Davi Jing Jue Liu,
médico oncologista, autor de livros na área de educação médica, membro do
Conselho Científico da Unaccam - União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama
No dia 7 de abril se comemora o Dia Mundial da
Saúde e, no dia 8, o Dia Mundial do Câncer. Nessas datas tão especiais vale a
pena uma reflexão.
Vou contar uma história não tão grande. Na
realidade é uma história bem pequena. Microscópica. A sua célula. A história é
sobre sua célula. Quantas vezes no dia você já parou para tomar consciência da
existência desses indivíduos celulares que compõem o seu corpo? Do seu trabalho
incansável e ao mesmo tempo coordenado para trazer materialidade à vida?
Você literalmente começou de uma única célula que
carregou meio DNA do seu pai, meio DNA da sua mãe e, com essa composição, ela,
única e solitária, se dividiu em duas, quatro, oito e assim por diante até que
gerou todas as dez trilhões de células do seu corpo.
Todas elas ainda guardam aquele mesmo código da
célula da criação, o material genético necessário para ser o que elas quiserem
ser em algum momento de sua vida. O DNA.
A célula carrega dentro dela o potencial para ser o
que ela quiser ser. Desde um epitélio intestinal (o que reveste seu intestino)
e viver SETE dias, até um neurônio que irá viver ANOS, com células de suporte a
seu dispor e uma nutrição rica e nobre. Esse equilíbrio sustentável é o que
permite as funções biológicas do nosso organismo.
Esse equilíbrio sustentável pode ser quebrado e
muitas vezes é ameaçado por uma única célula; uma célula que por meios próprios
escapa de seus 'destinos predestinados', ignora seu prazo de validade, se
reproduz de forma descontrolada, ocupa locais onde não deveria estar. Pior, se estabelece
e prospera nesses locais às custas de recursos que explora do meio ambiente de
forma predatória. A célula cuja própria existência é insustentável e ameaçadora
para a existência de todas as outras ao seu redor.
Ela é perigosa, uma ameaça, parece que se perdeu no
seu princípio de existência e adquiriu comportamento insustentavelmente
maligno. Ela é o Câncer e nós buscamos o seu extermínio.
Hoje a cura do câncer seria propor a sua
extirpação. O extermínio completo e total de sua linhagem, seja por remoção à
força (uma cirurgia), seja por um bombardeio, seja por tratamento alvo ou
imunoterapia. O fato é que nessa guerra, entende-se que vence o último homem de
pé.
Mas será que isso basta?
Todo processo de cura do câncer é um processo de
transformação do organismo que gerou a doença para o indivíduo que irá vencer a
doença. Nessa luta refletimos sobre a nossa existência, sobre nosso propósito,
sobre amizade, família e amor. Convido nesse dia a pensarmos sobre o que
podemos fazer hoje para nos equilibrar e trazer essa reflexão de existência e
propósito em tudo o que escolhemos. Escolhas saudáveis de alimentos,
parar de fumar, fazer exercício. Escolhas de estar com as pessoas que gostamos
e amamos, e dizer o quanto são amadas e queridas. Escolhas de como queremos
gastar nosso tempo. Tomar escolhas sustentáveis e equilibradas.
Isso nos torna mais distante da célula maligna, e
mais próxima da célula que queremos ser.
Essas são escolhas que vencem o Câncer.
Davi Jing Jue Liu - Médico oncologista, membro do Conselho Científico da Unaccam - União e
Apoio no Combate ao Câncer de Mama. Nascido na cidade de Harbin na
província de Heilongjiang-China, Davi Liu veio ao Brasil quando pequeno junto
com seus pais, médicos tradicionais chineses. Formou-se em Medicina pela
UNIFESP onde se especializou em Cancerologia. Concluiu curso de Medicina
Tradicional Chinesa em Beijing e hoje trabalha com Oncologia de Precisão e
Personalizada, além de ser autor de diversos livros na área de educação médica.
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