Menina
de 7 anos morreu depois de participar de desafio; segundo médico, o uso provoca
asfixia
A morte de
Adrielly Gonçalves, de 7 anos, que teve uma parada cardíaca após ter inalado
uma grande quantidade de desodorante aerosol, fez com que a família da menina
desse início a uma campanha nas redes sociais. Os pais da criança querem
alertar as pessoas sobre os perigos de ações irresponsáveis divulgadas na web.
A inalação de desodorante pode provocar, entre muitos
outros danos, asfixia, explica o pneumologista Renato Calil. O médico, do
Hospital Caxias D’Or, afirma que o desodorante pode funcionar como outras
drogas inalatórias, como o lança-perfume e o loló. Ele acrescenta que a prática
de inalar o desodorante não é nova e que vem se tornando comum principalmente
entre crianças e adolescentes da região Nordeste do país.
-
O spray é composto por álcool, alumínio e gases, como o isobutano. O problema é
que esses gases se juntam mais facilmente aos glóbulos vermelhos, responsáveis
por transportar o oxigênio pelo corpo. Os gases, então, são transportados no
lugar do oxigênio o que provoca a asfixia.
Dependência
e problemas renais
Calil reforça
que a morte e a perda de consciência são as consequências mais agudas e graves
da inalação do desodorante, mas há outros efeitos nocivos ao organismo se o
consumo for de longo prazo. É possível desenvolver dependência, ansiedade e
irritabilidade, ter uma parada cardíaca e problemas renais.
A
inalação desses gases também está ligada ao desenvolvimento de câncer de mama a
longo prazo por conta do alumínio. A inalação pode levar ainda a uma lesão
cerebral irreversível, com a destruição de neurônios:
- Ao inalar,
mesmo pela boca, os gases entram no pulmão e se ligam em questão de minutos aos
glóbulos vermelhos. Se isso é feito em um ambiente mais fechado, com um saco
plástico na cabeça, por exemplo, pode matar em minutos. A pessoa perde a
consciência, desmaia e falece por uma parada cardiorrespiratória. Alguns
segundos já representam um risco.
Veja
cinco 'jogos' recentes que assustaram pais,
antes
do 'desafio do desodorante'
Baleia
Azul
O "desafio do desodorante", que matou uma
menina de 7 anos, reacende o debate sobe esse tipo de "jogo". O da
Baleia Azul foi o mais recente a se espalhar pelo Brasil, em 2017. Só existe em
grupos fechados nas redes sociais. Em 50 dias, os participantes devem fazer
desafios diários, entre eles automutilação. O último desafio é se suicidar.
Desafio da asfixia
Pouco antes do "jogo da Baleia Azul" se
espalhar pelo Brasil, em 2017, o "jogo da asfixia" já preocupava:
consiste em se enforcar até desmaiar, para experimentar sensações fortes. Um
brasileiro de 13 anos, chamado Gustavo Ritter, chegou a morrer durante o
desafio, em outubro de 2016. Houve mortes também nos EUA e no Canadá.
Planking
Este "desafio" levou à morte um homem na
Austrália em 2011. Ele caiu do sétimo andar de um prédio, enquanto tentava
fazer o "jogo". As pessoas são desafiadas a ficarem de bruços, com o
corpo completamente reto, em alguma superfície estreita, com apoio somente na
região do abdômen.
Desafio da canela em pó
Em 2016, o "desafio" da canela em pó, no qual o
participante tenta engolir um punhado do ingrediente, puro, e ficar ao menos um
minuto sem beber água, começou a chamar atenção. No mesmo ano, um grupo de
pediatras americanos escreveu um artigo para o periódico científico
"Pediatrics" alertando sobre os riscos.
Desafio do gás Hélio
Muitos vídeos na internet estimulam pessoas a inalarem
gás Hélio, falarem com voz fina e tentarem não rir. Esse "desafio" é
menos nocivo do que os anteriores, mas não deixa de ter riscos: pode levar a
desmaios — porque o Hélio toma o lugar do oxigênio no corpo, o que faz falta às
células — e causar queimaduras.
Ana
Paula Blower
Fonte: https://oglobo.globo.com
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