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sexta-feira, 31 de março de 2017

Especialista da FGV indica que comportamento online reproduz atitudes de nossos ancestrais



Segundo André Miceli, a sociedade tem necessidade de pertencimento, julgamento e compartilhamento de cultura

A tecnologia está mudando o comportamento das pessoas? Ou apenas potencializando as atitudes individuais e coletivas por meio de seu uso? 

Segundo o professor e coordenador do MBA e Pós-MBA em Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Mestre em Administração pelo Ibmec RJ, André Miceli, apesar da modificar padrões de comportamento, vemos a repetição de algumas atitudes observadas desde o início da vida do homem em sociedade.

 De acordo com o especialista, “a maior parte do que vemos no ambiente digital é uma reprodução do que temos dentro de nós, humanos, há alguns milhares de anos”. 

Andre Miceli explica que, fundamentalmente, três padrões de comportamento são percebidos na internet: Necessidade de pertencimento, julgamento e compartilhamento de cultura. 

“Desde sempre temos necessidade de pertencer a uma tribo, de fazer parte de grupos. Outro ponto é o julgamento. Julgávamos para conseguir sobreviver. 

Para decidir fugir ou lutar precisávamos rapidamente avaliar animais e outros seres humanos. Hoje fazemos isso o por meio de opiniões em redes sociais, textos em blogs e em grupos. E também sempre tivemos necessidade de compartilhar aspectos culturais, hoje traduzida em memes, por exemplo”, afirma o especialista. 

Segundo Miceli, pesquisas indicam que cada vez mais, as ações e atitudes da sociedade estão presentes pelo meio online e que essa dependência com o virtual, atinge pessoas de praticamente todos os perfis e em diferentes fases da vida.  

“70% das pessoas verificam o perfil de outra pessoa antes de começar um relacionamento. Mais de 60% de pessoas usam a internet para buscar emprego e mais da metade das empresas confere o perfil dos candidatos antes de fazer uma contratação no Brasil. Esse número nos EUA, segundo a Marketeer, se aproxima de 70%”.

No Brasil, os jovens passam diariamente, em média, 3 horas por dia navegando na internet e estatísticas revelam que, entre os brasileiros de 16 a 24 anos, são ‘os assuntos particulares e pessoais’ que lideram o ranking dos propósitos do uso, e que a troca de e-mails é seguida pela troca de mensagens instantâneas, participação em sites de relacionamento, listas de discussões e fóruns, criação e atualização de blogs e afins e, por último, ligações telefônicas e vídeo conferências via Internet.

“No que diz respeito aos jovens e seus comportamentos nas redes sociais, os números também são bastante significativos. Mais de 70% dos jovens ouvidos relataram ter sido ofendidos por uma ou mais pessoas em idade escolar e menos da metade diz ter reportado isso a um adulto. Não é um comportamento muito diferente do que o do mundo fora da internet”, explica o professor de Marketing Digital da FGV.

Internet das coisas, segurança no ambiente online e big data, antes apenas discutidos pelos especialistas, agora começam a ser questionados pela sociedade. “A série televisiva Black Mirror mostra até onde tudo isso pode chegar e como a sociedade está reagindo. É evidente que o cenário ajuda a chamar a atenção dos expectadores, mas muitos questionam a ótica do autor e até a consideram pessimista ou exagerada”, conclui.




André Lima-Cardoso Miceli - Mestre em Administração pelo Ibmec RJ, com MBA em Gestão de Negócios e Marketing pela mesma instituição. Coordenador do MBA e Pós-MBA em Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV) e professor do International Master’s Program da EBAPE. Já ganhou mais de vinte prêmios de internet e tecnologia, incluindo o melhor aplicativo móvel desenvolvido no Brasil. Certificado no programa Advanced Executive Certificate in Management, Innovation & Technology do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Cursou o programa de Negociação da Harvard Law School. É Graduado em Tecnologia e Processamento de Dados pela PUC-Rio. Autor dos livros “Planejamento de Marketing Digital”, “Estratégia Digital: vantagens competitivas na internet” e “UML Aplicada: da teoria à implementação”. É ainda fundador e Diretor Executivo da Infobase, uma das cinquenta maiores integradoras de TI do Brasil, e da agência digital IInterativa, atuando com clientes de diversos segmentos.



Um problema mortal que nos ofusca



No torvelinho diário, a pequena política nos consome.

Os acontecimentos político-criminais do Brasil contemporâneo exaurem a agenda. Não seria diferente, segundo nossos costumes e o estágio de nossa cultura.

Há certos fenômenos cuja observação direta nos ofusca. Logo, preferimos ficar naquele ramerrão. Fenômenos naturais e humanos, ou políticos. Pontuou François de La Rochefoucauld dois, os quais preferimos não olhar diretamente: o sol e a morte.

Outro impõe aos homens deste século iniciar, desde já, um grande plano de assimilação, no campo econômico, tecnológico e suas consequências filosóficas. Prefere-se não encará-lo, em qualquer região do mundo, a partir das consideradas nações desenvolvidas. Existem estudos profundos, que ficam confinados nos meios acadêmicos; e  ações necessárias não são tomadas às mãos por líderes mundiais, se é que ainda os há.

Falamos da inteligência artificial, da automação e da robotização. E, principalmente, de suas repercussões inevitáveis na sociedade humana.

Primeiro, são eventos distintos, embora oriundos de causas comuns: os esforços bem sucedidos do homem no campo das ciências e respectivas especializações.

A automação já provocou sérias greves e conflitos no século XIX e no princípio do século XX. Foram as máquinas a extinguir postos de trabalho e os trabalhadores, organizados em seus primeiros e combativos sindicatos, a defender seus lugares ao sol, dos quais dependiam seu sustento e de suas famílias. Um abjecto ditador (essas coisas ocorrem), dizia ter implementado, por certo tempo, uma solução, na China Comunista: apesar de o país dominar em alta escala a automação, não a introduzia por completo na atividade econômica, para não levar os operários à ruína provocada pelos  extintos salários. Como em outros aspectos daqueles regimes conflitivos com a democracia, talvez isso seja lenda urbana, jamais tenha ocorrido. Só propaganda da inteligência do "guia genial e universal dos povos", tal como os tanques de papel da Praça Vermelha e os segredos ameaçadores de hoje da Coreia da Norte. Seja como for, o capitalismo sobreviveu e sobrevive com a automação, em que pesem as altas taxas de desemprego, o mal estar do universo macroeconômico, devidas a elas e a outros fatores de cada país.

A robótica pode estar generalizada. Não  o está dado o custo de produção dos robôs e o pé no freio automático das maiores economias, instintivamente percepientes de seus problemas. Nesta semana, um prestigioso hospital paulistano mostra aos médicos a cirurgia robótica. O robô não tem sentimentos e faz o necessário. Suas mãos não tremem. Não se introjetam espiritualmente na sorte do paciente. E isso pode ser bom, pragmático. A razão e a ciência superando as fraquezas, ainda que compreensíveis e generosas, dos humanos em relação a seus irmãos. Mas o importante é dizer que não é a inteligência artificial em ação. Os robôs são comandados pelos homens, no exemplo citado pelos cirurgiões, de seus computadores, do local ou de enormes distâncias. Maravilha. Um grande cirurgião de São Paulo a comandar um robô no Acre. Porém, não há robôs suficientes e pessoal da saúde que intermedeie o comando inteligente do cirurgião virtual sobre a máquina direcionada, no exemplo citado.

Por fim, o grande problema, sobre o qual ninguém fixa diretamente suas vistas, salvo naqueles meios acadêmicos. E a transliteração da filosofia greco-romana volta com o profundo desenvolvimento das demais ciências. As máquinas agem por si, pensam por si, talvez um dia falem, sem necessidade de comandos. Generalizadas, o homem venceu a remissão do pecado de Adão e Eva. Não precisará mais de seu trabalho físico. E "postos de trabalho", "emprego", "carteira assinada", coisas para a história.

Ciclicamente, voltamos a Atenas. O trabalho escravo deixava os cidadãos livres. Para estes, Aristóteles, vindo não se sabe de que Galáxia, pois influenciou, por perto de dezesseis séculos, o destino humano, em todas as  manhãs, de seu famoso Liceu, dava aulas aos livres ou libertos, homens e mulheres, de como preencher seus tempos livres, de modo construtivo e pessoalmente realizador. À tarde se dedicava aos aprendizes da filosofia e à noite discutia com os doutores. Não nos reduzimos a Atenas e não temos nenhum Aristóteles.

Se a riqueza produzida pelas máquinas inteligentes superará a oriunda das mãos dos homens, todos , desde os primeiros anos, terá um soldo, suficiente para manter suas vidas em condições de dignidade. Tudo depende de uma política distributiva mundial. É um dos problemas equiparados ao sol e à morte.

