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sexta-feira, 17 de março de 2017

Cárie: pesquisas, prevenção e novos tratamentos



 O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) apresenta informações sobre novidades que reforçam o combate ao problema.



Considerada o principal problema de saúde bucal do Brasil, a cárie atinge metade da população com até 12 anos de idade, segundo dados do Ministério da Saúde. O mal é responsável também por uma procura constante para restaurações entre jovens e adultos. Apesar dos avanços, o tratamento continua associado a procedimentos incômodos. Mas a verdade é que se livrar da doença não precisa mais ser sinônimo de medo da cadeira do cirurgião-dentista. Para desmistificar o assunto o CROSP traz algumas técnicas já implementadas e novidades em pesquisas e estudos.

Hoje, o tratamento mais comum da cárie é aquele que consiste na remoção da parte deteriorada com o uso de uma broca que gira até 400 mil vezes por minuto, gerando o temido barulho. Depois desta etapa, a área é preenchida com materiais como a resina e a porcelana. No passado as ligas de prata e de ouro também eram utilizadas como preenchedores.

No entanto, em casos mais graves, o procedimento nem sempre é efetivo e por isso o cirurgião-dentista realiza o tratamento de canal. O paciente precisa ser submetido à anestesia, para que o profissional faça a remoção da polpa dentária e obturação. Em algumas circunstâncias é necessário colocar um pino na raiz para dar sustentação.

As técnicas relatadas são utilizadas há décadas, mas hoje já se sabe que novas tecnologias podem facilitar o atendimento. Pesquisadores da King’sCollege, em Londres, por exemplo, criaram um dispositivo que capta o barulho feito pela broca e emite uma onda sonora contrária, acabando com o ruído.

Outra recente pesquisa publicada por cientistas da King'sCollege de Londres, que ganhou o noticiário mundial, apresentou uma substância com potencial para aumentar a capacidade de regeneração natural dos dentes. O teste foi aplicado em ratos com resultados altamente positivos, mas ainda é cedo para determinar quando o produto poderá ser utilizado pelos cirurgiões-dentistas no tratamento da cárie em humanos. (*)

No Brasil, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas Estratégicas do Nordeste (Cetene) em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) descobriram um procedimento contra as bactérias causadoras da cárie. Um material feito de micropartículas de prata, em quantidade muito menor do que a utilizada em produtos odontológicos já comercializados, é aplicado diretamente no dente, agindo por cerca de cinco minutos.

O material penetra nos túbulos dentários liberando as pequenas partículas aos poucos. Durante o estudo, os cientistas constataram que com uma única aplicação na região foi possível paralisar até dois terços dos casos de cárie mais brandos.

Pesquisas que apontam formas de ampliar a capacidade regenerativa dos dentes são altamente importantes para a saúde, uma vez que a cárie é uma das doenças bucais que mais afetam as pessoas no mundo.

Como a cárie acontece
A cárie é a deterioração do dente causada, principalmente, por fatores externos como a má alimentação (excesso de açúcar e corantes) e a falta de higiene correta. A hereditariedade também pode ter alguma influência. 
Além de causar dor, quando não tratada, a cárie pode atingir a polpa do dente resultando em abscesso que só será resolvido com tratamento do canal, cirurgia ou até extração do dente. 
A cavidade bucal é cheia de microrganismos. Quando há um consumo excessivo de carboidratos, bactérias proliferam produzindo ácidos orgânicos que reduzem o PH da boca. Esse processo provoca a desmineralização e a dissolução do fosfato de cálcio das camadas superficiais do esmalte do dente, o que pode levar a destruição da coroa dentária, originando a cárie. 

Tipos de cárie
Existem três tipos de cárie. A primeira e, mais comum, é a coronária. Ela aparece na parte superficial do dente e é mais frequente nas crianças. 
Já a radicular ocorre por conta do próprio envelhecimento que, causa a retração gengival e, por consequência, a exposição da raiz do dente. Sendo assim, essa parte sensível fica suscetível a deterioração mais rapidamente.
Outro tipo de cárie é a recorrente. Essa acontece em volta de restaurações que tendem a acumular placa bacteriana. Esse cenário é propício para a deterioração do dente. 

 Cárie é transmissível?

A cárie é uma doença complexa causada por um desequilíbrio entre a parte mineral e o chamado biofilme: estruturas organizadas de bactérias que podem se proliferar em forma liquida ou sólida.

Um ponto fundamental para entender o processo é o fato de que a cárie é induzida por microorganismos, mas somente pelas bactérias conhecidas como endógenas, ou seja: que já habitam o organismo.  Assim, o conjunto de microorganismos que reside na boca (microbiota) que forma o biofilme varia de pessoa para pessoa.

É possível concluir então que a cárie, apesar de ser causada por bactérias, não pode ser transmitida. O desequilíbrio entre a formação do biofilme (bactérias endógenas) e a suscetibilidade da parte mineralizada dos dentes são fatores fundamentais no desenvolvimento da cárie.

