Como
a interatividade vai alterar o eixo da relação de valor entre cidades,
moradores e turistas e ainda dinamiza a economia
Pensar
que um dia você poderia dialogar com sua cidade é algo que só poderia ser
imaginado por leitores e fãs das mais loucas histórias de ficção de H.G. Wells
ou Arthur Clarke. Algo muito duvidoso até mesmo para as não tão distantes
gerações analógicas dos 80 e 90, que veem a relação de tempo e espaço serem
alteradas de forma tão brutal, que fazem seus walkmans e videocassetes
parecerem coisa do século passado. E são, afinal estamos no século 21,
presenciando uma revolução silenciosa que está alterando o sentido de valor de
tudo o que nos cerca.
Na
era da Internet das Coisas, tempo é um bem precioso. Um minuto pode ser uma
eternidade, tempo suficiente para fazer vídeos no Stories, twittar e
acessar um amigo em outro continente. Em sua inexorabilidade, o dia tem e
sempre terá 24 horas, mas o que podemos fazer com elas é que não para de se
multiplicar. Da incapacidade de se envolver com tantas novidades, a sociedade
digital torna-se altamente reativa a tudo que não traduza sentido e valor. As
responsabilidades do dia a dia se acumulam e a sensação de sufocamento aumenta.
Mais do que perguntas, busca-se respostas. Uma dica precisa, vale muito mais do
que uma crítica fundamentada. Conveniência é a palavra de ordem e é ai que a
coisa toda ganha uma outra dimensão.
Com
a virtuosa disseminação dos devices móveis – celulares, tablets,
etc a da banda larga, a sociedade moderna está permanentemente conectada. Onde
quer que estejam pode-se acessar, ser acessado e até mesmo ser precisamente
localizado. Se em meio a falta de tempo, vivemos em um diálogo permanente com
pessoas que conhecemos ou nunca vimos, a extensão desta prática na relação com
as cidades pode traduzir ganhos e benefícios nunca antes imaginados.
As
Cidades Interativas abrem espaço para o diálogo, elas se comunicam com aqueles
que nela vivem ou estão apenas de passagem. Em muitos Estados americanos
governos e municípios estão investindo em soluções que transformam suas cidades
históricas em verdadeiros museus ao céu aberto. A integração de sistemas de
localização e navegação online, permitem o acesso a rotas e experiências de
todos os tipos. Em Atlanta, na Geórgia, por exemplo, o simples caminhar pelas
ruas da cidade abre espaço para a interação com passagens e personagens
marcantes da Guerra Civil Americana. O locais que foram pauta de batalhas, e
momentos históricos estão lá, prontos para serem desvendados. Cada esquina pode
revelar uma surpresa. Pessoas de todas as idades, munidas de um celular, podem
fazer de uma despretensiosa caminhada, uma verdadeira viagem no tempo. Recursos
de vídeo, fotos e textos, auxiliam a compreensão dos momentos que cercaram o
conflito naquela região. No Estado do Mississippi, o governo investiu no
desenvolvimento de rotas digitais, também acessíveis por celular, que oferecem
experiências enriquecedoras.
Para
os amantes da boa música as Rotas do Blues e Country levam moradores e
visitantes a conhecer locais onde nasceram, fizeram carreira e morreram grandes
ídolos da música americana. Informações detalhadas de suas vidas estão por toda
a parte. A dinâmica é tão bem organizada e acessível, que até mesmo o lendário
“Crossroads”, encruzilhada das rodovias 49 e 61, onde reza a lenda,
Robert Jackson vendeu a alma ao diabo está lá, fácil de ser localizada numa
singela rua da cidade de Clarcksdale. Através deste sistema interativo, legiões
de pessoas passaram a visitar a região.
Nas
Cidades Interativas a informação é organizada em forma de estímulos, como se
convidando que moradores saiam de casa e se envolvam com tudo o que a cidade
pode oferecer.
Os
encantos, a história, a diversão está pode estar em cada esquina, pronta para
dar início a uma boa conversa. Ter a cidade na palma da mão, altera a
referência de valor. Lugares por onde passamos e muitas vezes desconhecemos ou
damos pouca atenção, podem traduzir grandes experiências. Desta forma, tendo
mais motivos para sair de casa, as pessoas interagem mais, se divertem mais e
consomem mais. Por conta disto, movimentam mais a economia. Estima-se que as
Cidades Interativas tenham o poder de triplicar o valor econômico gerado por
cidadãos e turistas.
A
simples reorganização da equação da valor e da acessibilidade às atrações que
uma cidade já oferece, dinamiza o comércio e toda a cadeia produtiva. A
tecnologia abre espaço para uma infinidade de experiências que passam a
traduzir benefícios imediatos. Não há espaço para a rotina. Toda hora, cada minuto
pode ser um bom motivo para ligar para um amigo, reunir a família, ou até mesmo
sair pela cidade sozinho e desvendar tesouros que muitas vezes estão ali bem
perto, mas que na correria do dia a dia os olhos não veem.
Neste
momento exemplos como estes multiplicam-se por todo o mundo. Muito em breve
cidades analógicas serão conhecidas apenas pelos livros de história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário