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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Redação do Enem: nove dicas para garantir uma boa nota

Produzir uma redação adequada no Enem é fundamental para garantir uma boa nota no exame, o que representa justamente o maior desafio para muitos estudantes. Na visão da maioria dos candidatos, essa parte da prova é considerada complicada e trabalhosa. No entanto, com a aplicação de algumas técnicas e o uso de métodos eficientes na produção de texto, essa missão pode se tornar mais fácil e bem-sucedida.

Kalen Franciele Piano, professora de Redação do Colégio Passo Certo, de Cascavel (PR), explica que o formato de redação do Enem é a dissertação-argumentativa, um gênero textual em que o estudante deve elaborar duas teses e defendê-las com base no tema proposto, utilizando repertórios e argumentação ao longo da produção. "Ao escrever, o candidato precisa ter em mente que o texto deve seguir uma estrutura bem definida, compreendendo os seguintes elementos: uma introdução que contextualiza o tema, um desenvolvimento sequencial com os pontos de vista de quem escreve, uma proposta de intervenção relacionada às teses defendidas e uma conclusão", explica Kalen.

Denize Juliana Reis Cardoso, professora de Redação do Colégio Semeador, de Foz do Iguaçu (PR), acrescenta que o primeiro passo é refletir sobre o tema antes de começar a escrever. “No momento da prova, após conhecer o tema proposto, é crucial ponderar sobre ele. Faça uma lista de tudo o que você consegue recordar relacionado ao assunto, utilizando seu repertório pessoal, como músicas, filmes, livros, frases de pensadores, opiniões de autoridades e dados relevantes. Registre todas essas ideias para, posteriormente, com base nessas anotações e um projeto de texto, iniciar o rascunho da redação", orienta a professora.

As duas professoras separaram outras dicas importantes para que os estudantes possam se preparar e alcançar um bom desempenho na redação.


  • Posicionamento

Para Denize, antes de começar a pensar na argumentação, é preciso definir a tese a ser defendida. "É a partir dela que o candidato fará toda sua argumentação. Logo, não faz sentido pensar nos argumentos sem antes estabelecer um posicionamento", ressalta.


  • Coerência

A professora do Colégio Semeador orienta os candidatos a elaborar uma proposta de intervenção que esteja alinhada com a problemática abordada no texto. "Não adianta trazer uma solução genial se não for ao encontro daquilo que está sendo escrito", pondera.


  • Tempo para revisão e passar o texto a limpo

Denize alerta para que os estudantes lembrem de reservar um tempo para ler o que escreveram, realizar uma revisão cuidadosa e transcrever a redação para a folha de versão definitiva. Ela ressalta que, embora uma letra feia não desconte pontos, a legibilidade pode impactar a avaliação. “Portanto, apressar-se ao passar o texto para a folha final aumenta o risco de tornar a letra ilegível."


  • Respeito à diversidade e aos Direitos Humanos

Para Denize, este é um ponto que deve ser observado com cuidado pelo candidato: o Enem costuma abordar problemáticas sociais brasileiras. "É preciso lembrar que o Brasil é um país com enorme diversidade de povos, culturas e costumes. Portanto, é fundamental evitar generalizações e sempre respeitar os Direitos Humanos", destaca.


  • Evitar nota zero por fuga total do tema

A professora Kalen explica que a banca examinadora do Enem considera que uma redação tenha fugido ao tema quando nem o assunto mais amplo, nem o tema específico proposto são desenvolvidos no texto. Para evitar isso, é fundamental desenvolver uma discussão dentro dos limites do tema definido pela proposta. Mencioná-lo apenas no título, por exemplo, ou deixá-lo subentendido, supondo que a banca vai entender sobre o que se está falando, não é suficiente. Portanto, é necessário prestar muita atenção à abordagem do tema, que deve ser clara e explícita.


  • Desenvolvimento

O desenvolvimento do texto é a etapa em que o autor fundamenta e explica os argumentos apresentados na redação. É importante relacionar o desenvolvimento ao ponto de vista escolhido, utilizando exemplos, comparações e outras estratégias. Kalen salienta a importância de selecionar cuidadosamente as informações, considerando o limite de linhas, e realizar os desdobramentos necessários para evitar lacunas de sentido. Um bom desenvolvimento fortalece a argumentação e contribui para a consistência do texto, segundo ela.


  • Tamanho da Redação

A professora Kalen adverte que existe um limite de linhas estabelecido para a redação do Enem. Portanto, o texto deve consistir apenas em informações, fatos, opiniões e argumentos relevantes para a defesa do ponto de vista apresentado. “Evite desperdiçar linhas da redação com informações irrelevantes, repetitivas ou excessivas”, aconselha.


  • Intervenção

Ao propor uma intervenção, Kalen enfatiza a importância de explorar a abordagem que melhor se adequa ao tema e ao projeto de texto. No entanto, é essencial garantir que a proposta esteja claramente explicitada. Apenas mencionar a falta de ação ou de um projeto não é suficiente para configurar uma proposta de intervenção. É importante evitar propostas vagas, genéricas ou que não sejam compatíveis com a discussão em questão. A professora reforça que é necessário apresentar uma estrutura que torne a proposta de intervenção concreta e que aborde efetivamente a situação problematizada no texto.


  • Esteja preparado para o tema, seja ele qual for

Por último, a professora Kalen destaca que o mais importante não é acertar o tema que será proposto na redação, mas, sim, estar preparado com base nos eixos temáticos. Se o aluno leu, treinou e se preparou para discutir temas como saúde, tecnologia, educação, ou qualquer outro eixo temático de forma mais ampla, estará preparado para qualquer tema. É essencial conscientizar os estudantes de que eles precisam dominar o maior número possível de eixos temáticos, em vez de tentar adivinhar o tema da redação.



Colégio Passo Certo

Colégio Semeador


Adoção Tardia: um desafio contínuo no Brasil

O índice de crianças mais velhas e adolescentes adotados,
no Brasil, ainda é baixo, o que tem aumentado a discussão
acerca do tema, para possibilitar que eles encontrem
um lar, uma família antes dos 18 anos | Foto: Divulgação
 (Pexels)

A Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção, a Angaad, contribui para que a Adoção de crianças mais velhas e adolescentes seja mais significativa no país



Na complexa tapeçaria da Adoção, em que histórias de vidas se entrelaçam em busca de novas uniões familiares, o conceito de Adoção tardia emerge como uma temática desafiadora, revelando preconceitos e necessidades que clamam por atenção.

No Brasil, cerca de 5 mil crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento institucional ou familiar atualmente. Entretanto, há uma significativa disparidade em relação à faixa etária deles, pois mais de 77% desse total equivalem às crianças acima de 8 anos de idade e aos adolescentes, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

De outro lado, mais de 35 mil pessoas e/ou casais estão habilitados, à espera de seus filhos adotivos. Entre os caminhos deles, há uma certa resistência ao que é comumente chamado de Adoção tardia. “Ainda existe uma crença de que crianças mais novas vêm como uma ‘folha em branco’, como pessoas ainda livres de vícios de personalidade, que poderão ser moldadas desde o início pelos pais”, aponta Jussara Marra, presidente da Angaad (Associação Brasileira de Grupos de Apoio à Adoção).

Isso reflete um cenário composto por um grande estigma acerca do que a criança ou o adolescente viveu antes de ser encaminhado para a Adoção, seja em sua família de origem, seja no acolhimento.



Evolução do conceito

O conceito de Adoção tardia não é fixo, passa por modificações constantes e não encontra definição legal. O que existe é uma variação de acordo com a realidade da predileção externada pela maioria dos pretendentes à Adoção, apontando para idade de crianças superior àquela que esteja no topo das preferências.

“Há duas décadas, quando grande parte dos pretendentes optava por crianças até dois anos, a Adoção de crianças de três anos já era considerada tardia”, destaca Jussara. Hoje, crianças acima de oito anos de idade são consideradas dentro do espectro tardio, o que, de certa forma, é positivo no ponto de vista do aumento da faixa etária. Contudo, mesmo com as modificações, parte dos pretendentes busca crianças de até cinco anos, brancas, sem doenças graves e/ou deficiências, sem grupos de irmãos, com predileção por meninas.



Terminologia

Outra mudança em discussão diz respeito ao termo Adoção Tardia. Apesar de ser popular, tem caído em desuso por quem trabalha na seara da Adoção. “Embora ainda seja uma expressão bem comum, a justificativa para que seja substituída é a de que nenhuma Adoção é tarde demais. Nunca é tarde demais para se tornar filho, para se tornar família”, conta Jussara Marra, da Angaad.

Algumas terminologias, então, têm surgido para substituição, como Adoção de crianças mais velhas e adolescentes, a fim de quebrar paradigmas.

Há opiniões diversas sobre a necessidade de uma modificação, portanto uma reflexão é mais que necessária. Soraya Pereira, psicóloga, assessora de Psicologia da Angaad e presidente do grupo de apoio à convivência familiar e comunitária Aconchego, de Brasília, acredita que o termo continua atual e esclarecedor. “Já te diz, não no sentido de que toda Adoção tem que ser privilegiada. Para nós, do Aconchego, quando falamos em Adoção tardia, a gente pensa o seguinte: 'por que eu te encontrei tardiamente?'. É no sentido de 'por que esse encontro de criança, adolescente e adotante não aconteceu mais cedo?'”, ela diz. “É uma discussão que sempre existirá, da mesma forma que filho biológico e filho consanguíneo. Não acredito que existirá um único termo e sim vários. O importante, a meu ver, é que toda Adoção é necessária."



Desafios burocráticos

Enquanto a burocracia, por um lado, desempenha um papel essencial na preparação dos adotantes, ao longo do tempo decorrido, o qual deve ser aproveitado para elaboração de diversas questões internas, existem demoras injustificadas durante o acolhimento.

Muitas vezes, esse impasse é decorrente de limitações de equipes técnicas, acúmulos de processos em Varas Judiciais e, claro, os excessos na busca pela família biológica. Percebe-se um favorecimento injustificado ao biologismo, por meio de contato desmedido com parentes sem qualquer vínculo afetivo e/ou proximidade com a criança ou o adolescente.

“O tempo vai passando, as crianças e os adolescentes vão ficando mais velhos e, com os perfis de adotantes indicando, em sua maioria, crianças menores, o que vemos é o tempo ir contra a adoção dessas crianças”, lembra Jussara.

Além disso, na Adoção de crianças mais velhas e adolescentes, encontra-se uma grande dificuldade em entender que a idade que o documento de registro mostra não condiz com aquela que se vê demonstrada por atitudes e comportamentos.

Podem ser diversas as razões de desenvolvimento ainda incompleto de competências previstas para a faixa etária, que vão merecer maior atenção e dedicação para que sejam recuperadas.

"Quem quer adotar uma criança maior ou um adolescente precisa ter esse perfil, pois existe uma certa crença de, por exemplo, a pessoa falar: 'trabalho na área da Educação, sei lidar'. Mas uma coisa é ser mãe ou pai e outra é ser professora ou professor, sabe? Por isso eu acredito que precisamos trabalhar muito essa questão, para que as pessoas não se enganem, não se frustrem após a Adoção. Não achem que, sem preparação, darão conta de todos os cuidados que a criança ou que o adolescente precisa”, complementa Soraya.

A Adoção tardia no Brasil é uma questão complexa que envolve desafios emocionais, sociais e burocráticos. No entanto, criar condições seguras de acesso a um lar afetivo e permanente para crianças mais velhas e adolescentes é uma oportunidade de lhes proporcionar amor, estabilidade e um futuro promissor. Com maior conscientização dos profissionais, com a preparação devida dos acolhidos e dos pretendentes, com o apoio governamental para mudanças no sistema de acolhimento, é possível superar esses desafios, diminuir ou cessar a violência do acolhimento prolongado e dar a possibilidade de crescerem em um ambiente amoroso e acolhedor.

 


Sobre a Angaad
A Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção é organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que congrega e apoia os GAAs. Ela trabalha pela convivência familiar de crianças e adolescentes. Presente em todas as regiões do Brasil, a ANGAAD atua, desde 1999, de forma voluntária. Segue as diretrizes do ECA e representa os grupos junto aos poderes públicos e às organizações da sociedade civil, em ações que desenvolvem e fortalecem a cultura da Adoção.
A nova diretoria da ANGAAD, com gestão entre 2023 e 2025, é composta por Jussara Marra (presidente), Antônio Júnior (vice-presidente), Ingrid Mendes (secretária), Gilson Del Carlo (tesoureiro), Francisco Cláudio Medeiros (diretor jurídico), Sara Vargas (diretora de relações públicas), José Wilson de Souza (diretor financeiro), Erika Fernandes (diretora de comunicações), Eneri Albuquerque (diretora técnica) e Hugo Damasceno (diretor de relações institucionais).
www.angaad.org.br
e-mail: angaad@angaad.org.br
@angaad_adocao



Falta do celular durante Enem pode comprometer desempenho nas provas

Crédito: Envato
 Chamada de "nomofobia", ansiedade causada pelo afastamento do aparelho prejudica raciocínio; saiba como lidar com isso


Um medo irracional de ficar longe do celular que pode causar irritabilidade, ansiedade e até mesmo pânico – essa é a definição de “nomofobia”, um termo que surgiu no Reino Unido há quase 15 anos, e que significa, literalmente, medo de estar sem o celular (em inglês, “no mobile phobia”). Em um mundo cada vez mais digitalizado, esse medo pode atingir pessoas de todas as idades, mas é mais comum entre os jovens que estão acostumados, muitas vezes desde a infância, a ter o dispositivo em mãos o tempo todo. Esse pode ser um grande problema em situações em que é obrigatória a ausência do celular, como durante a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Principalmente durante os estudos, até mesmo na sala de aula, o celular pode ser uma grande fonte de desvio de foco. Para o consultor pedagógico da Conquista Solução Educacional, Anderson Leal, uma dica importante é “ir praticando” ficar longe do celular por algumas horas, simulando o que acontece durante a realização da prova. Assim, o estudante pode chegar mais acostumado a essa situação e sentir menos os efeitos de ficar longe do dispositivo.

O especialista afirma que uma boa estratégia é evitar mexer no celular durante as horas de estudo para o Enem. “Assim, com o tempo, seu cérebro vai entendendo que você precisa se concentrar nas atividades e esse ‘medo’ de perder o que está acontecendo no mundo externo vai se apaziguando”, explica. Ele sugere, ainda, que, caso não seja possível estudar sem o auxílio do aparelho, é fundamental, ao menos, desativar as notificações dos aplicativos para manter o foco.


Questão emocional

Divulgado no periódico Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking pela City University de Hong Kong, um estudo realizado na Coreia do Sul aponta que, para estudantes universitários, os smartphones são uma extensão do próprio corpo e identidade. Ficar longe dos aparelhos, segundo a pesquisa, causa angústia e ansiedade nos jovens.

O psicólogo, doutor em Filosofia e professor do curso de Psicologia da Universidade Positivo (UP), Romano Scroccaro Zattoni, ressalta que esse tipo de sofrimento emocional pode ser combatido durante a preparação para o Enem, realizando atividades longas de avaliação, como simulados, já com a ausência do aparelho. “É fundamental se acostumar com essas situações de provas extensas antes da chegada da data do Enem, a fim de saber o que esperar durante o teste e encarar essa dificuldade da ausência do celular como uma tarefa necessária”, aconselha. Zattoni também recomenda conhecer o local da prova com alguns dias de antecedência, pois o alinhamento de todos esses fatores pode mitigar a dificuldade de ficar longe do smartphone por algumas horas.

Além disso, Leal reforça que é indispensável manter-se hidratado e alimentado durante a realização do Enem também porque, caso bata a ansiedade de ficar sem o celular no meio da prova, um corpo bem hidratado e sustentado saberá lidar melhor com os sintomas da nomofobia. “Não deixe de levar água e lanchinhos para consumir durante o teste. O consumo dessas bebidas e alimentos vai prover a energia necessária para manter o foco para a resolução das questões da prova”, finaliza.

 

Conquista Solução Educacional


O sistema de prestação de cuidados de saúde necessita de mudanças estruturais e urgentes

Os consumidores brasileiros estão questionando uma crença de longa data sobre os cuidados de saúde que recebem. Durante décadas, pensava-se que o Sistema de Saúde proporcionava os melhores cuidados de Saúde do mundo, uma vez que aproveitavam as tecnologias mais recentes, os profissionais altamente treinados e os maiores orçamentos.

No entanto, os relatórios e estatísticas divulgados nos últimos anos mostram um cenário atormentado por erros evitáveis, procedimentos desnecessários e uso indevido e subutilizado de serviços.

Para se ter uma ideia deste cenário, o sistema de saúde brasileiro desperdiça 53% do custo assistencial e a ineficiência no uso do leito hospitalar apresenta 49,3% do desperdício de uma unidade. Os eventos adversos contribuem com 21,3% dos desperdícios e as reinternações hospitalares precoces potencialmente previsíveis representam 13,5% do desperdício. AS internações por condições sensíveis à atenção primária equivalem a 11,5% do total.

Estes resultados de cuidados de má qualidade levaram a dezenas (se não centenas) de milhares de mortes evitáveis, centenas de milhares de lesões evitáveis e bilhões de reais em custos desnecessários para organizações e indivíduos que financiam cuidados neste país.

O sistema de prestação de cuidados de saúde necessita de mudanças estruturais. Os níveis de frustração, tanto dos pacientes como dos médicos e profissionais da saúde, provavelmente nunca foram tão elevados. Os cuidados de saúde atuais prejudicam com demasiada frequência e falham rotineiramente na obtenção dos seus benefícios potenciais e os problemas de Qualidade estão por toda parte, afetando muitos pacientes. Infelizmente, entre os cuidados de saúde que temos e os cuidados de saúde que poderíamos ter, existe um abismo.

Estas constatações e outras semelhantes refletem uma crença crescente entre muitas partes interessadas que algo está fundamentalmente errado com o sistema de saúde brasileiro e que esta situação precisa mudar.

Por isso que sempre comento: o sistema de Saúde brasileiro precisa ser reestruturado por uma política Nacional de Qualidade e de um novo modelo de governança para garantir a equidade e sustentabilidade.



Mara Machado - CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que há quase 30 anos capacita pessoas e contribui com as instituições de saúde para reestruturar o sistema de gestão vigente, impulsionar a estratégia de inovação e formar um quadro de coordenação entre todos os atores decisórios. O IQG vem trabalhando com parceiros internos do setor e externos para favorecer a geração de novas frentes para o sistema e colocar os prestadores de serviços em posição mais ativa. Atua no desenvolvimento de novas e modernas soluções para atender com agilidade as exigências do mercado atual.


Financiadores de pesquisa em saúde definem diretrizes para o enfrentamento de novas pandemias

 

No Brasil, integram a Glopid-R o Instituto Butantan,
 a Fundação Oswaldo Cruz e a FAPESP, que
sediou o encontro (
foto: Felipe Maeda/Agência FAPESP)

Nona assembleia geral da Global Research Collaboration for Infectious Disease Preparedness – entidade que reúne agências de fomento e órgãos governamentais de diversos países – foi realizada na sede da FAPESP nos dias 24 e 25 de outubro

 

A Global Research Collaboration for Infectious Disease Preparedness (Glopid-R) reúne instituições financiadoras que investem em pesquisas relacionadas com doenças infecciosas novas ou reemergentes, tendo por objetivo preparar as sociedades e acelerar a resposta a surtos com potencial pandêmico. Os membros são agências nacionais de financiamento à ciência, institutos de pesquisa acadêmica e organizações filantrópicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma das entidades globais que participam como observadora. No Brasil, integram a Glopid-R o Instituto Butantan, em São Paulo, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e a FAPESP, que sediou, nos dias 24 e 25 de outubro, a nona edição da assembleia geral da Glopid-R.

A abertura do evento teve a participação de Charu Kaushic, diretora científica do Instituto de Infecção e Imunidade dos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde (CIHR) e presidente da Glopid-R; de Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan; de Marco Aurélio Krieger, vice-presidente da Fiocruz; e de Niels Olsen Saraiva Câmara, assessor científico da FAPESP, representando o diretor científico Marcio de Castro.

Kaushic lembrou que, em 2020, mais de US$ 5 bilhões foram investidos no financiamento de pesquisas voltadas ao combate da pandemia de COVID-19. No total, foram mais de 15 mil auxílios. Mas esse enorme aporte de recursos ficou quase todo no chamado Norte Global, beneficiando primariamente os países mais desenvolvidos. Em 2021, já no segundo ano da crise sanitária, houve uma inflexão, agregando o Sul Global. “Foi nesse contexto que surgiu nosso primeiro hub regional, visando melhorar a eficácia das respostas nos países de baixa e média rendas da Ásia e do Pacífico”, afirmou.

A Glopid-R dispõe atualmente de duas articulações regionais: uma na Ásia e outra na África. Esses hubs atendem à necessidade de conectar as agências de fomento com instituições governamentais e da sociedade, visando a prontidão e a eficácia da resposta diante de novos surtos com potencial epidêmico ou pandêmico. Um dos grandes saldos da nona assembleia geral foi a forte recomendação para a constituição de um hub latino-americano. “Mais do que isso: iniciamos a discussão para constituirmos esse hub em parceria com o Instituto Adolfo Lutz. A ideia é aglutinar outras organizações regionais e nacionais”, disse Reinaldo Salomão, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e um dos principais organizadores do evento, no qual representou a FAPESP.

Pela primeira vez, uma assembleia geral da Glopid-R incluiu sessões abertas ao público, possibilitando o intercâmbio dos integrantes da colaboração com dirigentes de instituições regionais, pesquisadores e estudantes de pós-graduação.

A primeira sessão aberta tratou do tema “Beyond COVID: How to address future endemic and emerging infectious disease outbreaks?” (Para além da COVID: Como abordar futuros surtos de doenças infecciosas endêmicas e emergentes?) e foi conduzida por Kaushic e Mariângela Simão, ex-diretora-geral adjunta da OMS para Acesso a Medicamentos e Produtos Farmacêuticos e diretora-presidente do Instituto Todos pela Saúde (ITpS). E teve a participação de Patricia Garcia, da Universidad Peruana Cayetano Heredia; de Michael Makanga, da The European and Developing Countries Clinical Trials Partnership; de Ester Sabino, da Universidade de São Paulo (USP); Ana Maria Henao-Restrepo, da Organização Mundial da Saúde; Esper Kallás, do Instituto Butantan; e Manoel Barral Netto, da Fiocruz/Bahia.

Garcia enfatizou que, durante a pandemia de COVID-19, apenas 5,5% dos fundos de pesquisa foram direcionados para os países de baixa ou média rendas. “Isso ocorreu não apenas na África e parte da Ásia, mas também na América Latina, com exceção do Brasil”, disse. E apontou a necessidade de “pesquisas de impacto específicas que informem a política local, a estratégia e o acesso à inovação em futuras pandemias”.

Destacando a alta vulnerabilidade dos países africanos, Makanga afirmou que a Assembleia Mundial da Saúde (AMS), órgão decisório da Organização Mundial da Saúde (OMS), deveria adotar uma “estratégia global de dez anos para reforçar a capacidade de pesquisa e desenvolvimento e a capacidade de produção, também de vacinas, em todas as regiões do globo, inclusive as de baixa renda”.

Com foco na preparação para novos surtos prestes a acontecer, Sabino mencionou iniciativas positivas, como a Rede Colaborativa de Sequenciamento Genético no Brasil (Rede SEQV Br), afirmando que existe já uma capacidade de pesquisa instalada na maioria dos Estados brasileiros. E ressaltou que “o sequenciamento do genoma em tempo real deve ser integrado a dados epidemiológicos, clínicos e sorológicos para uma compreensão abrangente dos patógenos virais”.

Henao-Restrepo, que participou do evento por videoconferência, falou sobre construir resiliência contra surtos e pandemias. Descreveu as atividades principais do plano de pesquisa e desenvolvimento da OMS. E abordou as negociações intergovernamentais, mediadas pela entidade, com vista a um acordo global para prevenção de pandemias.

Em complemento às apresentações da primeira sessão, Kallás fez uma exposição panorâmica das atividades realizadas pelo Instituto Butantan. E Manoel Barral Netto descreveu o Sistema de Alerta Precoce de Surtos com Potencial de Pandemia (Alert-Early System of Outbreaks with Pandemic Potential – Aesop), desenvolvido pela Fiocruz/Bahia.

A segunda sessão aberta ao público tratou do lançamento do roteiro dos financiadores da Glopid-R para a coordenação de ensaios clínicos (Launch of GloPID-R Funders Living Roadmap for Clinical Trial Coordination). A sessão foi coordenada por John Amuasi, da African Coalition for Epidemic Research, Response and Training (Alerrt), e Alexandre Biasi, do Hcor.

Alice Norton, da Glopid-R, descreveu o processo de criação do roadmap, cujos objetivos são: “apoiar redes e plataformas de ensaios clínicos preparadas para epidemias; facilitar uma resposta de ensaios clínicos ágil e efetiva; promover um ambiente de pesquisa equitativo”. E Isabel Foster, também da Glopid-R, falou de sua implementação.

Vasee Moorthy, da OMS, apresentou a Resolução 75.8, da Assembleia Mundial da Saúde, que visa “reforçar os ensaios clínicos para fornecer evidências de alta qualidade sobre intervenções de saúde e melhorar a qualidade e coordenação da investigação”. E detalhou as orientações da organização para melhores práticas em ensaios clínicos.

Katherine Littler, também da OMS, tratou da priorização ética das pesquisas, baseada em quatro princípios: “promover valores sociais, atuar eficientemente, respeitar restrições éticas, seguir processos justos”. Palestras breves sobre a implementação de ensaios clínicos em diferentes regiões foram feitas por Biasi, do Brasil, Amuasi, de Gana, e Srinivas Murthy, do Canadá.

Reinaldo Salomão, Elisabeth Higgs (Institutos Nacionais de Saúde, Estados Unidos), Evelyn Depoortere (Comissão Europeia) e Yazdan Yazdanpanah (Agência Nacional de Pesquisas sobre Aids e Hepatites Virais, França) compuseram a última mesa, trazendo o posicionamento de financiadores-membros da Glopid-R.

