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terça-feira, 3 de outubro de 2023

Cigarros eletrônicos também são vilões da saúde bucal

Cigarros eletrônicos podem ser responsáveis por
diversas doenças, além de causar danos à saúde bucal

Créditos: Envato
Mesmo proibidos, uso de vapes segue em constante crescimento e traz danos a médio e longo prazos



Apesar de muitas pessoas acreditarem que os cigarros eletrônicos são uma alternativa "mais segura" aos produtos tradicionais de tabaco, o número crescente de evidências recentes revela que esses dispositivos podem representar uma ameaça ainda maior para a saúde. Sob diversas nomenclaturas, como vapes e pods, esses dispositivos ganharam popularidade nos últimos anos, mas suas consequências para a saúde são preocupantes. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, os níveis de nicotina encontrados em usuários do vape equivalem ao consumo de 20 cigarros convencionais por dia. Com teores de nicotina que podem chegar a 90 mg, equivalentes a 4,5 maços do cigarro tradicional, a presença de outras substâncias adicionadas nos aparelhos para intensificar a sensação de prazer pode levar a uma dependência ainda mais intensa. 

Além de os estudos e evidências recentes sugerirem que os cigarros eletrônicos podem ser responsáveis por doenças cardiovasculares, pulmonares e inflamações, que aumentam os riscos de câncer, os cigarros eletrônicos também causam danos à saúde bucal. “Devido ao alto teor de açúcar e à consistência viscosa do vapor, resíduos são depositados nos dentes, tornando-os mais sensíveis. Isso afeta o paladar, o olfato, causa desidratação e ainda potencializa os riscos de cáries”, explica o dentista e especialista em Saúde Coletiva da Neodent, João Piscinini.  

Embora a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar sejam proibidas no Brasil pela Anvisa, o número de usuários segue em crescimento. Em 2018, o Ipec constatou que 500 mil brasileiros eram consumidores de cigarros eletrônicos, e, em 2022, esse número subiu para 2,2 milhões.  


Conheça os 7 riscos do cigarro eletrônico para a saúde bucal 

Doenças periodontais: o uso de cigarros eletrônicos altera as condições naturais da boca, facilitando o acúmulo de placa bacteriana, principal causa das doenças periodontais. 

Retração gengival: a baixa irrigação das membranas mucosas bucais danifica o tecido, expondo a raiz do dente e aumentando a sensibilidade dentária, bem como o surgimento de cáries. 

Escurecimento da gengiva e dos dentes: a nicotina se acumula na superfície dos dentes e adere ao esmalte dentário. 

Língua de vape: o fumo excessivo dos vapes, devido às altas quantidades de nicotina e essências com sabores exóticos, compromete a capacidade de sentir o gosto. 

Mau hálito: apesar dos aromatizantes nos vapes, a nicotina presente nos cigarros eletrônicos causa mau odor na cavidade bucal. 

Xerostomia: a saliva é responsável pela limpeza natural da boca e pelo equilíbrio das bactérias. O uso de cigarros eletrônicos diminui sua produção em decorrência da nicotina, o que aumenta as chances de cáries, sensibilidade, feridas, fissuras e dificuldade para mastigar. 

Inflamação na cavidade bucal: as substâncias químicas presentes no vapor dos e-cigarros causam inflamação nas gengivas e na garganta, resultando dor e inchaço na região. 

 

Neodent 


terça-feira, 29 de agosto de 2023

Tabagistas devem sempre tentar parar de fumar

Recomendação é do Seconci-SP, por ocasião do Dia Nacional de Combate ao Fumo

 

Se você é tabagista, já tentou parar de fumar e não conseguiu, faça-o novamente. Não considere a recaída como uma derrota. Cada tentativa já é um grande passo. Quanto mais você tentar, mais próximo estará de conseguir.

A recomendação é da dra. Marice Ashidani, pneumologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), por ocasião do Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto). Mas ela alerta: “Sem a pessoa estar determinada a parar de fumar, não adianta somente recorrer ao médico ou ao apoio da família”.

De acordo com a dra. Marice, deixar de fumar sempre traz ganhos para a saúde, não importa há quanto tempo o fumante deixou o hábito. “É preciso que o médico avalie o grau de dependência de cada caso individualmente. Há aqueles que conseguem deixar de fumar somente com a força de vontade. Para amenizar os sintomas da abstinência, algumas pessoas necessitarão de reposição da nicotina por adesivo ou goma, gradualmente reduzida ao longo do tempo. Além disso, fumantes muito agitados podem necessitar de tratamento com antidepressivos, sempre com acompanhamento médico”.

É muito importante que o fumante reflita sobre os “gatilhos” que detonam o hábito de fumar, e como evitá-los. “Exemplos desses gatilhos são tomar café, concluir uma refeição ou ficar ansioso. “Quando a fissura aparece, ela dura alguns minutos naqueles que não são muito dependentes. Nesse tempo, o fumante deve fazer outra coisa, como tomar água gelada. Pouco depois, a fissura tenderá a desaparecer”.

De acordo com a pneumologista, a recaída pode ocorrer mesmo muito tempo depois de a pessoa ter deixado a dependência. “Ela pode estar em uma viagem ou em uma festa e acender um cigarro, imaginando que isso não a fará voltar ao vício. É um autoengano, que poderá levar a uma recaída. Aí, precisará tentar novamente parar. A ajuda da família e dos amigos é fundamental, não fazendo terrorismo, mas sim com apoio”.


Males do fumo

O tabagismo expõe os fumantes a 7 mil componentes químicos, causando cerca de 50 doenças diferentes e matando 8 milhões de pessoas por ano. É a causa evitável de morte mais prevalente no mundo, vitimando um em cada dez adultos.

Ao fumar um único cigarro, a pessoa inala milhares de substâncias tóxicas, como monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína e outras 43 cancerígenas, como arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo e resíduos de agrotóxicos. “A temperatura da fumaça é outro elemento muito nocivo à saúde, inflamando os tecidos de toda a área das vias respiratórias”, comenta a dra. Marice.

A médica alerta que são igualmente prejudiciais o cigarro eletrônico, proibido no Brasil, e o narguilé, pois além da nicotina, contêm outras substâncias cujos efeitos ainda são desconhecidos.

“Os pais devem conversar com os filhos, falar dos malefícios físicos e psíquicos da droga, como dependência e risco de uso abusivo. E devem procurar identificar, junto com os filhos, as causas psicológicas e as formas de resistir ao cigarro”, recomenda a dra. Marice.

O Seconci-SP faz palestras nos canteiros de obras sobre a importância de parar de fumar e proporciona tratamento aos trabalhadores da construção civil e seus familiares que querem fazê-lo. Eles também podem buscar tratamento em centros de apoio da rede pública de saúde, que fornecem adesivos para a redução gradual da dependência de nicotina e, se necessário, medicamentos para a ansiedade.

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Cigarro eletrônico: precisamos combater este mal

No Dia Nacional de Combate ao Fumo (29/8), o CROSP reforça o alerta sobre os malefícios dos cigarros eletrônicos e similares


Cigarros eletrônicos são dispositivos que foram desenvolvidos com a finalidade de substituir o cigarro convencional. A ideia surgiu na década de 1960, nos EUA, por Herbert A. Gillbert, sendo aperfeiçoada posteriormente em 2003, pelo chinês Hon Lik. No entanto, este objetivo não foi alcançado e os cigarros eletrônicos estão sendo usados por pessoas que nunca fumaram cigarros convencionais antes, particularmente os jovens. 

Existem vários formatos de cigarros eletrônicos, podendo ser parecidos com cigarros, canetas, pen drives, e os chamados tanques, entre outros. Visando simular a sensação de fumar um cigarro comum, eles contêm apenas a nicotina, responsável pela dependência química. A nicotina é diluída em propilenoglicol e esta mistura fica armazenada em um reservatório presente no dispositivo. Este reservatório é ligado a um vaporizador, o qual transforma o líquido em fumaça, que é tragada pelo usuário. Vale ressaltar que a concentração de nicotina presente nos reservatórios geralmente é bem maior do que nos cigarros convencionais. 

O professor Titular de Estomatologia da FOP-UNICAMP, Coordenador do Orocentro e membro da Câmara Técnica de Políticas Públicas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Marcio Ajudarte Lopes, esclarece que o uso dos cigarros eletrônicos pode causar dependência química e promover alterações importantes no sistema respiratório e cardiovascular, devido à presença de várias substâncias tóxicas - como o formaldeído - e as derivadas de metais pesados, como ferro, alumínio e níquel, que podem levar ao desenvolvimento de câncer, principalmente em pulmão e boca.   

O especialista destaca que um fato muito preocupante que tem sido observado é o número alarmante e crescente de jovens que usam cigarros eletrônicos. De acordo com ele, muitos desses jovens começam o hábito no ensino fundamental. “Além da possibilidade de adquirirem o vício pelo cigarro eletrônico e pelo risco de desenvolverem problemas de saúde como relatado anteriormente, estudos científicos têm mostrado que adolescentes que usam cigarros eletrônicos são mais propensos a fumar cigarros convencionais quando comparados aos não usuários de cigarros eletrônicos. Portanto, o uso de cigarro eletrônico contribui para o consumo também de cigarro convencional, sendo uma maneira para atrair jovens para a dependência química”, explica o Cirurgião-Dentista. 

Dr. Marcio enfatiza que o Brasil reduziu de maneira significativa o tabagismo nos últimos anos devido, principalmente, à implementação de medidas como o aumento de preços e impostos do tabaco, bem como a adoção de leis, com destaque para a Lei Antifumo Federal (Lei 9.294/1996), que se refere à proibição de propaganda de produtos derivados de tabaco. Merece destaque, também, a Lei Antifumo do Estado de São Paulo (Lei 15.541/2009), que proíbe o uso de cigarros e similares em ambientes fechados de uso coletivo. Posteriormente, a Lei Antifumo Federal 9.294/1996 foi alterada, sendo regulamentada nova Lei Antifumo Federal (Lei 12.546/2011) que, como a lei do Estado de São Paulo, proíbe o consumo de tabaco em ambientes fechados e coletivos em todo o território nacional. 

“Com essas medidas, houve redução expressiva do número de fumantes no nosso país. Apesar da diminuição do consumo de cigarro convencional no Brasil, o número de consumidores de outras formas de tabaco, como o cigarro eletrônico, está aumentando, particularmente entre os jovens”, alerta o especialista. Vale ressaltar ainda, segundo o Dr. Marcio, que, em 2009, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabeleceu a regulamentação que proibiu no Brasil a venda, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar (Resolução da Diretoria Colegiada RDC 46/2009). “No entanto, apesar da proibição, a comercialização ilegal destes produtos é frequentemente observada”, lamenta ele. 

Portanto, é de extrema importância alertar a população e divulgar os malefícios dos cigarros eletrônicos e similares pelas Sociedades e Conselhos de Classe, com foco principalmente nos jovens. “A Comissão Temática de Políticas Públicas do CROSP está atenta a esta alarmante situação e, ao nos aproximarmos do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, aproveitamos o momento para nos posicionar contra a liberação dele e salientar a necessidade urgente de regulamentação de Leis Antifumo que englobem esses dispositivos eletrônicos”.

 

Riscos do cigarro eletrônico e similares 

  • Eles contêm nicotina, droga que leva à dependência.
  • Contêm ainda mais de 80 substâncias químicas, incluindo cancerígenos comprovados.
  • O uso da nicotina aumenta o risco de trombose, AVC, hipertensão e infarto do miocárdio, entre outros.
  • Estudos também mostram que o cigarro eletrônico aumenta em cerca de três vezes as chances de o usuário fumar também cigarros comuns.

Atenção, Cirurgião-Dentista:
é muito importante alertar seus pacientes sobre todos os malefícios provocados pelos cigarros eletrônicos. Essa é uma grave questão de saúde pública.

 

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
www.crosp.org.br


DIA NACIONAL DE COMBATE AO FUMO: Campanha alerta para o aumento do consumo de cigarros com aroma e sabor

Abead propõe mais fiscalização e multas pesadas à comercialização de cigarros a menores. Assunto é pauta do XXVII Congresso nacional em setembro


No Brasil, apesar de todas as estratégias envolvendo legislação, campanhas educativas e atendimento gratuito no SUS para combater o consumo de tabaco, a indústria encontra brechas para atrair uma clientela vulnerável e suscetível aos apelos do sabor e aroma de cigarros tradicionais e dos eletrônicos, a mais nova onda entre os adeptos do tabagismo.

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, na terça-feira (29), o Instituto Nacional de Câncer (INCA) lança a campanha de 2023, “Sabores e aromas em produtos derivados de tabaco: uma estratégia para tornar a população dependente de nicotina” , como um alerta contra a investida mercadológica da indústria junto ao público mais jovem.

A nota técnica que embasa a campanha, destaca dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE (2019), em relação à experimentação de estudantes de 13 a 17 anos. A pesquisa revela que o percentual que experimentou cigarro, algume vez na vida, nesta faixa etária, foi de 22,5% entre os meninos e de 22,6% entre as meninas.


Mais fiscalização e multas pesadas

No XXVII Congresso da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas (ABEAD), que será realizado de 03 a 06 de setembro, em São Paulo, a discussão entre os especialistas da área de dependência química vai avaliar as políticas públicas atuais no combate do uso de tabaco, álcool, maconha, entre outras substâncias psicoativas.

A presidente da ABEAD, a psiquiatra Alessandra Diehl, elenca uma série de medidas necessárias para acirrar a redução do consumo de tabaco no país, além do que já está implementado pelo Poder Público.

“Precisamos de maior fiscalização na venda de cigarros a menores de idade, diminuir o número de pontos de venda, definir multas mais pesadas, combate ao contrabando de cigarros ditos ‘do Paraguai’, aumentar a taxação do preço do cigarro, maior controle de propaganda/marketing digital”, ressalta a psiquiatra. Diehl considera também que ampliar o acesso e a oferta de tratamento ao tabagismo no SUS e melhorar e qualificar o projeto Saúde nas Escolas com estratégias de prevenção ao fumo podem ter resultados positivos.

Segundo a presidente da ABEAD, estudos apontam que o aumento da tributação do cigarro convencional pode reduzir o consumo em 45%. Ela lembra ainda que o preço do cigarro convencional no país é o segundo mais barato da região das Américas.  “O último reajuste das alíquotas que incidem sobre o imposto específico e o preço mínimo estabelecido por lei na venda de cigarro foi feito em 2016”, afirma.

Além disso, o produto é facilmente adquirido por menores de idade em estabelecimentos comerciais autorizados. “Nove em cada 10 adolescentes que tentam comprar cigarro conseguem e 90% daqueles que compram com regularidade o fazem em bares, padarias, jornaleiros, supermercados”, afirma a psiquiatra.


Mercado em crescimento

A nota técnica do Inca que aponta que, no Brasil, o tabagismo responde por 162 mil mortes todos os anos e as despesas com doenças causadas pelo cigarro chegam a R$ 125 bilhões por ano. Já a arrecadação anual com impostos sobre esse produto gira em torno de R$13 bilhões, de acordo com o levantamento do Instituto de Efetividade Clínica Sanitária (2020).

A indústria, no entanto, o foco na produção de aromas e sabores mais palatáveis que podem agradar os adolescentes. Existem aproximadamente 16 mil sabores disponíveis no mercado, muitos deles atraentes para as crianças.

No Brasil, dentre os produtos derivados de tabaco registrados, estão os seguintes sabores: choco menta, menta cítrica, menta doce, maçã, berry, citrus, limão, uva, guaraná, coco, kiwi, laranja, hortelã, morango, chocolate, melão, melancia, abacaxi, açaí, bombom, manga, maracujá, pina colada, creme de morango, caramelo, banana, chiclete, mirtilo e pera. O levantamento foi feito este ano pela Anvisa.

A oferta está alinhada com o dado da Organização Mundial de Saúde (OMS), que aponta que 70% dos usuários jovens (12 a 17 anos) de dispositivos eletrônicos para fumar dizem que consomem esses produtos por terem sabores dos quais gostam.

Chama a atenção do Inca que, no país, de 2014 a 2020, a proporção de usuários de cigarros eletrônicos com sabor (dentre os usuários atuais do produto) aumentou de 65,1% para 84,7%; e,  entre os alunos do Ensino Médio que usavam qualquer tipo de cigarro eletrônico com sabor, os mais usados são os de: frutas (73%), menta (56%), mentol (37%) e sobremesas ou outros doces (37%).

No mundo, sete países europeus que já adotaram restrições de sabor em cigarros eletrônicos: Finlândia, Estônia, Hungria, Dinamarca, Holanda, Ucrânia e Lituânia. Já o Canadá proibiu os cigarros mentolados.

“Penso que, no Brasil, a venda de qualquer produto fumígeno para menores de 18 anos tem que ser amplamente fiscalizada e punida. A lei proibindo já existe. É preciso cumprí-la”, constata a presidente da ABEAD.


Debate internacional

O XXVII Congresso da ABEAD será realizado no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo (SP)l. A cerimônia de abertura e palestra magna acontecem na segunda-feira (04/09), a partir das 19h.

No total, no Congresso da ABEAD serão realizadas 176 palestras com profissionais especialistas e renomados de várias regiões do Brasil, referências dos setores público e privado, universidades, organizações não governamentais, organizações de assistência social, do direito, da educação e de saúde. Participam também palestrantes de organizações internacionais dos Estados Unidos, Canadá, Portugal, Argentina, México e Chile. 



Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas - ABEAD
abead.com.br


sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Cigarro de palha ou cigarro eletrônico: versões diferentes para um mal semelhante

Em 29 de agosto é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo


Cigarro convencional, “paiero”, cigarro eletrônico, narguilé. A indústria do tabaco é ativa no que se refere a criar releituras para o hábito que traz malefícios em todas as suas roupagens. O cigarro de palha, por exemplo, ganhou a atenção dos jovens apoiado pelo conceito de possuir menos elementos químicos, ser mais “natural” e, portanto, impactar menos a saúde em geral. E nada disso é verdade. O cigarro de palha tem uma potência tabágica cinco vezes maior que a do cigarro industrializado, explica André Moraes, oncologista clínico do Centro de Oncologia Campinas.

O Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, é mais uma ocasião para lembrar que o cigarro é um problema de saúde pública e uma causa evitável de mortes, independentemente da versão em que se apresente. Já é sabido que pelo menos 40% dos óbitos por doenças em todo o mundo estão relacionados ao tabagismo.

“Se olhar especificamente para o câncer, o tabaco é o agente causal mais importante. Está associado a uma série de tumores, não só de pulmão, mas do trato aéreo digestivo alto, pâncreas, rim, colo de útero em mulheres, bexiga. Talvez seja mais importante a interferência do tabaco nas doenças de bexiga do que nas de pulmão”, exemplifica André Moraes.

