Pesquisar no Blog

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O aspecto jurídico do Abandono Afetivo




Atualmente, o Direito de Família trata com extrema importância a valorização jurídica do afeto, visto que os novos modelos das famílias modernas estão se estruturando pela afetividade, solidariedade e igualdade.

O princípio da solidariedade prevê que esta deve estar presente no núcleo familiar, através da assistência material e moral entre seus integrantes, como por exemplo, na assistência que os pais devem prestar aos filhos, certo que estes devem ser mantidos, orientados e educados por aqueles até atingir sua maioridade.

Sobre o princípio da igualdade, este não deve ser regulado pela pura e simples igualdade entre iguais, mas sim pela solidariedade entre os integrantes de uma mesma família. O que se fez foi acentuar a paridade de direitos e deveres de ambos os genitores no que diz respeito à pessoa dos filhos. Ou seja, garantiu-se ao pai e à mãe igualde no exercício de direitos e de deveres, mas, principalmente, garantiu-se aos filhos a possibilidade de convivência e assistência, necessárias para sua boa formação física, moral e psicológica.

Já o afeto se tornou primordial para a manutenção de toda e qualquer família contemporânea, de extrema relevância nos tratos das relações familiares, bem como para a realização dos deveres inerentes ao poder familiar e, mais do que isso, passou a ser valorizado juridicamente, pois a Constituição Federal o considera um direito de personalidade, um direito fundamental. Assim, o afeto passou a ser a chave para o crescimento sadio e para a formação plena das crianças e dos adolescentes.

O que se busca é a realização pessoal de cada um dos integrantes de uma família, sendo certo que a criança e o adolescente têm especial proteção por parte do nosso ordenamento jurídico e, sua plena e sadia formação, interessam à sociedade como um todo, pois muito importa como se dará a construção da personalidade de um indivíduo que futuramente integrará o quadro social, moral e ético do mundo contemporâneo.

Nesse ponto, há que se fazer menção à convivência familiar, visto que a família contemporânea gira em torno da afetividade, sendo que os pais e as mães foram igualados na mesma posição, tornando-se, ambos, responsáveis pela educação e formação de seus filhos, enquanto sujeitos de direitos e deveres, não importando mais apenas os laços consanguíneos, mas sim a construção e preservação do afeto, do carinho, do cuidado, da atenção, da dedicação, do dever de sustento, guarda e educação e do dever de convivência, todos essenciais para o desenvolvimento da personalidade do indivíduo.

A convivência familiar é vista como direito fundamental da criança e do adolescente e tem seu embasamento no artigo 227 da Constituição Federal de 1988, bem como no artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, os quais asseguram que é dever do estado, da família e da sociedade, proporcionar à criança e ao adolescente a convivência familiar. Ela compreende o dever dos pais de prestarem afeto, carinho, atenção e orientação aos filhos. Assim, não só a presença física daqueles que irão cumprir de forma satisfatória o dever de convivência familiar, exigindo-se, sobretudo, presença moral e afetiva. A partir daí, assegura-se a integridade física, moral e psicológica da criança, na medida em que permite que o desenvolvimento de sua personalidade se dê de forma saudável, em um ambiente em que é dispensada à criança a atenção de que ela necessita e a orientação que não se pode ser negligenciada nesta fase da vida.

Os pais que não cumprem com estes deveres e cometem atos falhos e graves em relação à paternidade responsável, devem responder pelo abandono afetivo, que deve ser tratado como ato ilícito, punindo os genitores com severas condenações, como no caso da reparação civil, devendo ser reprovado e, claramente, penalizado.

Todavia, o tema em debate gera diversas discussões na seara do Direito – por conta da dificuldade de se comprovar o dano moral, bem como de como se quantificar o valor indenizatório, porém, após muitas indagações por parte da doutrina e da jurisprudência, ficou garantido pelo Superior Tribunal de Justiça que não há qualquer restrição quanto ao uso das regras do instituto da responsabilidade civil no Direito de Família. Inclusive, em uma das câmaras do Tribunal de Justiça de São Paulo, o posicionamento é pela condenação ao pagamento de indenização pelos pais que abandonam seus filhos quando este abandono transpor os limites do desinteresse, da negligência, do descaso e do descuido e causar danos à personalidade deles.

Não existe ainda uma legislação própria que trate do abandono afetivo, mas em atenção aos princípios da dignidade da pessoa humana, da afetividade, da solidariedade e da proteção integral da criança e do adolescente, percebe-se um enorme esforço e mobilização por parte do Direito para se obter referido êxito.

Pode a sociedade, através do Poder Judiciário, cobrar a responsabilização dos “pais abandônicos”, de forma a mostrar a estes a verdadeira importância da convivência familiar. Não basta ser um pai ou uma mãe que apenas cumpriram o papel biológico. É primordial que eles saibam o quão fundamental é a criação, a educação, o carinho, o afeto, o amparo para com seus filhos e o quão indispensável é toda uma estrutura familiar saudável apta a contribuir com um mundo mais humano e digno.



Ana Paula Picolo Campos - Especialista em Direito de Família pela EPD. Advogada. Sócia do escritório Durvalino Picolo Advogados Associados.

Cresce o número de oportunidades de emprego para jovens até 24 anos





Porém, aumento ainda não configura um avanço: baixa remuneração e inexperiência são desafios para essa parcela da população

Diante da atual crise econômica enfrentada pelo país, o mercado de trabalho brasileiro vivencia um dos piores momentos das últimas décadas. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do trabalho, mais de 530 mil vagas com maiores salários foram descartadas no primeiro semestre do ano, e o levantamento mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, aponta que atualmente, 11,2% dos brasileiros estão desempregados. Apesar desse cenário o mercado se mostrou aquecido para os jovens nos últimos meses. O número de vagas para quem tem entre 14 e 24 anos aumentou. Mais de 180 mil empregos com carteira assinada foram criados no primeiro semestre para trabalhadores jovens. Parece uma boa notícia, principalmente considerando-se que essa faixa etária é a que mais sofre com a crise do emprego, porém, é importante analisa-la de um outro ângulo: em tempos de crise as empresas estão cortando gastos e oferecem postos de baixa remuneração para esses novos funcionários.

