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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Tabagismo passivo afeta os olhos das crianças



A fumaça do cigarro é uma mistura de aproximadamente 4.720 substâncias tóxicas diferentes que constituem-se de duas fases fundamentais: a particulada e a gasosa. A fase gasosa é composta, entre outros por monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína. A fase particulada contém nicotina e alcatrão



O tabagismo passivo é uma ameaça conhecida à saúde ocular entre os adultos. Muitos estudos vinculam a exposição à fumaça a um risco aumentado de doenças oculares que afetam as pessoas, mais tarde na vida, como catarata e degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das principais causas de cegueira. Mas o fumo passivo representa uma ameaça à visão das crianças? Um novo estudo de Hong Kong sugere que sim. Os pesquisadores descobriram que crianças com menos de 6 anos já mostravam sinais de lesões nos olhos decorrentes do tabagismo passivo.

“Uma das partes mais vulneráveis ​​do olho à fumaça de cigarro é chamada coroide. A coroide é uma densa rede de vasos sanguíneos na parte posterior do olho. É responsável por fornecer oxigênio e nutrição à retina e mantém a temperatura e o volume do olho. Estudos mostraram que fumantes e pessoas expostas ao fumo passivo têm uma coroide mais fina. O afinamento coroidal está relacionado ao desenvolvimento de DMRI com risco de perda de visão, entre outras condições”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Para descobrir se as crianças expostas ao fumo passivo apresentavam danos semelhantes, pesquisadores de Hong Kong examinaram 1.400 crianças de 6 a 8 anos de idade. Eles mostraram que as crianças expostas ao fumo passivo apresentavam coroides significativamente mais finas em comparação com as crianças que não eram expostas à fumaça do cigarro. A diferença era de cerca de 6 a 8 mícrons.

Os dados também mostraram que o afinamento coroidal em crianças aumentou com o número de membros da família que fumavam e com a quantidade de cigarros fumados por dia. Embora a implicação, a longo prazo, dessa influência na saúde ocular futura das crianças ainda esteja por ser determinada, este estudo mostra o papel potencial da exposição precoce ao fumo em doenças crônicas que ocorrem mais tarde na vida.


O tabagismo passivo

Ao longo dos anos, a taxa de tabagismo diminuiu nos Estados Unidos, mas continua a ser um risco para a saúde. Uma pesquisa de 2018, nos EUA, relatou que até 25,2% da população foi exposta ao tabagismo passivo e que 37,9% das crianças (de 3 a 11 anos) e adolescentes (de 12 a 19) foram expostas ao fumo.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no ambiente, contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala.

A exposição involuntária à fumaça do tabaco pode acarretar desde reações alérgicas (rinite, tosse, conjuntivite, exacerbação de asma) em curto período, até infarto agudo do miocárdio, câncer do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) em adultos expostos por longos períodos. Em crianças, aumenta o número de infecções respiratórias. Assim, o fumante deve ter conhecimento de que a fumaça do seu cigarro ou de outro produto derivado do tabaco pode causar doenças nas pessoas com quem convive em casa, no trabalho e em demais espaços coletivos e que não existe nível seguro de exposição à fumaça.

 “O fumo passivo é uma séria preocupação para a saúde pública. Cerca de 40% das crianças são expostas ao fumo passivo, muitas, a longo prazo, o que identificamos como fator de risco para problemas de visão futuros. As novas descobertas mostram a importância de pôr um fim ao tabagismo passivo em torno das crianças, em um esforço para preservar da visão e da saúde em geral”, defende Centurion.





IMO-Instituto de Moléstias Oculares
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Brasil é o segundo país do mundo em casos de Hanseníase

Foto: fonte site Dráuzio Varella


O Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (25 de janeiro) promove a conscientização sobre a doença e o Ministério da Saúde alerta sobre a incidência, principalmente entre os homens 


Nesta semana (25 de janeiro) acontece o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (doença popularmente conhecida como Lepra) com ações de conscientização e prevenção em todo o país. Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo país do mundo em casos de hanseníase, ficando atrás apenas da Índia.

A Hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa e que atinge principalmente homens. A transmissão é feita quando uma pessoa com Hanseníase elimina o bacilo para o meio exterior pelas vias aéreas (espirro ou tosse), infectando outras pessoas.

O diagnóstico da doença é feito por meio de exames gerais e dermatoneurólogicos para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade, comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas, motoras e autonômicas.

Entre as doenças infecciosas, a Hanseníase é considerada uma das principais causas de incapacidades físicas em razão do seu potencial para lesões neurais. As deformidades físicas são outro fator preocupante da doença, pois causam dor, comprometem a estética e podem até levar a amputações. O diagnóstico precoce é muito importante, já que se, tratada desde o início, a doença não causa deformidades.

A identificação tardia da doença resulta em lesões de pele, perda da sensibilidade protetora da pele, diminuição da força muscular e deformidades visíveis nas mãos, pés e olhos. “As deformidades são uma das principais dificuldades de quem sofre com a doença devido ao preconceito e estigma social que causam”, explica Antônio Rangel, enfermeiro estomaterapeuta.


Como identificar os sintomas?

Os primeiros sintomas são nos nervos periféricos, que causam formigamentos, dormência ou ardor nos braços, mãos, pernas ou pés. Na sequência, ocorre a diminuição da força muscular das mãos, pés ou do rosto.

Após alguns meses, ou até anos, surgem manchas na pele que podem ser de coloração esbranquiçada, avermelhada ou acastanhada. As manchas podem apresentar perda ou diminuição de sensibilidade, além de pele seca e queda de pelos. Podem surgir, ainda, nódulos (caroços) avermelhados e doloridos.


Tratamento

Felizmente, a Hanseníase tem cura. O tratamento dura entre 6 e 12 meses e é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diariamente, o paciente toma a medicação em casa e, uma vez por mês, vai à unidade de saúde receber a dose supervisionada. A partir do momento que inicia o tratamento, o paciente não transmite mais a doença.
Já o tratamento das lesões de pele pode ser acelerado com o uso de uma membrana especial a base de celulose que regenera a pele em tempo recorde. A Membracel protege as terminações nervosas (diminuindo a dor) e não precisa ser trocada diariamente, o que proporciona mais conforto ao paciente. “Com a membrana, o paciente consegue retomar a qualidade de vida durante o tratamento devido principalmente a diminuição da dor”, avalia Thiago Moreschi, diretor da Vuelo Pharma, empresa responsável pela Membracel.

Diabetes pode mascarar sintomas de infarto


Sociedade Brasileira de Diabetes orienta como pessoas com a doença podem reconhecer e prevenir quadros de ataque cardíaco


Diante do crescente prevalência de pessoas com diabetes, no Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) alerta que, ao lado do controle glicêmico, essa população atente para a manutenção da saúde vascular. Além de ser um fator de risco para a obstrução de artérias e dilatação e vasos sanguíneos, a doença pode mascarar os principais sintomas do infarto, dificultando sua rápida identificação. Dados da International Diabetes Federation (IDF) apontam que 80% dos pacientes com Diabetes Tipo 2 morrem em decorrência de problemas cardiovasculares.

Especialistas apontam que os sintomas mais comuns do infarto são dor forte no peito que irradia para o braço, ombros e pescoço. Contudo, em pessoas com diabetes, o ataque cardíaco pode se manifestar por falta de ar, sensação de mal estar, náuseas e vômitos, desmaio inexplicado e, até mesmo, uma descompensação sem explicação do controle da glicemia.

“Isso acontece devido à neuropatia autonômica, uma disfunção que afeta o sistema nervoso simpático e parassimpático, fazendo com que os pacientes com diabetes sintam menos dor e mascarando o quadro clínico do infarto”, explica o Dr. Marcello Bertoluci, endocrinologista e coordenador do Departamento Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), gestão 2018-2019.

Essa relação se dá porque os níveis desregulados de açúcar no sangue, juntamente com o colesterol e a pressão arterial possibilitam a formação de placas de colesterol que entopem as artérias. De acordo com o médico, o aumento excessivo da glicose no sangue favorece a maior produção de coágulos que também podem obstruir as artérias. “Quando uma artéria sofre uma obstrução, o coração entra em sofrimento pela falta de oxigênio e o tecido sadio morre sendo substituído por cicatriz. Dependendo do tamanho da área afetada pode ser fatal ou deixar sequelas irreversíveis, como a insuficiência cardíaca”.

Dr. Bertoluci ainda destaca que as complicações vasculares geralmente afetam mais os homens do que as mulheres, entretanto, quando se trata de diabetes essas diferenças desaparecem. “Homens e mulheres têm incidências semelhantes de infarto agudo do miocárdio e AVC, mas representam o dobro quando comparados a pessoas sem diabetes. É importante ressaltar que, quando acontece em mulheres, tende a ser mais grave, com maior número de mortalidade”.

Para a prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes, a SBD recomenda: manter estáveis os níveis de glicemia; ter uma rotina de alimentação saudável associada à prática de atividades físicas; e controlar os fatores de risco, como hipertensão, glicemia, tabagismo, obesidade e colesterol. Indica-se ainda consultar um cardiologista regularmente e realizar exames periódicos que possam apontar a necessidade de utilização de medicações preventivas.



SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes

Seconci-SP: diagnóstico precoce da hanseníase é fundamental



Marcada por um passado de discriminação e isolamento de pacientes, a doença, se tratada corretamente, tem cura


Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos de Hanseníase no mundo, atrás somente da Índia. Em 2018, foram registrados 208.619 casos no mundo, sendo 28.660 apenas no Brasil e 1.212 no estado de São Paulo. Nesse contexto, a campanha Janeiro Roxo surgiu com o intuito de promover esclarecimentos e conscientização sobre a doença, estabelecendo a próxima segunda-feira, 27 de janeiro, como sendo o Dia Mundial da Luta contra a Hanseníase. A dermatologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), Marli Izabel Penteado, destaca que, apesar de um passado marcado por discriminação, a hanseníase tem cura e, se o doente estiver em tratamento, não oferece risco de contágio.

“Por ser uma doença infecciosa e contagiosa, a transmissão ocorre por meio do contato próximo e contínuo com o paciente não tratado. Por isso, o maior problema é estender os exames às pessoas próximas ao paciente já diagnosticado, onde está o foco", explica a médica.

Causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, a doença é transmitida principalmente pelas vias respiratórias superiores, além do contato com a pele do paciente. Sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa infectada e apresenta múltiplas manifestações clínicas, desde áreas anestésicas, manchas claras, avermelhadas ou amarronzadas, caroços na pele e lesões dos nervos periféricos.

O período de incubação é prolongado e, em geral, varia de cinco a sete anos. “O bacilo gosta de temperaturas mais frias, então afeta principalmente a pele e nervos superficiais. Normalmente, os doentes não diagnosticados precocemente desenvolvem complicações nos pés, mãos e olhos”, explica a médica. “É importante ficar atento aos sinais e procurar o dermatologista o quanto antes, pois ele prescreverá o tratamento adequado”, completa.


Passado estigmatizado e prevenção

Segundo a médica, ainda há um estigma em relação à doença, e o desconhecimento e a falta de informação acabam dificultando o diagnóstico. Até a década de 1960, a hanseníase era tratada por meio da internação compulsória no Brasil e os pacientes eram discriminados e isolados do convívio social.

A doença acomete principalmente pessoas com situação econômica, social e ambiental desfavorável. Há maior incidência no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Segundo um estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Brasília, Fiocruz Brasília, London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e Universidade Federal Fluminense (UFF), o risco de uma criança contrair hanseníase na região Norte do Brasil é 34 vezes maior do que no Sul. 

Em relação à prevenção, dra. Marli explica que a maior parte da população já nasce naturalmente resistente à doença. “O autoexame é fundamental, verificando se há manchas claras ou avermelhadas na pele, além de checar com atenção pontos de sensibilidade. Caso note alguma anormalidade, o paciente deve buscar ajuda médica”, indica a dermatologista.

Cirurgia para problemas na maxila e mandíbula devolve autoestima


A cirurgia ortognática ainda é pouco divulgada, trata-se de um procedimento realizado para corrigir problemas na maxila (estrutura óssea que suporta os dentes superiores) ou na mandíbula (que mantém os dentes inferiores). Segundo o cirurgião dentista Dr. Hamilton Tadeu Pontarola Junior, cirurgião bucomaxilofacial do Hospital VITA, cerca de 10 milhões de brasileiros precisariam submeter-se ao procedimento. “As cirurgias ortognáticas têm objetivos estético-funcionais, ou seja, corrigem as capacidades fonatórias e mastigatórias e devolvem uma harmonia facial à pessoa”, destaca.

Dados do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e pesquisas realizadas por institutos norte-americanos revelam que 60% da população do País necessita de algum tipo de tratamento ortodôntico - uso de aparelhos para consertar a posição dos dentes ou fazer outros ajustes, sendo que 5% dos problemas precisam de intervenção cirúrgica para serem resolvidos.

Dr. Tadeu conta que, além de deixar o rosto assimétrico e esteticamente comprometido - fator que na maioria das vezes provoca o isolamento social dos pacientes, pois precisam conviver com bullying -, ter o queixo para frente ou para trás, pode causa problemas funcionais graves, como apneia, dores na musculatura do rosto, dores na ATM (articulação na frente dos ouvidos), dificuldade mastigatória, cefaleias e até disfunções estomacais (devido à mastigação incorreta).


Diagnóstico

Para detectar com exatidão a origem das dores e resolver o problema, é necessária a orientação de um cirurgião bucomaxilofacial. “Por meio de exames específicos, o especialista avalia se apenas o uso do aparelho ortodôntico é, ou não, suficiente para a resolução do caso, ou se a correção necessita de cirurgia ortognática”, explica o médico.

O diagnóstico é feito especialmente por meio de avaliação clínica. No entanto, exames de imagens como raio x e tomografias da face, além de modelos em gesso das arcadas dentárias, são úteis para fixar o diagnóstico e estabelecer o plano de tratamento.


Procedimento


A cirúrgica é realizada normalmente no início da fase adulta após o final do crescimento, ou seja, mais ou menos a partir dos 16 anos em mulheres e 18 anos em homens. O procedimento é feito por uma equipe de cirurgia bucomaxilofacial, em ambiente hospitalar sob anestesia geral. Normalmente, o paciente, após avaliação médica prévia, necessita de um a três dias de internamento, dependendo do caso. “As incisões são realizadas por acesso intrabucal e o paciente é operado com aparelho ortodôntico adequado instalado. O retorno às atividades varia de 15 a 30 dias. Como não há incisão externa (ou incisão externa mínima) também não ficam cicatrizes”, destaca o cirurgião.

De acordo com Dr. Tadeu, geralmente, o paciente leva de duas a três horas para sair do centro cirúrgico, mas tudo depende das intervenções necessárias durante a operação. Por causa da anestesia geral, é preciso permanecer em observação no hospital por 24h, recebendo alta para voltar para casa no dia seguinte.

O cirurgião dentista explica que a técnica objetiva essencialmente modificar a posição dos maxilares, por meio de osteotomias (cortes ósseos) garantindo assim a saúde das articulações, melhora na respiração, correção da mordida, melhora na fala e aparência física. As osteotomias são fixadas com placas e parafusos de titânio.

Antes do procedimento, o cirurgião faz um planejamento pelo computador, após isso passa os dados obtidos para um guia cirúrgico. “O sistema utilizado informa com maior precisão a melhor forma para realizar o procedimento”, complementa o especialista.

O cirurgião bucomaxilofacial explica que a tecnologia usada é de ponta, os softwares podem indicar o método mais adequado para o caso de cada paciente, possibilitando a pré-visualização do resultado. O tempo cirúrgico varia de duas a cinco horas, dependendo da complexidade do caso. No pós-operatório, o paciente deve respeitar uma dieta específica (líquida, pastosa e fria, especialmente nos três primeiros dias), controle da higiene bucal, observância da medicação específica (antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios), raios x pós-operatórios e consultas com o cirurgião. “O retorno às atividades cotidianas, não deverá ser realizado antes de um período mínimo de 15 dias”, ressalta Dr. Tadeu.


A cirurgia é indicada em casos de:

Dificuldade na mastigação;
Dificuldade na deglutição;
Desgaste excessivo dos dentes;
Mordida aberta;
Mordida profunda;
Mordida cruzada;
Aparência facial desarmônica;
Defeitos congênitos ou sequelas de trauma na face;
Queixo pequeno ou retraído;
Queixo grande ou protuído;
Queixo desviado para um dos lados;
Mandíbula muito para frente ou projetada;
Mandíbula muito para trás ou retruída;
Incapacidade de fechar os lábios sem esforço muscular;
Excesso vertical de maxila;
Respiração oral crônica;
Dor crônica na ATM e cefaleias;
Síndrome da apneia obstrutiva do sono;
Maxilar atrésico (maxilas fechadas)




 Hospital VITA 

Conjuntivite: transmissão fica mais favorecida no verão


Oftalmologista da Cia. da Consulta explica as causas e como se prevenir


Para muitos brasileiros, não existe nada melhor do que aproveitar os dias mais quentes do ano na praia ou na piscina. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados. É nesta época do ano que a transmissão de algumas doenças fica mais favorecida, entre elas, a conjuntivite.
“A conjuntivite nada mais é que uma inflamação na película que recobre a esclera (a parte branca do olho, chamada conjuntiva)”, afirma oftalmologista da Cia. da Consulta, Roberto Tadeu Ferreira. “Seus sintomas são vermelhidão, lacrimejamento, fotofobia, dor e embaçamento visual.”
Segundo o especialista, o verão favorece a transmissão da conjuntivite devido à queda da imunidade. “O verão pode causar uma variedade de alergias, além de provocar maior transpiração e, consequentemente, maior risco de desidratação. Tudo isso contribui para uma queda da imunidade”. Outros fatores, como aglomeração e água contaminada, também contribuem.
A doença é transmissível pelo contato direto. “A pessoa coça o olho, aperta sua mão, encosta em você e, quando você leva a sua mão ao olho, também pode se infectar”. O médico alerta para a importância de lavar as mãos. O vírus que causa a infecção sobrevive por até 72 horas depois de depositados em qualquer superfície por uma pessoa contaminada. Por isso, também é importante não compartilhar objetos de uso pessoal, como lençóis, travesseiros e toalhas.
Os sintomas da conjuntivite podem ser aliviados com compressas com água gelada, que deve ser filtrada e fervida, ou soro fisiológico. No entanto, a infecção só pode ser tratada por meio de pomadas ou colírios antibióticos. Portanto, uma vez contaminado, o paciente deve procurar um oftalmologista imediatamente.