Os vapes (cigarros eletrônicos) e os “paieros” (de palha) são responsáveis por disseminar entre os jovens a falsa ideia de acarretarem menor risco à saúde em comparação ao cigarro industrializado. Segundo o oncologista do COC, esse discurso se resume a uma estratégia de marketing da indústria do tabago para recuperar terreno no mercado de consumo.

“Um indivíduo que fuma quatro cigarros de palha por dia, na verdade está fumando um maço de cigarro industrializado pela proporção das toxinas. O cigarro de palha tem uma potência tabágica cinco vezes maior que a do cigarro de papel. Do ponto de vista da dosagem de alcatrão e nicotina, as concentrações são maiores”, afirma Moraes.

É errado também, diz o médico, acreditar que o filtro de feltro usado nos cigarros de palha tem a capacidade de amenizar os malefícios. “Essa foi outra jogada de marketing para iludir os fumantes no sentido de que aquele filtro diminuiria a quantidade de toxinas. O filtro fica da cor de alcatrão, mas na verdade não tem impacto do ponto de vista de saúde”.

A linha de evolução do tabagismo corre em paralelo à do aumento das doenças cujos riscos são ampliados pelo tabaco. “Lá no início do século 20, em 1902, o câncer de pulmão representava 2% dos cânceres humanos e hoje chega a 17%. Depois da Primeira Guerra Mundial, o hábito de fumar foi difundido. A partir dali vieram as propagandas fantásticas que vendiam imagem de riqueza e sucesso. O vício cresceu e as doenças também”, conta o médico.

Dados indicam ainda que novas doenças pulmonares estão sendo diagnosticadas por causa da adoção de diferentes hábitos de fumar. “Recentemente tivemos a notícia do falecimento de um jovem por uma infecção fúngica, ou seja, um tipo de mofo, novo, que não era causador de doenças em seres humanos, mas que se tornou nesses indivíduos que usam o vape”, informa.

 Informação contra a propaganda

É importante, observa o oncologista, divulgar a informação de que cigarros de palha e vapes também viciam, como os industrializados. Eles possuem substâncias biologicamente ativas que induzem o indivíduo ao uso crônico. “É mais ou menos semelhante ao que a velha nicotina do cigarro industrializado causa”, reforça Moraes. “Tem muita gente comprando tabaco e construindo cigarro de palha como se isso fosse menos tóxico, mas é pura ilusão”.

O argumento de que o cigarro industrializado tem muita química, ao contrário do de palha, indica Moraes, não possui fundamento científico. “A toxicidade de alcatrão e nicotina, por exemplo, que são drogas que depositam lixo na via respiratória e causam dependência, é mais concentrada no cigarro de palha. Isso é um fato importante, precisa ser divulgado e repassado aos jovens que entraram nessa onda”, alerta.

Moraes acrescenta que “movimentos contra o fumo são bons para lembrar que o tabagismo é uma causa importante para desenvolvimento de doenças. É um mal que a gente conhece, passível de intervenção.”

A indústria do tabaco, observa, é violenta e inovadora. Os cigarros vapes, que prometem ter menos toxinas, impõem uma falsa teoria ao indivíduo que é viciado. “O fumante se ilude. Caminha para uma trilha em que ele troca o cigarro industrializado, que é sabidamente nocivo à saúde, por outro que é vendido como não sendo nocivo, mas que, na verdade, causa tanto mal quanto”.


 Quem é tabagista?

André Moraes explica que é aceita uma definição de tabagista para o indivíduo que fuma um cigarro por dia há pelo menos um ano. “Isso significa que esse indivíduo sofre influências das substâncias químicas presentes no cigarro como todos os tabagistas. É óbvio que a dose está diretamente relacionada a doenças diferentes. Quanto maior a carga tabágica, maior o risco de ter determinadas doenças”, esclarece.

Ex-fumante, do ponto de vista clínico, é aquele indivíduo que abandonou o vício há pelo menos 14 anos, define Moraes, do ponto de vista dos riscos de câncer de pulmão. Para outras doenças, o período de abstinência do vício é ainda maior. “A gente estima que demore cerca de 14 anos sem fumar para um indivíduo que foi tabagista retornar ao nível próximo daqueles indivíduos que nunca foram tabagistas, do ponto de vista do risco de desenvolver câncer de pulmão”, diz.

A relação do tabagismo com o câncer de bexiga, por exemplo, tem efeito mais prolongado. “Pode chegar a 30 ou 35 anos o tempo sem fumar e, mesmo assim, o surgimento de um câncer de bexiga ainda estará clinicamente atrelado ao fato de ter fumado lá atrás”, afirma o médico do COC.

A explicação é fisiológica. Moraes diz que todos os tecidos do corpo são renovados, porém, a pessoa que não fuma tem um ciclo de recapeamento do tecido muito mais lento do que aquele que é estimulado pelo tabagismo. “No fumante, a exigência que o tecido se renove mais rapidamente aumenta as chances de haver mutações nesse tecido, que eventualmente podem acelerar o processo de desenvolvimento de câncer.”


 Como parar de fumar?

A grande maioria dos fumantes já tentou parar de fumar um dia. Boa parte deles também se esconde atrás da teoria que pode largar o vício quando quiser. São comportamentos que, segundo Moraes, se assemelham aos dos alcóolicos que, quando expostos, sucumbem à aceitação do vício. A diferença entre os dois, contudo, é que menos difícil parar de fumar do que parar de beber.

“Os tratamentos para cessação do tabagismo são mais eficientes que os contra o alcoolismo. Há importantes auxílios medicamentosos e intervenções psicoterápicas que são muito eficientes, desde que o indivíduo queira largar o vício”, reforça Moraes. “Se o indivíduo está empenhado, se compreende e sabe que é difícil parar porque tem dependência, existem tratamentos clínicos eficientes, inclusive na saúde pública. O primeiro passo é querer parar de fumar”.

 


COC - Centro de Oncologia Campinas
Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas
Telefone (19) 3787-3400.


quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Unidades de Saúde oferecem grupo de apoio ao tabagismo para fumantes e ex-fumantes

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, instituições reforçam o compromisso em apoiar todos aqueles que necessitam de suporte para deixar o vício em cigarro


O tabagismo ainda é considerado um grave problema de saúde pública em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Essa doença crônica é decorrente da dependência à nicotina, uma substância presente em vários produtos que contêm tabaco em sua composição.

