Coxinha
gourmet, pastel gourmet e brigadeiro gourmet. Gourmet, gourmet, gourmet. A
palavra ganhou tanta força no Brasil que tudo o que você possa imaginar ganhou
uma variação “gourmetizada”. É claro que com tanta “gourmetização”, as pessoas
acabariam enjoando. Hoje, o que os clientes buscam nos estabelecimentos, nada
mais é que comida de qualidade, seja ela qual for, com preço justo e sem muita
frescura.
Sempre
achei o termo mal utilizado, vejo algo com “Gourmet” na descrição e torço o
nariz. Na grande maioria das vezes, um prato tradicional acaba sendo preparado
com técnicas um pouco mais sofisticadas, ou com ingredientes mais caros e de melhor
qualidade, o que nem sempre é verdade, e por conta disso acaba ganhando a
denominação “Gourmet”. Quando na verdade continua sendo o bom e velho prato
tradicional de sempre.
Mas porque
isso acontece? Simples, porque muitas vezes, as pessoas mal informadas, acabam
achando que um Pão com Bolinho “Gourmet” é muito melhor do que um Pão com
Bolinho simples, tradicional, e acabam aceitando pagar muito mais caro por
isso. O fato é que o Pão com Bolinho “Gourmet”, ou qualquer outro prato com
essa denominação, nada mais é que o prato feito de forma diferente, ou uma
releitura do mesmo. Não existe uma lei universal com os ingredientes exatos e
quantias perfeitas para poder se chamar "pão com bolinho”.
O fim da
“era da gourmetização”, para mim, era uma questão de tempo. Tempo para que as
pessoas pudessem ir atrás de mais e novas informações e entender o que é algo
“Gourmet”, e não simplesmente pagar mais caro por um prato enfeitado, em um
restaurante “A", quando os ingredientes e técnicas usadas são as mesmas de
um restaurante “B".
O que o
público deve buscar e tem feito, são pratos feitos com amor, com ingredientes
de qualidade (nem sempre os mais caros), técnicas que façam com que os sabores
sejam realçados, e uma apresentação que faça você salivar sem sequer usar o
garfo ainda, sem precisar usar enfeites caros que não fazem o menor sentido no
sabor do prato. Mas isso não precisa ser o prato mais caro ou nem o mais
barato, mas sim, o justo.
Esqueçamos
a atual situação financeira do Brasil, onde o feijão está sendo vendido a peso
de ouro. Para que isso cresça ainda mais, o público deve ir atrás de mais e
mais informações corretas, e assim tem base de comparação e poder analisar e
decidir o que é “justo” no mundo gastronômico.
Essa é
minha visão, num mundo onde as informações são encontradas cada vez mais
facilmente e a gastronomia tão globalizada, o público está ficando cada vez
mais exigente, sabendo o que é bom de verdade e o que é apenas “gourmet”. Ficar
de fora desse mundo depende inteiramente dos consumidores e donos de bares e
restaurantes.
Chef Guilherme De Rosso - formado pelo curso de Chef de Cuisine -
Restaurateur do Centro Europeu e se especializou no Italian Culinary Institute
for Foreigners (ICIF), da Itália. Após alguns anos na Europa e experiências em
restaurantes com estrelas do Guia Michelin, Guilherme retornou para o Brasil
para comandar o boteco Simples Assim, em Curitiba.
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