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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Impeachment




Em "A sociedade aberta" do Jornal do Brasil, lemos o eminente professor Dalmo de Abreu Dallari tecer considerações técnico-jurídicas sobre o impeachment da Presidente Dilma Roussef, considerar, à luz de rigoroso positivismo, improcedente a proposta supostamente advinda do PSDB, partido derrotado que não saberia perder.
Em 1970, sob a triste opacidade da ditura militar, ganhamos bom ânimo na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo ao frequentar as imperdíveis aulas do professor Dalmo. Seu pensamento era capaz de motonivelar a esburacada selva em que se encontrava desbussolada a ciência do direito naquele templo democrático. Os jovens do primeiro ano do curso de bacharelado, que recalcitravam em insistir num estudo superior desprovido do mínimo romantismo, ganhavam força sob o ritmo ousado das profundezas corajosas daquele pensamento. A tendência de víboras acadêmicas de massacrar o mestre era tão acentuada que os alunos se mobiiizaram para assistir e testemunhar sua defesa de tese na busca da cátedra que não poderia deixar de ser sua, como efetivamente foi.
Mas, lamentavelmente, tivemos dois Dalmos de Abreu Dallari. Um anterior e outro posterior a seu ingresso no PT. Nada contra a filiação, nomes de grande envergadura intelectual e sólida construção ética, como o Professor Dalmo, ingressaram na sigla da esperança "contra tudo o que estava aí". Porém, não conseguimos nos convencer da procedência de sua posição de manter-se em sentido após a contundente frustração política que o Partido dos Trabalhadores imprimiu à consciência dos brasileiros, maxime depois das eleições da última primavera.
A "terrível" palavra impeachment está na boca do povo e não no sussurro dos perdedores inconformados, com disse o professor. Seu significado está em que nosso povo não se sente suficientemente energizado para suportar por quatro anos um franco engodo eleitoral. Às vítimas, é evidente o tormento maior proveniente dos crimes continuados. Se o mandato foi obtido por meios de torpes ardis - e quem o diz é o povo pesquisado - o tempo há de se libertar da prevista e longa duração de um mandato, sob pena de o homem não dominar o tempo, mas tornar-se escravo do tempo inimigo, como dezenas de renomados filósofos se exauriram de dizer.
Logo, professor Dalmo, não se trata de ver, como um juiz ortodoxo que atua em grau jurisdicional de restrita independência, se a superação do tempo é limitada ao impeachment, ao art. 85 da Constituição do Brasil e às leis tipificadoras dos crimes de responsabilidade. Trata-se de interiorizar ontologicamente o tempo, para miimizar o cansaço, as desventuras e as descrenças dos brasileiros, cujos efeitos trágicos para a nação são muito previsíveis.
Deixar Kelsen e Bobbio de lado e pensar um pouco em Bergson.A cronologia não representa a verdadeira manifestação da temporalidade, para sabermos quando termina o humano e quando começa o inumano. "Imaginem o alívio trazido pela descoberta de que o tempo não mais para de passar, corroer, aumentar, o "time is money" ao qual estamos submetidos inexoravelmente, que nos angustia, que nos devora, o "cronos ensandecido" (título do livro de Sérgio Pipas), que nos aflige e nos falta, enfim, esse tempo do século XXI é uma imagem ilusória!", segundo extrai Débora Morato Pinto das lições do filósofo francês Henri Bergson.
Como se sabe, o debate sobre o tempo é imemorial e nevrálgico entre os pensadores. Aristóteles, com sua argúcia incomum, percebeu que o passado é só memória, o presente é fugaz e, realizado, se converte em passado, e o futuro é imprevisível (mas pode ser acautelado e criado). Kant negou o tempo objetivo e remeteu sua dimensão às garras apreensoras da inteligência humana.
Neste ponto reside o ponto crucial da questão. O povo brasileiro, que tem ciência e consciência de que foi enganado, ralado em sua pele durante toda a história, pode pacientemente aguardar quatro anos e ver o pais, a cada momento, precipitar-se num abismo sem volta? Em homenagem ao direito positivo, que, segundo as advertências teóricas que recebemos do senhor, é necessariamente dinâmico, mutável e não estático?
A contagem do tempo sem nos ferretearmos à cronologia, uma das criações de nossos cérebros privilegiados, vem de longe na história dos neurônios humanos. "A Abraão disse Deus que seus descendentes serviriam aos egípcios quatrocentos anos, sendo que serviram cem somente, porque o trabalho dobra e redobra o tempo, e cem anos de servir são cem anos de padecer" (Padre Antônio Vieira, "Sermão do mandato"). Nos presídios, uma dia de trabalho reduz outro na contagem da pena.
Não podemos permanecer por um quadriênio no interior da vala sem saída em que fomos postos pelo atual governo. Em um ano, haverá tempo para que o povo e seus representantes no Congresso Nacional deem corpo material e normativo a estas proposições. São multiplas as fórmulas constitucionais espalhadas pelo mundo. Não se justifica que fiquemos apegados a velhas regras, imutáveis no mais amplo sentido reacionário, o que nos deixa perplexos ante a história de tão ilustre articulista.

Amadeu Garrido de Paula - advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho

Fibrose Pulmonar Idiopática: doença rara que apresenta estimativa de vida menor que câncer




Dia Mundial das Doenças Raras chama atenção para a doença que enfrenta muitos desafios de diagnóstico

Clique na imagem para assistir ao vídeo sobre FPI e saiba mais sobre a doença
Em data que promove a conscientização de doenças raras internacionalmente, 28 de fevereiro, a Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) se destaca como uma das 8 mil doenças raras catalogadas que tem chamado atenção da classe médica e de pacientes em todo o mundo. Apesar de pouco conhecida, a FPI afeta entre 132.000 e 200.000 pessoas apenas nos EUA; enquanto no Brasil, estima-se que este número esteja em torno de 30.000 e 50.000 no País todo.
Com maior incidência em homens com faixa etária entre 50 e 70 anos de idade, a doença provoca o espessamento, rigidez e cicatrização do tecido pulmonar, resultando no declínio da função pulmonar, ou seja, compromete-se a transferência do oxigênio para a corrente sanguínea. O paciente que desenvolve FPI pode apresentar como sintomas a falta de ar, mesmo com atividades físicas leves, e a tosse seca crônica.
Segundo o especialista Dr. Adalberto Rubin, pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS), apesar destes  sintomas serem  evolutivos e sempre progressivos, eles podem ser, no início da doença, confundidos com o envelhecimento, doenças cardíacas, enfisema pulmonar, bronquite crônica ou asma. “Tudo isso contribui para que o diagnóstico seja muito lento. O paciente leva, em média, dois anos para ter a doença identificada e, nessa altura, seu pulmão já está altamente comprometido e sua expectativa de vida, reduzida.”, explica. A sobrevida média do paciente diagnosticado com fibrose pulmonar idiopática é de três anos – uma taxa menor do que a de vários tipos de câncer como leucemia, de útero ou de próstata. “Por isso é tão importante a conscientização da sociedade para essa doença rara. Quanto antes o diagnóstico for feito, melhor será o tratamento dos sintomas e a qualidade de vida dos pacientes”, destaca Dr. Rubin.

Causas e tratamento
A origem da FPI é ainda desconhecida. Dentre os fatores associados ao desenvolvimento da doença estão o tabagismo, exposição prolongada a contaminantes ambientais, infecções pulmonares virais ou bacterianas e predisposição genética”, analisa o Dr. Adalberto Rubin. Até o momento, não existe cura, mas existem medicamentos capazes de reduzir o avanço da fibrose pulmonar idiopática, trazendo uma sobrevida maior a esses pacientes, porém ainda não disponíveis no Brasil.

Diagnóstico
Um dos sinais típicos no  processo de diagnóstico da doença são  ruídos denominados “estertores tipo velcro”. Estes ocorrem em mais de 80% dos pacientes e podem ser detectados quando um médico, com um estetoscópio, ouve estes sons que são produzidos pelos pulmões fibrosados durante a inspiração. Como se trata de uma doença crônica e evolutiva, a exemplo da Hipertensão arterial e da diabetes mellitus, o diagnóstico precoce exerce alto impacto no prognóstico e na intervenção medicamentosa. “Portanto,  além da identificação precoce deste som específico da fibrose pulmonar idiopática, a confirmação da FPI  deve ser feita por meio do exame de tomografia computadorizada de alta resolução, no qual achados radiológicos como vidro fosco, faveolamento e heterogenicidade associados a perda de volume do tecido pulmonar fica mais evidente”, complementa  Dr. Adalberto Rubin.
O Dia Mundial de Doenças Raras, 28 de fevereiro, é uma iniciativa coordenada pela Organização Europeia de Doenças Raras (Eurodis) e engaja setenta países na reflexão sobre saúde mundial. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a estimativa é de que as enfermidades consideradas raras afetem de 6 a 8% da população, ou seja, aproximadamente, 15 milhões de brasileiros. Considerando estas estatísticas e atendendo demanda da população, em 2014, foi lançada a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, que evidenciou a importância de disseminar e formalizar direitos dos pacientes e informações acerca destas enfermidades.

Declaração do IRPF 2015 exige atenção dos contribuintes




A entrega do Imposto de Renda, que se inicia em 2 de março, exige a concentração de dados pessoais e financeiros para o preenchimento do documento no ambiente digital. A Symantec alerta para os possíveis riscos e golpes online que esse processo pode trazer aos usuários, já que as plataformas virtuais podem possuir brechas de segurança e abrir precedentes para os cibercriminosos.
Nesse ano, a Receita Federal liberou a declaração em dispositivos móveis, além de uma versão para que os contribuintes possam realizar rascunhos e antecipar o preenchimento dos dados. Entretanto, essas novas ferramentas exigem maior cuidado e atenção por parte dos usuários, que devem atentar à segurança dos dados inseridos nesses dispositivos. A expectativa do Fisco é que 27,5 milhões de pessoas enviem o documento em 2015.
Durante esta época, a prática mais comum dos criminosos virtuais é o envio de phishings, e-mails maliciosos que dizem trazer informes de rendimento com a finalidade de instalar malwares nos aparelhos e roubar dados como senhas, dados pessoais e números dos cartões de crédito, por exemplo. Além disso, em tablets e smartphones, é comum que os cibercriminosos desenvolvam aplicativos similares aos originais, mas que tem apenas a função de furtar os dados colocados no aplicativo para obtenção de ganho financeiro.
A Symantec recomenda seguir alguns passos de segurança, para evitar ataques e não ser pego na malha fina dos criminosos online
·         Certifique-se de navegar na página correta da Receita Federal;
·         Não faça download do aplicativo em sites suspeitos e, no caso do Smartphone, tenha certeza que o desenvolvedor é a própria Receita Federal;
·         Faça uma cópia de segurança da declaração, para caso seu computador seja hackeado;
·         Para senhas, utilize letras, números e caracteres especiais;
·         Confira sempre extratos do banco e do cartão de crédito para se certificar que suas contas não estão tendo movimentações indevidas;
·         Instale e mantenha atualizado um software de segurança completo, como o Norton Security;
·         Nunca clique em links suspeitos nos e-mails, SMS ou em páginas da internet – mesmo no seu celular;
·         Coloque uma senha no seu telefone assim como um software que permita apagar remotamente dados, caso o dispositivo seja roubado ou perdido;
·         Mantenha o Sistema Operacional e os softwares do computador atualizados, instalando os patches de segurança e atualizações mais recentes.

Caminhada Pare a Dor retoma caminhadas de 2015 em São Paulo





Campanha ocorre no Parque Ibirapuera e alerta a população para os cuidados com dor crônica

A Caminhada Pare a Dor, movimento que desde 2009 reúne especialistas no combate a dor, retoma suas atividades de 2015 em São Paulo e confirma sua agenda, na próxima quinta-feira, 26/2, no Parque Ibirapuera. Com o lema “A dor para a vida das pessoas – Pare a Dor”, as caminhadas semanais, que são realizadas em várias outras cidades do Brasil, reúnem pessoas com um objetivo em comum: combater a dor. As atividades começam sempre a partir das 8h30, com entrada no Portão 7.

Estima-se que cerca de 60 milhões de pessoas sofram com problemas de dor crônica no País, aquele mal que persiste ou recorre por mais de três meses.  E os especialistas afirmam que sentir dor não é normal, mas tem tratamento. Existem muitas maneiras de atenuar seus efeitos e uma delas é a prática de algum tipo de exercício físico, como a caminhada. Para a cinesiologista Mariana Schamas, “além dos muitos benefícios à saúde, a atividade física é reconhecida como um método não medicamentoso de grande impacto na melhora da dor, do humor e da qualidade de vida”.

É importante, no entanto, ressaltar que esses exercícios devem ser orientados por um profissional qualificado. A fisioterapia, a prática regular de exercícios/preparo físico, métodos para alívio de estresse (como massagem e técnicas de relaxamento) são, também, indispensáveis no combate às doenças.

Segundo Mariana, recomenda-se, pelo menos, a prática de exercício físico diária de 30 minutos, de 3 a 5 vezes por semana.  Uma opção de tratamento é se juntar às milhares de pessoas que desde 2009 abraçaram a ideia do Pare a Dor e decidiram se juntar a caminhada que hoje acontece em várias cidades do Brasil. Trata-se de uma opção de saúde e lazer com orientação médica de especialistas em dor crônica, enfermeiras e preparadores físicos. Além disso, uma oportunidade de conhecer e compartilhar suas experiências com pessoas que convivem com o problema.