Banir a gordura trans pode ser o primeiro passo para reduzir as complicações cardiovasculares no Brasil


Especialista fala como este tipo de gordura pode ser prejudicial ao coração



Recentemente, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) aprovou uma proposta para banir a gordura trans definitivamente dos serviços de alimentação até 2023. Na resolução, seu uso será reduzido gradativamente: na primeira fase, ela será eliminada dos óleos refinados que são usados para frituras, como óleo de soja, girassol e canola. A partir daí, todos os alimentos processados e comercializados não poderão conter a gordura e, depois, por fim seja banida até 1º de janeiro de 2023

Segundo o cirurgião cardíaco e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Dr. Élcio Pires Júnior, esta decisão pode ser o primeiro passo para reduzir as complicações cardiovasculares no Brasil. “As doenças que afetam o coração são as principais causas de óbitos em todo o mundo. “As doenças que afetam o coração são as principais causas de óbitos em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde calcula que, por ano, 17,5 milhões de pessoas morrem devido às doenças cardiovasculares”, alerta.


Tipos de gordura

Existem, basicamente, três tipos de gordura e nem todas elas são prejudiciais. Pelo contrário, uma delas é essencial para o bom funcionamento do organismo, principalmente o do coração. As gorduras insaturadas, conhecidas como gordura boa, estão presentes em azeites, abacate, nozes e castanhas, e ajudam a elevar o bom colesterol, o HDL. Já as gorduras saturadas, presentes em laticínios, carnes gordurosas e derivados de óleo de coco, devem ser consumidas com moderação. A gordura trans não é recomendada em nenhuma situação.

Entretanto, atualmente não há nenhum limite estabelecido para a gordura trans, também conhecida como hidrogenada. De acordo com um estudo do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), até os itens que dizem ser “zero trans” possuem a gordura em sua composição.


A relação da gordura trans e o coração

“O alto consumo de gordura trans eleva as chances de desenvolver AVC’s e infartos do miocárdio. Isso acontece porque este tipo de gordura diminui os níveis do bom colesterol (HDL) e aumenta os níveis do colesterol ruim (LDL) que, por sua vez, se acumulam no interior das artérias, impedindo a circulação sanguínea. Estas placas podem obstruir totalmente o fluxo sanguíneo, levando ao AVC ou ao infarto”, explica o cirurgião.

Embora muitos fatores também contribuam para as chances de complicações cardiovasculares, como o sedentarismo, diabetes descontrolado, tabagismo e obesidade, esta decisão da Anvisa pode ser um primeiro passo para a redução das doenças do coração. “Adotar hábitos saudáveis e estar atento à alimentação é a principal forma de prevenir complicações cardiovasculares. A prevenção ainda é o melhor tratamento para o infarto e o AVC”, finaliza o especialista. 

Dr. Elcio Pires Junior é coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or - Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de Guarulhos, cirurgião cardiovascular pela equipe do Dr. André Franchini no Hospital Madre Theodora de Campinas. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Nova Zelândia oferece bolsas e permissão de trabalho para doutorandos e familiares



Educação da Nova Zelândia é destaque no ranking da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que define os melhores países para a atração de talento internacional;

Em vigor desde 2005, política do governo que estabelece benefícios para estudantes internacionais tem aumentado o número de pesquisadores estrangeiros no país;

Saiba como participar dos processos seletivos



As universidades da Nova Zelândia estão sendo cada vez mais procuradas por estudantes e profissionais de todo o mundo que apostam na carreira científica: 48% dos pesquisadores de doutorado do país são estrangeiros – é o terceiro maior índice entre as nações da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

            Graças a uma política do governo neozelandês para atrair mão de obra altamente capacitada, pesquisadores em nível de doutorado podem trabalhar em período integral durante o período da pesquisa e após a conclusão recebem permissão de trabalho por mais 3 anos. Doutorandos também podem levar cônjuges e filhos para a NZ – os parceiros podem requisitar permissão de trabalho em tempo integral e os filhos podem estudar gratuitamente nas escolas públicas.

            Confira algumas oportunidades de bolsas de estudo em programas de doutorado de universidades da Nova Zelândia que estão com inscrições abertas.


University of Auckland
            A maior universidade do país oferece um processo facilitado para as bolsas de doutorado. Não é necessário fazer uma inscrição específica para pleitear o benefício, basta informar, no próprio processo de admissão, que gostaria de tentar uma bolsa. O processo de seleção vai levar em conta desempenho acadêmico e fluência de inglês, além da proposta de pesquisa. Os valores das bolsas estão em torno de 27 mil dólares neozelandeses por ano durante o período da pesquisa, que dura entre três e quatro anos. Para mais informações, clique aqui.


University of Otago
            Localizada no sul da Nova Zelândia, com paisagens exuberantes e diversas opções de lazer, a região de Otago é procurada por estudantes e pesquisadores de todo o mundo. A University of Otago oferece bolsas de até 27 mil dólares neozelandeses anuais, por três anos, para doutorandos de todas as áreas que ainda não tenham realizado um doutorado. São 200 candidatos selecionados por ano, e as inscrições podem ser feitas a qualquer momento no site.


