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sábado, 16 de novembro de 2019

Descalço ou de tênis: qual a melhor opção para o treino de musculação?

Photo by Victor Freitas on Unsplash

Ortopedista desmistifica polêmica que habita as academias e a timeline de influenciadores fitness



Treinar descalço ou com os chamados calçados minimalistas tem aparecido com frequência nas academias e nas redes sociais dos musos e musas fitness. A prática é defendida por aqueles que buscam estimular a mente e aumentar a consciência corporal a partir do contato com o solo. Mas será que o hábito realmente traz algum benefício para a saúde física? Ortopedista e especialista em Medicina Esportiva e Trauma do Esporte, Flávio Cruz desmistifica o assunto e aponta três motivos para você não aposentar o bom e velho tênis.


 1. Estabilidade

“Quando você se exercita descalço, o suor gerado pelo nosso organismo durante a atividade física pode diminuir o atrito da planta do pé com o chão e favorecer a instabilidades e escorregões. O uso de calçado com meia diminui a chance de isso acontecer pois garante mais atrito entre a borracha do solado e o piso”, alerta o médico. Além disso, o tênis correto também oferece maior estabilidade articular. "O calçado reduz as chances de lesão, principalmente nos tornozelos daqueles com histórico de entorses de repetição". 


 2.     Absorção de impacto

O impacto é outro ponto crucial que deve ser considerado pelos adeptos dos pés livres. “O amortecimento nas articulações do pé, do tornozelo, quadril e da coluna fica comprometido quando você treina descalço, principalmente em exercícios de cadeia fechada e que geram carga axial significativa, ou seja, quando os pés estão apoiados ou presos ao equipamento”, explica. Segundo o ortopedista, a borracha e o sistema de amortecimento presentes na sola do tênis esportivo diminuem a sobrecarga nas articulações.

 3.    Proteção

O tênis também faz a diferença na proteção quanto a possíveis acidentes, como um simples “pisão” ou até a queda de um halter ou anilha sobre os pés. “Descalço, não há proteção nenhuma contra um trauma direto. A simples queda de um peso no pé pode fraturar um osso e se houver corte na pele a fratura é considerada exposta e o tratamento será uma cirurgia de urgência. O tênis protege o atleta nos casos de acidentes, diminuindo a área da lesão e o dano nas partes moles como pele, músculos e tendões”.


Exceção: yoga, pilates e alongamento

Algumas modalidades de exercícios permitem a execução com os pés livres, como é o caso da yoga, pilates e alongamento. “São exercícios sem impacto, com menor risco de lesão para articulações, quando bem orientados. Exercícios ao ar livre, em um jardim ou na areia da praia, por exemplo, podem gerar uma interação maior entre o atleta e a natureza, e alguns até relatam uma troca de energia maior com o ambiente, aumentando a sensação de bem-estar", esclarece Dr. Flávio Cruz.


Pés na areia

Para quem quer se exercitar sem nada nos pés, a recomendação do ortopedista é trocar a academia por um dia de treino na praia ou caixa de areia. “A areia fofa oferece um amortecimento natural. É uma ótima opção para praticar exercícios funcionais. Porém, esta prática merece uma atenção especial nas articulações dos membros inferiores. Por ser um terreno instável, aqueles que não possuem uma boa propriocepção podem aumentar o risco de lesão. A recomendação é que façam um trabalho preventivo com um fisioterapeuta ou educador físico antes de se aventurar neste tipo de terreno".





Flávio Cruz - ortopedista, especialista em Traumatologia, lesões esportivas e mestre em cirurgia do joelho. Há mais de 15 anos atuando em Medicina do Esporte, tem passagens pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nas Seleções Feminina e Masculina, Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA) e Clube de Regatas do Flamengo (CRF), entre outras instituições esportivas, Cruz é cirurgião no Aspetar Hospital, localizado no Qatar e referência mundial no tratamento de atletas. É membro da SBRATE, SBCJ, SBOT, SBMEE e certificado pela FIFA em Medicina do Futebol. Já atuou em mais de 30 países como médico de delegações esportivas em competições internacionais.


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