Silvana_Mendes_Série I_Afetocolagens -
Desconstrução de Visualidades Negativas
em Corpos Negros_
Silvana Mendes_2021
Com curadoria compartilhada
entre a autora mineira, Marcelo Campos e Amanda Bonan (MAR), itinerância da
mostra abre para visitação a partir de 25 de abril, no Sesc Pinheiros, destacando
as potências na produção de artistas contemporâneos negras e negros das
Américas e de África
De 25
de abril a 1º de dezembro, o Sesc Pinheiros recebe "Um Defeito de
Cor". Resultado da parceria entre o Sesc São Paulo e a Organização
dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), com
a concepção original do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), a exposição é
inspirada no livro homônimo da autora mineira Ana Maria Gonçalves, lançado em
2006. A curadoria é da escritora ao lado de Marcelo Campos e Amanda
Bonan. Após abertura no MAR, no Rio de Janeiro, e temporada no Museu Nacional
da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, a mostra chega à capital
paulista. Por meio de obras de artes, faz alusão ao período do Brasil Império
(1822-1889) para discutir os contextos sociais, culturais, econômicos e
políticos do século 19 e seus desdobramentos em elementos contemporâneos.
Ao todo, 372 peças entre arte têxtil,
fotografias, instalações, cartazes, pinturas e esculturas de autoria de
artistas do Brasil, da África e das Américas interpretam "Um defeito de
cor", ganhador do prêmio Casa de las Américas e considerado um
dos mais importantes clássicos da literatura afro-feminista e nacional. Assim
como o livro, a exposição faz um enfrentamento às lacunas e ao apagamento da
história da população negra ao contar a jornada de uma mulher africana
nascida no início do século 19, escravizada no Brasil, e sua busca por um filho
perdido.
Dentre as novidades que serão apresentadas no
Sesc Pinheiros estão os figurinos e croquis das fantasias do Grêmio Recreativo
Escola de Samba Portela, assinados pelo artista e carnavalesco Antônio Gonzaga,
que se inspirou no livro de Ana Maria para desenvolver o samba-enredo do
Carnaval 2024, no Rio de Janeiro. O desfile impulsionou a procura em livrarias
físicas e digitais e elevou "Um defeito de cor" para a categoria de
mais vendidos do Brasil. Além disso, estarão em exibição, pela
primeira vez, um "Retrato de Ana Maria", quadro de Panmela Castro;
"Bori - filha de Oxum", do artista e babalorixá Moisés Patrício, e
"romaria", mural que será pintado por Emerson Rocha na entrada do
Sesc Pinheiros, além de uma programação integrada, com ações educativas
divulgadas ao longo do período expositivo.
Dividida em dez núcleos não-lineares, que se
espelham nos dez capítulos do livro, a exposição não é cronológica nem
explicativa. O objetivo é trazer uma visão do Brasil com momentos históricos e
recortes sociais transmitidos por meio de uma produção intelectual e de imagem
presentes na arte contemporânea. A mostra faz um mergulho na essência de temas
como os levantes negros, o empreendedorismo, o protagonismo feminino, o culto
aos ancestrais e a África Contemporânea, que reexaminam os caminhos da
população afro-brasileira desde os tempos de escravidão até os dias atuais, e
fazem uma interpretação dos conceitos apresentados no romance, principalmente
as origens e as identidades africanas que constituem a população, das quais
ainda pouco se sabe.
Ana Maria Gonçalves faz sua estreia na
curadoria da mostra ao lado de Amanda Bonan e Marcelo Campos, ambos do Museu de
Arte do Rio. A arquiteta Aline Arroyo assina a expografia, que teve consultoria
de Ayrson Heráclito, e a paisagem sonora foi criada pelo pesquisador e músico
Tiganá Santana, em colaboração com Jaqueline Coelho.
"Retomar ao ‘Um defeito de cor’ e, desta
vez, como participante da equipe de curadoria da exposição que leva o nome e a
ideia do livro é, ao mesmo tempo, um conjunto de experiências antagônicas e
complementares. Como também o é tudo que trata, por exemplo, da experiência dos
povos tocados e transformados pela escravidão. É um retorno no tempo e no
espaço para um lugar que foi construído a várias mãos, e não menos sangue, dor
e sofrimento", afirma Ana Maria.
OBRAS INÉDITAS DA EXPOSIÇÃO EM SÃO PAULO
Figurinos
e croquis de fantasias do desfile "Um Defeito de Cor" da Escola de
Samba Portela no Carnaval 2024;
"Retrato da Ana Maria", de
Panmela Castro;
"romaria"
(mural de entrada do Sesc Pinheiros), de Emerson Rocha;
Minidocumentário, de Safira
Moreira;
"Bori
- filha de Oxum" (2020), de Moisés Patrício;
"Flechas
para dentro" (2023), de Thiago Costa.
Sobre o livro "Um defeito de cor"
Escrito com base em uma detalhada pesquisa de
documentos, o romance histórico acompanha a trajetória de Kehinde, mulher
africana que, quando criança, é trazida ao Brasil como pessoa escravizada. Já
adulta, consegue se alforriar e retornar ao seu país de origem. Anos mais
tarde, ela viaja para o Rio de Janeiro em busca de um filho que fora vendido
pelo pai da criança.
Kehinde é inspirada em Luisa Mahin,
revolucionária do período colonial do Brasil, símbolo da resistência negra do
país, considerada heroína da Revolta dos Malês, o maior movimento de
escravizados da história brasileira, ocorrido em Salvador, em 1835. Estima-se
que Luisa Mahin tenha nascido por volta de 1812, na região da Costa da Mina, e
trazida e escravizada em Salvador. Ela é tida como mãe do abolicionista Luís
Gama.
Curadoria
Sobre
Ana Maria Gonçalves
Ana Maria Gonçalves é sócia fundadora da
Terreiro Produções. Deixou a publicidade, área na qual trabalhou durante 15
anos, para escrever “Ao lado e à margem do que sentes por mim” e “Um defeito de
cor”, ganhador do prêmio Casa de Las Américas (Cuba, 2007) e eleito como um dos
principais livros para se entender o Brasil. Já publicou contos em Portugal,
Itália e nos EUA, onde também morou por oito anos e ministrou cursos e
palestras sobre questões raciais. Foi escritora residente em universidades como
Tulane (New Orleans, LO), Stanford (Palo Alto, CA) e Middlebury (Middlebury,
Vermont). Atualmente mora em São Paulo, é roteirista (“Rio Vermelho”),
dramaturga (“Tchau, Querida!” e “Pretoperitamar”) e professora de escrita
criativa. É cocuradora da exposição “Um defeito de cor”, eleita como a melhor
exposição de 2022 pela revista seLecT_ceLesTe.
Sobre
Amanda Bonan
Amanda Bonan nasceu em 1981 em Niterói, Rio de
Janeiro. Doutora em Artes pela USP e mestre em Artes pela UERJ, trabalha como
coordenadora da equipe de curadoria do MAR desde 2017, onde realizou a
curadoria de exposições como “Crônicas cariocas”, “Um defeito de cor” e “Funk –
um grito de ousadia e liberdade”.
Sobre
Marcelo Campos
Marcelo Campos nasceu, vive e trabalha no Rio
de Janeiro. É professor associado do Departamento de Teoria e História da Arte
do Instituto de Artes da UERJ, curador chefe do Museu de Arte do Rio e doutor
em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Desenvolveu tese de
doutorado sobre o conceito de brasilidade na arte contemporânea. Possui textos
publicados sobre arte brasileira em periódicos, livros e catálogos nacionais e
internacionais.
SERVIÇO
"Um
Defeito de Cor"
Curadoria: Amanda Bonan, Ana Maria Gonçalves
e Marcelo Campos
Abertura: 24 de abril, quarta-feira, às
19h
Visitação: de 25 de abril a 1º de dezembro
de 2024
Horários: terça a sábado, das 10h30 às 21h;
domingos e feriados, das 10h30 às 18h
Local: Espaço Expositivo (2º andar) |
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Grátis | Livre
Estacionamento no local.
Agendamento de grupos através do e-mail:
agendamento.pinheiros@sescsp.org.br
sescsp.org.br/pinheiros
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