Auckland University of Technology
Candidatos a programas de doutorado em qualquer área do conhecimento podem pleitear bolsas de 25 mil dólares neozelandeses por ano, além da gratuidade do curso, na Auckland University of Technology, classificada entre as melhores universidades do mundo em rankings internacionais. Para concorrer ao benefício, é necessário comprovar proficiência na língua inglesa, mérito acadêmico, inscrever um projeto de pesquisa e entrar em contato com professores da instituição que possam orientar o trabalho. Em 2020 há dois prazos para as inscrições: 15 de março e 15 de julho. Para fazer a inscrição, clique aqui.


Nova Zelândia é destino de excelência para pesquisadores
            A educação da Nova Zelândia é destaque no ranking da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que define os melhores países para a atração de talento internacional – estudantes de graduação e pesquisadores de mestrado e doutorado. O país da Oceania ocupa as primeiras posições na lista de 35 nações divulgada pela OCDE; o conteúdo completo pode ser conferido no site: https://bit.ly/30U4igT

            A competição global por trabalhadores altamente qualificados é o mote do estudo OECD Indicators of Talent Attractiveness, que leva em consideração como os países atraem mão de obra especializada (estudantes universitários e pesquisadores). A pesquisa da OCDE verificou que são fundamentais para a escolha por um país aspectos como qualidade de vida, boas oportunidades de estudo e trabalho, perspectivas positivas para o futuro, inclusão social, facilidade no processo de visto (inclusive para familiares), entre outros.


Destaque em educação para o futuro
            A Nova Zelândia é uma das nações que melhor educa para o futuro – o país ocupa a terceira posição (é primeiro entre os países de língua inglesa) do ranking mundial realizado e divulgado pela The Economist Intelligence Unit. Todas as universidades neozelandesas estão classificadas entre as melhores do mundo, de acordo com o conceituado índice internacional QS World University Rankings.


SOBRE A EDUCATION NEW ZEALAND – A Education New Zealand (ENZ) é a principal agência do governo para a divulgação e representação da educação da Nova Zelândia em âmbito internacional. Com o objetivo de tornar a Nova Zelândia conhecida como destino para estudantes internacionais e como a mais importante parceira para conhecimento e serviços ligados à educação, a ENZ conta com 70 funcionários em mais de 20 localidades e é dirigida por uma junta nomeada pelo Ministro de Educação Superior, Competências e Ofícios.


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OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO 4.0 E NOVAS SOLUÇÕES PARA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES



As transformações proporcionadas pela tecnologia impactam todos os setores da economia. São evoluções que influenciam e conduzem os mercados a um novo momento. No setor educacional, a situação é semelhante. Escolas vivenciam um cenário de múltiplas oportunidades e ferramentas que possibilitam preparar os alunos para contexto atual e para as necessidades e interesses da indústria 4.0.

A origem do termo “Educação 4.0” está na preparação do aluno para a indústria dessa Era. Mas o conceito é mais abrangente, principalmente por se tratar de  preparar o aluno para o mundo em evolução. Vivemos em um mundo cada vez mais dinâmico, com mudanças muito rápidas. Porém, não fomos preparados para acompanhar essa realidade na mesma velocidade. É preciso, portanto, qualificar os estudantes para este mundo em constante evolução e torná-los cada vez mais habilidosos para lidar com estas situações.

Os desafios da “Educação 4.0” estão na criação de metodologias que potencializem estas novas habilidades e trabalhe com a questão da formação de professores. É fundamental que docentes estejam afinados com a proposta de novas formas de aprendizado. No entanto, é preciso compreender que a tecnologia em si não transforma o ensino. O bom uso dela é que pode fazer a diferença e conectar a escola com os demais âmbitos da vida dos estudantes.

Convém-se apresentar as diversas possibilidades das tecnologias e instigar os alunos a dominarem o pensamento computacional para ajudá-los no desenvolvimento do pensamento criativo e inventivo. É importante o professor permitir a autonomia de aprendizado dos alunos. Na maioria das vezes, os estudantes têm facilidade de dominar as novas tecnologias e o professor, dentro de seu papel, deve ter a função de instigar a curiosidade e provocar novas ideias.

Inserir a tecnologia como ferramenta na rotina educacional permite despertar o lado inventor dentro de cada aluno. Potencializa habilidades para trabalhos em equipe como colaboração e escuta ativa, além de capacidade de raciocínio e comunicação, competências essenciais para a vida pessoal e profissional futura.

Um exemplo de iniciativa pautada pelo conceito “Educação 4.0” é o Micro:bit, um hardware baseado em uma pequena placa programável  criado pela Micro:bit Foundation,  instituição sem fins lucrativos com sede na Inglaterra. O dispositivo motivou uma parceria entre a fundação e a unidade de tecnologias educacionais da Positivo. O resultado foi a criação do Inventura, solução concebida para transformar crianças em inventores ao ensinar programação computacional de maneira fácil, imersiva e estimulante.

O uso do Micro:bit na educação aumentou consideravelmente o interesse de alunos por programação. Pesquisa realizada em 2016 na Inglaterra com alunos do 7º ano trouxe esse indicativo. Mais de um milhão de Micro:bit foram distribuídos aos estudantes. Após um ano de uso, 90% deles disseram que o dispositivo demonstrou que qualquer pessoa pode programar. Além disso, foi constatado também o aumento de 45% do interesse de meninas pela disciplina de Programação.

Em 2019, a experiência foi repetida no Brasil com resultados muito positivos também. A percepção da facilidade de programação ficou igualmente evidente. Antes de conhecerem o Micro:bit e o Inventura (currículo de invenção baseado no Micro:bit), 23% dos alunos acreditavam que era fácil fazer programas de computador. O percentual elevou-se para 43%, após três meses de utilização.

Ambas as soluções, totalmente inseridas no conceito de “Educação 4.0”, realmente ajudam na formação de alunos e os preparam para um cenário de transformações tecnológicas permanentes. Possibilitam aos estudantes serem protagonistas nesse processo evolutivo com estímulo ao pensamento crítico, respeito ao ser humano e à natureza que os cerca.

O Micro:bit e o Inventura são exemplos que comprovam as valiosas contribuições da tecnologia no ambiente educacional. Confirmam também o compromisso de empresas e instituições de ensino para criar e disponibilizar as melhores soluções para facilitar a formação de cidadão que o mundo realmente precisa.





Rebeca Barbalat - diretora da unidade de tecnologias educacionais da Positivo  - rebeca@positivo.com.br | https://tecnologia.educacional.com.br

Como funciona a adaptação em um colégio bilíngue?


Coordenadora da Educação Infantil bilíngue do Colégio Humboldt explica como funciona o primeiro contato das crianças com um idioma diferente

O primeiro contato com a escola sempre causa um estranhamento para as crianças. Em um colégio bilíngue a situação não é muito diferente, uma vez que, além de se depararem com um ambiente novo, os pequenos ainda terão de lidar com um idioma desconhecido. Apesar do aprendizado em duas línguas causar preocupação aos pais, especialistas da área afirmam que o ensino bilíngue, principalmente quando iniciado na primeira infância, só traz benefícios às crianças. 
De acordo com Rebeca Boldrin de Oliveira, coordenadora pedagógica da Educação Infantil Bili do Colégio Humboldt – instituição bilíngue e multicultural (português/alemão), localizada em Interlagos (SP) – quanto mais cedo o aluno for exposto a um segundo idioma, maior será a chance de adquirir fluência e, posteriormente, de aprender outras línguas. “Nas crianças de até cinco anos, o desenvolvimento linguístico está em plena formação, independentemente da língua com a qual tenha mais contato”, afirma Rebeca. “Quanto mais cedo for o contato com outro idioma, mais natural será este processo, pois ele passa a ser quase que intuitivo, uma vez que está sendo adquirido e não aprendido formalmente”, completa.

A adaptação 
No Brasil ainda não existe legislação específica para as escolas bilíngues, ou seja, aqui os colégios têm liberdade para organizar o currículo, desde que cumpram com as exigências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Por isso, antes de colocar o filho em uma escola bilíngue, é necessário que os pais pesquisem qual método de ensino mais se encaixa nos ideais da família e com as particularidades de cada criança. 
Além disso, é preciso que os responsáveis fiquem atentos à adaptação infantil feita pelo colégio e as possíveis dificuldades que a criança pode apresentar. Para Rebeca Boldrin de Oliveira, é essencial que esse primeiro contato seja dado com naturalidade, buscando construir um vínculo afetivo com os pequenos. “Nos primeiros dias de aula temos como foco principal acolher os alunos, criar um vínculo positivo e de confiança. Isso se dá ao recebermos os alunos com alegria, sorrindo, demonstrando interesse, brincando junto com eles e estando perto, para que saibam que estamos aqui para ajudá-los no que for preciso”, comenta. 
A coordenadora ainda ressalta a necessidade de planejar atividades divertidas e diferentes durante o período de adaptação para que a criança crie familiaridade com o idioma. “Nas primeiras semanas de aula, orientamos a equipe de professores a planejar atividades, jogos, brincadeiras, culinárias e artesanatos que possam encantar as crianças, como a massinha caseira, gelatina, bolinha de sabão e, dentro do possível, algo que possam levar para casa”, diz Rebeca. Ela ainda acrescenta: “acreditamos que com esta postura positiva e agradável, a língua deixa de ser uma barreira e passa a fazer parte do cotidiano e se torna algo natural”. 