O evento, gratuito, é uma parceria entre a SBED e a Zodiac Produtos Farmacêuticos e acontece todas as quintas-feiras e sábados no Parque do Ibirapuera, às 8h30. Para mais informações sobre a campanha em outras cidades acompanhe o calendário no site http://www.pareador.com.br/.



Caminhada Pare a Dor        
Local: Parque do Ibirapuera, Av. República do Líbano, Portão 7
Data: Dias 26 e 28 de fevereiro
Horário: 
8h30

A política pós-carnaval: fim ou continuidade da folia?




O início do segundo mandato de Dilma Rousseff trouxe à tona um primeiro choque: o de realidade. A realidade do país e a situação das contas públicas se mostram bem distintas daquelas apresentadas na campanha, ao sabor da genialidade dos marqueteiros bem remunerados.

Foi por isso que o carnaval foi entendido como uma parada estratégica no jogo da política e um respiro para o governo (que teve seu candidato à presidência da Câmara dos Deputados fragorosamente derrotado pouco antes das festivas). Depois deste hiato carnavalesco os atores políticos e a mídia aguardavam a paulatina introdução de uma agenda positiva por parte do governo, objetivando, por exemplo, a melhoria da popularidade da Presidente. E, depois de quase dois meses de silêncio sepulcral, eis que Dilma resolve falar e, por inverossímil que possa parecer, trata da atual crise dos desvios da Petrobrás afirmando que se, nos idos da década de 1990, o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) tivesse investigado os “malfeitos” não teríamos, hodiernamente, um quadro de enorme gravidade. FHC respondeu duramente à Presidente e afirmou que tática de Dilma é mesma do punguista que bate a carteira e grita “pega ladrão”. As rusgas do PT com FHC são velhas conhecidas da cena política brasileira. Lula, tão logo assumiu seu mandato (na transição mais civilizada que tivemos notícia em nossa república), afirmou ter recebido uma “herança maldita” do governo tucano (1994-2002). A expressão carrega, em seu bojo, não apenas a falsidade histórica, mas, também, uma dupla maledicência: só se recebe herança de quem já morreu e, geralmente, a herança, por menor que seja, é boa, nunca maldita. Houve, simbolicamente, o desejo de eliminar FHC e caracterizar o seu governo como nefasto para nosso país.

Hoje, tendo a crer que a expressão “herança maldita” não foi uma construção metafórica feita por Lula ou seus asseclas políticos, mas obra da engenharia de marketing político que tem conduzido parte considerável dos discursos e das decisões políticas do PT, sempre com um projeto mais voltado à manutenção do poder do que nos aspectos republicanos e democráticos da atividade política no seio do Estado.

O governo FHC deixou um país estabilizado e com uma moeda forte, o Real, essa é sua marca. Lula também deixou sua marca: o incremento dos programas sociais (Bolsa Família à frente) e a diminuição da pobreza. E Dilma? Não conseguiu imprimir nenhuma marca para o seu primeiro governo. Nada. Foi, neste sentido, que a propaganda na última eleição não tratou dos últimos quatro anos, mas sim dos últimos 12 anos (oito de Lula e quatro dela). Os problemas - todos eles - foram herdados, uma, como já sabemos, “herança maldita”. Deu certo! Até mesmo os candidatos do PSDB acabaram, noutros pleitos, escondendo FHC. Em 2014, contudo, Aécio Neves resgatou a memória do governo FHC e não se omitiu de debater quando se buscou ligá-lo ao ex-presidente tucano.

Nos dias que correm cá está, novamente, FHC! Então, pelo que se depreende da fala de Dilma acerca do Petrolão: “a culpa foi do FHC”, de seu governo. Com senso de humor, milhares de usuários das redes sociais ironizaram as afirmações presidenciais e colocaram FHC como culpado de muitas ações: desde oferecer o fruto proibido a Adão e Eva até os atentados às Torres Gêmeas, em 2001. São centenas de montagens tendo o “culpado” FHC. Foi-se o carnaval, mas o governo insiste em continuar na folia, ao menos no que tange ao discurso político e sua comunicação com a sociedade.


Rodrigo Augusto Prando  - professor de sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui Graduação em Ciências Sociais (1999), mestrado em Sociologia (2003) e doutorado em Sociologia (2009) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

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