Você sabe qual é a forma mais segura para transportar uma criança dentro
de um carro? Essa e outras respostas estão em uma cartilha que será lançada
nesta segunda-feira (8), em Brasília (DF). O Conselho Federal de Medicina
(CFM), a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e a Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) juntaram forças para produzir o livreto “Medicina
de Tráfego: transporte seguro de crianças em veículos automotores”, que
ajuda pais e responsáveis a entenderem exatamente o que fazer na hora de levar
os pequenos para passear.
O tema abordado pela publicação está vinculado às recentes discussões
envolvendo o Projeto de Lei nº 3.267/2019, enviado pela Presidência da
República ao Congresso Nacional, que prevê, em um de seus artigos, o fim das
penalidades aos condutores que deixarem de usar as cadeirinhas e outros
dispositivos de segurança. No entanto, a proposta suscitou grande polêmica por
conta de números que mostram que a falta desses equipamentos tem causados
milhares de mortes e internações.
Cadeirinha - De acordo com números
levantados pelo CFM, Abramet e SBP, a exigência do uso de cadeirinhas, conforme
previsto no atual Código Nacional de Transito (com aplicação de multa e
penalidade aos infratores), reduziu em 33% o número de crianças vítimas de
acidentes de trânsito no Brasil. Em 1998, o SUS registrou 1360 internações de
crianças de 0 a 9 anos de idade, 20 anos depois, em 2018, o número de vítimas
caiu para 549. O total de mortes nesse segmento também caiu nesse
intervalo: de 346 para 279.
Segundo a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, os dados são
alarmantes. “São números oficiais, que saíram das bases do Ministério da Saúde
e que permitem verificar os efeitos positivos da Resolução nº 277 do Contran
[dispõe da utilização de dispositivos de retenção para o transporte de crianças
em veículos]. Trata-se de uma regra fundamental para aumentar a segurança nas
vias e rodovias e, sobretudo, para proteger a vida e a saúde das crianças com
menos de dez anos de idade”, ressaltou.
Para o 1º vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, o uso dos equipamentos
é essencial para as crianças no trânsito. “Estes equipamentos foram projetados
para dar mais segurança aos usuários em casos de colisão ou de desaceleração
repentina. Conforme mostram os números, eles têm sido fundamentais para salvar
milhares de vidas ao longo destes anos”.
Dados – No Brasil, a cada hora, pelo menos cinco pessoas
morrem em acidentes de trânsito. Nos últimos dez anos, são mais de 1,6 milhão
feridos, ao custo de quase R$ 3 bilhões para os cofres públicos, conforme
mostra outro estudo elaborado pelo CFM. Entre 2009 e 2018, houve um crescimento
de 33% na quantidade de internações em todo o País. Em Tocantins, por exemplo,
em 2009, foram registradas 60 internações, já em 2018 o número cresceu 2.147%,
chegando a 1.348 internações.
Dos mais de 1,6 milhão de feridos registrados nos últimos 10 anos, 8,2%
foram vítimas que vão de zero a 14 anos de idade, número que equivale a mais de
135 mil crianças e adolescentes vítimas do trânsito.
“Os dados revelam quão preocupante é a proposta encaminhada ao Congresso
Nacional”, alertou Juarez Molinari, presidente da Abramet. Para ele, apenas
campanhas educativas e ações de orientação por parte de profissionais não são
suficientes para mudar comportamentos de forma efetiva e, assim, reduzir o
número de vítimas no trânsito. “É preciso que a essas campanhas se aliem às
leis e à fiscalização, para garantir a obrigatoriedade do uso desses
equipamentos”, reiterou Molinari, para quem o texto deve ser revisto no
Congresso Nacional.
Didática - A cartilha lançada nesta
segunda-feira procura fazer um contraponto didático à polêmica iniciada. Ela
traz dicas e orientações para garantir a segurança de crianças, incluindo desde
orientações sobre o uso adequado das cadeirinhas, os critérios que têm que ser
observados pelos responsáveis até os riscos do airbag frontal, dispositivo
desenvolvido para a proteção de adultos, mas que, em alguns casos, pode ser
perigoso para crianças.
Para elaborar o conteúdo da cartilha, o CFM, Abramet e SBP contaram com
a ajuda de reconhecidos especialistas em Medicina de Tráfego, assim como com
orientações do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e da Organização Mundial
de Saúde (OMS). Ambas as entidades dispõem de resoluções que orientam sobre a
utilização das cadeirinhas e também estabelecem parâmetros para evitar vítimas
de acidentes de trânsito.
Além
de sensibilizar os pais e responsáveis, as entidades também esperam contar com
o apoio dos médicos na divulgação da cartilha junto às famílias. Conforme
explicou Antônio Meira Júnior, diretor da Abramet, esses profissionais são fundamentais
ao orientar e recomendar sobre a forma apropriada de conduzir uma criança num
veículo.
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