A Glopid-R foi criada em fevereiro de 2013 em Bruxelas, Bélgica, por recomendação de chefes de organizações internacionais de pesquisa. A pandemia de COVID-19 foi um grande teste para a colaboração, que respondeu positivamente com a criação dos primeiros hubs regionais para maior inclusão do Sul Global. Com base em um sistema rotativo de gestão, o mandato da atual diretoria, presidida por Charu Kaushic, encerrou-se agora, e a entidade entrou em um período de transição para a composição do novo corpo diretivo, que deve ser escolhido até janeiro de 2024.

Reinaldo Salomão assim avalia o saldo da nona assembleia geral: “Ela fez um balanço do aprendizado da pandemia de COVID-19 e dos desafios para o enfrentamento de novas emergências sanitárias. Realizá-la na FAPESP trouxe a oportunidade de expor o tema a nossos pesquisadores nas sessões abertas ao público, de mostrar as diferentes forças e potencialidades de nossos pesquisadores e instituições e, maior desafio, apontou para a clara necessidade de construir, a partir dessa experiência, uma rede de articulação regional, o hub regional. Estou convencido de que cooperar e aprender uns com os outros é a melhor forma de preparação para uma resposta adequada e eficiente a futuras emergências em doenças infecciosas”.

As sessões abertas da nona assembleia geral da Glopid-R podem ser assistidas em: www.youtube.com/watch?v=GKnNg3n4Udk.


José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/financiadores-de-pesquisa-em-saude-definem-diretrizes-para-o-enfrentamento-de-novas-pandemias/50125


Competências digitais: como trabalhar essas habilidades dentro da formação de professores no Brasil?

Cristina Diaz, diretora da UpMat Educacional, destaca a necessidade dessas competências no mundo atual e a importância delas serem aplicadas na educação

 

O relatório “Conectados: tecnologias digitais para a inclusão e o crescimento”, publicado recentemente pela Banco Mundial, aponta que o Brasil é o país da América Latina que tem menos pessoas com competências digitais em nível avançado. O documento também retrata que o Brasil é um dos que menos investe em conectividade educacional em relação aos demais países da região, ficando à frente apenas de Argentina e Peru.

 

A partir desta análise, já é possível enxergar as consequências que vêm sendo geradas por meio da falta de investimento e capacitação na área. O documento demostra que a ausência de cidadãos com essas habilidades vem impactando em diversas áreas primordiais para o crescimento do país, como a parte de desenvolvimento econômico e inclusão social. De modo geral, a ampliação da conectividade digital acaba sendo uma oportunidade para reverter os quadros sensíveis.

 

Com base neste cenário, Cristina Diaz, diretora da UpMat Educacional, empresa que atua na Educação Básica a partir de conteúdos em Matemática e Pensamento Computacional, reflete sobre a importância de capacitar os professores com competências digitais para que esse conhecimento chegue até as crianças e jovens de todo país, garantindo um futuro mais inclusivo e desenvolvido.

 

“Investir em competências digitais é essencial para acompanhar a evolução tecnológica. Isso significa capacitar os professores para usar tecnologia de forma eficaz no ensino, desenvolvendo nos alunos habilidades como pensamento crítico e resolução de problemas. Afinal, o mundo está evoluindo rapidamente, então precisamos preparar nossas crianças e jovens para conseguir enfrentar os desafios do futuro”, explica a diretora.

 

A especialista afirma ainda que é fundamental oferecer formação continuada acessível e com custos viáveis, reconhecendo que nem todos têm acesso a recursos tecnológicos. “O ideal é encontrar soluções que possibilitem a atualização dos docentes e que seja possível aplicar esse conhecimento dentro da sala de aula. Neste sentido, o Pensamento Computacional pode ser um grande aliado, pois mostra como é possível adquirir habilidades "digitais" de forma desplugada, ou seja, mesmo sem depender de computadores ou acesso à internet”, destaca Cristina.

 

Atualmente, o mercado oferece diversas ferramentas que prometem ensinar essas competências, porém muitas delas não são acessíveis ou fáceis de usar. Recentemente, a UpMat Educacional lançou o Bebras Experience, plataforma que traz trilhas de capacitação para democratizar o ensino da computação nas escolas. “Com a formação do Bebras Experience queremos mostrar que o ensino de computação na educação básica pode ser aprendida e ensinada de maneira simples e acessível”, explica a especialista.

 

A plataforma, que pode ser adquirida por instituições de ensino, ainda conta com atividades prontas e organizadas para uso em sala de aula, auxiliando na formação de professores com habilidades em pensamento computacional, que podem ser trabalhadas de forma offline e desplugada em sala de aula.

 

Por fim, as competências digitais devem ser inseridas nos currículos em todos os níveis de ensino e a formação nessas competências passa a ser um assunto prioritário para a pauta da gestão escolar. Outros ganhos adicionais da conectividade estão no auxílio que ela presta aos docentes no sentido do acesso ao conteúdo educacional, da oferta de instruções e de dicas de como utilizar conteúdo. E o Pensamento Computacional entra com tudo nesse processo, oferecendo estratégias e processos para criar, entender e resolver problemas de modo a aproveitar os métodos tecnológicos para desenvolver soluções.

 

UpMat Educacional



Escolas brasileiras têm até 1º de novembro para iniciar ensino de computação, conforme BNCC indica

 Segundo a OPEE Educação, 32,07% dos educadores brasileiros utilizam a tecnologia na sala de aula, sendo que essa frequência é justificada pela maioria (48,40%) devido à disponibilidade de recursos tecnológicos da escola

 

Todas as escolas, públicas e privadas, do país têm até o dia 1º de novembro para iniciar a implementação do complemento curricular à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sobre computação.

 

Esse prazo foi definido na Resolução 1/2022, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), que determinou as diretrizes para a implementação do ensino de computação nas escolas.

 

Em termos práticos, isso significa que, até a data limite, as escolas precisam estar preparadas para colocar em prática o ensino de computação da educação infantil até o ensino médio. Vale ressaltar que a resolução define uma data de início, mas não um prazo final para a implementação ser concluída

 

O debate acerca da presença da tecnologia em sala de aula vem ganhando muito espaço e é neste contexto que o Estudo OPEE 2023 com educadores brasileiros: educando na era digital foi elaborado.

 

A pandemia da Covid-19 acelerou muitos processos, como o maior uso da tecnologia em um momento de isolamento social, cuja alternativa foi adaptar a realidade presencial à remota. Na escola, isso não foi diferente.

 

Diariamente, 32,07% dos educadores relatam utilizar a tecnologia em sala de aula. E essa frequência é justificada por 48,40% dos profissionais devido à disponibilidade de recursos tecnológicos da escola. Já em relação ao uso de celulares e de tablets nas salas de aula, 45,59% dos educadores permitem, mas estabelecem uma aplicação consciente.

