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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Proteção a idoso existe por nossa incapacidade de amar





Imagem Ilustrativa Pixabay/Julim6
Egoísmo, falta de amor e consideração pelo ser humano impulsiona a violência contra o idoso. O desrespeito acontece por parte do Estado e da família. A burocracia no país é um obstáculo muitas vezes intransponível para aqueles que desejam realizar um trabalho voltado a este público.
Há também uma questão cultural.  Muitos filhos entendem que depois que se casam e têm filhos “constituem família”. Eles se esquecem de que antes de casar e ter filhos já possuíam família, composta de pai e mãe, ou somente um deles, ou ainda por tios e avós. Nesse contexto, os filhos passam a olhar para o idoso como um incômodo, alguém que só dá trabalho, acabando por abandoná-los e, até mesmo, maltratá-los.
O Estatuto do Idoso é uma legislação contemporânea com o objetivo protetivo assistencial quanto às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Ela assegura, com tutela legal ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Ou seja, o Estatuto do Idoso sedimentou o direito constitucional de dignidade da pessoa humana, devendo qualquer idoso, em caso de desrespeito, maus tratos, abandono, ou qualquer tipo de violência, procurar delegacias ou pessoas próximas que possam auxiliá-lo para que se faça valer os seus direitos, inclusive com a determinação de sanções ao infrator.
Todavia, a maior reflexão não diz respeito à questão jurídica, mas as questões éticas, de valor e de amor, tendo em vista que o respeito ao idoso tem a ver com o respeito que temos por nós mesmos, enquanto seres humanos.
Todos nós devemos nos tornar idosos um dia, a menos que queiramos morrer antes. Se a sociedade tivesse essa conscientização, não precisaríamos de leis específicas com vistas à proteção de idosos, pois naturalmente, ou seja, por amor, já saberíamos o que fazer.

Viviana Callegari - advogada especialista em Direito Civil e Direito do Idoso, do escritório Posocco & Associados Advogados e Consultores (http://www.posocco.com.br/)

Outubro é o mês da conscientização sobre a doença de Gaucher




Doença rara atinge quase 900 pessoas no País. Sintomas que confundem médicos podem retardar o diagnóstico correto

Com o objetivo de difundir os sinais e sintomas da doença de Gaucher, enfermidade rara e hereditária que afeta cerca de 10 mil pessoas no mundo, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) lança a campanha #PenseGaucher. A campanha será realizada durante todo o mês, que também marca o Dia Internacional de Conscientização sobre a Doença de Gaucher (1.º de outubro). “Queremos chamar a atenção dos hematologistas, pediatras e demais profissionais da saúde para a doença e, com isso, reduzir a jornada do paciente em busca do diagnóstico, que pode levar décadas”, afirma Célia Campanaro, hematologista pediátrica, membro da ABHH.
Assim foi com Paulo Ricarte, da cidade de Tuntum, no Maranhão. “Um médico me disse que eu teria apenas mais um ano de vida. Ele não sabia o que eu tinha. Minha infância e adolescência foram muito difíceis”, conta. Ricarte só foi diagnosticado aos 23 anos, depois de passar por diversos médicos e especialistas. Hoje, desfruta uma vida praticamente normal, apesar de apresentar algumas sequelas, principalmente ósseas, por ter tido o diagnóstico da doença na fase adulta.  
“Por essas e outras histórias, temos de fazer com que os médicos e a população conheçam mais sobre a doença de Gaucher”, explica a hematologista. Com incidência estimada em 1 para 120 mil pessoas, o Brasil é o terceiro país com maior número de pacientes identificados, depois dos Estados Unidos e de Israel. Já são mais de 850 pacientes diagnosticados. Para Ricarte, depois do diagnóstico e início do tratamento, sua vida tomou novo rumo. “Gosto de fazer novas amizades, de conhecer gente. E quero contar a minha experiência para que outros não passem pelo que eu passei”, explica o paciente.
Esse longo período para chegar ao diagnóstico é uma das principais preocupações daqueles que lidam com a doença de Gaucher. “É de extrema importância que os profissionais da saúde reconheçam as manifestações clínicas e despertem a atenção para a doença, mesmo que não sejam eles os os responsáveis por conduzir o tratamento”, afirma Célia. É importante pensar e investigar os casos suspeitos. Por ser uma enfermidade evolutiva, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e iniciado o tratamento adequado, menores serão as chances de complicações, como por exemplo, as doenças ósseas. O principal objetivo da campanha é a qualidade de vida dos pacientes. Os primeiros sinais podem aparecer em qualquer idade, mas predominam na infância e adolescência. A doença de Gaucher pode ser classificada em três tipos:
- O Tipo 1 (forma não neuropática) corresponde a 95 % dos casos e é a forma mais comum. Afeta 1 em cada 40 mil a 60 mil indivíduos na população em geral e não compromete o cérebro ou o sistema nervoso. Alguns pacientes com a doença de Gaucher Tipo 1 podem ter pouco sintomas, enquanto outros podem apresentar manifestações graves, até fatais.   Os sinais e sintomas mais comuns são a barriga distendida, pelo aumento do baço e do fígado, fraqueza, palidez, dores ósseas, sangramentos e hematomas sem história de traumas nos locais. Também podem acontecer fraturas mais facilmente, pela fragilidade dos ossos. O hemograma pode mostrar anemia, redução de plaquetas e alterações de glóbulos brancos. A progressão da doença costuma ser lenta ou variável, e a sobrevida pode ser normal, na dependência das complicações.
- O Tipo 2 (forma neuropática aguda) é mais raro e grave. Afeta crianças com quatro a cinco meses de idade, compromete cérebro, baço, fígado e pulmão. Podem ocorrer convulsões, alterações na respiração e progressivo retardo mental. A doença evolui rapidamente, causando a morte geralmente até o segundo ano de vida.
- Já o Tipo 3 (forma neuropática crônica), também raro, é mais brando que o tipo 2.  O diagnóstico é feito na infância e adolescência e há comprometimento de cérebro, baço, fígado e ossos. A evolução do quadro neurológico é variável, mas menos grave que o do tipo 2. A sobrevida se dá até a segunda ou terceira década de vida. Os sinais e sintomas aparecem até o fim da infância, e os pacientes com doença de Gaucher Tipo 3 podem viver até a idade adulta.
O diagnóstico da doença de Gaucher se dá com base na história clínica e no exame físico.  Na doença de Gaucher, ocorre a redução da atividade de uma enzima, chamada glicocerebrosidase ácida, o que leva ao acúmulo de uma gordura específica dentro de células chamadas macrófagos. Esses macrófagos repletos da gordura não digerida são chamados de células de Gaucher, e encontrados em diferentes partes do corpo, principalmente no baço, no fígado e na medula óssea. A procura das células de Gaucher na medula óssea deve ser feita com atenção, e auxilia no diagnóstico.  A confirmação da doença de Gaucher se faz pela dosagem da enzima específica no sangue.  
O tratamento se baseia na reposição da enzima faltante e é chamado de Terapia de Reposição Enzimática (TRE). O paciente deve receber suplementação da enzima glicocerebrosidase ácida, desenvolvida em laboratórios especiais e muito parecida com a forma normal, que se encontra reduzida no paciente.  Com a TRE, os macrófagos passam a ficar livres do acúmulo da gordura, e as manifestações da doença têm melhora gradativa. Os efeitos marcantes da TRE são a diminuição dos volumes de fígado e baço, melhora das manifestações hematológicas (anemia e sangramentos), melhora da infiltração da medula óssea e das alterações ósseas, inclusive a dor, com grande melhora da qualidade de vida desses pacientes. O tratamento da TRE para a doença de Gaucher é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1996, e normatizado desde 2002 com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), balizado pelo Ministério da Saúde.

Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH):
A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) é uma associação privada para fins não econômicos, de caráter científico, social e cultural. A instituição congrega médicos e demais profissionais interessados na prática hematológica e hemoterápica de todo o Brasil. Hoje, a instituição conta com mais de 2 mil associados.

11 Mitos e verdades da amamentação





Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade orienta a população sobre a conscientização da importância do alimento para a saúde dos bebês

Com o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) orienta e tira as principais dúvidas sobre o aleitamento materno, que além de nutrir, fortalece a relação entre mãe e bebê. Para o diretor de comunicação da entidade, Rodrigo Lima, o leite materno é essencial para o desenvolvimento saudável do bebê e deve ser o alimento exclusivo até os seis meses de idade.
Conheça os mitos e verdades sobre a amamentação:
1. A criança pode ser amamentada até três anos de idade ou mais. VERDADE. Embora seja necessário introduzir outros alimentos após o sexto mês de vida, não há duração máxima para o aleitamento, sendo esta uma decisão da mãe.
2. É necessária a higienização das mamas antes e depois do aleitamento com água e gaze. MITO. Não há necessidade de qualquer preparo da mama antes de oferecer o leite materno ao bebê.
3. A química do cigarro e álcool podem ser transmitidas para o bebê pelo leite. VERDADE. Além do álcool e de substâncias presentes no cigarro, até mesmo medicamentos podem passar para o leite materno, e o uso de substâncias deve ser discutido com o médico de confiança.
4. Terapias alternativas, como floral, podem influenciar na qualidade do leite. MITO. Não existem evidências científicas confiáveis sobre isso.
5. Canjica e cerveja preta estimulam a produção de leite. MITO. Idem.
6. O colostro, o primeiro leite após o nascimento da criança, é rico em anticorpos e importante para o bebê. VERDADE. O colostro tem papel importante na saúde do bebê, pois transfere anticorpos da mãe para o bebê que podem protegê-lo de infecções enquanto seu sistema imunológico ainda está em formação.
7. Cada mãe produz um tipo de leite diferente. VERDADE. O leite de cada mãe é produzido de acordo com suas características corporais e hábitos de vida.
8. A alimentação e quantidade de água diárias influenciam na qualidade e quantidade de leite. VERDADE. O leite é elaborado a partir dos nutrientes ingeridos pela mãe.
9. A produção de leite é hereditária, se a mãe não conseguiu amamentar, a filha também terá dificuldade. MITO. A produção de leite depende do estado de saúde da mãe e da estimulação do bebê.
10. A amamentação reforça o vínculo entre mãe e bebê. VERDADE. O ato de amamentar aproxima a mãe do bebê, e é importante na formação do vínculo entre eles.
11. Amamentar dói. MITO. Embora em alguns casos a amamentação possa produzir algum incômodo inicialmente, essa queixa costuma desaparecer à medida que a mãe se acostuma. A persistência de dor pode significar algum problema e deve ser comunicada ao médico de confiança.

Quem é o médico de família e comunidade (MFC)?
A medicina de família e comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O MFC é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias. É um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 3.200 médicos com título de especialista em medicina de família e comunidade.

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