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quarta-feira, 26 de março de 2014

Mantenha cães e gatos longe do coelhinho nesta Páscoa!






Chocolate é tóxico para os pets



A Páscoa se aproxima e nunca é demais lembrar que ovos de chocolate não devem ser compartilhados com os animais de estimação. Olhares, apelos, resmungos, súplicas, birras, chantagens e todas as tentativas de cães e gatos para chamar a atenção e ganhar a guloseima devem ser ignoradas pelos donos. Maldade? Não, cuidado!

Entre os alimentos tóxicos para os animais de estimação, o chocolate é um dos maiores vilões, segundo explica a médica veterinária especialista em nutrição Keila Regina de Godoy, da PremieR pet (www.premierpet.com.br).  Isso porque o fígado dos pets não metaboliza direito uma substância presente no chocolate, chamada teobromina, que está relacionada com o teor de gordura do chocolate.

“Quanto menos gordura, mais teobromina a guloseima contém, o que significa que quanto mais amargo e escuro o chocolate, mais tóxico ao animal ele é.  A substância age intensamente no organismo, podendo provocar o aumento de contrações musculares, excitação nervosa, micção em excesso, elevação da temperatura corporal, respiração acelerada, taquicardia, vômitos e diarreia”, alerta a veterinária.

A intoxicação por teobromina geralmente ocorre em animais pequenos e jovens, por serem menos seletivos e devido à quantidade de toxina em relação ao peso. “Se a quantidade ingerida for muito grande, de acordo com o porte do animal, o chocolate pode até levá-lo à morte por parada cardíaca ou respiratória”, alerta Keila.

Portanto, é importante ficar atento e não deixar ovos e bombons em locais acessíveis a cães e gatos. Eles podem se sentir atraídos pelo cheiro, pela embalagem e “roubar” sem que os donos percebam. Também é importante orientar as crianças para que não ofereçam a guloseima. Em caso de ingestão acidental, o animal deve ser avaliado por um médico veterinário.




Estudo revela que poucas meninas recebem as 3 doses de vacina contra o HPV

A vacina HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, sem interferências na resposta de anticorpos a qualquer uma das vacinas

Segundo uma nova pesquisa, apenas um terço das meninas adolescentes nos EUA recebeu as três doses da vacina contra o papilomavírus humano (HPV). O estudo, apresentado em uma reunião da Associação Americana de Pesquisa do Câncer, revelou também que a maioria das pessoas para quem a vacina contra o HPV é relevante (ou seja, pessoas entre 9 e 26 anos, ou alguém que tenha um membro da família nessa faixa etária) desconhece a eficácia da vacina.

Esta incerteza, alegam os cientistas, pode influenciar a tomada de decisão sobre vacinar ou não o jovem, o que dificulta a capacidade de reduzir a incidência de câncer de colo uterino e a mortalidade provocada por este tipo de câncer.

Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram dados de 3.551 adultos. Desse total, 1.417 deveriam tomar a vacina contra o HPV. Apenas 33% das meninas adolescentes receberam as três doses da vacina. Mulheres negras, hispânicas e de baixa renda foram as menos propensas a receber a vacina.

70% dos pesquisados disseram que não tinham certeza sobre a eficácia da vacina na prevenção do colo do útero e apenas 25% disseram que haviam tido uma conversa com seus médicos sobre a vacina.

Os resultados sugerem que a comunicação sobre a vacinação do HPV e as mensagens precisam de refinamento para destacar claramente a eficácia da vacina e podem ser necessárias estratégias direcionadas para atingir pessoas com diferentes níveis educacionais.

 

Tanto lá como aqui...

 

“Desde o dia 10 de março estamos com uma campanha de vacinação pública visando vacinar meninas entre 11-13 anos contra o HPV. Considerando que o HPV é conhecido por causar câncer cervical anal e vulvar, a disponibilização dessa vacina na rede pública de saúde é de extrema importância”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

 

Conversamos com o médico sobre o tema e a importância da vacina para as adolescentes. Confiram:

 

01)  No Brasil existem dois tipos de vacina HPV. Qual a diferença entre elas?

 

Moises Chencinski - Até o momento foram desenvolvidas e registradas duas vacinas HPV. A vacina quadrivalente recombinante, que confere proteção contra HPV tipos 6, 11, 16 e 18, e a vacina bivalente que confere proteção contra HPV tipos 16 e 18. A vacina quadrivalente está aprovada no Brasil para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero, de vulva e de vagina em mulheres, e anal em ambos os sexos, relacionadas aos HPV 16 e 18, e verrugas genitais em mulheres e homens, relacionadas aos HPV 6 e 11.  A vacina bivalente está aprovada para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero em mulheres, relacionadas aos HPV 16 e 18. Essas vacinas têm cobertura para faixas etárias distintas. A vacina quadrivalente tem indicação para mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade. A vacina bivalente tem indicação para mulheres a partir de 9 anos, sem restrição de idade.

 

02) Como a vacina HPV funciona?

 

Moises Chencinski - Estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença desses anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período.

 

03) A vacina HPV pode causar infecção pelo vírus? Como ela é feita?

 

Moises Chencinski - Não. No desenvolvimento da vacina quadrivalente conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV que o codifica para a fabricação do capsídeo viral (parte que envolve o genoma do vírus). Depois, usando-se um fungo (Sacaromices cerevisiae), obteve-se apenas a “capa” do vírus, que em testes preliminares mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando administrada em humanos. Essa “capa” viral, sem qualquer genoma em seu interior, é chamada de partícula semelhante a vírus (em inglês, vírus like particle – VLP). O passo seguinte foi estabelecer a melhor quantidade de VLP e testá-la em humanos, na prevenção de lesões induzidas por HPV. No caso das VLP, elas imitam o HPV, fazendo com que o organismo identifique tal estrutura como um invasor e produza contra ele um mecanismo de proteção.

 

04) Por que o Ministério da Saúde estabeleceu a faixa etária de 9 a 13 anos para a vacinação?

 

Moises Chencinski - Nas meninas entre 9 e 13 anos não expostas aos tipos de HPV 6, 11 16 e 18, a vacina é altamente eficaz, induzindo a produção de anticorpos em quantidade dez vezes maior do que a encontrada em infecção naturalmente adquirida em um prazo de dois anos. A época mais favorável para a vacinação é nesta faixa etária, de preferência antes do início da atividade sexual, ou seja, antes da exposição ao vírus. Estudos também verificaram que nesta faixa etária a vacina quadrivalente induz melhor resposta quando comparada em adultos jovens, e que meninas vacinadas sem contato prévio com HPV têm maiores chances de proteção contra lesões que podem provocar o câncer uterino.

 

05) Quantas doses são necessárias para a imunização?

 

Moises Chencinski - O esquema completo de vacinação é composto de três doses. O esquema normal da vacina (0, 2 e 6 meses) é 1ª dose, 2ª dose após dois meses e 3ª dose após seis meses. No entanto, o Ministério da Saúde adotará o esquema estendido (0, 6 e 60 meses): 1ª dose, 2ª dose seis meses depois, e 3ª dose cinco anos após a 1ª dose

 

06) A vacina é administrada por via oral ou é injeção?

 

Moises Chencinski - É administrada por via intramuscular: injeção de apenas 0,5 ml em cada dose.

 

07) Meninas que já tiveram diagnóstico de HPV podem se vacinar?

 

Moises Chencinski - Sim. Existem estudos com evidências promissoras de que a vacina previne a reinfecção ou a reativação da doença relacionada ao vírus nela contido.

 

08) É necessário fazer o exame para pesquisa de HPV antes de tomar a vacina?

 

Moises Chencinski - Não. A realização dos testes de HPV não é condição prévia ou exigência para a vacinação.

 

09) A proteção da vacinação dura a vida toda?

 

Moises Chencinski - A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada, principalmente pelo pouco tempo em que é comercializada no mundo (2007). Até o momento, só se tem convicção de próximo de 9 anos de proteção. Na verdade, embora se trate da mais importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso aguardar o resultado dos estudos em andamento em mais de 20 países para delimitar qual é o seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer do colo de útero, bem como fornecer mais dados sobre a duração da proteção e necessidade de dose(s) de reforço.

 

10)  A vacinação contra HPV substituirá o exame de Papanicolau?

 

Moises Chencinski - Não. É importante lembrar que a vacinação é uma ferramenta de prevenção primária e não substitui o rastreamento do câncer do colo de útero em mulheres na faixa etária entre 25 e 64 anos. Assim, as meninas vacinadas só terão recomendação para o rastreamento quando alcançarem a faixa etária preconizada para o exame Papanicolau e já tiverem vida sexual ativa. É imprescindível manter a realização do exame preventivo (exame de Papanicolau), pois as vacinas protegem apenas contra dois tipos oncogênicos (causadores de câncer) de HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo de útero. Ou seja, 30% dos casos de câncer causados pelos outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se não for realizada a prevenção secundária, ou seja, pelo rastreamento (exame Papanicolau).