Histórico

Entre janeiro e junho desse ano, o saldo positivo na abertura de vagas só se concretizou na faixa etária mais jovem, enquanto para os mais velhos, o número de demissões ainda supera o de contratações. Mesmo que pareça um avanço, o mercado ainda está longe de se tornar convidativo ao candidato entre 14 e 24 anos: essa faixa é a mais afetada, são quase 4,8 milhões de desempregados de acordo com dados do CAGED. O cenário é preocupante pois estima-se que 1 em cada 4 trabalhadores com menos de 25 anos foi diretamente impactado pela crise, justamente num período no qual adquirir experiência e projetar a carreira é fundamental.

Visão do mercado

Se por um lado o número de postos de trabalho voltados para esses candidatos aumentou, por outro a remuneração ainda está aquém do esperado. Diversos fatores podem explicar esse cenário desfavorável "Muitas empresas tiveram que substituir trabalhadores por mão de obra mais barata e o jovem, por possuir pouca experiência, acaba sendo menos exigente devido a urgência em entrar no mercado de trabalho." - Analisa o gerente de Recursos Humanos Rafael Pinheiro. Considerando ainda que muitos jovens que antes dedicavam-se exclusivamente ao estudo precisaram se lançar no mercado de trabalho, seja para custear os estudos ou complementar a renda familiar, o próprio número de candidatos também aumentou, inflando o mercado.
Diante disso as empresas podem aumentar o nível de exigência ou simplesmente baixar os salários, pois a oferta de profissionais segue ampla. Para Rafael, o mais preocupante nesse cenário é que, diante da necessidade, o jovem pode acabar arriscando a própria carreira, visto que muitas vezes essas vagas não condizem com seu perfil ou não vão de encontro com sua área de estudo. Esses fatores podem desmotivar o estudante, pois, atuar num período integral fora da área de formação, impede que o mesmo consiga aplicar os conhecimentos adquiridos no curso e obtenha experiência profissional em seu campo de trabalho, o que torna muito mais difícil conseguir uma colocação depois de formado. – Esclarece o especialista.

Estágio é uma alternativa promissora

Para especialistas, uma alternativa para driblar a crise, adquirir experiência profissional e aumentar a renda, é investir em qualificação e em programas de aprendizado. Vagas voltadas para jovens, como as vagas de estágio, proporcionam maiores oportunidades pois são flexíveis e permitem ao candidato conciliar os estudos com o trabalho. Além disso, por possuírem contratos e jornadas de trabalho mais brandas em relação a um trabalhador formal, conferem vantagens ao empregador, servindo como um estímulo à contratação de estagiários e aprendizes. E mesmo diante da crise, investir neste tipo de vaga é a melhor aposta para o jovem.
De acordo com Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, consultoria especializada na contratação de estagiários e trainees, apesar do mercado estar encolhido a evolução das vagas nos programas de estágio é contínua nessa época do ano "Nosso próprio levantamento mostrou que no último triênio a média de crescimento na oferta de novas vagas de estágio durante o segundo semestre foi de 7%. Esse é um resultado muito significativo considerando que o número de postos de trabalho formal vem caindo muito ao longo do último ano". Muitos estudantes que atuavam como estagiários se formam e ingressam no mercado de trabalho, e, para suprir essa demanda as empresas abrem novas vagas, explica o diretor.
A jornada de trabalho reduzida, a possibilidade de aprendizado e o valor da bolsa auxílio são os maiores atrativos. Tantos benefícios oferecidos nesta modalidade. As vagas estão cada vez mais concorridas devido ao número de estudantes que priorizam o estágio. Dados da recrutadora apontam que mais da metade dos jovens já procuram uma oportunidade no início da formação. Segundo Mavichian mesmo as vagas de estágio com remunerações maiores não exigem experiência, mas requerem um bom perfil “Os estudantes que participam de iniciativas como trabalho voluntário, empresa Jr., além de possuir cursos de idiomas e bons conhecimentos de informática se destacam dos demais, pois esses fatores são um diferencial no currículo que se reflete no desempenho e desenvoltura do estudante no estágio” – finaliza.

Qualificação é essencial

Ainda que a crise seja a grande responsável pelo mercado de trabalho mais desafiador, outro fator extremamente relevante é que muitos candidatos, pela urgência em conseguir uma colocação, concorrem às vagas que não condizem com seu perfil. Com a concorrência acirrada os empregadores têm a possibilidade de ser mais criteriosos e podem fazer um filtro mais apurado, pois, a procura está maior do que a demanda de vagas. Segundo o diretor da Companhia de Estágios as vagas em empresas de médio e grande porte que oferecem mais benefícios, bolsa auxílio acima da média e possibilidade de efetivação são também as mais exigentes.
De acordo com Rafael Pinheiro, hoje em dia é necessário complementar a formação básica, as empresas procuram, mais do que nunca, um currículo bem qualificado “Investir em cursos técnicos e de aperfeiçoamento é essencial para conseguir uma colocação em meio à crise, principalmente no caso dos jovens que buscam o primeiro emprego. Quando o cenário da economia se recuperar quem estiver com o melhor currículo e mais qualificado terá mais chances de conquistar um posto melhor e ser bem remunerado” – explica o gerente de RH.


Fonte: Companhia de Estágios | PPM Human Resources

Posts mais acessados