Ainda desconhecido pela maioria da população,
distúrbio não hereditário prejudica coagulação do sangue e pode causar graves
hemorragias
Foi a partir do surgimento de hematomas na perna que Tatiane Guimarães,
de 36 anos, descobriu que havia desenvolvido hemofilia adquirida em 2018. Essa
condição rara afeta a coagulação do sangue e pode causar graves hemorragias.
Embora não existam muitos dados sobre a doença, estima-se que mais de 300
pacientes desenvolvam essa condição todos os anos no Brasil, e que grande parte
não seja diagnosticada corretamente.
A hemofilia adquirida ainda é desconhecida pela maioria da população e, por
vezes, até pela comunidade médica. Por isso, organizações, profissionais de
saúde e pacientes aproveitam o Dia Mundial da Hemofilia, lembrado nesta
sexta-feira (17), para alertar e conscientizar a todos sobre a doença.
Estudante de Serviço Social, Tatiane sofreu até ser diagnosticada com a condição.
Isso porque, ao surgirem os primeiros sinais, acreditava que um “simples
hematoma” não era indício de algo grave. Quando o quadro piorou, ela procurou
ajuda médica e foi encaminhada para avaliação de hematologistas, especialistas
que tratam doenças relacionadas ao sangue e a órgãos como medula óssea,
gânglios linfáticos e baço. No entanto, a paciente voltou para casa com o
parecer médico de trombose, formação de um coágulo sanguíneo em veias das
pernas e das coxas e consequente inchaço e dor na região.
“Quando começou a aparecer manchas roxas na minha perna, a princípio não me
importei. Depois, isso foi se agravando. Acho que houve uma demora no
diagnóstico, porque a minha situação piorou e tive muitos hematomas e
sangramentos”, conta.
Com sangramento externo, ela se dirigiu novamente a uma unidade de saúde em
busca de socorro. Sem precisão no diagnóstico, a estudante foi encaminhada para
outro hospital, onde ficou internada por alguns dias. Somente após dois meses,
veio a comprovação médica de que estava com hemofilia adquirida. Ao começar o
tratamento, Tatiane teve os sintomas da doença controlados – entre eles, o
sangramento de mucosas, como nariz e boca e cortes na pele, que podem levar
mais tempo que o normal para cicatrizar.
O foco inicial dos médicos era controlar emergencialmente o sangramento por
meio de medicações e, ao mesmo tempo, eliminar os anticorpos que dificultam o
processo de coagulação.
“Como os hematomas apareciam frequentemente, eu tomava muito remédio para dor.
Era, praticamente, morfina e analgésicos a cada quatro horas. Por serem
medicações muito fortes, tive que tomar outros remédios”, lembra ela.
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Grupo de risco
Gerente médico da Novo Nordisk, empresa global de saúde com mais de 95 anos de
inovação e referência nos cuidados com o diabetes, e focada também em obesidade
e distúrbios hematológicos e endócrinos raros, Carlos Magno Leprevost explica
que o tipo mais comum de hemofilia, a congênita, é um distúrbio genético e
hereditário que, embora raro, é mais frequente entre pessoas do sexo masculino
e geralmente diagnosticada na infância, ao contrário do que ocorre em pacientes
como Tatiane.
O médico ainda reitera que, no caso da hemofilia adquirida, a condição pode
afetar homens e mulheres, principalmente idosos acima de 65 anos. Pessoas com
doenças autoimunes, como lúpus e esclerose múltipla, com algum tipo de câncer
ou grávidas, fazem parte do grupo de risco e estão mais vulneráveis ao
organismo desenvolver incapacidade de formar coágulos estáveis.
“O principal desafio na hemofilia adquirida, por ser ultrarrara, é difundir
conhecimento técnico e de qualidade para os profissionais médicos e pacientes.
A partir do momento que aumentarmos o conhecimento em relação à
comunidade científica, mais diagnósticos serão feitos e mais pessoas terão
acesso a um tratamento específico e eficaz”, esclarece Magno.
Além dos hematomas, o especialista da Novo Nordisk pondera que sangramentos
espontâneos com aumento progressivo em áreas do corpo como tronco e costas
também podem indicar hemofilia adquirida.
“Se não há um diagnóstico específico, não conseguimos lançar mão de uma terapia
certeira. Esse é o principal ponto”, completa.
Em virtude disso, a presidente da Federação Brasileira de Hemofilia (FBH),
Tania Pietrobelli, ressalta a importância que tem o dia 17 de abril na luta
para que a hemofilia adquirida e outras doenças raras sejam conhecidas no país.
“O Dia Mundial da Hemofilia é um motivo para lembrarmos a sociedade sobre as
coagulopatias hereditárias, sobre a hemofilia, inclusive a hemofilia adquirida,
que está começando a ser pensada neste momento. Acredito que essa data é
extremamente importante para fazer com que toda a sociedade se una para
divulgar informação”, destaca.
Para mais informações sobre diagnóstico, sintomas, tratamento e outras
orientações a respeito da hemofilia, acesse o site da Novo Nordisk
Brasil: www.mudandoahemofilia.com.br.
Fonte: https://www.agenciadoradio.com.br/