Manifestações
pela boca de doenças comuns podem aparecer antes de sintomas mais graves,
inclusive da COVID-19.
Engana-se quem
acredita que uma consulta com o dentista é válida apenas para cuidar da saúde
bucal. Há doenças comuns que podem ser identificadas por cirurgiões-dentistas,
como diabetes, câncer, cirrose hepática e também a COVID-19. A explicação está
no fato de que estas doenças impactam não apenas um lugar específico, mas
diversas áreas do corpo, além de provocar alterações no metabolismo. As
manifestações pela boca podem ocorrer antes mesmo de sintomas mais graves. Daí
a importância da realização de check-ups periódicos com dentistas.
Segundo um estudo
espanhol de maio de 2020, no caso da COVID-19, além da disgeusia (perda do
paladar) mais de 25% dos pacientes infectados apresentam alguma outra alteração
bucal, que pode aparecer como: Lesão avermelhada em palato, similar a
estomatite herpética; bolhas avermelhadas na mucosa labial; gengivite
descamativa e manchas arredondadas e avermelhadas em lábio e face. Mais atual
um novo estudo traz uma alteração bem caracterírtica da contaminação do
coronavirus, a "língua de COVID-19" como sintoma do coronavírus.1,2
Além das manifestações
bucais da infecção, a presença de problemas bucais prévios também pode
favorecer o avanço e a gravidade da doença. Segundo pesquisas, a periodontite
ganhou mais força agora que um estudo conduzido no Catar associou a doença
periodontal a casos graves de Covid-19. Depois de avaliarem radiografias de 568
pacientes que tiveram as duas doenças, puderam observar que pessoas com a forma
mais grave de periodontite tinham um risco três vezes maior de serem entubados,
internados na UTI ou chegar ao óbito.3
"Ela está
associada a doenças cardíacas e respiratórias, diabetes e obesidade. E esses
problemas são frequentemente ligados aos casos mais sérios de Covid-19",
diz Priscila Valles Rocha, Coordenadora do Curso de Odontologia Faculdade
Anhanguera de São Paulo, Unidade Santana, especialista em Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial e Mestre em Biomaterias.
Como dia 20 de março é
o Dia Nacional da Saúde Bucal, a professora também traz alertas de outras
doenças que apresentam sintomas bucais:
Diabetes: o Brasil é o 5º país
com a maior incidência da doença na população. São 16,8 milhões de pessoas,
entre 20 e 79 anos, que convivem com a doença. Segundo o Atlas da Diabetes, da
Federação Internacional de Diabetes, estima-se que até 2030 o número chegue a
21,5 milhões. O dentista pode auxiliar na identificação da doença pela
avaliação da cavidade oral, análise salivar e presença de cáries nos dentes.
Por exemplo, um paciente que nunca teve cáries, chega a apresentar duas ou três
de uma vez. Isso pode acontecer porque o organismo está com dificuldades de
processar o açúcar. Ou mais, dores na gengiva, sangramento e a boca seca podem
ser sinais preocupantes. Exames periódicos podem evitar maiores problemas.
Câncer: Alterações na boca e
lábios, sensibilidade nos dentes e dor com um mínimo de trauma, podem ser um
sinal. Alguns tipos de câncer malignos podem manifestar-se pela boca. É o caso
da leucemia ou linfoma, que ocasionam o aumento da gengiva e lesões mais graves
como verrugas. Mas também há um tipo específico que pode ser observado pelo
dentista, o câncer de boca. Apesar de silencioso, o câncer de boca causa ferimentos
dentro da boca e nos lábios que são difíceis de cicatrizar. De acordo com o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de boca está entre os dez tipos
mais comuns no Brasil. Os fatores que agravam a doença são o tabagismo,
alcoolismo, radiação solar e HPV. O tumor é mais comumente encontrado em homens
acima de 40 anos.
Cirrose hepática: a doença pode
aparecer na forma de lesões, erosões ou bolhas na boca. O céu da boca e embaixo
da língua ficam pálidos. Mau hálito, ou odor hepático, também podem ser
sintomas identificados pelos dentistas. Outro fator de risco é a periodontite,
ou a perda dos dentes.
Sarampo: com uma crise
recente, o vírus se manifesta por meio de pontos esbranquiçados na bochecha,
bem na mucosa jugal, recebendo o nome de Manchas de Koplik. Essas manchas, que
parecem pequenas úlceras, surgem dois ou três dias antes das manchas na pele.
"A visita
periódica ao dentista é muito importante para a identificação precoce destas e
outras doenças que podem passar despercebidas pelo paciente. O diagnóstico
precoce aumenta as chances de cura e o sucesso do tratamento", finaliza
Priscila.
Anhanguera
anhanguera.com e blog.anhanguera.com .
Kroton
• CARRERAS-PRESAS, Carmen Martín; SÁNCHEZ, Juan
Amaro; LÓPEZ-SÁNCHEZ, Antonio Francisco; JANÉ-SALAS, Enric; PÉREZ, Maria
Luisa Somacarrera. Oral vesiculobullous lesions associated with SARS-CoV-2
infection. Oral Diseases, [s.l.], p. 1-10, 5 maio 2020. Wiley. http://dx.doi.org/10.1111/odi.13382.
• CASAS, C. Galván. CLASSIFICATION OF THE
CUTANEOUS MANIFESTATIONS OF COVID-19: A RAPID PROSPECTIVE NATIONWIDE CONSENSUS
STUDY IN SPAIN WITH 375 CASES: supplementary material: photographic atlas.:
Supplementary material: Photographic atlas. British Journal Of Dermatology
2020. Londres, p. 1-95. 19 abr. 2020.
• Association between periodontitis and severity
of COVID-19 infection: A case-control study. Disponível em: http://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33527378/. Acesso dia 15 de março de 2021
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