Ao
induzir o próprio sistema imune a combater o tumor, o método não
só aumenta a sobrevida como a qualidade de vida dos pacientes
O câncer vem sendo encarado como uma doença crônica de forma cada
vez mais intensa, uma visão otimista que traz alento aos
pacientes. Diferentemente do que acontecia há uma década, existem hoje formas
para que o tumor seja identificado precocemente, métodos que permitem analisar
cada alteração genética e os subtipos da neoplasia, além de
tratamentos cada vez mais individualizados, seletivos e,
consequentemente, mais eficazes¹.
Neste cenário, a imunoterapia faz parte
desse conjunto de novas opções terapêuticas e é considerada
revolucionária². Se por um lado, o tema rendeu o Prêmio Nobel de
Medicina de 2018 aos imunologistas James
Allison, do MD Anderson Cancer Center, nos Estados Unidos, e a Tasuku Honjo, professor de imunologia da Universidade de Kyoto, por
ser um avanço importante no tratamento do câncer, por outro, a alternativa
trouxe nova opção aos pacientes, com melhores taxas de sobrevida
e melhor qualidade de vida. Com a imunoterapia, pode-se
observar, não só a redução do tumor, como algumas
vezes também a interrupção prolongada do crescimento do
tumor³.
Usada isoladamente ou associada aos tratamentos
convencionais, como a quimioterapia e a radioterapia, a imunoterapia vem
sendo empregada com resultados eficazes em vários tipos de câncer, como o
de pulmão, linfomas, melanomas, renal, mama, entre outros. “Dispomos
hoje de uma série de tratamentos que usam a modulação da
resposta imune como base, mas apresentam
formas distintas de ação, métodos que nos ajudam a ter um
tratamento cada vez mais individualizado e promissor”, avalia o Dr.
Vladmir Cordeiro de Lima, oncologista clínico do A. C .Camargo Cancer Center.
Como toda novidade, no entanto, a
imunoterapia ainda gera dúvidas e muita curiosidade. Deste modo, esclarecer informações sobre este tipo de tratamento, é
essencial para entender como o método funciona e quais os seus
benefícios. Para tanto, o médico elencou alguns temas
importantes que ainda geram dúvidas para os pacientes.
A imunoterapia mata o tumor –
Mito e verdade4 - Depende do tipo de imunoterapia. Os chamados
inibidores de checkpoint imune bloqueiam proteínas que estão
expressas de maneira aumentada nos tumores e que dificultam o reconhecimento
das células do tumor pelo sistema imune. Desta forma, o sistema imune volta a
poder “reconhecer” as células tumorais e, eventualmente, eliminá-las. Outras terapias,
como a terapia celular adotiva, emprega células do próprio sistema (linfócitos
modificados ou não) capazes de reconhecer diretamente as células tumorais e
destruí-las.
O tratamento pode ser usado em diversos
tipos de câncer – Verdade5 – A imunoterapia vem se mostrando eficaz no
tratamento do câncer de pulmão, de bexiga, renal, de cabeça
e pescoço, de fígado, melanoma e do câncer
de mama triplo-negativo, em diferentes estágios da doença.
A imunoterapia exige tratamento exclusivo – Mito6 – Trata-se de um tratamento bem versátil que pode
ser usado simultaneamente com outros métodos. Inclusive, lembra o
Dr. Vladmir, a tendência é que o método seja cada vez mais combinado
com outras estratégias como quimioterapia, radioterapia, e eventualmente,
terapias-alvo e outras imunoterapias.
Toda imunoterapia é igual – Mito4 - Existem diversos tipos de imunoterápicos, porém o tipo mais utilizado no tratamento
do câncer são os anticorpos monoclonais. Além das
medicações, também existem vacinas feitas para tratar alguns tipos de
tumor, terapias celulares adotivas, tratamento com moduladores de resposta
inflamatória (citocinas).
A imunoterapia revolucionou o tratamento do
câncer de pulmão7 – Verdade
O método aumentou a sobrevida dos pacientes e prolongou o tempo para progressão do tumor, resultando num cenário otimista para os pacientes diagnosticados com câncer de pulmão metastático e localmente avançado. Tal fato é positivo, afinal, a maior parte dos tumores de pulmão infelizmente ainda é descoberta em estágios avançados.
Referências
1. Oncoguia | http://www.oncoguia.org.br/conteudo/personalizando-o-tratamento/6920/840/ . Acessado em julho de 2019
2. Femama|https://www.femama.org.br/2018/br/noticia/imunoterapia-tratamento-revolucionario-para-todos-os-tipos-de-cancer. Acessado em junho de 2019
3. Oncoguia | http://www.oncoguia.org.br/conteudo/asco-2018-cientistas-apresentam-avancos-no-tratamento-de-diversos-tipos-de-cancer/11891/8/. Acessado em junho de 2019
4. Hospital AC Camargo|https://www.accamargo.org.br/pacientes-acompanhantes/imunoterapia. Acessado em junho de 2019
6. Hospital Real Português | https://realinstitutodeoncologia.com.br/quimioterapia-associada-a-imunoterapia-nova-opcao-de-tratamento/. Acessado em junho de 2019
7. Centro de oncologia | https://centrodeoncologia.org.br/noticias-cancer/imunoterapia-e-eleita-o-melhor-tratamento-para-cancer-de-pulmao-metastatico/. Acessado em junho de 2019
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