Conforme a
psicóloga Fernanda Tochetto, o sucesso passa pela decisão, organização e planejamento
Há cinco anos o país enfrenta uma forte crise
econômica que levou milhões de brasileiros ao desemprego. Segundo levantamento
recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre
encerrado no último mês de maio, 13 milhões de pessoas estavam desempregadas no
país. A reforma trabalhista foi implementada no final de 2017 com o
objetivo de mitigar a situação. Tornando a relação entre empregados e
empregadores menos engessada, almejava gerar empregos formais. Contudo, o que
conseguiu - até o momento - foi fazer com que a população buscasse soluções
alternativas. Conforme o IBGE, em maio deste ano, o número de trabalhadores por
conta própria atingiu recorde de 24 milhões.
Trabalhar por conta própria pode significar abrir
um negócio. O número de pessoas que buscam se tornar microempreendedores
individuais (MEIs) no país demonstra isso. De acordo com o Portal Empreendedor
do Governo Federal, em cinco anos, o número de MEIs cresceu mais de 120% no
país, chegando, em maio, a mais de 8 milhões de cadastrados. Tal situação,
porém, não deve ser encarada apenas do ponto de vista negativo, como falta de
oportunidades. Para a psicóloga Fernanda Tochetto, abrir uma empresa – mesmo
que formada por apenas um indivíduo - traz mais liberdade e autonomia para
desenvolver o trabalho, pois a pessoa atua como chefe de si mesmo e pode
estabelecer horários mais flexíveis, que conversem melhor com sua realidade.
Contudo, conforme a psicóloga, não se trata de
tarefa fácil. Ainda mais em casa. “Para que a empreitada seja bem-sucedida é
preciso que a pessoa entenda suas habilidades e as potencialize a um ponto que
consiga uma grande concentração e transformação de energia em foco e produção”,
diz a psicóloga. De acordo com Tochetto, tal resultado é obtido levando-se em
conta três pontos: decisão, organização e planejamento.
Antes de tudo, segundo a psicóloga, a pessoa
precisa ter clareza do seu objetivo, por exemplo, que negócio pretende vender,
que serviço pretende entregar etc. Em segundo lugar, necessita buscar
conhecimento, desenvolver habilidades, que a tornem melhor naquilo que deseja
fazer. Outro ponto interessante e que não deve ser esquecido por quem pretende
ser um empreendedor é o desenvolvimento de um bom plano estratégico de
negócios. Quando tudo estiver pronto e a decisão tomada, a pessoa deve
estabelecer regras claras com a família, para que o trabalho em casa não seja
minado por tarefas que nada tem a ver com a parte profissional.
“Ao iniciar o processo, muitas pessoas descobrem,
porém, que pequenas situações são inimigas dessa modalidade de trabalho”,
destaca a psicóloga. Nesse sentido, cuidados devem ser tomados, para que os
objetivos sejam alcançados da melhor maneira possível. Tochetto sugere algumas
dicas com o intuito de superar os obstáculos que podem surgir ao trabalhar em
casa. São elas:
- Criar uma rotina: as horas dedicadas ao trabalho não podem se misturar com as horas
dedicadas ao lar, onde a pessoa guarda a intimidade. Conforme Tochetto, é
necessário um ambiente exclusivo para realizar as tarefas profissionais. Assim,
ao acordar, a psicóloga sugere que a pessoa inicie um ritual, como se fosse
sair de casa mesmo: tire o pijama, coloque uma roupa como se fosse ir trabalhar
e ao longo do dia tente não desfocar das atividades propostas
- Criar uma agenda: a pessoa não pode confundir flexibilidade com tempo livre. “O que
acontece com alguns profissionais em modalidade ‘home office’ é que acreditam
poder resolver qualquer problema a qualquer instante do dia, afinal não têm
patrão e podem dispor do tempo da maneira que desejarem”, relata Tochetto. No
entanto, agir dessa forma pode minar a produtividade.
Por isso, a importância de fazer uma agenda semanal
e nunca se desviar dela. Segundo a psicóloga, é possível até abrir espaço para
atividades que não estejam atreladas ao trabalho profissional (almoçar, lavar a
roupa, pegar os filhos na escola etc.), mas elas devem ter horários
pré-estabelecidos. “Coloque horário fixos, siga sua agenda e não deixe
situações externas interferirem o tempo todo na sua produtividade. Não abra
exceções”, diz.
- Classificar informações: com a
agenda em mãos e ciente de suas atividades diárias e de seus objetivos
profissionais, a pessoa que trabalha na modalidade “home office” deve
classificar as informações que chegam até ela, levando em conta o que pode
impulsionar o negócio e o que não fará diferença alguma para o empreendimento.
Dessa forma, a psicóloga sugere que a pessoa classifique as informações como:
urgente; importante; e irrelevante (que precisa receber não).
Não estabelecer uma separação bem definida entre
profissão e família, quando se trabalha em casa, traz anseios desnecessários,
baixando a produtividade. Conforme Tochetto, a falta de organização e a falta
de foco em relação às horas dedicadas ao trabalho podem gerar um acúmulo das
atividades laborais, acarretando uma execução de baixa qualidade ou
prejudicando a entrega. “Em longo prazo isso pode gerar frustração e
desistência”, conclui.