Rafael Medeiros Carraro, pneumologista do Hospital
Albert Einstein e parceiro da Care Plus, comenta sobre as principais causas da
doença, seu tratamento e as diferenças entre a asma e outras doenças respiratórias, como a
infecção pela Covid-19
A
asma é a doença respiratória crônica mais comum em crianças e adultos jovens.
Caracteriza-se clinicamente por sintomas respiratórios recorrentes, como tosse,
chiado e falta de ar, que melhoram espontaneamente ou com uso de medicações
broncodilatadoras. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia,
estima-se que, no Brasil, existam aproximadamente 20 milhões de asmáticos.
O
doutor Rafael Medeiros Carraro, pneumologista da Equipe de Transplante Pulmonar
do Hospital Israelita Albert Einstein e parceiro da Care Plus, operadora de
saúde premium, explica que um processo inflamatório crônico dos brônquios
acontece na doença, tendo como causa mais frequente a sensibilização por
alérgenos inalatórios, como ácaros, pelos de animais, polens e partículas de
fungos. “É bem frequente a presença do diagnóstico em familiares corroborando
uma predisposição genética. Outras causas possíveis são determinados
medicamentos (aspirina, paracetamol e anti-inflamatórios), algumas exposições a
inalantes no ambiente de trabalho, como látex e isocianatos (presentes nas
indústrias químicas)”, complementa.
Em
relação ao tratamento, os principais medicamentos utilizados são os corticoides
e broncodilatadores por via inalatória. “As suas doses, posologias e
associações vão variar de acordo com a gravidade dos sintomas, buscando-se
sempre as menores doses possíveis de medicação para controle da doença. Medidas
adicionais importantes são cessação de tabagismo e vacinação anual para
Influenza (sobretudo nos casos mais graves).
A
remoção extensa de alérgenos respiratórios habitualmente é de difícil execução
e deve sempre ser discutida individualmente com o médico”, discorre.
Desde
1998, a Global Initiative for Asthma (GINA) organiza o Dia Mundial da Asma, que
acontece na primeira terça-feira do mês de maio. A data tem como objetivo
melhorar a prevenção da doença e o nível de conscientização da população. Rafael
explica que a data reforça a atenção da população para o adequado tratamento de
uma doença crônica muito prevalente. E mais importante que isso: o seguimento
médico e o tratamento adequados permitem melhora da qualidade de vida e risco
muito baixo de internações ou morte pela doença.
Asma
x infecção pela Covid-19
Durante
a pandemia da Covid-19, muitas pessoas têm confundido os sintomas da asma com
os do vírus, mas o coronavírus afeta diferentes pessoas de diferentes maneiras.
O doutor Rafael explica que, habitualmente, o paciente com asma consegue
reconhecer e distinguir sintomas respiratórios relacionados à exacerbação da
asma em relação a outras doenças respiratórias. “Os pacientes com infecção da
Covid-19 costumam apresentar tosse seca e falta de ar contínua, porém, sem
chiado ou sensação de constrição torácica, que são bem frequentes nos pacientes
com crise asmática. Além disso, a melhora dos sintomas em poucas horas após
utilização de corticoides e broncodilatadores costuma ser rápida e importante
nos pacientes asmáticos. Entretanto, nos pacientes com a Covid-19, a resposta é
muito discreta ou ausente. Vale ressaltar que, na dúvida diagnóstica, é
fundamental manter o tratamento da asma o mais otimizado possível.”
O
primeiro conceito importante a respeito da asma na atual pandemia da Covid-19 é
que o paciente deve manter o seu tratamento sempre otimizado para minimizar o
risco de exacerbação da doença. Apesar de as primeiras séries de casos
publicadas na China terem relatado maior risco de mortalidade em pacientes
asmáticos (6%), estudos posteriores não confirmaram essa informação inicial.
“Clinicamente,
a infecção pelo SARS CoV-2 se caracteriza por pneumonia e, habitualmente, não
causa doença das vias aéreas pulmonares ou broncoespasmo, sendo essa
característica diferente de outros vírus respiratórios, como o Influenza, VSR
ou Rhinovírus. Portanto, a conduta mais importante para os pacientes asmáticos
em tempo de pandemia é manter o acompanhamento médico e o uso regular dos seus
medicamentos. Além disso, caso adquira a infecção pela Covid-19, não entre em
pânico e converse com seu médico, pois não há evidência que se tenha risco de
complicações mais graves, caso a asma esteja devidamente controlada”, afirma
Rafael.
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