Campanha sobre
câncer que afeta o sistema linfático visa conscientizar brasileiros para os
sintomas da doença, que são mais comum em homens dos 20 aos 40 anos
Edson Celulari e Reynaldo Gianecchini dividem não
apenas os palcos do teatro e cenários da TV. Os atores, assim como muitos
brasileiros, foram vítimas do linfoma, nome de um conjunto de cânceres que
afeta o sistema linfático e, se for tratado no início, tem mais chances de
cura. A incidência anual da doença é de cerca de 10 mil novos casos, segundo o
Instituto Nacional do Câncer (Inca), sendo que quase metade deles resulta em
morte.
Os números, porém, não representam a realidade que
pacientes e familiares passam da descoberta do câncer até a cura, passando
pelos estágios de tratamento. Este foi um dos fatores que levaram a Organização
Mundial de Saúde (OMS) a instituir o Agosto Verde Claro, mês de conscientização
sobre o linfoma que, de uma forma lúdica, embasa ações que visam alertar sobre
a importância do diagnóstico precoce. “O sinal mais frequente do linfoma é o
aparecimento de ínguas (gânglios) na região cervical, pescoço, virilha e
axilas. A doença também pode ocasionar cansaço frequente, perda de peso,
transpiração fora do comum, além de a região atingida ficar enrijecida, mas
indolor”, explicou o onco-hematologista Eduardo Rego, médico associado
da clínica Onco Star e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (USP).
Existem mais de 40 tipos de linfomas, divididos em
dois grupos: Hodgkin e não Hodgkin. A doença ataca o sistema linfático,
responsável por combater infecções no organismo humano. Os linfomas de Hodgkin
ocorrem em um tipo de célula linfoide chamada Reed-Sternberge. Já os linfomas
não Hodgkin são mais comuns e surgem em outras células do sistema linfático. Em
ambos os casos, os linfócitos sofrem mudanças e começam a se multiplicar de
forma desordenada.
Os linfomas podem estar relacionados a infecções crônicas,
e outros ocorrem devido a fatores ambientais, como exposição a produtos
químicos. Mas, na maioria dos casos, não é possível definir a causa. Por isso,
o especialista reforça a importância do diagnóstico precoce. “Atualmente não há
nenhum exame preventivo para o linfoma. Com relação ao prognóstico de vida do
paciente, varia muito em relação ao estágio em que se encontra a doença, sendo
que a chance de cura é bem alta naqueles que a descobrem em estágio
inicial.”
Doutor Eduardo ainda destaca a importância de
manter hábitos de vida saudáveis, já que pessoas com a imunidade comprometida
ou com doenças genéticas hereditárias podem ter maior propensão à doença.
Tratamento
Para detectar o tipo de linfoma, é feita uma
biópsia do gânglio alterado, ou seja, a análise através de microscópio para
saber se a célula é maligna ou não. “É por essa análise que podemos estabelecer
o melhor tratamento para cada caso. Nos linfomas indolentes (ou não malignos),
o paciente passa apenas por uma observação clínica ou até um tratamento que
seja intensivo, porém, de variações pequenas”, descreveu o especialista.
Para os linfomas mais invasivos, ainda são
indicadas sessões de quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia. Doutor
Eduardo alerta para que, tão logo a pessoa note os primeiros sintomas, busque
atendimento especializado. “A doença pode ocorrer em qualquer faixa etária,
porém, é mais comum em pessoas adultas, na faixa dos 20 aos 40 anos. A
incidência também é maior nos homens”, detalhou.
Câncer no mundo
Até o final de 2019, aproximadamente 18 milhões de
pessoas em todo o mundo terão algum tipo de câncer. A estimativa faz parte de
levantamento da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer da Organização
Mundial da Saúde (OMS), divulgada no ano passado. O estudo alerta ainda para a
incidência de 9,8 milhões de óbitos, mais da metade dos casos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário