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domingo, 17 de novembro de 2019

Como ser bem-sucedido trabalhando em casa?


Conforme a psicóloga Fernanda Tochetto, o sucesso passa pela decisão, organização e planejamento


Há cinco anos o país enfrenta uma forte crise econômica que levou milhões de brasileiros ao desemprego. Segundo levantamento recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre encerrado no último mês de maio, 13 milhões de pessoas estavam desempregadas no país.  A reforma trabalhista foi implementada no final de 2017 com o objetivo de mitigar a situação. Tornando a relação entre empregados e empregadores menos engessada, almejava gerar empregos formais. Contudo, o que conseguiu - até o momento - foi fazer com que a população buscasse soluções alternativas. Conforme o IBGE, em maio deste ano, o número de trabalhadores por conta própria atingiu recorde de 24 milhões.

Trabalhar por conta própria pode significar abrir um negócio. O número de pessoas que buscam se tornar microempreendedores individuais (MEIs) no país demonstra isso. De acordo com o Portal Empreendedor do Governo Federal, em cinco anos, o número de MEIs cresceu mais de 120% no país, chegando, em maio, a mais de 8 milhões de cadastrados. Tal situação, porém, não deve ser encarada apenas do ponto de vista negativo, como falta de oportunidades. Para a psicóloga Fernanda Tochetto, abrir uma empresa – mesmo que formada por apenas um indivíduo - traz mais liberdade e autonomia para desenvolver o trabalho, pois a pessoa atua como chefe de si mesmo e pode estabelecer horários mais flexíveis, que conversem melhor com sua realidade.

Contudo, conforme a psicóloga, não se trata de tarefa fácil. Ainda mais em casa. “Para que a empreitada seja bem-sucedida é preciso que a pessoa entenda suas habilidades e as potencialize a um ponto que consiga uma grande concentração e transformação de energia em foco e produção”, diz a psicóloga. De acordo com Tochetto, tal resultado é obtido levando-se em conta três pontos: decisão, organização e planejamento.

Antes de tudo, segundo a psicóloga, a pessoa precisa ter clareza do seu objetivo, por exemplo, que negócio pretende vender, que serviço pretende entregar etc. Em segundo lugar, necessita buscar conhecimento, desenvolver habilidades, que a tornem melhor naquilo que deseja fazer. Outro ponto interessante e que não deve ser esquecido por quem pretende ser um empreendedor é o desenvolvimento de um bom plano estratégico de negócios. Quando tudo estiver pronto e a decisão tomada, a pessoa deve estabelecer regras claras com a família, para que o trabalho em casa não seja minado por tarefas que nada tem a ver com a parte profissional.

“Ao iniciar o processo, muitas pessoas descobrem, porém, que pequenas situações são inimigas dessa modalidade de trabalho”, destaca a psicóloga. Nesse sentido, cuidados devem ser tomados, para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira possível. Tochetto sugere algumas dicas com o intuito de superar os obstáculos que podem surgir ao trabalhar em casa. São elas:


- Criar uma rotina: as horas dedicadas ao trabalho não podem se misturar com as horas dedicadas ao lar, onde a pessoa guarda a intimidade. Conforme Tochetto, é necessário um ambiente exclusivo para realizar as tarefas profissionais. Assim, ao acordar, a psicóloga sugere que a pessoa inicie um ritual, como se fosse sair de casa mesmo: tire o pijama, coloque uma roupa como se fosse ir trabalhar e ao longo do dia tente não desfocar das atividades propostas


- Criar uma agenda: a pessoa não pode confundir flexibilidade com tempo livre. “O que acontece com alguns profissionais em modalidade ‘home office’ é que acreditam poder resolver qualquer problema a qualquer instante do dia, afinal não têm patrão e podem dispor do tempo da maneira que desejarem”, relata Tochetto. No entanto, agir dessa forma pode minar a produtividade.

Por isso, a importância de fazer uma agenda semanal e nunca se desviar dela. Segundo a psicóloga, é possível até abrir espaço para atividades que não estejam atreladas ao trabalho profissional (almoçar, lavar a roupa, pegar os filhos na escola etc.), mas elas devem ter horários pré-estabelecidos. “Coloque horário fixos, siga sua agenda e não deixe situações externas interferirem o tempo todo na sua produtividade. Não abra exceções”, diz.


- Classificar informações: com a agenda em mãos e ciente de suas atividades diárias e de seus objetivos profissionais, a pessoa que trabalha na modalidade “home office” deve classificar as informações que chegam até ela, levando em conta o que pode impulsionar o negócio e o que não fará diferença alguma para o empreendimento. Dessa forma, a psicóloga sugere que a pessoa classifique as informações como: urgente; importante; e irrelevante (que precisa receber não).