A imersão em outra cultura
Para a imersão de uma criança em uma cultura diferente é essencial que os responsáveis escolham um colégio de confiança, uma vez que ele que será a referência de determinado idioma para os pequenos. “A maioria de nossos alunos aprende alemão conosco, ou seja, nós somos as referências deste idioma e cultura para eles, ou seja, ao chegar ao Colégio, irão entrar nesta realidade alemã e ter de fato um contato mais frequente com esta língua”, comenta Rebeca Boldrin de Oliveira.
Para a coordenadora, a comunicação no segundo idioma traz um desafio a mais, pois segundo ela: “Dentro do BiLi, a professora de referência em língua alemã se comunica com os alunos em alemão apenas, então é um cuidado a mais que precisamos ter, pois não teremos a língua principal como ferramenta de comunicação; é necessário estar preparada para usar outras estratégias”, afirma. Uma estratégia que apresenta bastante resultado é o uso de fantoches que “falam apenas alemão” com os alunos, estes se mostram encantados com os novos amigos aproximando-se destes personagens (e assim também da língua) com naturalidade e carinho.

O Sabor da Volta às Aulas

Bem se expressa o pedagogo Rubem Alves quando diz que o saber sem prazer é como a comida sem sabor. Vem dele a inspiração desta metáfora que envolve escritores e cozinheiros: “só aprende quem tem fome”. Por certo, alguém comeria uma refeição que não lhe desperta o paladar com pouca motivação. Arrisco dizer que, da mesma forma, alguém ficaria entusiasmado em provar algo que lhe estimulem outros sentidos, como o olfato ou a visão – talvez daí venha a expressão “comer com os olhos”.

Curiosa pelas novidades da cozinha, li dias atrás sobre a neurogastronomia e um estudo sobre como o cérebro estabelece o gosto – apontando, inclusive, que os fatores sociais influenciam nessa percepção. Mágico, não é? Um convite a pensar sobre quanto da relação “saber e sabor” está presente no ato de aprender. Afinal, aprendemos o tempo todo e aprendemos mais e de forma mais significativa e duradoura quanto mais encantados e provocados a experimentar e “saborear” estivermos.

Vamos refletir sobre um momento bem específico desta relação... a volta às aulas. Quem teria animação em voltar às aulas se não espera ter experiências agradáveis sobre o ensino? Quem de nós retomaria a essa rotina após dias cheios de tranquilidade, liberdade e despreocupações? Com certeza, para que tenhamos motivação e vontade de retomar essa rotina, precisamos de muitos estímulos.
Para que o retorno ao ano letivo seja prazeroso a pais, crianças e educadores, é necessário haver preparação de todas as partes. Diria que o planejamento dos professores para as primeiras semanas de aula seria o ato de aguçar o paladar dos alunos. Um envolvimento mútuo, que inclui responsabilidade e criatividade. Uma boa dose de participação coletiva que acrescentará um tempero especial ao ensino, despertando o sabor do aprendizado logo nas primeiras aulas do ano. Começar bem um prato não é garantia de sucesso, mas já nos dá uma boa perspectiva de que teremos algo delicioso para provar no final.

Pensando assim, o cuidadoso planejamento deste retorno, a escolha dos melhores ingredientes, os mais coloridos, mais saborosos para essa retomada, requer preparação, cuidado e muito amor. A escola inicia esse processo muito tempo antes. Enquanto os alunos ainda estão curtindo suas férias, a equipe de gestores precisa se mobilizar a fim de receber seus professores e organizar as primeiras receitas (semanas de aula); criar um ambiente acolhedor e prazeroso, pensar no cardápio do ano e escolher os melhores elementos para produzirmos os pratos saborosos.

Da mesma forma, do outro lado, os pais e alunos devem se dedicar à preparação para uma nova rotina, diferente da falta de rotina das férias. Todos engajados na cerimônia e nos preparativos para tornar a ocasião a mais especial possível. Importante também nesse contexto é o papel da família em amenizar as dificuldades que os meninos e meninas enfrentam no retorno ao ano letivo. É verdade que, nas férias, não é conveniente impor-lhes os estudos. É momento de relaxar, conhecer lugares e pessoas, fazer novas descobertas. Porém, com a proximidade da volta às aulas, é preciso ficar atento para que a rotina de férias seja, sim, flexível, mas não imprópria.

O sabor prazeroso do saber é uma responsabilidade de todos os envolvidos no processo de construção do conhecimento. Esse conjunto determina o rito de preparo dos pratos e sua forma de apresentação à mesa. Do começo ao fim do ano letivo é necessário que os participantes da produção do saber estejam comprometidos. Só assim, a escola será mais do que prédios, salas, quadros, programas, horários e conceitos. A escola será, sobretudo, gente. Gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece e se estima. Gente que tem fome de “descobrir”, ávida por sentir o sabor agradável da educação.



Claudia Saad - coordenadora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.

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