Como prevenir
A melhor maneira de prevenir a cárie é fazendo a higiene correta da boca. Isso inclui o uso de creme dental com flúor, escova de dente, fio dental e enxaguante bucal. Além de utilizar esses itens todos os dias, é necessário visitar regularmente o cirurgião-dentista. Este é o profissional que poderá prestar as orientações corretas para manter a saúde bucal.
Outra forma de prevenção é evitar o consumo excessivo e frequente de substâncias como o açúcar e o amido, pois favorecem a proliferação de bactérias que causam o ambiente propício a cárie. 
Importante salientar que no Brasil as águas de abastecimento público contêm flúor em níveis ideais para a prevenção da cárie. Em 2015, o CROSP em parceria com o Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal (CECOL/USP) e o Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade de Campinas (FOP/UNICAMP) apresentou uma das maiores pesquisas de fluoretação já realizados no mundo.
À época foram coletadas amostras de água de quase todas as cidades do Estado e o resultado apontou que quase 30% delas apresentavam concentração de flúor fora do padrão estabelecido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Novidades tecnológicas para o tratamento da cárie e ações públicas de prevenção têm grande importância, mas os cuidados com a higiene e a alimentação ainda são a melhor maneira de manter a saúde bucal.
(*) Detalhes do estudo que menciona o uso de uma esponja biodegradável, embebida pela substância capaz de estimular as células da polpa dental a cobrir os buracos do dente podem ser conferidos na revista científica "ScientificaReports" (http://www.nature.com/articles/srep39654).







CROSP – O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)



É resfriado ou bronquiolite?



A pediatra Dra. Rafaella Calmon, do Portal Saúde4Kids, alerta que a doença se antecipou neste ano e os casos aumentaram antes da mudança da estação, quando são registrados os maiores índices em prontos-socorros


A proximidade da nova estação já é sinal de tensão para pais com filhos pequenos. É quando as temperaturas oscilam bruscamente e os bebês e crianças menores sofrem as consequências. De acordo com pediatra Dra. Rafaella Calmon, do Saúde4Kids, uma doença que eleva expressivamente o número de internações nesta época do ano em hospitais infantis é a bronquiolite. A patologia ocorre muito no primeiro ano de vida e os sintomas podem ser confundidos com os de um simples resfriado. E a médica alerta que neste ano os casos já se anteciparam e aumentaram consideravelmente em prontos-socorros infantis e consultórios. 

A pediatra explica que “bronquiolite é uma infecção do trato respiratório ocasionada por vírus, principalmente o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), mas sabe-se hoje que mais de 10 tipos de vírus podem causar esse quadro”. A Dra. Rafaella Calmon revela que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são cerca de 60 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo por ano.
Para informar os papais, a pediatra comenta algumas dúvidas recorrentes e orienta:

Meu filho pode ter?
A maioria das crianças é infectada no primeiro ano de vida e todas as crianças serão expostas a estes vírus até o segundo ano de idade. Podendo recorrer durante toda a vida, mas causando sintomas respiratórios mais intensos na primeira exposição.

Quando pode acontecer?
Esses quadros são mais frequentes nas estações mais frias do ano e em regiões mais quentes ocorrem o ano todo de maneira mais regular. No Brasil, os picos de incidência variam de acordo com a região, mas sabe-se que a grande maioria dos casos acontecem entre os meses de abril e julho.

Como posso identificar?
Os quadros costumam iniciar como um “resfriadinho” comum: coriza, obstrução nasal, seguido de tosse que pode ser seca ou produtiva (tosse “cheia”). Algumas vezes acompanhado de rouquidão leve, falta de apetite, febre, vômitos e diarreia, dependendo do agente causador.

Quanto tempo isso dura?
Costuma durar de 5 a 15 dias de quadro com intensidade variável, sendo que a maioria das crianças não necessitam de internação, mas é a causa de uma demanda intensa nos prontos-socorros e clínicas pediátricas.

Meu filho pode pegar? Qual o risco?
Pacientes com maior risco de desenvolver quadros mais graves: prematuros, portadores de cardiopatia congênita, crianças com doença pulmonar crônica, imunossuprimidos, ou seja, com baixa imunidade como transplantados e em tratamento de câncer, assim como aquelas portadoras de doenças neurológicas. Porém, a maioria das crianças que internam com complicações do quadro são previamente saudáveis. Bebês abaixo de 3 meses de idade, mesmo saudáveis, têm mais risco de internação ou complicações.

Quando devo me preocupar?
O quadro costuma piorar entre o terceiro e quinto dia de evolução, tosse mais intensa e até crises de tosse e cansaço. É preciso ficar atento quando: cansaço muito intenso com respiração rápida, barriguinha “afundando” quando respira, a criança fica “molinha” mesmo sem febre e quando parece que a criança está muito pálida ou “roxinha” na boca, face ou pés e mãos.

Como trato?
O tratamento deve ser orientado pelo pediatra ou médico da família que atende a criança. Lavagem nasal com soro fisiológico e hidratação com grande oferta de líquidos sempre ajudam e são indicados desde os primeiros sintomas. O tratamento deve ser prescrito com orientação médica. Procure sempre o seu pediatra de confiança para orientações.

Posso prevenir?
Sim. Evite lugares cheios e fechados nos períodos de maior incidência. Não deixe pessoas resfriadas ou doentes visitarem o seu bebê, principalmente recém-nascido. Se alguém em casa estiver resfriado, intensificar a lavagem das mãos e estimular o uso de álcool gel. Para as mães que amamentam, caso tenham este quadro, as orientações são as mesmas e devem procurar amamentar usando máscara, mas o principal agente são as mãos, então, cuidado redobrado.



Dra. Rafaella Gato Calmon - médica pela Universidade Federal do Pará –UFPA-; pediatra pelo Hospital Infantil Darcy Vargas, cardiologista infantil pelo Incor-Universidade de São Paulo; com títulos de especialista em pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria e, em cardiologia infantil, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Também é mamãe dos gêmeos Bárbara e Rafael




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