O uso excessivo e contínuo de cigarros pode acarretar vários sintomas prejudiciais ao organismo, tais como doenças respiratórias, disfunção erétil e diversos tipos de câncer. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), fumantes têm de 2 a 4 vezes mais chances de desenvolver acidente vascular cerebral (AVC) quando comparados a não fumantes. Em relação ao câncer de pulmão, homens aumentam suas chances em 23 vezes e mulheres em 13 vezes.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que o tabagismo seja responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano, um número que gera grande preocupação.

Pensando nisso, o CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” vem trabalhando em unidades de saúde sob sua administração, a fim de conscientizar e apoiar na luta contra o vício. A Unidade de Saúde da Família (USF) Jardim Aeroporto II de Mogi das Cruzes, administrada pela organização em parceria com a prefeitura local, é um exemplo.

“Em nosso grupo, pessoas que querem largar o cigarro passam a ter acesso a aconselhamentos de profissionais, além de métodos de tratamento, medicamentação e terapias para esse momento tão delicado”, afirma Eliane Pereira Da Silva, enfermeira da unidade e coordenadora do coletivo.

A partir de uma abordagem humanizada e dinâmica, desde 2019, a USF vem realizando o serviço para a população. Já foram cerca de 60 pessoas que receberam todo o apoio necessário durante os meses de tratamento e deixaram de vez o hábito.

“O serviço em Mogi das Cruzes começou por conta da identificação da alta taxa de fumantes na região. Com esse alerta, passamos a nos qualificar da melhor forma para dar assistência nesse sentido aos moradores”, explica a profissional.

Maria Auxiliadora Evangelista, 49, foi uma das participantes que conseguiu se libertar da dependência a partir do serviço, após mais de 20 anos com o vício. “Eu pedi ao médico clínico que me indicasse apenas um remédio, mas ele informou que o tratamento para tabagismo era mais amplo”, conta.

A decisão de buscar ajuda foi motivada pelo reconhecimento de que enfrentar o processo sozinha era bastante desafiador. "Eu tinha a meta de parar de fumar aos 30 anos, mas não consegui. Foi somente aos 47 que percebi a necessidade de fazer algo, de buscar apoio. Eu já estava hipertensa e fiquei com medo de desenvolver mais problemas de saúde", relata.

A paciente, agora ex-fumante, frequentou o grupo por um ano e usou medicação durante três meses. “Nesse tempo, recebi diferentes orientações para lidar com a ansiedade e sobre o que eu poderia fazer para enfrentar tudo da melhor forma. Durante o período, também pude dividir muitas experiências com pessoas que estavam vivendo a mesma situação que eu, nós acompanhamos a evolução um do outro ali”, reitera.

O grupo de apoio ao tabagismo é composto por uma equipe de profissionais como enfermeiros, médicos e dentistas, que realizam sessões com o objetivo de informar e auxiliar o paciente na redução gradual do tabagismo, até o fim da dependência completa. Quando necessário, também é utilizada a abordagem farmacológica, como a terapia de reposição de nicotina por intermédio de adesivos transdérmicos e medicamentos.

Aos interessados, o atendimento é realizado através da identificação de tabagistas por agentes comunitários ou por meio de solicitação na própria unidade de saúde.



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
cejam.org.br/noticias

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Pare de fumar e ganhe mais qualidade de vida

Fechando o mês de maio, no dia 31, temos o Dia Mundial Sem Tabaco, uma campanha global que busca conscientizar as pessoas a respeito dos males do tabagismo e apoiar as políticas públicas de restrição ao uso de cigarro. Infelizmente, embora tenha sido criado em 1987, um dia como esse não é capaz de mudar a cabeça de tantas pessoas que ainda fumam, mas é um esforço que vale a pena ser mantido. 

O tabagismo é um problema de saúde pública global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se da principal causa evitável de morte em todo o planeta, responsável por cerca de 8 milhões de óbitos todos os anos. Estima-se que quase 1,3 bilhão de pessoas são adeptas ao tabagismo no mundo, o que representa cerca de 20% da população adulta global; e o consumo de tabaco é mais prevalente em países de baixa e média renda, onde as políticas de controle do tabagismo são menos abrangentes e eficazes. Mesmo sendo parte desse grupo de países, o Brasil possui bons resultados no controle do tabagismo. Segundo dados do Ministério da Saúde, o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil é de 9,1% (quase 20 milhões de pessoas), com maior concentração no público masculino.  

Embora os dados do tabagismo no Brasil indiquem uma tendência de redução no número de fumantes nas últimas décadas, ainda há desafios a serem enfrentados, como a alta prevalência de fumantes entre pessoas de baixa renda e a exposição ao tabagismo passivo em ambientes públicos e privados, bem como o advento dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs).  

O tabagismo é responsável por uma série de problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias e problemas de saúde mental. Além disso, o tabagismo também afeta a economia global, causando perdas significativas em termos de produtividade e custos de saúde. 

Sobre os DEFs – cigarros eletrônicos e vapes – vale lembrar que a importação, venda, propaganda e publicidade são proibidas em território nacional desde 2009. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a decisão foi tomada com base em estudos que indicavam que esses dispositivos representavam riscos à saúde pública e que não havia evidências suficientes para comprovar sua segurança e eficácia. A ANVISA tem reforçado a proibição dos cigarros eletrônicos e, portanto, sujeitos às mesmas restrições legais que os cigarros convencionais. 

Parar de fumar é difícil, pois trata-se de uma dependência. Ela ocorre principalmente em razão da nicotina, um alcaloide que age no sistema nervoso central e é responsável pela sensação de prazer e relaxamento que muitos fumantes relatam sentir ao fumar. Quando a nicotina é inalada através da fumaça do cigarro, ela é rapidamente absorvida pelos pulmões e levada para o sistema nervoso central. Lá, a nicotina se liga a receptores específicos nas células nervosas e desencadeia a liberação de neurotransmissores, como a dopamina, que produzem sensação de prazer e bem-estar. O problema é que, com o tempo, o cérebro se adapta à presença constante da nicotina e os receptores de nicotina se multiplicam. Isso pode levar a uma maior dependência do alcaloide e a uma necessidade cada vez maior de fumar para manter a sensação de prazer e evitar os sintomas de abstinência. Além da nicotina, o cigarro também contém outras substâncias químicas que podem causar dependência, como a acetaldeído e a acroleína. Por isso, o cigarro é considerado uma das drogas mais viciantes e prejudiciais à saúde. 