 

“A OPEE considera que há ganhos sim no uso da tecnologia, mas considerando o dado de que o Brasil tem sido um dos países cuja população fica mais tempo diante de telas por dia, precisamos urgentemente entender que se ‘em terra de cego quem tem olho é rei’, como diz o ditado, em tempos de tecnologia, quem tem humanidade se torna soberano sobre seu destino”, explica Silvana Pepe, diretora-geral da OPEE Educação.

 

Em sua segunda edição, a pesquisa, realizada em setembro deste ano com educadores de escolas públicas e privadas, foi desenvolvida pela OPEE Educação e executada pela Mercare! Educação, com o objetivo de diagnosticar o cenário pedagógico e escolar brasileiro nos últimos 12 meses sobre essa temática.

 

O estudo, que contou com 1.746 respondentes – mais de 50% professores – de todas as regiões do país, apresenta um conteúdo expressivo sobre a percepção dos educadores em relação à era digital e como a tecnologia pode impactar na formação e no desenvolvimento dos comportamentos infantil e juvenil.

 


O uso de telas por crianças e jovens


Quando perguntados sobre o uso da tecnologia pelas crianças e pelos jovens, 97,02% dos educadores responderam que as crianças e os jovens estão usando excessivamente as telas sem acompanhamento familiar.

 

A inteligência artificial (IA) vem ganhando cada vez mais destaque nos diversos setores, inclusive no de educação. Ferramentas como o ChatGPT, chatbot de inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI, respondem dúvidas, criam histórias, resolvem problemas e muito mais — tudo isso com uma linguagem semelhante à humana.

 

Nesse sentido, outro dado interessante que a pesquisa evidencia é que 43,81% dos educadores afirmam que o tema da utilização de recursos como inteligência artificial por parte dos alunos é debatido com frequência, visto que é uma preocupação em relação à aprendizagem.

 

A tecnologia facilita muitos âmbitos da nossa vida, mas quando usada com precaução: “É essencial incentivarmos a presença autêntica, treinar o foco no presente, nas pessoas, reaprender a ‘desligar’ e repousar a mente”, afirma Leo Fraiman, psicoterapeuta, palestrante internacional, escritor e autor da metodologia OPEE.


 

Bullying e tecnologia


A pesquisa revela, de forma ampla, que os educadores consideram que os impactos da tecnologia no desenvolvimento do comportamento infantil e juvenil são mais negativos (67%) do que positivos (33%). Dentre as grandes consequências desfavoráveis, estão a redução da interação e da convivência entre os pares (30,20%) e a dificuldade de concentração e foco (29,86%). Já os impactos positivos de destaque são a facilitação do aprendizado (44,68%) e o melhor rendimento escolar (22,70%).

 

Vale também destacar que para 80,87% dos educadores, o bullying e o cyberbullying são práticas favorecidas pela tecnologia. “Educação em tempos digitais não é sobre vigiar, punir ou controlar, apenas. Educar nestes tempos é sobre cuidar, amar e proteger nossas crianças e jovens para que, a partir de relações humanas saudáveis e equilibradas, cresçam de forma integral e integrada”, afirma Pepe.

 

OPEE Educação

A OPEE Educação trabalha com projetos educacionais que abrangem toda a Educação Básica, Organizações Não-Governamentais e ambientes corporativos. O foco principal da instituição é contribuir para a construção de projetos de vida sustentáveis e colaborativos e da atitude empreendedora por meio de três linhas de atuação: Metodologia OPEE, formada por coleções de livros que vão desde a Educação Infantil até o Ensino Médio; Educa OPEE, com foco em cursos EAD para democratizar o processo de aprendizagem; e Escola Para Pais, com conteúdos digitais que visam orientar e trazer reflexões para as famílias no que se refere à educação de crianças e adolescentes.



Enem: Três respirações para controlar a ansiedade durante a prova

Para muitos estudantes, crises de ansiedade são comuns durante o vestibular. Mas, especialista alerta: é possível controlá-las de maneira simples


Para quase 4 milhões de brasileiros, o próximo domingo (5 de novembro) será composto por 45 questões de linguagens, 45 questões de ciências humanas e uma

redação. É o dia da primeira de duas provas do Enem, em outras palavras, um dia repleto de tensão, estresse e ansiedade.

"Quando fiz a prova pela primeira vez, fiquei muito nervosa ao ponto de vomitar no banheiro", comenta a vestibulanda Eloise Rodrigues, que se prepara para sua segunda participação no vestibular. Débora Vilela, psicóloga do Zen App, explica que casos como esse são normais. Trata-se da ansiedade como uma reação natural e adaptativa, visto a grande responsabilidade colocada naquele momento que se inicia - pelo próprio estudante, família, professores, etc. "É o corpo e mente prevendo possíveis eventos desagradáveis como ir mal na prova, não entrar na faculdade ou decepcionar os pais, por exemplo".

Ainda segundo ela, essa ansiedade pode se manifestar de diversas outras maneiras. Tais como:

  • Ausência de sono na noite anterior;
  • Suor em excesso durante a prova;
  • Batimentos acelerados;
  • Falta de ar;

A psicóloga tranquiliza os vestibulandos, pois diz que existem formas simples de controlar essa ansiedade.

 

A mais eficaz durante a prova, é a respiração

"Quando estamos nervosos, normalmente nos dizem para respirar fundo. Não é atoa", comenta a professora de meditação do Zen, Veridiana Julião. De acordo com ela, a respiração longa reflete no aumento de entrada de oxigênio no organismo e isso nos leva a um relaxamento físico e mental. Que, por consequência, ajuda no aumento do foco, na redução da frequência cardíaca e regulação do sistema nervoso simpático.

"Na meditação, os pranayamas são exercícios de respiração que elevam ainda mais esse impacto e ajudam diretamente na ansiedade. No dia do vestibular, podem ser um aliado eficiente para quem precisar se acalmar", explica a professora, que indica três respirações para controlar a ansiedade durante a prova.



1.Sitali

Conhecida como respiração através da língua com retenção de ar, essa técnica resfria e acalma o corpo pois a passagem do ar é feita com a língua úmida e enrolada.

Para fazê-la, a instrução é estar sentado com a coluna alinhada. Basta colocar a língua para fora e dobrá-la fazendo um formato de um tubo ou a letra u. "Como se quisesse sugar por um canudo", ela ilustra. Assim, é só inspirar por essa passagem mais estreita, reter o ar por cerca de 3 ou 4 segundos e soltar vagarosamente pelas narinas enquanto retoma o posicionamento natural da boca.

O processo pode ser repetido por aproximadamente 6 a 10 ciclos completos.



2. Nadi Shodhana

A respiração das narinas alternadas busca o equilíbrio das polaridades e é bem simples de ser feita. Você precisa obstruir uma narina com a ajuda do dedo, inspirar pela outra, segurar o ar por alguns segundos e então exalar pela narina oposta.

