Além das
temperaturas mais baixas, o estresse e a ansiedade causados pela quarentena
também prejudicam o coração
O inverno está se aproximando: a partir
do dia 21 de junho mudamos oficialmente para a estação mais fria do ano. E como
fica o coração? De acordo com dados da American Heart Association (Associação
Americana do Coração), os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares
aumentam de 20% a 25% no inverno.
Entretanto, neste ano, o inverno
não é o único a colocar em risco a saúde do coração. Devido à
pandemia do novo coronavírus, a principal recomendação de prevenção é o
isolamento social. Estresse, tristeza e ansiedade, comuns durante a quarentena,
prejudicam a saúde cardiovascular principalmente das pessoas que estão no grupo
de fatores de risco, como diabéticos, sedentários, cardiopatas, idosos e
obesos.
O que acontece com o coração durante o inverno?
Elcio Pires Junior, cirurgião cardíaco e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, conta que um fenômeno natural do organismo nas baixas temperaturas pode contribuir para o aumento do risco de infarto: a vasoconstrição. “Para preservar o calor do corpo, substâncias que contraem as artérias são liberadas no organismo, reduzindo o fluxo sanguíneo e aumentando a pressão arterial. Isso faz com que o coração faça um esforço maior nos dias mais frios para manter o equilíbrio térmico”, comenta o especialista.
Além das reações naturais do corpo no inverno, as condições ambientais durante essa época do ano também contribuem para a incidência de infartos e AVCs, já que o inverno provoca aumento da poluição nas cidades. “A baixa qualidade do ar, devido à falta de chuca da época, nos deixa mais expostos aos agentes poluentes. Dentro do nosso organismo, eles facilitam o enrijecimento das artérias, chamada de aterosclerose, aumentando o risco de ataques cardíacos”, alerta Elcio.
Frio e a quarentena
O isolamento social e os riscos da COVID-19 tornam o cotidiano ainda mais estressante. E esses sentimentos acarretam em uma série de efeitos no corpo, como o aceleramento dos batimentos cardíacos e a vasoconstrição, condição causada pela descarga de hormônios, como a adrenalina e o cortisol, na corrente sanguínea, que contraem os vasos e favorece a hipertensão.
“Por isso, principalmente durante o inverno e a
quarentena que enfrentamos, em caso de dor ou aperto no peito, falta de ar,
fraqueza, dor de cabeça e dormência em braços e pernas, busque ajuda médica!”,
reforça o cirurgião.
Prevenção de ataques cardíacos neste inverno
Para evitar infartos no inverno é importante manter uma alimentação saudável, incluindo frutas, legumes e verduras. As atividades físicas não devem ser abandonadas com a queda da temperatura e com o isolamento, e devemos nos lembrar de tomar água, já que a sede diminui durante o inverno.
“A diminuição das atividades físicas nestas épocas e o consumo de alimentos gordurosos e calóricos também são fatores contribuintes para os problemas. Além disso, manter-se positivo, tirar algumas horas no dia para praticar uma atividade relaxante e dormir bem são essenciais para enfrentar com saúde o momento que estamos vivendo”, finaliza o médico.
Elcio Pires Junior - coordenador da cirurgia
cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or - Osasco,
e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de Guarulhos,
cirurgião cardiovascular pela equipe do Dr. André Franchini no Hospital Madre
Theodora de Campinas. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos
EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo.
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