Porém, por mais desafiador que seja, parar é possível. Demanda esforço e determinação, além de uma mudança na rotina, pois muito do vício no cigarro se relaciona com os hábitos do fumante. Vale lembrar que, atualmente, existem diversas alternativas terapêuticas para a cessação tabágica, que vão desde a psicoterapia até terapias farmacológicas, com evidências robustas na literatura. 

Portanto, se você é tabagista e já pensou ou tentou cessar o tabagismo e não conseguiu, procure um profissional de saúde. Caso ainda não tenha considerado parar de fumar, considere.  

 

Ricardo Siufi - pneumologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa. 


Dia Mundial sem Tabaco - CROSP alerta sobre as doenças bucais causadas pelo hábito de fumar

Além de poder predispor doenças bucais como periodontite e halitose, e ainda induzir as pigmentações nos dentes e mucosa, o tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de boca. Dados do Centro de Oncologia Bucal (COB), uma unidade auxiliar vinculada à Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA/UNESP) especializada no diagnóstico e tratamento do câncer de boca, mostram que mais de 80% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca apresentam histórico de tabagismo. Destes, cerca de 75% consomem cigarros em conjunto com o álcool e mais de 20% são apenas tabagistas.

Os registros também mostram que a maioria dos pacientes que desenvolveram câncer de boca tratados no COB fumou mais de 35 anos ao longo da vida e consumia, em média, 20 cigarros por dia, denotando uma relação direta do desenvolvimento dos tumores de boca na população de tabagistas com o tempo e intensidade do consumo de cigarros.

Um outro dado que chama atenção nos registros do Centro Oncológico da FOA/UNESP é que os pacientes diagnosticados com câncer de boca começam a fumar com uma idade média de 12 anos, indicando uma a necessidade de atenção para esta faixa de idade, como afirma o professor de Estomatologia da FOA/UNESP,  supervisor do COB e membro da Comissão Temática de Políticas Públicas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Daniel Galera Bernabé. “Os pacientes que desenvolvem câncer de boca associado ao consumo de tabaco começam a fumar muito cedo, o que denota a necessidade de estabelecermos estratégias de prevenção para o tabagismo desde a infância e adolescência”.

Além de ser o principal fator de risco para o câncer de boca, o tabagismo tem sido associado a um pior prognóstico da doença. Muitos pacientes com câncer de boca continuam fumando mesmo após o tratamento oncológico, o que aumenta as chances de segundo tumor primário e tem impacto negativo no tempo de sobrevida.

De acordo com o Dr. Daniel Bernabé, o aconselhamento e tratamento do tabagismo deve ser oferecido para todos os fumantes e deve fazer parte do suporte oncológico multidisciplinar para pacientes com câncer de boca. “Além do câncer de boca, o consumo de tabaco também predispõe ao desenvolvimento de algumas lesões cancerizáveis como a eritroleucoplasia, leucoplasia e a eritroplasia”.

 

Cigarros eletrônicos ou vapes 

Segundo ele, é importante também ressaltar o crescente consumo, principalmente por jovens, de formas alternativas de nicotina, como o narguilé e os denominados sistemas eletrônicos de entrega de nicotina, tais como os cigarros eletrônicos ou vapes. Embora os efeitos a longo prazo do uso dos sistemas eletrônicos de entrega de nicotina sobre a ocorrência de câncer de boca sejam ainda desconhecidos, evidências recentes mostram que o uso destes dispositivos pode promover alterações genotóxicas (capacidade de alguns agentes químicos de danificar a informação genética no interior de uma célula, causando mutações) no caso, das células da mucosa bucal.

Além disso, segundo a pós-graduada em dependência química pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), referência técnica de tabagismo na SES-SP e presidente da Comissão Temática de Políticas Públicas do CROSP, Dra. Sandra Silva Marques, o consumo de cigarros eletrônicos pode causar irritação na boca e garganta, náuseas, tosse e mal-estar. “Os cigarros eletrônicos produzem substâncias químicas como o acetaldeído e formaldeído (formol), cuja inalação pode estar relacionada às doenças pulmonares e cardiovasculares. De maneira similar ao que acontece em relação aos cigarros de papel e de palha, é responsabilidade do Cirurgião-Dentista orientar os pacientes e público em geral sobre as consequências danosas do cigarro eletrônico”, complementa a Dra. Sandra.

A especialista lembra ainda que o uso de tabaco tem um aspecto muito relevante com a questão da insegurança alimentar no mundo, cujo tema do Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) sinaliza como urgente. “Considerando que o Brasil é o maior exportador de tabaco no mundo, salientamos a  importância dos governos em estimular programas de incentivo agrícola para que as famílias que cultivam tabaco possam estabelecer a transição de uma monocultura para a policultura de alimentos, que vêm de encontro com os eixos e metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma ação global para erradicar a pobreza, proteger a saúde planetária e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e prosperidade”.

 

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)


31 de Maio: participe do Dia Mundial Sem Tabaco

Um dia sem fumar para valorizar a vida. Depois, aproveite o embalo para parar de fumar de vez

 

O tema de 2023 da campanha do Dia Mundial Sem Tabaco (World No Tobacco Day - WNTD) é “Precisamos de comida, não de tabaco”. A data é lembrada desde 1987, quando foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com intuito de alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao fumo. A cada ano cerca de 3,5 milhões de hectares de terra são destinados ao cultivo de tabaco, que também contribui para o desmatamento de 200.000 hectares por ano.

Não é apenas o câncer de pulmão que pode ser causado pelo fumo.  “O cigarro comum, assim como os eletrônicos (dispositivo eletrônico para fumar – DEF, conhecidos também como vapes), narguilés, charutos e cachimbos contêm substâncias que estão ligadas diretamente a diversos tipos de câncer. Também estão associados ao surgimento ou agravamento de doenças respiratórias, como o enfisema e a bronquite crônica, e de doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio”, diz a Dra. Bruna Zaidan, diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). 

De acordo com a OMS, o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo e mata oito milhões de pessoas a cada ano, das quais um milhão são vítimas de fumo passivo. E ao contrário do que algumas pessoas imaginam, o uso do cigarro eletrônico é sim prejudicial à saúde. Tanto que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização e importação para o Brasil, desde 2009, de qualquer dispositivo eletrônico para fumar, contendo ou não nicotina e tabaco, de acordo com a RDC 46/2009

“Infelizmente, na prática vemos muitos jovens utilizando esses vapes, por isso temos que unir esforços para discutir abertamente sobre tabagismo e conscientizá-los de que apesar da vasta gama de essências aromatizadas, esses cigarros eletrônicos contêm altas doses de nicotina, que é viciante, além de substâncias potencialmente carcinogênicas”, acrescenta a Dra. Bruna Zaidan. 

A variedade de aromas oferecidos pelos cigarros eletrônicos é um chamariz para atrair a juventude, alerta a OMS. E um dos agravantes é que na adolescência o sistema nervoso está em desenvolvimento.

A cantora Rita Lee, que faleceu este mês, disse em uma entrevista ao jornal em 2021, que a vida cobraria um pedágio por ser fumante. “Era um sopro atrás do outro: pare de fumar”. 

São 4.700 substâncias tóxicas existentes no cigarro e a nicotina leva à dependência, pois alcança o sistema nervoso central em apenas 10 segundos.


Parar de fumar é compensatório 

O esforço para abandonar o cigarro vale a pena! A qualidade de vida melhora muito. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), ao cessar o fumo, após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue; em 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor; em dois dias, o olfato percebe melhor os cheiros e melhora o paladar; decorrido um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio se reduz à metade; e após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao dos que nunca fumaram.

Entre os malefícios do consumo prolongado do tabaco estão os problemas de saúde bucal e doenças respiratórias, pois a fumaça atinge a faringe, laringe, traqueia, brônquios até chegar ao pulmão, o órgão mais afetado pelo fumo. O uso prolongado do tabaco pode causar enfisema pulmonar, bronquite, câncer de pulmão, para citar as doenças mais comuns.

Para quem deseja parar de fumar, o SUS oferece tratamento gratuito com sessões de psicoterapia, que pode combinar a prescrição de medicamentos para lidar com as crises de abstinência por meio do Programa de Controle do Tabagismo em todo Brasil.  

 

Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)


Dia Mundial sem Tabaco reforça que a informação é o melhor aliado contra o cigarro

Centro de Oncologia Campinas oferece cuidados e tratamentos para quem pretende largar o vício


 No Brasil, 443 pessoas morrem diariamente de doenças decorrentes da dependência da nicotina. Tão importante quanto conscientizar as pessoas a abandonar o vício, é impedir que elas comecem a fumar. “E isso só é possível com muita informação e orientação aos mais jovens”, esclarece o oncologista Fernando Medina, do Centro de Oncologia Campinas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu a data de 31 de maio para dar visibilidade à campanha global de luta contra o cigarro.

Neste ano, no Dia Mundial sem Tabaco, a OMS propõe trocar as áreas cultivadas de tabaco pelas de alimentos, daí o tema “Precisamos de comida, não de tabaco”. Importante destacar que o Brasil é o terceiro maior produtor de tabaco do mundo.

A indústria do tabaco está ligada a 8 milhões de mortes por ano no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Mais de 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto do cigarro, enquanto cerca de 1,2 milhão são de não-fumantes expostos ao fumo passivo.

O percentual total de fumantes a partir dos 18 anos de idade no Brasil é de 9,5%, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Os homens respondem por 11,7% do total e as mulheres, por 7,6 %.

O tabagismo ativo e os fumantes passivos expostos à fumaça tóxica dos cigarros são mais suscetíveis ao desenvolvimento de aproximadamente 50 enfermidades, explica Fernando Medina. “Dentre as quais vários tipos de câncer, doenças do aparelho respiratório e doenças cardiovasculares, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer”, especifica.


 Para de fumar

O médico enumera alguns dos benefícios que acompanham o fim do hábito de fumar. “Em 10 anos, o risco de câncer de pulmão cai para cerca de metade em relação a um fumante e o risco de câncer de boca, garganta, esôfago, bexiga, colo do útero e pâncreas também diminui consideravelmente. Em 15 anos, o risco de doença cardíaca coronária é o mesmo de um não fumante”, assegura.

E há muitas outras razões para deixar o vício, conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), e algumas delas envolvem benefícios a curto prazo. Em um ano, aponta a Opas, o risco de desenvolver uma doença coronariana cai pela metade em comparação a uma pessoa fumante. Em cinco anos, o risco de ter um acidente vascular cerebral é reduzido ao de um não fumante – cinco a 15 anos após parar de fumar. Aos 50, ganha-se seis anos em expectativa de vida.

O alcatrão deixa um rastro de problemas por todo o caminho que percorre no corpo humano, diz Medina.  Pulmão, laringe, faringe, boca, esôfago, pâncreas, fígado e bexiga são os principais órgãos afetados pelo tabaco. “São todas as áreas onde a fumaça do cigarro ‘toca’. Na bexiga, principalmente, ficam depositados resíduos que irritam as células e que podem levar ao câncer”, detalha o oncologista.

Boca, faringe, laringe, esôfago, pulmão, bexiga e útero são algumas das áreas suscetíveis a cânceres de causas associadas ao tabagismo. “A gama de tumores causados pelo hábito de fumar é enorme. No caso do câncer de boca, por exemplo, o paciente fumante fica mais exposto ao surgimento de um novo tumor depois de tratado o tumor inicial. A mucosa da boca fica propensa e desenvolver novos tumores”, exemplifica Medina.


 Auxílio

Para ajudar a interromper a perigosa cadeia de eventos adversos provocada pelo fumo, o Centro de Oncologia Campinas (COC) se dedica a ações que ajudam seus pacientes a parar com o vício. Há programas na instituição dedicados ao tratamento de fumantes, que envolvem cuidados médicos e psicológicos.

O vício do cigarro, lembra o oncologista, é tão nocivo quanto difícil de abandonar. “Vemos garotos de 12, 13 anos, experimentando cigarro. Mesmo passando mal, eles continuam e levam esse mau hábito para o resto da vida”, compara, afirmando que a conscientização sobre os malefícios tem de começar ainda na infância.

“Educar é a melhor forma de prevenir o surgimento de novos fumantes”, garante.

 

COC - Centro de Oncologia Campinas


terça-feira, 30 de maio de 2023

Mulheres representam 66% dos fumantes em programa do HSP

Segundo números do PrevFumo, 65% dos pacientes têm sinais de ansiedade e 51% de depressão. Programa atende pessoas gratuitamente desde 1988



No Dia Mundial sem Tabaco, o Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo (PrevFumo), da Escola Paulista de Medicina (EPM) e Hospital São Paulo (HSP/Unifesp), traçou um perfil de seus pacientes e chama atenção para doenças causadas pelo cigarro.


