Vivemos a
chamada “Era do Conhecimento” aquela sobre a qual Peter Drucker, ainda nos idos
de 1960, afirmou que o diferencial competitivo iria estar presente nas pessoas
que trabalhassem com as informações, as desenvolvessem, e de acordo com o
contexto presente, as transformassem em conhecimentos a serem aplicados em suas
atividades profissionais. O raciocínio que suporta este entendimento é claro.
Apenas o conhecimento aplicado pode gerar aquilo que é essencial para qualquer
organização e/ou profissional, a competência.
A grande
evolução tecnológica tem impactado de forma consistente este cenário. Hoje em
dia as mudanças ocorrem em grande velocidade, bem como seus impactos. Aquilo
que ontem era de um jeito, hoje é desse e amanhã será de outro. Isto tem
provocado a falta de previsibilidade dos eventos. Diante tudo isso, planejar
tem sido algo ainda mais difícil e, ao mesmo tempo, longe de ser descartado.
Cada vez é mais complexo afirmar que existe apenas uma resposta correta, mas
sim diversas possíveis respostas para as situações, o que tem provocado também
o surgimento de múltiplas interpretações para um mesmo fato. Diante disso, o
conhecimento passou a ter um prazo de validade cada vez menor, um grande
paradoxo para a “Era do Conhecimento”.
A necessidade de
possuir conhecimentos específicos cada vez mais complexos vai na contramão de
uma frequente constatação de muitos pseudo especialistas presentes no mercado
corporativo, que diz respeito a “precisarmos ser generalistas”. Tempos atrás, o
genial Ariano Suassuna afirmou que “… a massificação procura baixar a qualidade
artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais
prejudicial do que o mau gosto… Nunca vi um gênio com gosto médio.” Fazendo uma
breve analogia, o ‘primo’ do gosto médio na arte é o conhecimento generalista
no mundo corporativo. O conhecimento generalista, muitas vezes, é raso. Ele tem
muito pouca valia no processo de geração de novos requisitos de riqueza, a
inovação, que acontece, necessariamente, a partir do conhecimento profundo.
Ainda que seja cabível considerar que a visão de alguém novo, ou de fora do
processo, possa ser um importante gatilho, a inovação só acontece a partir da
disposição daqueles que possuem muito conhecimento. Em tempos de redução da
validade deste, saber quem sabe é a grande sacada para nos manter competitivos.
Há ainda aqueles
que tendem a afirmar outros mantras que chegam a ser ainda mais
constrangedores. Talvez por isso, ou certamente, por conta disso, vivemos uma
epidemia de tantas práticas de autoajuda, disfarçadas, na maioria das vezes,
com o título de coaching. Pessoas pobremente construídas de conhecimentos
explicítos, em sua maioria formadas em barulhentos e caros cursos de finais de
semana, e com parcos conhecimentos tácitos, frutos de inexpressivas ou quase nulas
experiências pessoais e/ou profissionais, se acotovelam em buscar algo a ser
conquistado, verdadeiramente, apenas por aqueles que construíram de forma
efetiva seus pilares de aprendizado. Muitas das empresas e profissionais que
constroem suas carreiras explorando este filão, levantam a bandeira em prol do
conhecimento raso, o mal maior de nossa sociedade. Cabe prevenção. Esta injeção
tem como princípio ativo o conhecimento. Com as bençãos de Drucker e Suassuna e
sem qualquer contraindicação.
José Renato Sátiro Santiago
- Consultor e Professor, atuo e escrevo sobre temas
relacionados a Gestão do Conhecimento, Inovação, Pessoas, Projetos e Lições
Aprendidas.
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