros, acidentes vasculares (AVC), complicações da visão e até mesmo
cegueira. Além disso, a diabetes não controlada triplica as chances de infarto.
Por isso, a adoção de uma dieta com baixa ingestão de açúcares, o controle
constante da glicemia e a prática de exercícios físicos (em muitos casos
visando a perda de peso) são fatores indispensáveis para manutenção da saúde do
diabético.
A importância do controle glicêmico
É comum acreditar que, ao se descobrir a doença, a alimentação já não será
mais tão prazerosa, e que o paciente terá que abrir mão de diversas coisas que
gosta. É fato que mudanças significativas deverão ser tomadas afim de reduzir
os riscos de complicação da doença, mas isso não implica em abrir mão de uma
alimentação saborosa e os pequenos prazeres da mesa. O indivíduo que se depara
com essa nova realidade não terá que abrir mão de almoços de família, festas de
aniversário ou happy hour com os amigos simplesmente por causa da sua restrição
alimentar. Seguindo uma dieta visando o controle glicêmico, mantendo bons
níveis de colesterol e praticando exercícios físicos, é possível levar uma vida
normal, a única diferença é que o paciente com diabetes deverá acompanhar
constantemente a sua glicemia e com base nisso, fazer a escolha dos alimentos
adequados.
A maioria das pessoas desconhece o índice glicêmico (IG) dos alimentos, mas
ele é fundamental para escolha dos alimentos da dieta do diabético. “O paciente
com diabetes precisa ter conhecimento de que cada alimento possui uma
concentração de açúcar, que pode ser liberada de forma rápida ou lenta no
organismo – é o que chamamos de índice glicêmico. Diabéticos devem dar
preferência à alimentos com baixo índice glicêmico, pois além de possuírem
menos açúcar, o liberam de forma mais lenta no organismo, evitando picos de
glicose no sangue.” – explica a nutricionista. Isso significa que determinados
alimentos têm potencial maior de causar episódios de hiperglicemia, e logo,
devem ser consumidos de maneira moderada.
Esse índice é uma das principais ferramentas dos nutricionistas na hora de
elaborar uma
dieta
para controle glicêmico, pois classifica os alimentos com potencial
glicêmico baixo, moderado ou alto, numa escala que vai até 100. Esse recurso
também é muito útil para os diabéticos: “Conhecer este índice facilita as
variações de cardápio no dia a dia. Isso possibilita que o paciente escolha os
alimentos que mais o agradam dentro do seu controle glicêmico, tornando a dieta
mais prazerosa.” Porém, isso não implica na restrição de alimentos com IG
elevado, eles podem ser úteis em episódios de hipoglicemia, auxiliando a
equilibrar o nível de açúcar no sangue, quando a glicemia está abaixo do
normal.
Com moderação, existem diversas possibilidades
O acompanhamento profissional na elaboração da dieta do diabético é
indispensável, diversos fatores como estilo de vida, uso de medicamentos, e
outras questões de saúde são determinantes na elaboração de uma dieta
especializada. Porém, algumas diretrizes básicas são capazes de tornar a
convivência com a diabetes mais tranquila.
Fibras são excelentes e indispensáveis no cardápio do
diabético, além de ajudarem a regular o intestino e facilitarem a digestão,
ajudam a controlar a liberação de açúcar no organismo. Por isso, o paciente
deve sempre optar por grãos integrais, como possuem mais fibras, ajudam tanto
no controle da glicemia, quanto na sensação de saciedade.
Carboidratos estão entre os alimentos que mais fazem a
glicemia subir, mas engana-se quem acredita que o diabético deve evita-lo:
“Como são essenciais para prover energia ao organismo, o ideal é que se opte
por carboidratos complexos como a aveia, pães, massas e arroz integrais. Em
comparação com os carboidratos simples, que liberam energia quase imediata, a
ingestão dos carboidratos complexos provê uma energia mais duradoura”.
O consumo de
frutas deve ser controlado cuidadosamente,
elas estão na categoria de carboidratos simples e por possuírem frutose podem
elevar a glicemia bruscamente. Porém, como são fontes de nutrientes e
vitaminas, devem ser ingeridas moderadamente, “entre 3 e 4 porções por dia e,
de preferência, optando por aquelas com índice glicêmico menor”.
As
proteínas também são essenciais para prover vitaminas do
complexo B, ferro e outros micronutrientes. Quanto às proteínas animais, o mais
recomendável é optar por carnes brancas, porém a carne vermelha magra também é
permitida. Já os peixes ricos em gordura são ótimas fontes de proteína, “a
gordura presente em peixes como salmão é muito benéfica ao organismo”.
