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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Como socorrer crianças em caso de acidentes domésticos


A infância é a fase em que se vivencia o lúdico e a vontade de experimentar coisas novas está aguçada. Essas características são próprias do desenvolvimento infantil e devem ser incentivadas.

No entanto, também favorecem a ocorrência de acidentes, especialmente dentro de casa.

Se, por um lado, a curiosidade e o desejo de se aventurar são espontâneos nas crianças, por outro, lhes falta maturidade, estrutura física, coordenação motora e habilidade para lidar com situações de risco.

Eis o dilema dos pais: como dosar a liberdade necessária para estimular o crescimento dos filhos e, ao mesmo tempo, protegê-los dos perigos?

Mesmo com cuidados intensos e olhar vigilante dos responsáveis, basta um pequeno descuido para que as crianças se machuquem. E as estatísticas mostram que essas circunstâncias podem ter consequências graves.

Segundo o Ministério da Saúde, 4,7 mil crianças morrem e 122 mil são hospitalizadas por ano em decorrência de acidentes ou lesões não intencionais - a principal causa de morte de brasileiros de um a 14 anos de idade.

Esses dados ainda engrossam o quantitativo geral de acidentes. Os hospitais da Rede D’Or São Luiz chegam a realizar quase 3,5 milhões de atendimentos emergenciais em todas as faixas etárias, em um único ano, por exemplo.

É preciso estar atento a qualquer época, mas nos períodos de férias escolares e, agora, na quarentena forçada pela pandemia mundial do novo coronavírus, os cuidados devem ser redobrados com as crianças em casa, e é importante estar precavido quanto à necessidade de buscar serviços de pediatria.

Há estudos que afirmam que 90% dos acidentes domésticos crianças podem ter sua gravidade minimizada ou mesmo ser evitados com comportamentos seguros. Por isso, é bom conhecer algumas dicas de primeiros socorros e de prevenção.


Primeiros socorros

Medidas simples e cuidados específicos para situações de emergência podem salvar a vida de uma criança. Por isso, é fundamental saber o que fazer e o que não fazer nesses momentos. 


Asfixia e afogamento

Normalmente ocorre quando a criança se engasga ao comer ou engolir água em excesso ou, até mesmo, objetos pequenos, como brinquedos ou moedas, por exemplo.

Se em uma dessas situações a vítima estiver tossindo, a orientação é acompanhar de perto para ver se ela consegue expelir sozinha o que foi ingerido.

Nos casos de asfixia por sufocação ou afogamento é recomendado bater nas costas da criança, comprimir seu abdômen e forçar a expiração até que jogue para fora o objeto ou a água penetrada nos seus pulmões.

A situação é considerada muito grave se a vítima ficar sem respirar por mais de 30 segundos, apresentar palidez ou cor azulada. É necessário recorrer a alguém que saiba aplicar o Suporte Básico de Vida para desengasgo e desobstrução das vias aéreas e, de imediato, chamar o resgate ou ir ao pronto-socorro.


Envenenamento ou intoxicação

Como crianças adoram colocar tudo o que veem ao seu alcance na boca, é comum haver ingestão de remédios, produtos químicos (de limpeza, higiene ou cosmético) e até plantas nocivos à saúde.

Todo o tipo de envenenamento é uma situação grave e, por isso, a única a coisa a se fazer é buscar rapidamente socorro médico, levando a embalagem do produto ingerido.

Também é importante acalmar a criança e não dar nada para ela beber – água, leite ou qualquer outro líquido -, nem provocar vômitos. Dessa forma, evita-se afogamento e que o organismo absorva ainda mais rápido a substância tóxica.


Quedas

Após uma queda, a primeira coisa a ser feita é checar os sinais vitais da criança: respiração, batimentos cardíacos e seu nível de consciência, dores no pescoço ou nas costas; e também se há a ocorrência de fraturas e sangramentos.

Os casos mais graves são quando a criança bate a cabeça, apresenta sangramento excessivo ou fratura algum osso, o que demanda atendimento emergencial.

Em caso de vômito, tontura ou desmaio após a ocorrência também é necessário buscar avaliação médica.

Se a criança estiver inconsciente, é fundamental ter socorro imediato. Se não estiver respirando, rapidamente devem ser aplicadas manobras de ressuscitação por pessoa capacitada.

Sangramentos devem ser estancados com compressões locais feitas com pano limpo ou gaze.

Ferimentos que necessitem levar pontos devem ser lavados com água e sabão e, no máximo, ser aplicado antisséptico até que se chegue ao hospital.

Em machucados menos graves, a recomendação é fazer uso de gelo e manter a criança em observação nos dias seguintes. Se persistirem as dores, é importante verificar se há lesão óssea.


Queimaduras

Em caso de queimaduras com fogo, devem-se buscar formas de apagá-lo o mais rápido possível. Assim que controlado, lavar a área queimada com bastante água corrente para neutralizar a sensação térmica e acalmar a vítima. O uso de água também deve ser feito em caso de queimadura por escaldamento.

Em ambas as situações, a gravidade do ferimento deve ser avaliada de acordo com a extensão e profundidade e isso vai determinar a urgência por atendimento médico.

Não se deve usar soluções caseiras na ferida, como pasta de dente, café, manteiga ou mesmo qualquer tipo de pomada. O melhor é manter a ferida limpa e levar para um hospital.

Já as queimaduras por eletricidade são casos mais complexos, pois a corrente elétrica atinge uma área maior do corpo da criança, podendo resultar, inclusive, em danos aos órgãos internos.

A medida primordial é desligar o quadro de luz da casa e afastar a vítima do local de perigo com algum material isolante (como um cabo de vassoura) para não levar choque também.

Em seguida, deve-se procurar socorro imediato, verificar se a criança está respirando e, alguém capacitado, aplicar manobras de ressuscitação, se necessário.


Prevenção sempre como o melhor remédio

Ainda que não seja possível ter controle total dos riscos que recorrem sobre as crianças dentro de casa, a prevenção é sempre o melhor caminho e evita acidentes, dos menos aos mais graves. Confira algumas dicas de especialistas em pediatria:


Asfixia – verificar se os brinquedos são indicados para cada faixa etária, evitando os que têm peças pequenas. Organizar a casa de modo a deixar os objetos pequenos longe do alcance das crianças. Fazer o isolamento de áreas que tenham piscina.


Envenenamento ou intoxicação – manter remédios, produtos de limpeza, higiene e cosméticos fora da vista e do alcance da meninada, se possível, guardados em armários ou gavetas fechados. Dar preferência a produtos com recipientes que tenham tampas de segurança, mais difíceis de serem abertas e mantê-los sempre nas embalagens originais.


Quedas – manter janelas travadas ou instalar telas de proteção ou grades. Bloquear acesso a escadas, cozinha e áreas de serviço. Evitar usar tapetes que não sejam antiderrapantes. Deixar crianças longe de superfícies molhadas e objetos altos e instáveis, como cadeiras e escadas. 


Queimaduras – assegurar que as crianças fiquem sempre distantes de fontes de calor extremo como fogo, líquidos ou comidas quentes, além de pontos de eletricidade. Redobrar cuidados no armazenamento e uso de produtos inflamáveis, como álcool. Substituir fiações desencapadas, vedar tomadas e não deixar que os pequenos manuseiem eletrodomésticos.


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