 

11)  Mesmo vacinada, será necessário utilizar preservativo durante a relação sexual?

 

Moises Chencinski - Sim, pois é imprescindível manter a prevenção contra outras doenças transmitidas por via sexual, tais como HIV, sífilis, hepatite B, C, etc. Uma pessoa vacinada ficará protegida contra alguns tipos de HPV contidos na vacina: na vacina bivalente contra os HPV 16 e 18 e na vacina quadrivalente contra os HPV 6, 11, 16 e 18. No entanto, existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos quais 40 podem infectar o trato genital. Destes, 12 são de alto risco e podem provocar câncer e outros podem causar verrugas genitais. Além disso, vale lembrar que não é necessário haver o ato sexual para que haja a transmissão do papilomavírus. O contato genital (pele) pode ser responsável pela transmissão também em cerca de 5 a 10% dos casos.

 

12)  A vacina HPV pode ser administrada concomitantemente com outra vacina?

 

Moises Chencinski - A vacina HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, sem interferências na resposta de anticorpos a qualquer uma das vacinas. Quando a vacinação simultânea for necessária, devem ser utilizadas agulhas, seringas e regiões anatômicas distintas.

 

13)  A vacina HPV provoca algum efeito colateral (evento adverso)?

 

Moises Chencinski - A vacina HPV é uma vacina muito segura, desenvolvida por engenharia genética, com a ocorrência de eventos adversos leves como dor no local da aplicação, inchaço e eritema. Em casos raros, pode ocasionar dor de cabeça, febre de 38°C ou mais e síncope (ou desmaios). A síncope mais frequente em adolescentes e adultos jovens é a síncope vasovagal, particularmente comum em pessoas com alguma particularidade emocional. Geralmente, há algum estímulo desencadeante como dor intensa, expectativa de dor ou um choque emocional súbito. Vários fatores, tais como jejum prolongado, medo da injeção, locais quentes ou superlotados, permanência de pé por longo tempo e fadiga podem aumentar a probabilidade de sua ocorrência. É importante ressaltar que a ocorrência de desmaios durante a vacinação contra HPV não está relacionada à vacina especificamente, mas sim ao processo de vacinação, que pode acontecer com a aplicação de qualquer produto injetável (ou injeção).

 

14) Qual a composição da vacina HPV?

15)   

Moises Chencinski - A vacina recombinante é composta pelos tipos HPV 6, 11, 16 e 18, tendo como adjuvante o sulfato de hidroxifosfato de alumínio amorfo. Não contém conservantes, nem antibióticos.

 

16) Quantos países no mundo já introduziram a vacina HPV?

 

Moises Chencinski - Segundo dados da OMS, até maio de 2013 a vacina HPV havia sido introduzida em 51 países como estratégia de saúde pública. Neste grupo, destacam-se a Antiga República Jugoslava da Macedónia, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Butão, Brasil*, Brunei, Canadá, Colômbia, Darussalam, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos da América, Fiji, França, Grécia, Ilhas Cook, Holanda, Ilhas Marshall, Irlanda, Irlanda do Norte, Islândia, Israel, Itália, Japão, Kiribati*, Letónia, Lesoto, Luxemburgo, Malásia, México, Micronésia (Estados Federados da), Nova Zelândia, Noruega, Palau, Panamá, Paraguai, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha, República Checa, Ruanda, San Marino, Singapura, Suécia, Suíça, Trinidad e Tobago, Uganda*, Uruguai.

 

*Introdução parcial.

 

17)  Caso alguma adolescente inicie o esquema na rede pública, mas decida tomar a segunda dose aos dois meses na rede privada, ela poderá tomar a terceira dose aos seis meses na rede pública?

 

Moises Chencinski - Sim, a adolescente poderá tomar até duas doses na rede pública, no intervalo de até um ano.

 

18)  Se a adolescente tiver feito a primeira dose na rede privada antes da campanha ela pode completar o esquema na rede pública?

 

Moises Chencinski - Sim, a adolescente poderá tomar até duas doses na rede pública, no intervalo de até um ano.

 

19) As adolescentes podem tomar a vacina sem a autorização dos pais?

 

Moises Chencinski - Em toda a atenção à saúde de adolescentes devem ser levados em consideração os fundamentos da ética, privacidade, confidencialidade e sigilo. Esses princípios reconhecem os adolescentes (na faixa etária de 10 a 17 anos de idade) como sujeitos capazes de tomarem decisões de forma responsável. Sendo assim, não há necessidade de autorização dos pais ou responsáveis para receber qualquer vacina nos postos de saúde. No entanto, por se tratar de uma importante ação de saúde pública e ter como estratégia a vacinação nas escolas, aqueles pais que se recusarem a permitir que seus filhos sejam vacinados nas escolas deverão preencher o Termo de Recusa de vacinação contra HPV e enviar para a escola durante o período em que ocorrer a vacinação nestas localidades. Os pais devem receber uma comunicação da escola e da secretaria de saúde municipal informando sobre os dias em que será realizada a vacinação no local em que o seu filho estuda.

 

 


Moises Chencinski: http://www.drmoises.com.br - Email: fale_comigo@doutormoises.com.br -


segunda-feira, 24 de março de 2014


GRAVIDEZ E PARTO: MULHERES BRASILEIRAS CONTINUAM MORRENDO SEM ATENDIMENTO

Doze anos depois, família de Alyne da Silva Pimentel será indenizada, mas baixa qualidade dos serviços mantém o Brasil na liderança das mortes maternas na América Latina

Nesta terça-feira, dia 25 de março, às 15h, na Secretaria de Direitos Humanos, em Brasília (DF), o Estado brasileiro cumprirá parte de seus compromissos perante o Comitê para Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra Mulheres (CEDAW/ONU) e fará o pagamento da reparação à mãe de Alyne, reconhecendo o direito a uma maternidade segura e sua responsabilidade pela morte de Alyne e, em consequência, pelos óbitos de centenas de outras mulheres por morte materna no país a cada ano. Mulheres brasileiras grávidas, especialmente as de renda mais baixa, continuam morrendo por falta de atendimento adequado na rede pública de saúde brasileira da mesma forma como aconteceu com Alyne da Silva Pimentel há mais de uma década.

“Diante do acordo firmado entre o governo do Brasil e o Comitê CEDAW, cabe perguntar: a morte de Alyne teria sido em vão? O que o Estado brasileiro está realmente fazendo para garantir que mais mulheres em idade reprodutiva, em particular as negras, pobres e que vivem longe dos grandes centros urbanos tenham acesso aos serviços de saúde de qualidade que garantam sua integridade durante a gravidez, parto e pós-parto?”, questionou Beatriz Galli, Relatora Nacional do Direito Humano a Saúde Sexual e Reprodutiva da Plataforma Dhesca Brasil.

Em sua decisão final, o Comitê CEDAW/ONU fez recomendações firmes ao Estado brasileiro: garantir o direito das mulheres à maternidade segura e ao acesso à assistência médica emergencial adequada, proporcionar formação profissional adequada para os trabalhadores da área de saúde, especialmente sobre os direitos reprodutivos das mulheres e assegurar o acesso a medidas eficazes nos casos em que os direitos das mulheres à saúde reprodutiva tenham sido violados, que as instalações de assistência médica privada satisfaçam as normas nacionais e internacionais em saúde reprodutiva, que as sanções adequadas sejam impostas a profissionais de saúde que violem os direitos de saúde reprodutiva das mulheres além de reduzir as mortes maternas evitáveis implementando o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna nos níveis estadual e municipal.

“O caso de Alyne jogou luz sobre as violações sistemáticas dos direitos humanos fundamentais das mulheres que afetam desproporcionalmente as mulheres mais pobres e de minorias” disse Mónica Arango, diretora regional para a América Latina e o Caribe do Centro de Direitos Reprodutivos. “O Estado brasileiro está dando um passo importante ao reconhecer que o sistema de saúde falhou com a Alyne, mas deve agir rapidamente para que sejam pagas as reparações financeiras à filha de Alyne e para que sejam criadas políticas públicas que melhorem os serviços de saúde materna para todas as mulheres e uma vez por todas”, destacou. 

