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quinta-feira, 5 de julho de 2018

Saúde da mulher em risco: 94% dos ginecologistas e obstetras apontam que planos de saúde interferem na autonomia médica


Conjunto de resultados da pesquisa é estarrecedor: 6 em cada 10 médicos denunciam pressões de planos para restringir internações; 7 em 10 dizem que isso também ocorre para reduzir exames e outros procedimentos.
 
No SUS, 97% apontam problemas para exercer a especialidade. Outro indicador gravíssimo: 8 em cada 10 já foram agredidos no ambiente de trabalho.

A SOGESP (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), por meio do DataFolha, realizou pesquisa com ginecologistas e obstetras do Estado (entre associados, não associados e também que nunca foram associados), com o intuito de conhecer melhor como estes profissionais se relacionam com planos e operadoras de saúde, em que condições atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), quais os principais obstáculos enfrentados no dia a dia da medicina e as queixas mais recorrentes de seus pacientes quanto às redes pública e suplementar.

A mostra é de 604 ginecologistas e obstetras, sendo que a pesquisa quantitativa, com abordagem telefônica, ocorreu de 24 de maio a 14 de junho de 2018. O nível de confiança é de 95%.


Perfil 

Segundo o Datafolha, hoje as mulheres são maioria entre os ginecologistas e obstetras (60%). E a presença feminina é maior entre os especialistas mais jovens. Elas são 84% entre o grupo de 25 a 34 anos. A média etária dos profissionais, independentemente de gênero, é de 47 anos.

Houve a constatação de que apenas 4% dos entrevistados atuam exclusivamente na Obstetrícia. Entre os que já atuaram nesta área e não o fazem mais (14%), os principais motivos para abandonarem-na são a obrigatoriedade de disponibilidade médica em período integral (25%), especialização em outro campo (25%), estresse/desgaste/desmotivação (24%) e baixos honorários (23%).

Fica evidente também que os ginecologistas e obstetras trabalham acima da carga estabelecida de 40 horas semanais (57%) no Brasil. Em média, eles dedicam 50 horas da semana, sendo que 40% trabalham mais do que isso. São 18% os que trabalham mais de 60 horas.


Planos de saúde

72% dos médicos consultados atendem planos ou seguros saúde. Indagados sobre quais, na opinião deles, são as piores empresas da área suplementar, destacaram entre as três primeiras a Amil (13%), Intermédica/NotreDame (13%), Greenline (5%).

Considerando todos os planos, 94% indicaram que eles interferem na autonomia do médico. Entre os principais tipos de interferência há restrições à internação (61%), ao tempo da internação/antecipação de alta (57%), ao período de internação pré-operatório (53%) e quanto à solicitação de exames (73%).

A maioria (60%) relata que, nos últimos cinco anos, atendeu pacientes que tiveram problemas com os planos de saúde a ponto de interferir adequado exercício da medicina.


Rede pública

A avaliação do serviço público no Estado de São Paulo teve 83% de péssimo/ruim/regular. Quase a totalidade dos médicos GOs (97%) citam problemas para exercer a profissão na rede.

Os problemas mais ressaltados são falta de valorização dos recursos humanos (69%), falta de equipamentos e recursos técnicos (66%) e descompromisso dos gestores (63%).

Segundo os ginecologistas e obstetras figuram entre queixas dos pacientes: a demora para marcar/realizar exames (64%); demora/não conseguir vaga para internação (36%); falta de médicos ou poucos (22%).

92% avaliam como péssimo/ruim/regular o acesso dos pacientes aos serviços especializados de nível ambulatorial. São 9 em cada dez os que fazem consideração igual sobre o acesso dos pacientes à atenção secundária ou terciária.


Violência

81% dos ginecologistas e obstetras entrevistados já sofreram algum tipo de agressão no ambiente de trabalho, enquanto 78% já presenciaram episódios de agressões a outros profissionais de saúde.

Sobre a agressão aos médicos, eles enumeram como motivos principais a demora para atendimento (40%), casos isolados de destempero (24%), insatisfação com o atendimento médico (15%) e ausência de recursos adequados à boa prática (12%).

Praticamente 8 em cada 10 dizem que não há equipes de segurança nas unidades em que trabalham. 



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