O outro, mais profundo, está na ocupação do tempo livre. Fala-se de lazer criativo, dedicação às ciências, às artes, à literatura, à filosofia. Fala-se, apenas, e, com certeza, o fenômeno nos apanhará de calças curtas. Como sempre, somos mais reativos que previdentes e propositivos. O problema é emergente. Um país como o Brasil, de precária educação formal, poderá sofrer muito. Jovens, sem ocupação, certamente trilharão o caminho das drogas ou das alucinações ideológicas, como aqueles que são cooptados pelo EL. A essa destruição devemos opor todos os nossos conhecimentos, hauridos nos séculos passados.  Fazê-los ver que a vida tem um sentido e, como dizia Pessoa, que "o sentido tem um sentido". O Aristóteles que vemos em atuação chama-se Domenico De Masi, que já esteve no Brasil a descobrir nossos olhos face a essa magna questão existencial.
    
Claro, há mais homens que, dizia Borges, em número pequeno, cientes do drama, sem o saber, estão a salvar o mundo. Nosso cotidiano é importante, mas deveríamos dar um espaço ao que efetivamente nos interessa, num intervalo sem falar de política e de ladrões.





Amadeu Roberto Garrido de Paula - Advogado e sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados, com uma ampla visão sobre política, economia, cenário sindical e assuntos internacionais.  





Constelação Sistêmica: como, onde e por quê?



Apesar de só estar ganhando força no ambiente corporativo agora, as chamadas constelações sistêmicas têm conquistado cada vez mais notoriedade ao longo dos anos. Contudo, durante muito tempo elas foram usadas apenas para a solução de conflitos particulares, por isso, para entender como elas chegaram ao ambiente corporativo é importante olharmos um pouco da sua história. 

Suas raízes remetem a década de 60, mas seu conceito passou a ser amplamente desenvolvido anos mais tarde com o psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. Na época, o estudioso descobriu que nos relacionamentos humanos existem três princípios que atuam de forma subconsciente: a ordem, que pressupõe a hierarquia; o equilíbrio, que destaca a importância das trocas entre o dar e o receber; e o vínculo, que reafirma o desejo de pertencer a um grupo. Com esses princípios, descobriu-se que é possível obter informações dentro de um sistema social de relações. 

Em paralelo, o casal alemão Matthias Varga von Kibéd e Insa Sparrer, trabalhou na estruturação do conceito da Constelação Estrutural, onde a base deixa de ser fenomenológica para ser construtivista. O foco em sentimentos passa para a busca de percepções e soluções. Esse trabalho garantiu a adaptação dessa metodologia para o universo corporativo. Entendeu-se que a ordem continua sendo importante, mas a hierarquia pode ter diferentes contextos, além de o pertencimento ser temporário. 

Mesmo com o desenvolvimento de todo esse trabalho e fundamentação teórica, é comum a prática ser relacionada a religiões, linhas espiritualistas e, até mesmo, a astrologia. Mas, não existe essa conexão. Todo esse equívoco se deve a um simples “erro” de tradução.


Uma prática, muitas palavras - Por ter sido nomeada na língua alemã, que se caracteriza por sua complexidade e criação de palavras através da junção de termos e conceitos únicos, não foi possível fazer uma tradução literal do nome Familienaufstellung. Dessa forma, na língua inglesa, a prática foi chamada de Constellate e, automaticamente, no português, de Constelação. Apesar das duas terem sentidos diferentes nos dois idiomas. 

Sendo assim, quando você ouvir alguém relacionando o conceito de Constelação às estrelas ou algo místico e esotérico, já sabe que a história é um pouco diferente. Mas, para ficar ainda mais claro, é importante que você também entenda como ela é, de fato, aplicada. 


Como funciona - Com o objetivo de esclarecer questões complexas, sejam elas pessoais ou profissionais, uma constelação coloca as pessoas que estão presentes no processo para representar membros da família, um grupo social ou um problema do cliente. Isso acontece através da representação espacial do sistema. 

O constelado define o que gostaria de ver na sessão e o facilitador vai conduzindo as pessoas ou objetos a fim de testar hipóteses e descrever as melhores alternativas para cada questionamento. As informações adquiridas servem de base para a tomada de decisão, por apresentarem com nitidez quais são as opções disponíveis. 

A sensação se assemelha a quando estamos em uma estrada e somos incomodados por uma densa neblina que impede nossa visão. Mesmo sabendo da existência de caminhos a seguir, eles não estão claros e, por isso, não sentimos confiança para arriscar qual a melhor direção. Contudo, quando a névoa se vai e o céu clareia, tudo se torna simples e, de forma natural e firme, podemos escolher a melhor decisão. É essa transparência que as Constelações trazem, principalmente, quando aplicada em empresas.






Alexandre Tauszig - sócio da S100, consultoria estratégica de recursos humanos com foco na otimização de resultados empresariais, e especialista em treinamentos de gestão, comportamento e liderança.







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