Nas
últimas décadas, vimos crescer o interesse geral acerca do tema da andragogia,
a ciência de ensino para adultos. A realidade é que adultos e crianças aprendem
de maneiras diferentes e esse conhecimento passou a ser fundamental dentro das
empresas, uma vez que cresceu também o mercado de treinamento empresarial.
A
palavra andragogia vem do grego Andros (adultos) + Gogos (educar). Essa ciência
de educação propõem um estudo sobre o comportamento do adulto durante o
processo de aprendizagem. Malcom S. Knowles, um dos maiores nomes desse campo,
define a andragogia como a “arte e ciência de orientar adultos a
aprender”.
Existem
muitos princípios que definem a andragogia e um deles é a necessidade de saber.
O adulto, diferentemente da criança, precisa entender o ganho que ele terá com
o aprendizado, como ele irá usar os conhecimentos em seu dia a dia. Outro
conceito importantíssimo é o papel das experiências: o adulto prefere aprender
fazendo. O aprendizado será muito mais rico e valorizado se ele sentir que está
co-criando, participando intensamente e contribuindo para o processo de
aprendizagem dos outros.
Se
analisarmos esses dois princípios da andragogia, vamos perceber porque o método
Lego Serious Play (LSP) está fazendo tanto sucesso no treinamento de
executivos. Além de ser uma maneira prática de aprendizagem, a técnica estimula
o pensamento sistêmico aplicando a metodologia sempre para a resolução de um
problema real. Essa ideia está totalmente conectada com o princípio andragógico
da necessidade de saber o motivo das atividades. Outra vertente que torna o
LEGO extremamente eficiente para o aprendizado dos executivos é o uso das mãos
no processo.
Nossas
mãos estão conectadas com 70 a 80% das nossas células cerebrais. O cérebro tem
uma limitação na quantidade de informação que consegue processar de maneira
consciente, no entanto, as mãos não têm esse problema com a quantidade de
movimentos. Elas ajudam o cérebro a guardar informações por meio dos movimentos
que fazem, auxiliando as conexões neurais a percorrerem o mesmo caminho e
ajudando no processo de memorizar informações.
A
técnica de aprendizagem do LSP não depende da competência verbal, típica do
mundo corporativo, onde é preciso preencher “páginas em branco” com a ideia a
ser desenvolvida. Ao invés disso, são usados blocos de peças de LEGO. Dessa
forma, o método induz o executivo a pensar de maneira visual e literalmente com
os dedos. Todo o conhecimento consegue se manifestar de maneira não verbal, por
meio do movimento e do estímulo visual.
O método LSP surgiu em
1996, dentro da LEGO Company. Na época, a empresa estava perdendo mercado
devido ao avanço dos jogos eletrônicos e precisava de um novo processo
estratégico. Na busca por alternativas, os criadores da metodologia descobriram
que poderiam usar as peças e elementos do LEGO como uma ferramenta para abordar
os problemas organizacionais. Desde então, as técnicas e formas de aplicação
tem sido usadas ao redor do mundo e estão conquistando cada dia mais empresas
de todos os portes e grandes corporações multinacionais.
A ideia é que o método
incentive o pensamento criativo, fazendo com que as peças sejam metáforas para
os cenários empresariais. É possível aplicar o LSP para as infinitas demandas.
Na prática, a metodologia pode ser aplicada a qualquer problema, desde
relacionamento com o cliente, passando pelo planejamento estratégico, pesquisa
e desenvolvimento, RH até o dia a dia da operação. Um mundo de possibilidades
para o universo corporativo.
Julio Cesar Costa - fundador da Think Market e facilitador do Lego
Serious Play no Brasil.