Apesar do desejo de engravidar, muitas mulheres ainda têm dúvidas sobre a imunização contra a Covid-19 e os rumos da pandemia
Se há um plano comum em muitas famílias
que a pandemia atrapalhou foi o de ter filhos. Desde o começo, com as
incertezas sobre suas ações no organismo, milhares de mulheres se viram na
dúvida sobre engravidar ou aguardar o melhor momento. Agora que temos imunizantes,
novas dúvidas surgiram e existem algumas coisas sobre a vacina da covid-19 que
toda tentante precisa saber.
Antes de tudo, é importante lembrar
que, no Brasil, cada estado brasileiro vive um momento diferente. Em algumas
localidades, no caso de grávidas e puérperas, somente as que possuem
comorbidades podem se vacinar.
A seguir, a especialista em Reprodução
Assistida, Cláudia Navarro, diretora clínica da Life Search, enumera algumas
informações preciosas às mulheres que estão tentando engravidar.
1 - Tentantes do grupo de risco podem
e DEVEM se vacinar!
“Se a paciente é tentante e possui
alguma comorbidade já relacionada pelo Ministério da Saúde,
ela deve se vacinar”, alerta a médica. A especialista lembra que algumas
comorbidades como diabetes, obesidade e cardiopatias já são pontos de atenção
para a gravidez em si. “A possibilidade de ter uma paciente gestante, com
comorbidades, não vacinada e infectada pelo vírus nos causa certa preocupação”,
comenta Cláudia.
A médica lembra também que a vacina não
interfere no tratamento de reprodução assistida. “Excetuando-se a AstraZeneca (saiba mais
no item 3), essa paciente pode e deve se vacinar. Além disso,
também não há motivo para parar o tratamento”, diz.
2 - Os imunizantes não são feitos com
vírus vivo
Das vacinas utilizadas no Brasil neste
momento, temos: CoronaVac - utiliza o vírus inativo que, ao entrar no
organismo, provoca resposta imune ativando os linfócitos; Pfizer - utiliza a
tecnologia do RNA mensageiro, uma replicação das sequências de RNA do vírus por
meio da engenharia genética. Ou seja, o que o organismo recebe é uma “cópia” do
vírus que consegue provocar reação imunológica, e não o vírus em si.
“Essas vacinas, até então, têm-se
mostrado muito seguras e eficazes, inclusive para gestantes e puérperas”,
comenta a médica. “As entidades médicas, como Associação Brasileira de Reprodução
Assistida (Sbra) e a Rede Latino Americana de
Reprodução Assistida (RedLara), emitiram uma nota incentivando a vacinação”,
lembra a médica.
3 - AstraZeneca está suspensa para
grávidas e puérperas
A terceira vacina utilizada no Brasil,
Oxford-AstraZeneca, teve sua aplicação suspensa
em mulheres grávidas e puérperas após provocar reações adversas nesse grupo.
Diferente das outras, a Astrazeneca é feita a partir do adenovírus, que é um
vírus modificado em laboratório para carregar em si as instruções para a
produção de uma proteína característica do coronavírus. O que também provoca
resposta imune do organismo, mas não tem capacidade de prejudicá-lo.
“Esse é o único imunizante suspenso até
então para grávidas e puérperas. Porém, como a segunda dose dessa vacina só
ocorre após três meses, não aconselharia a imunização com a AstraZeneca em
tentantes, pois há a chance de engravidarem nesse período”, opina a médica.
4 - O risco de não ser vacinado é maior
que o de receber a vacina
Segundo Claudia Navarro, além das
comorbidades, pessoas que estão nas listas de prioridades devido às suas
profissões, como profissionais da saúde, têm risco muito maior de serem
infectadas. “Seja antes de engravidar, durante ou depois, o risco de não ser
vacinado nesse grupo é maior que o de receber a vacina e ter qualquer reação”,
alerta a médica.
5 - Quem teve Covid também precisa se
vacinar
Mesmo quem teve a doença e já criou
alguma resposta imune do organismo deve se vacinar e aumentar as chances de
proteção contra o Sars-cov-2. “Sabemos que existem variantes e a orientação dos
órgãos competentes é que todos se vacinem quando chegar o momento”, diz a
médica.
6 - Antes de se vacinar, consulte seu
médico
Apesar das informações positivas, a
especialista lembra que é muito importante individualizar cada caso. “Cada
tentante ou gestante terá uma situação clínica diferente. Portanto, antes de
tomar a vacina, é muito importante que a paciente consulte o médico que a
acompanha, seja obstetra ou profissional de reprodução assistida, para receber
uma orientação direcionada”, pondera.
Cláudia
Navarro - CRM 21.198 / RQE 38.556 - especialista em reprodução assistida, diretora clínica da
Life Search e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e
Europeia de Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela
UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e
ginecologia) pela mesma instituição federal.
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