Porque elas morrem

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mulheres morrem todos os dias em decorrência de complicações causadas pela gravidez em todo o mundo. Dados do DataSUS de 2012 mostram que, enquanto a redução na razão de mortalidade materna mundial foi de 3,6% por ano, no Brasil o ritmo de queda foi de apenas 0,6%. Isto situa o país atrás da meta a ser cumprida no quinto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Outras estatísticas também são alarmantes: um quarto de todas as mortes maternas da América Latina acontece no Brasil, 90% delas poderiam ser evitadas com cuidados no pré-natal. As principais causas da mortalidade materna são a hipertensão arterial, a hemorragia, as complicações decorrentes do aborto realizado em condições inseguras, a infecção pós-parto e as doenças do aparelho respiratório. O risco de morte materna está diretamente relacionado ao nível socioeconômico e os dados mostram que há discriminação racial e de gênero na assistência. Mulheres negras, pobres e que vivem nas regiões rurais e longe dos centros urbanos são as que mais morrem.

Caso Alyne

Há doze anos, a família de Alyne da Silva Pimentel espera por justiça. Ela foi vítima da falta de atendimento médico na rede pública e conveniada de saúde do Rio de Janeiro, em 2002. Mulher negra, com 28 anos, casada e grávida de seis meses do seu segundo filho, ela deu entrada sentindo náuseas, na Casa de Saúde N. S. da Glória, uma maternidade contratada pelo SUS do município de Belford Roxo como prestadora de serviços de atenção ao parto. Embora já naquele momento ela apresentasse sinais de gravidez de alto risco, recebeu alta e foi orientada a retornar para fazer exames adicionais, sendo medicada apenas com remédios para náuseas, cremes vaginais e vitaminas. Dois dias depois, Alyne voltaria à mesma clínica, já bastante debilitada e com vômitos. Na ultrassonografia, o veredito: o feto estava morto. Foi feita uma indução de parto e cinco horas depois veio à luz o natimorto. Somente 14 horas após o parto foi feita a cirurgia de curetagem para retirada de restos de placenta. Neste momento Alyne já tinha hemorragia extrema, vômito com sangue, pressão sanguínea baixa, desorientação prolongada e fraqueza física aguda com incapacidade para ingerir. Mesmo assim passaram-se oito horas sem cuidados adequados, antes que uma ambulância  removesse Alyne para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (conhecido como Hospital da Posse), onde poderia receber uma transfusão de sangue, procedimento não disponível no hospital em que estava internada. Ela foi transportada sem a ficha médica e sua via crucis continuou na emergência do Hospital da Posse, já que não havia leito disponível. Alyne entrou em coma e morreu, cinco dias depois de procurar o primeiro atendimento médico.

Ingestão de OTC sem orientação pode levar à hemorragia gastrointestinal ou à insuficiência hepática

 

Entidade médica americana lança campanha pelo uso seguro de OTC

 

 


 

No entanto, muitos consumidores não estão cientes das graves lesões hepáticas ou gastrointestinais que podem ser resultantes da superdosagem ou do uso excessivo desses medicamentos que se destinam a aliviar a dor. Visando conscientizar a população americana, a Associação Americana de Gastroenterologia (AGA) lançou uma campanha educativa para que os adultos façam o uso seguro desses medicamentos.

 

A mensagem central da campanha é sintetizada num vídeo que destaca a importância de ler e seguir as instruções dos rótulos dos medicamentos OTC.

 

O gastroenterologista Silvio Gabor (CRM-SP 47.042) gostou muito da iniciativa da associação médica americana, pois a campanha é focada num problema muito sério: a automedicação e suas consequências para a saúde gastrointestinal. “Muitos adultos supõem que como os medicamentos OTC não necessitam de receita médica, eles podem ser tomados casualmente, sem ao menos a leitura da bula. Mas isso não é verdade. A ingestão inadequada e/ou o abuso na ingestão desses medicamentos de venda livre podem resultar em hemorragia gastrointestinal ou insuficiência hepática, dependendo do princípio ativo do medicamento. Aqui no Brasil, nós também precisamos aumentar a conscientização da população sobre a importância da utilização segura desses medicamentos, capacitando as pessoas a usá-los com segurança", diz o médico.

 

O vídeo de dois minutos da campanha americana é muito esclarecedor, pois demonstra vários cenários que podem levar os adultos à overdose ou ao uso excessivo dos medicamentos OTC para a dor. “Tomar mais do que um medicamento com a mesma substância ativa ou uma mistura de princípios ativos pode causar danos e, em alguns casos, até mesmo a morte. Os medicamentos para dor mais comuns são o paracetamol e os AINEs (anti-inflamatórios não-esteroides), que podem ser encontrados em centenas de formas de produtos OTC. O perigo é que muitos adultos tomam diversos medicamentos contra a dor, ao mesmo tempo, visando aliviar dores de cabeça, dores de dente,  dores musculares e dores crônicas”, alerta Silvio Gabor, que também é professor assistente de Cirurgia Geral e do Trauma da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA).

 

O vídeo também inclui duas animações em 3-D que ilustram os danos causados ao fígado relacionados com o princípio ativo do medicamento e o sangramento gastrointestinal. Nos Estados Unidos, a AGA estima que, a cada ano, 26 mil internações e mais de 400 mortes no país estão ligadas à overdose relacionadas com o paracetamol, enquanto que cerca de 100.000 hospitalizações e 16.500 mortes resultam de complicações gastrointestinais relacionadas com o uso de AINEs.

 

Leitura das bulas é vital

 

Para evitar esses riscos, a entidade médica americana incentiva que os adultos leiam, sigam a bula e conheçam o princípio ativo dos medicamentos de venda livre.  “Em caso de dúvidas, os pacientes devem falar com o médico ou o assistente do médico para aprender sobre as doses certas a tomar do medicamento e quais são os princípios ativos presentes naquele OTC, bem como as opções alternativas que devem ser consideradas”, explica Gabor.

 

Para o médico, as principais recomendações da campanha americana devem ser aplicadas aqui também em relação ao uso seguro de OTCs, dentre as quais, destacam-se:

 

·       Ler a bula;

·       Seguir as recomendações de dosagem, não ultrapassando-as por conta própria;

·       Tomar um OTC de cada vez;

·       Só tomar um produto de cada vez que contenha paracetamol e/ou AINEs (anti-inflamatórios não-esteroides);

·       Falar com o médico sobre o uso de medicamentos e outras opções para gerenciar sua dor.

 

Além do vídeo, um infográfico e outros recursos educacionais para a população podem ser acessados ​​em http://gutcheck.gastro.org/ .

sexta-feira, 21 de março de 2014

Tuberculose, a segunda doença infecciosa que mais mata no mundo

Dia 24 de março é a data internacional para conscientizar a população sobre a enfermidade.


No ranking brasileiro de mortes causadas por males infecciosos, o quarto lugar pertence à tuberculose. A doença também está entre as dez que mais causam internações hospitalares. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), aproximadamente 36 pessoas a cada 100 mil habitantes no Brasil possuem tuberculose. Em dados internacionais, a Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que a enfermidade está em segundo lugar entre as doenças infecciosas mais mortíferas, atrás apenas do HIV. Por isso, para diminuir os números alarmantes, a OMS e a União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares estipularam, em 1982, o dia 24 de março como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose.
Já em Santa Catarina, há uma taxa de mortalidade de apenas 0,7, graças a trabalhos mais efetivos em diagnóstico e tratamento precoce, de acordo com o pneumologista do Hospital Dia do Pulmão, dr. Ricardo Albaneze. “Blumenau é exemplo no tratamento da tuberculose, realizando 100% de seus tratamentos de maneira diretamente observada e tendo índice de cura acima de 80%”, explica. Mesmo assim, o médico destaca a importância de conscientizar a população sobre a gravidade da doença.
O principal sintoma da doença é a tosse, o que, segundo o pneumologista, comumente confunde os portadores por ser considerada um mecanismo de defesa, que com frequência está associada a alergias ou doenças respiratórias, como gripes ou resfriados. Entretanto, o médico alerta que quando o sintoma persiste por mais de três semanas é preciso investigar melhor suas causas.
Albaneze ressalta que os sintomas que merecem atenção e cuidado especiais são: tosse que perdura além de três semanas, podendo ser acompanhada de secreção e sangue; mal estar; dor no peito; perda de peso; suor e febre. Causada pelo Bacilo de Koch (BK), a tuberculose geralmente afeta os pulmões, mas também pode atingir qualquer outra área do corpo. É uma doença que tem cura, porém possui um tratamento longo e que não deve ser interrompido.
“Se o paciente para de tomar os antibióticos antes do período recomendado, as bactérias remanescentes tornam-se resistentes, agravando o quadro e proliferando a doença com formas mais difíceis de controle. Logo no início do tratamento, quando há um bom quadro de melhora, muitos pacientes acreditam que já estão curados e interrompem o acompanhamento médico, e isso não pode acontecer”, esclarece.

