Pesquisar no Blog

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Comunicar uma gravidez no trabalho: Qual o momento certo?



 Desigualdade de gênero do mercado gera inseguranças na hora de fazer o anúncio

             Era um momento especial na vida da diretora jurídica P.E. Ela trabalhava há alguns anos numa empresa, onde era responsável por um projeto de destaque. Para melhorar, descobriu que estava grávida de sua primeira filha. Mas foi na hora de anunciar a novidade no ambiente de trabalho que veio o balde de água fria: por causa da gravidez, o projeto dos sonhos seria passado para um colega. “Eu tinha trabalhado em grande parte dele e, ao final, ele levou todos os créditos e inclusive recebeu um prêmio de reconhecimento da empresa”, lamenta.  Foi o início de uma série de inseguranças: ao anunciar a gravidez, alguns colegas homens adotaram um comportamento altamente competitivo. “Além de tirarem a minha posição naquele trabalho, ainda fiquei com medo de perder o espaço que levei anos para conquistar quando retornasse da licença maternidade”, relata a advogada.
Sentir medo, insegurança ou dúvidas na hora de contar sobre uma gravidez no ambiente de trabalho é comum – mas não é normal, de acordo com a analista comportamental e coach Tayná Leite – que também já trabalhou como executiva. “Nesta situação, a desigualdade no ambiente de trabalho infelizmente acomete apenas as mulheres, já que nada ou muito pouco muda na vida de um homem que se torna pai”, comenta. Uma prova de como a maternidade influencia a opinião dos empregadores são os dados coletados no estudo feito pela Universidade de Stanford, dos Estados Unidos. Os pesquisadores ofereceram aos participantes dois currículos de candidatos a um posto de trabalho. Os dois tinham características bem parecidas: eram de mulheres de idade e formação profissional similares, com uma pequena diferença: um mencionava que a mulher em questão era parte de uma associação de pais e professores. O resultado da classificação? A candidata que era mãe teve chance de contratação 79% menor e ofertas salariais até US$ 11 mil mais baixas.
Mas em um mercado de trabalho tão desigual, como lidar, então, com a notícia de uma gravidez? Quando comunicar aos chefes? Qual deve ser a postura ao dar a notícia para os superiores? Tayná explica que, neste momento, menos é mais. “Basta um comunicado simples: ‘Estou grávida e esta é a previsão de parto’ e basta”, ensina a coach. Ela explica que não existe exatamente um momento ideal para fazer o anúncio – o que importa é que aconteça em um momento em que a gestante se sinta confortável para compartilhar a notícia.
Caso a funcionária ainda não esteja grávida, mas tenha tomado a decisão de tentar ter um bebê, não é necessário antecipar o desejo de aumentar a família para os colegas do escritório. “Além de ser muito pessoal, tentar engravidar não é sinônimo de conseguir, da mesma forma que evitar uma gravidez não é sinônimo de não engravidar”, aconselha. “Além disso, a mera informação de estar com a intenção de engravidar já pode trazer prejuízos para a profissional, que muitas vezes é excluída de projetos e não considerada para promoções, sendo duplamente penalizada”, completa.
A dica para quem está em posição de chefia de uma mulher grávida é: compreensão. “Líderes têm o papel fundamental de mudar o ambiente ao seu redor e influenciar nas mudanças, inclusive políticas”, opina. “A gravidez de uma mulher é um evento ainda erroneamente tido como individual – como se fosse só dela a responsabilidade por aquela criança – e isso dificulta muito o jogo”, conclui a analista comportamental.

Self Desenvolvimento Humano – Empresa de coaching individual e em grupo, treinamentos, palestras, análise de perfil comportamental, suporte à gestão e desenvolvimento de lideranças em empresas e escritórios de advocacia. A Self foi fundada em 2014 por Tayná Leite que é coach e analista comportamental para mulheres. É certificada pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) desde 2013. Também é advogada, palestrante e blogueira do Selfdh, Brasil Post e Empreendedorismo Rosa. Trabalhou durante 10 anos em empresas multinacionais, onde liderou equipes e departamentos jurídicos. Desde 2014 se uniu à Rede Ubuntu, uma rede colaborativa de pessoas e organizações focadas no desenvolvimento do EUpreendedorismo



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados