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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Fabiano de Abreu: A internet está a tornar-nos mais limitados intelectualmente, afirma filósofo


Especialistas das mais diversas áreas tem concordado que, embora pareça um paradoxo, a internet e a quantidade de informações disponíveis na rede mundial de computadores está a limitar o potencial humano. No campo da neurociência já existem estudos que apontam que, de facto, a interação com a tecnologia e as telecomunicações podem efectivamente mudar o cérebro das novas gerações. Agora Especialistas apontam que hoje as crianças e jovens são de fato mais inteligentes mas também muito mais inseguros e com muito menos capacidade de lidar com frustrações.

O filósofo Fabiano de Abreu é um dos que avaliam que, apesar da imensa disponibilidade de informações e das facilidades proporcionadas pela internet, o ser humano está a tornar-se mais limitado: “Jamais tivemos na história da humanidade tanta facilidade no que se refere ao acesso à informação. Hoje já não é preciso ir atrás de livros, procurar em bibliotecas, efetuar deslocamento, investir tanto tempo. Ao passo que temos mais acesso a informações, o que teoricamente faria com que as pessoas tivessem maior conhecimento, o conhecimento está fracionado, segmentado. Estamos cada vez mais sobrecarregados de informação e cada vez menos com paciência. As pessoas leem os títulos dos artigos no Google e já formam juízo sobre aquilo, sem profundidade, porque estão cada vez mais apressadas e precisam dar conta de muitas outras tarefas simultâneas durante o dia. É tanta informação que, às vezes, ela nem é absorvida em sua plenitude ou pior, absorvida de forma distorcida, e então da distorção vem a prerrogativa que pode desencadear as chamadas fake news”.

O especialista aponta que, devido ao bombardeio de informações que sofremos diariamente, estamos a ignorar inconscientemente blocos de informação detalhadas daquilo que lemos, e confiando na internet como uma espécie de memória externa a que nosso cérebro recorre, em detrimento da nossa própria capacidade de memória interna: “a rapidez proporcionada pelos motores de busca da internet está a tornar as pessoas mais preguiçosas e também imediatistas, o que pode ocasionar uma geração de pessoas ansiosas e impacientes em diversos aspectos. A memória seletiva do nosso cérebro hoje acaba descartando as informações que considera supérfluas. Temos um limite de informações que podemos receber e processar, e então com o bombardeio que sofremos diariamente através da internet, tendemos a ter um descarte ainda maior de detalhes e informações, já que estamos a transpor o limite natural da nossa mente. A memória da máquina é limitada. Quando acaba o espaço de armazenamento, em gigabytes, temos que ter um HD externo, por exemplo. Hoje nosso cérebro usa a internet desta forma, e passamos a depender e confiar mais nas informações ali armazenadas, que já não são retidas na nossa mente. A memória é seletiva, deixando na camada mais densa, inferior e bem guardada (longo prazo) o que de fato é importante, e isso explica porque recorremos tanto a informações na internet”.

Fabiano de Abreu também atribui ao uso cada vez mais frequente das redes sociais a mudança na forma como o nosso cérebro funciona, principalmente em relação a cognição: “Percebo que quanto mais rostos um indivíduo convive em sua vida, menos decoram as faces recentes, que passam a ser decoradas apenas quando as veem repetitivamente. É como se nosso cérebro fosse seletivo e o armazenamento limitado, apagando assim o que já sabe que é constante, repetitivo e sem aproveitamento. É como se a rede social injetasse tantas informações na nossa mente que fizesse essa parte seletiva agir não só no mundo real como também no virtual. As informações vem tão 'mastigadas' que o cérebro se adapta a não precisar lembrar, a ter de armazenar, tendo assim um sistema de busca externo. Minha hipótese é que seremos menos inteligentes no futuro, ou talvez apenas teremos um tipo de inteligência diferente que ainda não conseguimos entender. O Google mastiga a informação e nosso cérebro entende essa praticidade, logo pode ser que nossa inteligência será diferente da atual, compartilhada com as máquinas”.