Não estabelecer uma separação bem definida entre profissão e família, quando se trabalha em casa, traz anseios desnecessários, baixando a produtividade. Conforme Tochetto, a falta de organização e a falta de foco em relação às horas dedicadas ao trabalho podem gerar um acúmulo das atividades laborais, acarretando uma execução de baixa qualidade ou prejudicando a entrega. “Em longo prazo isso pode gerar frustração e desistência”, conclui.


Consumo consciente deve ser incentivado desde a infância

 Incluir crianças no planejamento das compras
é uma das dicas dos especialistas.
créditos: Freepik



Especialistas indicam que família e escola trabalhem o tema com as crianças


Uma pesquisa publicada no fim de 2018 pelo Instituto Akatu aponta que 76% dos 1.090 entrevistados – homens e mulheres com mais de 16 anos – não praticam o consumo consciente. Além das vantagens para a sociedade, a prática também gera economia para o bolso, especialmente ao evitar comprar desenfreadamente e reduzir o desperdício de água, luz e alimentos. 

O doutor em Educação, pós-doutor no departamento de Psicologia Social da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Marcos Sorrentino afirma que o consumo consciente passa pelo encantamento, desde criança, com o não consumo. “Brincar sozinho e em jogos colaborativos, observar a natureza, da textura do tronco das árvores e formas das suas folhas, observar as formigas e outros animais, tudo isso tira o valor do consumo por si só e mostra outras possibilidades de ação no dia a dia. Essa consciência passa pelo diálogo com os pais, com a natureza e consigo próprio, por meio do silêncio, da meditação, do contato com a natureza. Atividades que distanciam do consumir, consumir e consumir”, expõe. Esse tipo de rotina, além de dar outro peso ao consumismo, leva as crianças a valorizarem a natureza e o que ela oferece.

Altemir Farinhas, especialista em finanças pessoais e consultor da Conquista Solução Educacional, reforça que a criança segue os exemplos dos pais. “Se um pai está gastando exageradamente, a criança vai pedir coisas e insistir até conseguir porque ela entende que se seus pais podem gastar à vontade, elas também podem comprar o que desejam”, explica Farinhas. Segundo ele, a conversa sobre consumo deve ser clara: quanto os pais ganham e quanto gastam, quais despesas a família tem, qual o valor do que é consumido em casa, quais etapas cada alimento sofre para que chegue à mesa, etc. 

Farinhas salienta que é importante se colocar no lugar da criança, não querer simplesmente impor o mundo adulto para ela. “É preciso usar exemplos que elas entendam para garantir que a mensagem foi compreendida e assimilada”, explica.

Na escola, o tema pode ser abordado em praticamente qualquer componente curricular. Segundo Farinhas, seja em Matemática, Ciências ou Geografia, por exemplo, é sempre possível transmitir para o aluno a necessidade de refletir sobre aquilo que se consome. “Pode ser falando sobre o processo de produção agrícola em uma aula de Ciências, ou sobre a ausência de certo produto em um determinado país, na aula de Geografia, ou, em Matemática, o cálculo da quantidade de impostos sobre a caneta que o aluno está usando na aula. Qualquer assunto pode ser gancho para criar a consciência de consumo dentro e fora de aula”, exemplifica.

O Instituto Akatu indica 12 princípios para o consumo consciente:


1. Planeje suas compras

Não seja impulsivo nas compras. A impulsividade é inimiga do consumo consciente. Planeje antecipadamente e, com isso, compre menos e melhor.


2. Avalie os impactos de seu consumo

Leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo.


3. Consuma apenas o necessário

Reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos.


4. Reutilize produtos e embalagens

 Não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.


5. Separe seu lixo

Recicle e contribua para a economia de recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a geração de empregos.


6. Use crédito conscientemente

Pense bem se o que você vai comprar a crédito não pode esperar e esteja certo de que poderá pagar as prestações.


7. Conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas

Em suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto. Valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.


8. Não compre produtos piratas ou contrabandeados

Compre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.


9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços

Adote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e serviços.


10. Divulgue o consumo consciente

Sensibilize outros consumidores e dissemine informações, valores e práticas do consumo consciente. Monte grupos para mobilizar seus familiares, amigos e pessoas mais próximas.


11. Cobre dos políticos

Exija de partidos, candidatos e governantes propostas e ações que viabilizem e aprofundem a prática de consumo consciente.


12.  Reflita sobre seus valores

Avalie constantemente os princípios que guiam suas escolhas e seus hábitos de consumo.


Relacionar metas à remuneração é desperdício de tempo e dinheiro


Frequentemente conversamos com clientes e prospects que estão desenhando e implementando suas práticas de gestão de performance e escutamos ideias que nos parecem estar direcionadas para o lado oposto da direção certa. Para ilustrar melhor esse cenário, gostaria de citar empresas como Google e GE já se deram conta que atrelar metas à remuneração é um erro.

O processo de metas para PLR, que é a participação nos lucros e resultados, é muito mais engessado. Quando a brincadeira bate diretamente no bolso de funcionários e das empresas, ele precisa ser muito mais “preciso”, e para ser “preciso”, muito mais elaborado, planejado e demorado. Com isso, cai a disposição de rever as metas a cada três ou seis meses (quem aguenta desdobrar metas de maneira centralizada três vezes por ano? Com isso, cai exponencialmente a capacidade da empresa de se adaptar a realidades de mercado cada vez mais nervosas e instáveis.

Metas diretamente ligadas a bônus fazem a turma pensar pequeno, e a empresa perde sua capacidade de corrigir rota rapidamente. Metas são sinônimos de painéis complexos, integrações de sistemas e muita complexidade. Se você está preocupado com um painel complexo de metas, que desdobre cada um dos indicadores da empresa em seus 1500 derivados, e está se descabelando com o esforço hercúleo que se mostra no horizonte, é porque alguma coisa está errada.

Uma empresa, assim como um time ou uma pessoa, não deve ter muitas metas: elas devem caber em uma mão para serem lembradas. Além disso, os índices raramente fogem do óbvio, e são facilmente calculados e medidos pelo funcionário “dono” do indicador, sem a necessidade de grandes sofisticações. O simples sempre bate o complexo. Achar que um sistema sofisticado e complexo de metas – um cockpit de Boeing – vai colocar a empresa para focar em resultados e trabalhar em um clima de alta performance, é uma ingenuidade.

Alta performance e foco em resultados vêm de um trabalho de formiga, que envolve clareza de objetivos, lideranças que não tem medo de ter conversas difíceis e necessárias de maneira transparente, feedbacks e “feedforwards” contínuos e muito suor. Não há bala de prata. Se você acha que a integração pirotécnica do seu painel de metas, com a calculadora de vendas normalizada direto do Salesforce vai adiantar em alguma coisa, gaste esse tempo e dinheiro treinando seus gestores de pessoas a darem feedbacks construtivos de maneira honesta e humana. Garanto que vai render mais.

Metas devem ser simples de controlar, e cada “dono” de meta deve ter a conta e os indicadores necessários na ponta da língua. Se está complexo demais, está errado. Nos dias de hoje, qualquer coisa anual não faz sentido no ambiente empresarial. A não ser que você esteja em um negócio altamente estável e impassível a disrupção. O Airbnb conseguiu mais “quartos” do que a maior rede de hotéis da história, que tem mais de 50 anos. Portanto, se seu funcionário vai se sentar com seu gestor para corrigir rota (avaliar resultados atingidos, definir prioridades de desenvolvimento, conversar sobre carreira ou qualquer coisa do tipo) uma vez por ano, até lá, provavelmente, será tarde demais.

Em empresas como GE, por exemplo, as conversas são, no mínimo, trimestrais, e tratam de diversos dos temas acima. As metas também são redefinidas trimestralmente, garantindo adaptabilidade e resposta rápida ao ambiente externo. Por isso faz todo o sentido desacoplar metas de remuneração – sem isso, a agilidade fica inviável. Há um grande movimento por parte de grandes empresas na direção de tornar os processos de gestão de performance mais eficientes, ou seja, fazer com que atinjam mais resultados com menos recursos.

Na Deloitte, firma de consultoria/auditoria, o complexo formulário de avaliação de desempenho vem sendo reformulado para conter apenas um punhado de perguntas que, segundo a empresa, são tão ou mais preditivas do que as anteriores. Na Suzano, o líder avalia seu funcionário diretamente, sem formulários pedantes de competências e dezenas de questões. No Google, são cinco critérios.

Se você possui um plano de competências complexo, com competências específicas por área e diversos graus de complexidade, as chances são enormes que você está jogando dinheiro no lixo. Todo o trabalho adicional para definir as competências e avaliá-las não gera o retorno. Mas como posso ter certeza de que meus funcionários sabem exatamente o que deve ser avaliado? Com certeza não é por meio de um texto enorme descrevendo cada nuance que diferencia a competência em cada nível hierárquico da sua organização. Seus líderes devem ser treinados justamente para terem o bom senso necessário para fazer esse julgamento. Acredite: com um pouco de esforço eles farão isso tranquilamente.






Francisco Homem de Mello - fundador da Qulture.Rocks, software de gestão de desempenho. Especialista e estudioso em cultura organizacional. Autor do livro The 3G Way: Dream, People, and Culture, figurando entre os mais vendidos da Amazon em estratégia e negócios e “OKRs: Da Missão às Métricas”, com o objetivo de ajudar as empresas a implementar uma metodologia de metas direcionada para alcançar resultados.

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