Contaminação e prevenção

O pneumologista explica que o contágio se dá por meio da inalação das gotículas que contêm o bacilo de KocK, provenientes da tosse dos pacientes portadores da Tuberculose Pulmonar e que ficam em suspensão no ar ambiente por período curto. A melhor forma de se prevenir contra a tuberculose é a vacinação ainda na infância. Outra medida importante de prevenção é evitar o contato com pessoas contaminadas.

Atendimento
O diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz. Por isso, o pneumologista orienta que em caso de tosse constante ou algum dos outros sintomas da doença, o melhor a ser feito é buscar orientação médica. O Hospital Dia do Pulmão, por exemplo, em Blumenau, é uma das 12 instituições no Brasil certificadas pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) em Laboratório de Função Pulmonar e possui atendimento especializado para problemas respiratórios, como a tuberculose. Mais informações sobre a doença e sobre tratamento podem ser obtidas pelo site www.hospitaldopulmao.com.br.
Foto de Rafael Patricia Bolletta.

De olho nos ovos de páscoa!

 

Já é possível encontrar diversas opções de chocolates pelos supermercados e muitos consumidores comparam os valores de ovos de páscoa, com as versões em tabletes ou bombons. Ao comparar o preço médio dos produtos é possível ter uma variação de até 84%, entre caixas de bombom, barras e ovos de número 15, considerando os preços médios por 100 gramas dos produtos.

 A caixa de bombons é a alternativa mais econômica para quem deseja gastar menos, seguida das barras de chocolate e por último os ovos.  A indústria justifica a disparidade nos valores dizendo que o chocolate passa por tecnologias diferentes no processo de fabricação. Mas os métodos produtivos não justificam essa variação tão grande.

Para aqueles que não abrem mão dos famosos ovos, cuidado: é recomendado olhar o peso descrito na embalagem e não o número. Podem ser encontrados ovos com a mesma numeração, mas pesos diferentes. Atenção também aos brindes, que estão cada vez mais sofisticados, você acaba pagando por eles, um ovo com brinde chega a custar pelo menos três vezes e meia a mais do que uma barra do mesmo chocolate.

 Outros pontos que merecem ser analisados:

- Quando o produto estiver quebrado/estragado, ou o brinde não funcionar, o consumidor tem o direito de troca ou devolução da quantia paga. Caso a empresa se negue a fazer o ressarcimento/troca, cabe ação contra a mesma, com pedidos de dano material, com valor do ovo, mais indenização por danos morais – suportados pela frustração do ocorrido.

 - Para aqueles que fazem compras na internet, saiba que o consumidor terá o direito de retorná-lo em caso de descontentamento, após a entrega do produto. Isso vale se o mesmo não atender a expectativas do consumidor, pois ele foi visualizado virtualmente e sua realidade pode não condizer com o que realmente é. Mas se previna, o prazo para essa devolução é de 7 dias. Caso o ovo chegue quebrado/estragado, não seja entregue ou chegue depois da páscoa, cabe ação compensatória, da mesma forma descrita no primeiro item.

 - Se o ovo estiver em perfeito estado e o próprio consumidor quebrá-lo ou estraga-lo, a empresa/fabricante não pode ser responsabilizada.

Com todas essas dicas, a atenção deve ser redobrada na hora da compra. O alerta também vale para as propagandas. Em caso de dúvidas, procure um advogado e os órgãos de defesa do consumidor da sua cidade.

 

 

Dr. Luciano Duarte Peres - especialista em direito bancário e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário

No Dia  Mundial da Infância Sociedade Brasileira de Patologia alerta sobre câncer infantojuvenil

 Dia 21 de março, é celebrado o Dia Mundial da Infância. O câncer entre crianças e jovens é o principal motivo de morte por doença entre pessoas de 1 a 19 anos. Mesmo com a alta probabilidade de cura, o câncer infantojuvenil, quando descoberto tarde, é tão nocivo quando acomete um adulto. 

Dados do Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG mostram que o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil ainda é o principal agravante da doença entre os jovens. A pesquisa, com jovens entre 2004 e 2012, mostrou que 42% dos casos confirmados eram de tumores do sistema nervoso central, que só foram identificados entre quatro e seis meses depois dos sintomas. Para tumores de partes moles (vísceras e epiderme), o tempo foi de sete meses. Há casos que o diagnóstico demora até oito anos para ser confirmado.