Segundo os resultados, os pacientes do PrevFumo são em sua maioria formado por mulheres por volta dos 50 anos (66%). Boa parte deles têm alta dependência química à nicotina (74%), fazem uso de outras drogas, principalmente bebidas alcoólicas (57%) e são das classes C e B (88%).


Os números também mostram que 65% apresentam sinais de ansiedade e 51% sinais de depressão. Outros índices relevantes no perfil são que 40% dos pacientes são casados ou têm união estável e 20% das pessoas são analfabetas ou têm o ensino fundamental incompleto.


Para a pneumologista do HSP e coordenadora do PrevFumo, Lygia Sampaio, não existem níveis seguros para consumo de qualquer fumígeno, incluindo os cigarros eletrônicos.


“Tabagismo é uma doença que gera outras doenças como câncer de pulmão e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), além de aumentar os riscos cardiovasculares para infarto e AVC. Na pandemia, por exemplo, identificamos que pacientes que atuaram em home office recaíram e tiveram que recomeçar o tratamento”, explica.


 Segundo a psicóloga, Rosangela Vicente, o tabagismo requer acompanhamento multidisciplinar e mudanças nos hábitos e comportamentos. “A maior dificuldade do paciente é como levar a vida e lidar com fatores estressantes que vão desde o luto, perda de emprego e discussões do dia a dia, sem o cigarro”, conclui.

 

PrevFumo - O Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo (PrevFumo), criado em 1988 pela EPM e HSP/Unifesp, auxilia fumantes a deixarem o cigarro.

A equipe do PrevFumo é formada por médicos pneumologistas, psicólogos, fisioterapeutas e enfermeiros. A cada dois meses há disponibilidade de horário para cinco novos grupos.

O tratamento não farmacológico inclui técnicas cognitivo-comportamentais abordadas em reuniões de grupo. Ao todo, são oito sessões semanais de 90 minutos cada uma. Já a terapia farmacológica, fornecida pelo SUS, disponibiliza adesivos de nicotina e bupropiona, medicamento via oral para diminuir a vontade de fumar.

Para participar do programa, os interessados devem agendar horário para avaliação individual pelo telefone (11) 5572-4301.


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Parar de fumar exige determinação e apoio médico

Esta é a mensagem do Seconci-SP, por ocasião do Dia Mundial sem Tabaco


Não há um remédio para acabar com o tabagismo, hábito que expõe os fumantes a 7 mil componentes químicos, causando cerca de 50 doenças diferentes e matando 8 milhões de pessoas por ano. Portanto, os trabalhadores da construção civil e seus familiares que quiserem parar de fumar devem ter determinação e terão do Seconci-SP (Serviço Social da Construção) apoio ambulatorial médico e psiquiátrico.

Esta é a mensagem da dra. Marice Ashidani, pneumologista do Seconci-SP, por ocasião do Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio). Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o tabagismo é a causa evitável de morte mais prevalente no mundo, vitimando um em cada dez adultos.

Ao fumar um único cigarro, a pessoa inala mais de milhares de substâncias tóxicas, como monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína e outras 43 cancerígenas, como arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo e resíduos de agrotóxicos. “Além disso, a temperatura da fumaça é outro elemento muito nocivo à saúde, inflamando os tecidos de toda a área das vias respiratórias”, comenta a dra. Marice.

A médica alerta que são igualmente prejudiciais o cigarro eletrônico, proibido no Brasil, e o narguilé, pois além da nicotina, contêm outras substâncias cujos efeitos ainda são desconhecidos.


Tomada de consciência

“Parar de fumar exige que a pessoa esteja determinada. Recaídas acontecem, geralmente relacionadas a vínculos comportamentais, como estar em uma balada ou beber com amigos. Nesses momentos, a pessoa deve tentar se conter e refletir sobre os prejuízos do tabagismo que podem ser fatais para sua saúde. E se não conseguir, ela sempre pode tentar novamente”.

Além do Seconci-SP, os trabalhadores da construção civil e seus familiares podem buscar tratamento em centros de apoio da rede pública de saúde, que fornecem adesivos para a redução gradual da dependência de nicotina e, se necessário, medicamentos para a ansiedade.

“Geralmente o tabagismo começa na adolescência, fase que gera angústia e conflitos nos jovens, e também por influência dos grupos de amigos. Neste período, os pais devem conversar com os filhos, falar dos malefícios físicos e psíquicos da droga, como dependência e risco de uso abusivo. E devem procurar identificar, junto com os filhos, as causas psicológicas e sociais que podem levá-los ao tabagismo, buscando aliviá-las”.

Conheça oito benefícios de se abandonar o consumo de tabaco:

• Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.

• Após três horas, não há mais nicotina circulando no sangue.

• Após oito horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.

• De 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.

• Após dois dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta a comida com mais precisão.

• Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação sanguínea melhora.

• Após um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.

• Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.


Impacto ambiental

Estudos da OMS mostram que o tabagismo também destrói o meio ambiente. Anualmente, 600 milhões de árvores são cortadas para produzir cigarros, 84 milhões de gás carbônico são liberados elevando a temperatura global, e 22 bilhões de litros de água são usados para produzir cigarros.

Além de gás carbônico, a fumaça do tabaco também contém metano e óxidos nitrosos, aumentando a poluição atmosférica.

As guimbas ou bitucas de cigarros estão entre os resíduos mais descartados em todo o mundo e contêm substâncias perigosas como arsênio, chumbo, nicotina e formaldeído. O filtro dos cigarros não é biodegradável.

A cada ano, cerca de 3,5 milhões de hectares de terra são utilizados para cultivar tabaco, em especial nos países em desenvolvimento, o que contribui para desmatamento, perda de biodiversidade, erosão e degradação do solo, poluição das águas e aumento das emissões de dióxido de carbono.

O cultivo do produto geralmente envolve o uso expressivo de substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, fertilizantes e reguladores de crescimento. Eles podem escoar e contaminar o solo e as fontes de água, além de causarem danos à saúde dos plantadores de fumo.

Durante o processo de produção, são geradas toneladas de lixo, tanto sólido quanto resíduos químicos (contendo substâncias como a amônia e tolueno).  A fabricação e o consumo de cigarros envolvem também o uso de papéis e plástico. Há ainda todo o material utilizado na confecção do produto, além do uso adicional de fósforos e isqueiros para acender os cigarros, charutos e cachimbos.

 

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