Para Fabiano, isto faz parte de um processo evolutivo diferente do natural, desencadeado pela dependência da tecnologia: "Até a idade contemporânea, havíamos evoluímos de forma mais natural, de acordo com o universo. A internet e suas consequências nos obrigaram a armazenar mais informações que podíamos ou que supostamente deveríamos e nosso cérebro, assim como um computador, começou a dar certo ‘delay’, com dificuldade de processar tudo.  Por isso, agora estamos ficando mentalmente preguiçosos. Quando fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, nosso cérebro trava, como uma máquina com pouca capacidade de processamento. Agora com tantas informações, vivemos como um HD lotado de informações, lentos, fragmentados, pois ainda não evoluímos na mesma medida, ainda não somos como um SSD. Estávamos aprendendo a nos adaptar com a realidade de viver mais e dedicar nosso tempo de forma diferente do passado, até que a internet ocupou esse tempo e o reduziu, fazendo com que vivêssemos uma vida útil menor que na era medieval. Vivemos mais tempo mas aproveitamos menos a vida real”.

Fabiano também acredita que as estatísticas de crescimento e uso das redes sociais e da internet de modo geral provam sua teoria e apontam para uma realidade de pessoas menos interessadas no contacto físico e real e mais superficiais, preguiçosas e extremamente pragmáticas: ”Hoje em dia você não pode nem por textos mais longos nas redes sociais. Se queres ter visibilidade na tua publicação é a imagem e uma curta legenda, nada mais. As pessoas não querem ler, elas consomem o conteúdo gráfico, e isto explica porque redes como o Twitter, com 150 caracteres, e hoje o Instagram, maior destaque entre as redes sociais, fazem tanto sucesso. Eu sou uma pessoa atenta às estatísticas e as mesmas provam isso. Eu parto do princípio da prova, e o actual comportamento das pessoas nas redes sociais prova aquilo que tenho dito, esta teoria, de que estamos com muita informação, pouca ‘vida útil’, presos em um mundo virtual, vazio, superficial e menos inteligente, com menos interação humana e mais amenidades”.


Quando me protejo, o corpo responde


Divulgação

Segundo a fisioterapeuta Frésia Sa, que desenvolve um trabalho de Saúde Integrativa, um dos maiores erros que cometemos é pensar que, se a gente ficar quietinho e não falar sobre as nossas emoções, a dor vai sumir. E adivinhem? Ela não some, não. O que acontece é que ela se torna uma memória traumática e pode começar a provocar dores e reações físicas, sem que você entenda de que lugar aquilo surgiu. Veja por quê.


A questão do calar, quando o assunto é emoção, é extremamente séria, segundo a fisioterapeuta Frésia Sa, que desenvolve um trabalho de Saúde Integrativa e cuida de pacientes com dores e doenças crônicas. “Muitas vezes, tentamos “esquecer” algo difícil que nos aconteceu, acreditando que, se evitarmos falar no assunto, ele vai sumir”, explica ela, “e o que acontece é que toda emoção reprimida fica guardada em algum lugar do nosso corpo. Ela se instala, gera uma marca, uma espécie de cicatriz, uma memória traumática que deixamos de sentir, claro, como tristeza, mágoa ou desapontamento, mas que começa a gerar reações físicas”.

Como explica Frésia, quando me protejo de uma emoção, é o corpo que responde a ela: “um sentimento guardado pode ser a causa de uma dor na coluna, uma enxaqueca, uma dificuldade para dormir, até mesmo de uma dificuldade de atuação de algum órgão do corpo. Nenhuma emoção passa em branco pela nossa vida. Ou ela é vivenciada, compreendida e ressignificada, ou ela acaba sendo a causa de algo que nos incomoda de outra forma, como uma doença”.

