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segunda-feira, 15 de abril de 2024

O superpoder do crachá: ascensão e queda no mundo corporativo

Era uma vez no reino do cubículo infinito, onde guerreiros armados de laptops e smartphones batalhavam dia após dia, algo mágico pairava no ar, algo que conferia poderes quase místicos a quem o possuísse: o crachá corporativo.

Este não era um mero pedaço de plástico decorado com um nome mal impresso e uma foto desfavorável. Não, senhoras e senhores, este era o cetro de reis e rainhas do mundo corporativo, o Excalibur dos escritórios. Com ele, os mortais transformavam-se em titãs, capazes de atravessar barreiras de segurança e ativar copiadoras com um único toque. Portadores deste talismã eram saudados com "bom dia" mais entusiasmado por recepcionistas e tinham o poder de convocar reuniões que todos, por alguma razão desconhecida, sentiam-se obrigados a comparecer.

Mas ah, o que acontece quando este crachá é transferido para outro? Quando o poderoso fica sem seu emblema de poder? Aí, meus amigos, observamos o fenômeno mais hilário e tragicômico do habitat corporativo: a invisibilidade instantânea.

João, outrora gerente de projetos e detentor do Grande Crachá de Acesso Ilimitado, caminhava pelos corredores como se fosse dono deles. Os cumprimentos eram abundantes, as portas se abriam, as máquinas de café liberavam seu néctar sem hesitação. Mas então, veio a reestruturação – esse eufemismo para "vamos ver quem realmente precisa estar aqui" – e o crachá de João foi realocado para a nova queridinha do pedaço, Mariana.

Na manhã seguinte, João entrou no escritório. Bem, ele tentou. A porta de segurança, essa guardiã implacável, não reconheceu seu novo crachá genérico. "Bip-bip! Acesso negado!" ela zombou, enquanto colegas que antes o saudavam agora passavam por ele, absortos em seus próprios mundos de crachás funcionais.

Sentado em uma cadeira menos ergonômica, na terra desolada conhecida como "Setor B", João percebeu que havia se tornado um cidadão comum do mundo corporativo. Os cumprimentos minguaram, as reuniões tornaram-se convites que ele só recebia por engano e sua habilidade de influenciar decisões tinha evaporado como café da manhã da empresa quando a equipe de TI está na cidade.

E Mariana? Ah, ela prosperava, navegando pelos corredores com seu crachá brilhante, inadvertidamente passando pelo pobre João sem reconhecê-lo. O poder do crachá havia conferido a ela a visibilidade que João perdera, transformando-a em uma entidade quase celestial no ecossistema empresarial.

Assim, através das desventuras de João, aprendemos uma lição valiosa sobre o poder ilusório no mundo corporativo. O crachá, percebemos, era mais que um dispositivo de acesso; era uma capa de invisibilidade reversa, uma ferramenta de status que transformava profissionais comuns em seres mitológicos – até que não fossem mais.

E enquanto João agora planeja como ressurgir das sombras do Setor B, o restante de nós observa, divertindo-se com a dança constante de ascensão e queda que é tão peculiar – e hilária – no teatro do mundo corporativo.

 

Francisco Carlos
CEO Mundo RH


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