"Com o dedo anelar, você segura a narina esquerda. Então inspira pela direita e retém o ar por cerca de 3 ou 4 segundos. Aí usa o polegar para tapar a narina direita e exale pela esquerda. Vai trocando por cinco ciclos".



3. Bhramari Pranayama


Conhecida como respiração do zumbido da abelha, a professora explica que essa é uma respiração muito eficiente para tirar a mente do estado agitado e exausto.

O estudante deve tomar uma inspiração profunda e, ao exalar, colocar seus dedos indicadores nos ouvidos, sem que haja uma grande pressão, para limitar a audição, enquanto reproduz um zumbido como o som de uma abelha. Depois, basta relaxar a pressão nos dedos e inspirar novamente de forma profunda e recomeçar esse processo por 6 a 10 ciclos completos.

Visto que todas as respirações têm pequenas demonstrações físicas, a indicação é fazer uma pausa para ir ao banheiro e utilizá-la para respirar e controlar os ânimos de modo eficiente e sem chamar atenção.


Play Store , App Store, o Zen App



Os erros financeiros mais comuns: saiba como evitá-los

Uma pesquisa conduzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 25% dos brasileiros enfrentam dificuldades para pagar todas as suas dívidas no final do mês.


O caminho em direção à independência financeira é uma jornada desafiadora, que demanda paciência e diligência desde o princípio. Cometer erros financeiros logo no início pode se tornar um ônus considerável. Uma pesquisa conduzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 25% dos brasileiros enfrentam dificuldades para pagar todas as suas dívidas no final do mês. Embora a importância da gestão financeira seja frequentemente destacada, muitas vezes enfrentamos dificuldades na sua implementação.

Por que, então, nos deparamos com essa dificuldade, mesmo sabendo o quão crucial é administrar nossas finanças? A resposta reside em nossos próprios equívocos, que frequentemente sabotam nossos planos. Para evitar, o mentor de empresários, André Minucci, destaca os principais erros:

Não ter uma poupança de emergência suficiente: Fundos de emergência podem ser um salva-vidas quando nos deparamos com perda de emprego, doença incapacitante ou inesperadas despesas a cobrir. No entanto, a confiança excessiva dos jovens muitas vezes os leva a negligenciar esses riscos, como aponta André Minucci, mentor de empresários.

Não definir metas financeiras: O primeiro passo crucial é estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, como aconselhado por especialistas. Estas metas podem incluir a recuperação financeira, a busca de empregos adicionais para complementar a renda, empreendedorismo ou investimentos.

Com as metas definidas, é importante também criar um orçamento, o que pode ser facilitado por planilhas gratuitas disponíveis online. “Agrupe seus gastos mensais em categorias, como moradia, alimentação, educação, entretenimento e dívidas, não se esquecendo de incluir uma categoria para despesas inesperadas ao longo do ano”, comenta André.

Não compreender o que é um empréstimo: André Minucci observa um erro comum que pode ser considerado uma armadilha psicológica: a falta de compreensão sobre o que constitui um empréstimo. Esse equívoco pode levar a compromissos financeiros desvantajosos.

Não estabelecer um orçamento mensal: Outro erro bastante frequente é tentar economizar apenas o que sobra no final do mês. Economizar exige disciplina, planejamento e comprometimento. Portanto, é vital definir uma quantia a ser poupada todo mês, sem exceções. Trate essa quantia como um compromisso financeiro a ser honrado assim que receber seu salário. Evitar o uso indiscriminado do cartão de crédito, visto por muitos como um tipo de empréstimo, é igualmente importante devido aos altos juros associados a ele.

A falta de consciência sobre os custos totais a longo prazo, é um erro de educação financeira que muitas vezes negligenciamos e que pode se tornar dispendioso. Nesse contexto, participar de um treinamento de inteligência emocional é de extrema importância para ajudá-lo a tomar decisões conscientes e equilibradas.

É inegável que a busca pela independência financeira é uma meta admirável, mas chegar lá requer mais do que apenas boas intenções. É preciso evitar os erros comuns que podem minar nossos esforços. “Ter uma reserva financeira sólida, definir metas claras, compreender o impacto dos empréstimos e estabelecer um orçamento mensal são passos fundamentais nessa jornada”, comenta André.

Lembre-se de que a educação financeira e a disciplina são as melhores ferramentas que você pode ter ao seu lado. Ao reconhecer esses erros comuns e se esforçar para evitá-los, você estará construindo as bases para uma vida financeira mais sólida e segura.

“Embora o caminho para a independência financeira possa ser desafiador, os benefícios a longo prazo fazem com que cada passo valha a pena. Com paciência, determinação e um compromisso sólido com a gestão financeira, você estará no caminho certo para alcançar seus objetivos e garantir um futuro financeiramente saudável”, finaliza André.



Degrau quebrado, Nobel de Economia e a permanência das lacunas de gênero no mercado de trabalho

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Vencedora do Prêmio Nobel de Economia mostra dificuldades das mulheres no mercado de trabalho


A americana Claudia Goldin foi agraciada neste mês de outubro com o Prêmio Nobel de Economia por seus estudos sobre a evolução do papel das mulheres no mercado de trabalho. A historiadora econômica e professora de Harvard, de 77 anos, foi a terceira mulher a ganhar este prêmio, por ter feito avançar a compreensão dos resultados das mulheres no mercado de trabalho.

Os estudos de Claudia demonstram a evolução das diferenças de renda e na taxa de emprego entre homens e mulheres. Goldin analisou 200 anos de participação das mulheres no mercado de trabalho, mostrando que, apesar do crescimento econômico contínuo, os ganhos das mulheres não se equipararam aos dos homens e a diferença ainda persiste, mesmo que as mulheres tenham alcançado níveis mais altos de educação do que os homens.

Uma outra descoberta feita por Goldin é que o mercado vê os filhos como influência da desigualdade salarial entre homens e mulheres em países de alta renda. Em um artigo de 2010, Goldin e seus colegas, Marianne Bertrand e Lawrence Katz, apresentaram evidências de que as disparidades salariais iniciais entre homens e mulheres são pequenas. No entanto, após o nascimento do primeiro filho, os salários das mulheres diminuem e não se elevam na mesma medida que os dos homens, mesmo quando possuem níveis de formação e ocupações semelhantes.

Goldin também descobriu que a diferença salarial entre homens e mulheres era menor durante a revolução industrial (1820 e 1850), com uma alta demanda das fábricas por trabalhadores, do que entre 1930 e 1980, quando ter uma carreira que não fosse interrompida por gravidez passou a ser algo valorizado pelo mercado. A pesquisadora ainda mostra que a redução da jornada de trabalho por causa da maternidade é um dos principais fatores da desigualdade salarial de gênero.