O medo de confrontar a emoção acaba nos levando a tomar escolhas totalmente distantes do ideal: reprimimos, escondemos, esquecemos, abafamos. A esperança é que a dor morra. A realidade? Ela aumenta, mas de uma forma física. Frésia lembra: “já pensou em quantas vezes você deixou de entender uma situação emocional forte, e em quantas dores já teve sem entender a causa? Elas podem, sim, estar relacionadas”.

Como saber se a dor é causada pela emoção? A fisioterapeuta explica que existem técnicas que ajudam a entender a causa primária de dores e doenças. E inclusive de comportamentos, como medo, ansiedade, dificuldade de realizar projetos: “uma delas é a Microsifioterapia, que usa as respostas do corpo para entender a relação dessas dores e problemas com memórias guardadas”, revela.
Frésia também explica: “as emoções positivas geralmente são vivenciadas, não escondidas. Nos permitimos sentir, entender, aproveitar, e gravamos na memória aquele momento bom. O grande erro é realmente agir diferente quando o que sentimos não é bom, nos faz sofrer. Se conseguíssemos observar as emoções de um espaço externo, como observadores, entenderíamos que ambas, boas e ruins, fazem parte de quem somos. Nos ensinam, nos moldam”.

Desejar sentir apenas o que é bom é o que nos leva, constantemente, a negligenciar esses momentos de aprendizado e a tentar esconder as emoções negativas. “Raiva, medo, ciúme, angústia varridos para debaixo do tapete não morrem. Eles crescem dentro de nós, e provocam doenças”, finaliza Frésia. Lembre-se disso na próxima vez em que sua primeira reação seja negar uma emoção ruim!






Biointegral Saúde


Crise existencial: quem nunca enfrentou?



Seja aos 18 ou aos 40 anos, quem nunca se questionou sobre sua vida: será que estou feliz no trabalho? Será que estou com a pessoa certa? Será que quero ter filhos? Ao longo de milhares, talvez milhões de anos, a espécie humana adquiriu a capacidade de refletir sobre si e o ambiente ao seu redor, buscando respostas o tempo todo. Segundo Alexandre Pedro, psicanalista pela Sociedade Internacional de Psicanálise de São Paulo e Master Practitioner de PNL filiado ao NLP Academy; de modo geral, os questionamentos encontram respostas que o tranquilizam, e o homem segue sua trajetória relativamente feliz consigo mesmo.

“Porém, em algumas situações, as respostas não aparecem tão facilmente, exigindo uma reflexão mais profunda para decidir qual direção tomar. Muitas vezes, a escolha é dolorida”. De acordo com Alexandre Pedro, uma crise existencial não é considerada propriamente uma doença. Envolve, em geral, uma situação-limite para a pessoa, um questionamento sobre algum aspecto profundo e essencial de sua existência. Difere claramente de uma crise situacional, como um divórcio, por exemplo, ou uma crise inerente às diversas etapas da vida (adolescência ou meia-idade). “Crises situacionais podem convergir e se aprofundar a ponto de se tornarem uma crise existencial. Quando ela se aprofunda, a pessoa pode vir a desenvolver uma depressão, que requer cuidado médico especializado”.

O psicanalista reforça que as crises e adversidades da vida ocorrem de modo quase sempre imprevisível. Segundo ele, a forma de lidar com a crise dependerá, em boa parte, da resiliência, da capacidade de encarar mudanças e de tomar decisões. “Se o indivíduo já tem algum bloqueio emocional, transtorno de ansiedade ou dificuldade para sair da zona de conforto e se adaptar ao novo, ele precisará de ajuda profissional para desenvolver seu potencial de enfrentar os desafios que surgem a todo instante. Psicoterapias proporcionam a possibilidade de desenvolvimento pessoal, a partir da investigação do modo de ser da pessoa. A medida que o indivíduo amplia e aprofunda o conhecimento sobre si mesmo, passa a dispor de novos instrumentos para lidar melhor com os obstáculos e as dúvidas inevitáveis ao longo da vida”.


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