Lembrando que o preparo dos alimentos deve ser o mais saudável possível,
evitando frituras e empanados, o que aumenta a concentração de
gordura.
Da mesma forma, as versões desnatadas de leites e derivados são uma escolha
mais adequada para o controle do colesterol e, consequentemente, do peso –
fator muito importante para saúde do diabético.
Leguminosas e vegetais são indispensáveis na dieta de todas
as pessoas pois são fontes importantes de fibras e micronutrientes. A boa
notícia é que em geral, possuem índice glicêmico baixo e ajudam a variar o
cardápio da dieta. Os
alimentos dietéticos são uma opção
prática, especialmente nos lanches entre as refeições ou em ocasiões especiais.
Ficar muito tempo sem comer faz com que a glicemia suba rapidamente, por isso é
imprescindível alimentar-se de 3 em 3 horas. Porém, é importante ressaltar que
todo tipo de produto industrializado deve ser consumido moderadamente, a
alimentação natural, de preferência preparada em casa, é sempre mais saudável.
Diabéticos que apresentem falta de apetite, perda de peso excessiva e outras
restrições alimentares que comprometam a ingestão de nutrientes também podem
precisar de
suplementos
alimentares específicos, que ajudem a complementar a alimentação,
afim de evitar a desnutrição e auxiliar no controle da glicemia. Nesses casos,
o acompanhamento de um nutricionista é fundamental.
Exercício físico é um grande aliado.
Na maioria dos casos, o tratamento da doença inclui a prática de exercícios
afim de controlar o colesterol, reduzir o peso e diminuir a probabilidade de
complicações da doença. Além disso, o exercício físico faz com que o
aproveitamento da glicose no organismo seja aprimorado. O esforço realizado
pelos músculos exige mais energia do organismo e diminui naturalmente os níveis
de glicose no sangue. Outro benefício é que a prática de atividades físicas
pode reduzir a dependência de medicamentos, pois estimula a produção de
insulina no organismo e aumenta a sensibilidade ao hormônio.
Porém o acompanhamento profissional é fundamental, assim como a alimentação,
o tempo de treino, intensidade e tipo de exercício podem variar bastante de
acordo com as condições físicas e de saúde do diabético. Logo, o apoio de
profissionais de saúde e do esporte, são indispensáveis. No geral, exercícios
aeróbicos de baixo impacto são os mais recomendados: caminhar, pedalar, e
atividades como natação e hidroginástica são ótimas para dar condicionamento e
ajudar na perda de peso. Além de prevenir contra as temidas complicações que
podem surgir da diabetes não controlada.
Dicas importantes
Com o tempo, é comum que o paciente com diabetes apresente episódios de hipoglicemia.
Quando o nível do açúcar está muito baixo no sangue, sintomas como mal estar,
tremores, palpitações, fraqueza e confusão mental são comuns. Ela pode ocorrer
quando o indivíduo fica muito tempo sem se alimentar, devido a superdose de
insulina ou a prática de exercícios físicos em excesso. Por isso “tenha sempre
à mão alimentos que podem elevar rapidamente a glicemia: balas, pequenos sachês
de mel ou um simples copo de água com açúcar pode acabar com o problema.” -
explica a nutricionista.
Naturalmente, a pele do diabético é mais sensível e o processo de
cicatrização mais lento. A desidratação pode agravar isso ainda mais, “por
isso, é importante beber pelo menos 2 litros de água ao longo do dia.”
Apesar de existir uma variedade de alimentos dietéticos, dê sempre
preferência pela alimentação natural. Alimentos industrializados normalmente
compensam a falta de algum ingrediente com outro que pode também ser
prejudicial em excesso. “Pode ser livre de açúcar, mas rico em sódio para
compensar o sabor, por exemplo. Ou seja, você ganha de um lado mas perde de
outro. A refeição preparada de maneira mais natural possível, é mais segura,
nutritiva e saudável.” Falando em dietéticos, não abuse dos refrigerantes diet
“As bebidas gaseificadas aumentam o volume do estomago, dando a falsa sensação
de saciedade – o que pode fazer com que o indivíduo perca a fome, pule
refeições ou simplesmente se esqueça de se alimentar.”
Por fim, uma dica de saúde importante é ter um cartão indicando que você
possui diabetes junto com seus documentos. Episódios extremos de hipoglicemia
podem levar a perda de consciência, e a medida pode facilitar o socorro além de
diminuir os riscos.
Fonte: Nova
Nutrii