Para Elisa Rosenthal, idealizadora e presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário, “É crucial reconhecer que profundas mudanças culturais desempenham um papel fundamental na busca por equidade salarial e oportunidades profissionais para as mulheres." A especialista, que lançou neste ano seu segundo livro, Degrau Quebrado: A jornada da autoliderança para mulheres em ascensão”, aborda as questões de disparidade entre gêneros no mercado de trabalho e no empreendedorismo. 

O título do livro de Elisa refere-se à chamada Síndrome do Degrau Quebrado, nome dado aos desafios que impedem a ascensão das mulheres em postos de alto comando - um dos temas abordados por Goldin em seus estudos. Na prática, uma mulher precisa subir uma escada enorme e, quando está próxima ao topo dela, prestes a alcançar a um cargo de liderança sênior ou comandar seu próprio negócio, acaba deparando-se com um degrau quebrado ou perigoso a ser pisado.

Nas etapas de uma organização, os postos do “pé da escada”, os primeiros degraus das empresas e organizações, geralmente se concentram nos cargos de estágio, assistentes e analistas, com as mulheres ocupando 56% deles. Os números permanecem altos até a coordenação (algo em torno de 46%), mas quando se verifica a presença das mulheres nas gerências e diretorias, os índices caem para 14%.

Claudia Goldin também trouxe à luz de seus estudos uma observação impactante. Contrariando a expectativa de que o desenvolvimento econômico global automaticamente ampliaria a representação feminina em postos de trabalho remunerados e reduziria a desigualdade salarial de gênero, suas pesquisas revelaram uma realidade mais complexa. Ela demonstrou que o avanço econômico por si só não é suficiente para promover a igualdade de gênero no mercado de trabalho.

“Fatores como discriminação de gênero, expectativas culturais arraigadas e políticas laborais desfavoráveis continuam a influenciar negativamente as oportunidades e os salários das mulheres. Essa constatação nos lembra que o progresso econômico deve ser acompanhado por esforços conscientes em direção à igualdade de gênero, para que as mulheres possam, de fato, colher os benefícios do desenvolvimento global de forma justa e equitativa”, reforça Elisa.

Na sua recente obra, Elisa traz um cenário bem amplo sobre a trajetória profissional feminina, ascensão na carreira, superação, obstáculos e outros pontos. A autora apresenta os caminhos para a leitora desenvolver a autoliderança e ter maior clareza sobre o planejamento, o desenvolvimento e exercício da liderança feminina. 

“É crucial que nós, mulheres, possamos cultivar a autoliderança e adquirir uma compreensão mais profunda sobre o planejamento, desenvolvimento e prática da liderança feminina, superando desafios e quebrando barreiras que, por vezes, limitam nosso progresso. Apesar de a sociedade precisar de muitos avanços nesse sentido, nós temos o direito de sermos protagonistas de nossas trajetórias profissionais, em um mundo que, gradativamente, reconhece a importância e o valor da diversidade de liderança”, conclui Elisa Rosenthal. 



Elisa Rosenthal -idealizadora e diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. Formada em Arquitetura e pós-graduada em Administração de Empresas com extensão em Economia e Negócios Imobiliários. Possui formação como Conselheira de Administração pelo IBGC e certificação em Liderança Avançada para Mulheres pela Shakti Fellowship em parceria com a San Diego University. LinkedIn Top Voices e TEDx Speaker, é também colunista da HSM Management e Exame Invest. Vencedora do prêmio A Voz Feminina do Mercado Imobiliário.
www.mulheresdoimobiliario.com.br


Império da impunidade: fraudes em investimentos sugam um sexto do PIB brasileiro

Na era digital, a democratização dos investimentos tem sido uma das marcas do século XXI. A disponibilidade de variados produtos financeiros, como as criptomoedas e as ações, está em ascensão. A barreira de entrada para novos investidores nunca foi tão baixa. No entanto, essa mesma acessibilidade criou uma arena perfeita para fraudadores que prometem altos retornos em curto prazo, mas que na realidade causam perdas significativas aos investidores. 

Os números que cercam este universo de fraudes em investimentos impressionam. De acordo com pesquisas da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o número de brasileiros afetados por investimentos fraudulentos passou de 11%, em 2019, para 13,9%, em 2021, representando um aumento de aproximadamente 1,3 milhão de pessoas em um único ano. Além disso, um estudo revelador do Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo e Relações de Consumo (IPGE) identificou que mais de 1.300 empresas de investimento fraudulentas estão operando no Brasil, coletando aproximadamente R$ 1,07 trilhão nos últimos cinco anos. Para se ter uma ideia da magnitude desse valor, ele equivale a um sexto do Produto Interno Bruto (PIB) do país. 

Se o gigantismo representado por esses dados já choca, o que nos alarma mais é a resposta das autoridades diante desse problema, que ainda tem sido tímida. Entre 2018 e 2022, menos de 60 medidas assecuratórias foram implementadas pela Polícia Federal e polícias estaduais, criando um ambiente propício para o florescimento dessas atividades ilegais. Essa aparente inércia gera uma preocupante sensação de impunidade e que, somada à baixa barreira para entrada de novos investidores, alimenta ainda mais os esquemas fraudulentos. O cenário se complica quando esses fraudadores transferem recursos para contas no exterior, tornando a recuperação dos ativos uma missão quase impossível. 

A complexidade e a lentidão do sistema judicial brasileiro também contribuem para a desistência das vítimas em buscar reparação. Perceba: a mesma pesquisa da CNDL e do SPC Brasil indica que tão somente 31% das vítimas conseguiram recuperar parte do seu investimento. Deste grupo, apenas 14% o fizeram com prejuízo, e menos de 10% conseguiram recorrer à justiça para tal. A estigmatização social e o desconhecimento sobre o funcionamento do sistema judicial são outros fatores que desencorajam as vítimas e, como resultado, encorajam ainda mais os mentores e operadores de golpes. 

Estamos diante de um cenário desafiador. Se existe interesse em muda-lo, é fundamental que haja uma ação coordenada de todos os setores da sociedade, que começa com iniciativas de educação financeira, de modo que cada brasileiro busque informações e entenda minimamente como funciona os investimentos e suas peculiaridades, passando pelo legislativo e órgãos regulatórios do sistema financeiro, chegando às autoridades policiais e ao judiciário, que necessita endurecer as penas para coibir ou ao menos desencorajar que fraudadores surjam e criem seus impérios com tantas vítimas. 

A impunidade não pode ser o status quo em um país onde milhões de pessoas estão vulneráveis a serem as próximas vítimas. É hora de colocar um fim a esse império da impunidade e restabelecer a confiança na justiça brasileira. 

 

Jorge Calazans - advogado criminalista, sócio do escritório Calazans e Vieira Dias e especialista na defesa de investidores vítimas de fraudes financeiras 

 

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