“Nos tumores do Sistema Nervoso Central pacientes mais jovens podem ter o atraso diagnóstico justificado pela incapacidade da criança em descrever sintomas como cefaleia ou alterações visuais. Os sintomas inespecíficos podem confundir o quadro clínico e contribuir para o atraso do diagnóstico. Técnicas modernas de neuroimagem, como a tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética, devem ser usadas precocemente em pacientes com sintomas suspeitos”, comenta o patologista e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Ricardo Artigiani Neto.

Os patologistas são determinantes no diagnóstico definitivo dos cânceres. Participam desde a determinação exata do seu diagnóstico (existem dezenas de diagnósticos diferenciais com sintomas semelhantes), estabelecem subtipos prognósticos (muito comum em tumores pediátricos a divisão em diversos subgrupos de diagnóstico e tratamento) e pesquisando na amostra tecidual retirada marcadores (muitas vezes moleculares) relacionados a tratamento e prognóstico.

“O diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é mais complicado, pois na criança há maior dificuldade de diagnóstico de câncer pela superposição de diagnósticos (tipos de câncer) com características semelhantes, comuns nesta idade, maior velocidade de crescimento tumoral e sintomatologia menos evidente. Além disso, na criança dificilmente observamos a presença de lesões pré-malignas. Neste grupo etário usualmente o diagnóstico se faz com o câncer já instalado”, comenta o patologista.

Segundo o médico, deve-se ficar atento as alterações clínicas das crianças e jovens. “O câncer infantil é um grupo muito heterogêneo de tumores, que se originam desde o Sistema Nervoso Central até tumores hematológicos, ósseos e viscerais. Esta grande variação de localização e variedade de tumores prejudicam e muito métodos de detecção precoce. O que se deve fazer é observar alterações clínicas que indiquem o mais precocemente possível a existência destes tumores”, completa o Neto.
De olho nos ovos de páscoa!

Já é possível encontrar diversas opções de chocolates pelos supermercados e muitos consumidores comparam os valores de ovos de páscoa, com as versões em tabletes ou bombons. Ao comparar o preço médio dos produtos é possível ter uma variação de até 84%, entre caixas de bombom, barras e ovos de número 15, considerando os preços médios por 100 gramas dos produtos.

 A caixa de bombons é a alternativa mais econômica para quem deseja gastar menos, seguida das barras de chocolate e por último os ovos.  A indústria justifica a disparidade nos valores dizendo que o chocolate passa por tecnologias diferentes no processo de fabricação. Mas os métodos produtivos não justificam essa variação tão grande.


Para aqueles que não abrem mão dos famosos ovos, cuidado: é recomendado olhar o peso descrito na embalagem e não o número. Podem ser encontrados ovos com a mesma numeração, mas pesos diferentes. Atenção também aos brindes, que estão cada vez mais sofisticados, você acaba pagando por eles, um ovo com brinde chega a custar pelo menos três vezes e meia a mais do que uma barra do mesmo chocolate.

 Outros pontos que merecem ser analisados:

- Quando o produto estiver quebrado/estragado, ou o brinde não funcionar, o consumidor tem o direito de troca ou devolução da quantia paga. Caso a empresa se negue a fazer o ressarcimento/troca, cabe ação contra a mesma, com pedidos de dano material, com valor do ovo, mais indenização por danos morais – suportados pela frustração do ocorrido.

 - Para aqueles que fazem compras na internet, saiba que o consumidor terá o direito de retorná-lo em caso de descontentamento, após a entrega do produto. Isso vale se o mesmo não atender a expectativas do consumidor, pois ele foi visualizado virtualmente e sua realidade pode não condizer com o que realmente é. Mas se previna, o prazo para essa devolução é de 7 dias. Caso o ovo chegue quebrado/estragado, não seja entregue ou chegue depois da páscoa, cabe ação compensatória, da mesma forma descrita no primeiro item.

 - Se o ovo estiver em perfeito estado e o próprio consumidor quebrá-lo ou estraga-lo, a empresa/fabricante não pode ser responsabilizada.

Com todas essas dicas, a atenção deve ser redobrada na hora da compra. O alerta também vale para as propagandas. Em caso de dúvidas, procure um advogado e os órgãos de defesa do consumidor da sua cidade.

Dr. Luciano Duarte Peres - especialista em direito bancário e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário

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