Doença é uma das
mais antigas da história, mas ainda mata cerca de 5 mil brasileiros anualmente
A data de 24 de março marca o Dia Mundial da
Tuberculose, uma das enfermidades mais antigas do mundo, mas que ainda mata
cerca de um milhão de pessoas anualmente em todo o mundo. No Brasil, cerca de 5
mil perdem a vida em razão da doença todos os anos, segundo dados do Ministério
da Saúde. São índices graves, especialmente quando se trata de uma doença
curável em praticamente todos os casos, desde que o tratamento seja feito
corretamente.
De acordo com João Paulo Monteiro Freitas,
enfermeiro de interlocução de vigilância do CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas "Dr. João Amorim", entidade responsável pela gestão de
unidades do SUS em São Paulo e outras cidades, neste momento, a campanha também
reforça o cuidado das pessoas com Covid-19, já que alguns sintomas podem ser
iguais.
“Assim como a tuberculose, a Covid-19 geralmente
afeta os pulmões. Nas duas doenças, o paciente também pode apresentar tosse e
febre. É provável que pessoas com alguma condição nos pulmões, como os
pacientes com tuberculose ou com sistema imunológico debilitado, possam sofrer
formas mais graves de Covid-19, se infectadas”, explica o enfermeiro,
ressaltando que ainda não há dados conclusivos sobre pacientes com tuberculose
infectados pelo Coronavírus.
“Além disso, muitos pacientes com tuberculose vivem
em áreas densamente povoadas e essa proximidade aumenta ainda mais o risco de
contrair Covid-19”, completa.
Outros sintomas comuns em paciente com tuberculose
são: tosse seca ou com secreção por mais de três semanas, cansaço excessivo,
suor noturno, falta de apetite, emagrecimento acentuado e rouquidão. Há casos,
no entanto, de pacientes que não exibem sinais da doença de imediato ou
apresentam sintomas mais leves, o que pode confundir e retardar o diagnóstico
correto.
Transmissão e Tratamento
A transmissão da tuberculose é direta, de pessoa a
pessoa. Ao falar, espirrar ou tossir, o paciente expele pequenas gotículas de
saliva que podem ser aspiradas por outra pessoa. João Paulo frisa que, após o
diagnóstico, o paciente deve ser afastado de suas atividades até que inicie o
tratamento e apresente exame de escarro negativo.
Segundo o Ministério da Saúde, cada paciente com tuberculose pulmonar sem
tratamento pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas por ano.
“Neste período de tratamento, recomenda-se a
utilização de máscara e organizar o ambiente onde resida para permitir melhor
ventilação e entrada de luz solar. O acompanhamento clínico deve ser realizado
mensalmente, visando à identificação de queixas, sinais e sintomas que indicam
a evolução e/ou regressão da doença após o início do tratamento, o
monitoramento do peso para eventuais ajustes posológicos das medicações e a
ocorrência de reações adversas para o adequado manejo. Recomenda-se ainda a
solicitação de funções hepática e renal e glicemia de jejum ao início do
tratamento”, explica.
É importante lembrar que todos os serviços de saúde
pública dispõem de exames para a realização do diagnóstico da tuberculose.
Dessa forma, pessoas que apresentam tosse persistente por mais de duas semanas
já devem procurar uma Unidade Básica de Saúde para a investigação.
“A tuberculose é uma doença que tem cura e é
tratada exclusivamente pelo SUS. É muito importante realizar todo o tratamento durante
os seis meses, evitando abandonos e casos recidivos no futuro. O principal
fator de risco é a coinfecção com o vírus HIV”, afirma o enfermeiro.
O tratamento contra a tuberculose é padronizado e
compreende duas fases, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde:
- Fase Intensiva (ou de ataque): tem
duração de dois meses, mas pode ser prorrogada de acordo com o total de
medicações aplicadas e com resultados de exames de acompanhamento. Tem o
objetivo de reduzir e eliminar rapidamente os bacilos da tuberculose. Uma
consequência desta rápida redução bacilar é a diminuição da contagiosidade.
Para isso, são associados medicamentos com alto poder bactericida.
- Fase de manutenção: tem
duração de quatro meses, mas também pode ser prorrogada de acordo com a
evolução do tratamento. Tem o objetivo de eliminar os bacilos latentes ou
persistentes, não eliminados na primeira fase, reduzindo a possibilidade de o
paciente ter a doença novamente, de maneira recidiva.
Para finalizar, João Paulo alerta que muitos
pacientes ainda abandonam o tratamento antes de sua conclusão por fatores como
alcoolismo, uso de drogas, eventos adversos às medicações e melhora do quadro
após o início do processo de recuperação. “O prejuízo ao se interromper o
tratamento é criar resistência aos antibióticos utilizados”, conclui.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João
Amorim”
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